quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

 

CUNVERSA FIADA

Meu patrão, essa é a verdade:
O véio num tem vontade...
Nem faz tudo quanto qué!
Os fio é quem manda nele.
Inté nas coisa que é dele,
Quem manda mais é a muié.

- Quando aperta a cruviana
E o frio véio se dana,
A muié toma o lençó;
Adespois, só de marvada
num dá nem uma beirada...
E o véio, qui druma só.

O véio fica gemendo,
grunindo, se mardizendo
Sem uma garra de lençó.
Com uma dô nas canela!
Grunindo qui nem cadela,
Inté o saí do Só.

Se tem baile, o véio vai.
Tem qui i - pruque é pai
E tem qui se apresentá.
Chega lá, fica assentado...
É o papé mais safado
Qui o home pode chegá.

Cada fia, um namorado
Num nogento xixinado!
A dança? Num é dança não.
É aquela esfregadeira,
Num se dança uma rancheira,
Uma varsa, um xóte ou baião.

Num se vê um engravatado.
É um bando de Pé rapado
Qui só sabe arrufiá.
A burundanga é tão feia!
Nem o salão tem candeia
Pru forró alumiá.

- Orilo Danta é quem diz:
"Ah! tempo véio feliz
Dos namorados no bêco...
Aproveitando a rebarba...
E os véio, sujando a barba
Cum a goma do dôce sêco."

Hoje é sujando a vergonha.
In vez de cana é maconha...
Home faz vez de muié!
Usa cabelo cumprido
E pu riba o atrevido
Inda confessa o qui é.

Deus é Pai, num é padrasto!
- Nem sempre a luz de um astro
Clareia a lama do chão...
Morrendo o respeito humano,
Nem mesmo por um engano
Se pode têr sarvação.

A cunversinha tá boa!
Porém, um vento de prôa
Pode nos atrapaiá.
Quem cunversa, muito erra
E a água que imbebe a terra
É a mesma qui vai pro Má.

Tudo quanto hoje recramo:
É fulô, é fruita é ramo!
Nasceu da mesma raiz.
Para falá a verdade:
São coisas da mocidade...
Tudo isso eu também fiz.


Renato Caldas

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

 PADRE IBIAPINA E A CASA DE CARIDADE

A Casa de Caridade foi fundada pelo padre José Antônio de Maria Ibiapina , no ano de 1876. Ibiapina era formado pela Faculdade de Direito do Pernambuco, deputado geral pelo Ceará, “decepcionado abandonou a vida civil para seguir o catolicismo. Aos 47 anos iniciou uma obra missionária visitando várias regiões do nordeste”.

Gilberto Freire de Melo depõe que padre Ibiapina "era a maior figura na igreja católica no Brasil.”
A casa de Caridade foi uma das primeiras instituições de caráter filantrópico, de Assu. Aquela Casa, para Câmara Cascudo fazia inveja a Natal porque não tinha uma igual. Era instalada onde hoje funciona o Instituto que leva o seu nome.
Conta-se que aquele missionário foi chamado para pregar no Assu onde fez grande colheita com proveitos maravilhosos, Achando o lugar próprio e conveniente, instituiu uma casa de caridade, que deixou em boa posição e bem dirigida.”
Sinhazinha Wanderley, poetisa e educadora deixou um depoimeto sobre a Casa de Caridade de Assu, que Walter Wanderley trancreve em seu livro sob o título Família Wanderley, 1966), senão vejamos: "No local do instituto existiu uma casa já muito antiga e que foi mandada edificar pelo padre Ibiapina. Contava-se deste padre que estivera a morrer num naufrágio e ao passar por Macau fizera votos de fundar uma casa de Caridade no primeiro ligar a que chegasse. E foi o Assu justamente esse lugar. Dita Casa de Caridade tinha como superiora Irmã Tereza e as irmãs Leonarda, Dionízia, Felipa, etc. A Casa recebia mocinhas pobres, órfãs, que ali ficavam até a idade do casamento. Ao atingirem a essa idade, o Procurador da Casa escolhia um rapaz honesto, bom cristão e trabalhador. Eram os dois levados à sala nas presenças do Procurador e da superiora e, se os dois se agradavam, o casamento era feito às expensas da Casa... A Casa recebia doentes, cadáveres, que amortalhavam, deixando-os à noite na Capela, velados por duas recolhidas que o faziam com muito medo. A Casa dava ensinamentos de flores, labirintos e bordados..."
Gilberto Freire de Melo depõe que padre Ibiapina "era a maior figura na igreja católica no Brasil.”

Ibiapina morreu no dia 19 de fevereiro de 1884 na cidade de Araras, Paraíba, onde está enterrado).

Em tempo: Onde hojé é denominado Beco Dos Sapateiros ou Beco do IPI já tinha a denominação de Beco da Caridade.

Abaixo vejamos uma rara fotografia de Padre Ibiapina, do blog de Rostande Medeiros.
Fernando Caldas




domingo, 12 de janeiro de 2025

RENATO CALDAS X JOÃO MACHADO

João Claudio Machado ou, simplesmente João Machado era jornalista, comentarista esportivo, presidiu a Federação Norte-rio-grandense de desportos. além de ter o seu nome emprestado ao estádio que fora demolido para dá lugar a Arena das Dunas. Machado apresentava um programa esportivo através da Rádio Cabugi de Natal, que ia ao ar de segunda a sexta-feira, às 11 horas da manhã. Isso, na década de sessenta e começo dos anos setenta, se não me falha a memória. Por sinal, Machado era casado com uma assuense chamada Diná Soares Filgueira, Pois bem. Certo dia, aquele apresentador deixou escapar a frase no instante que apresentava a sua resenha esportiva, que diz assim: - "Eu tenho um olho escondido! É cego e também não vê!" - O poeta Renato Caldas (que se encontra em Natal), escutando aquela programação esportiva e, como não perdia as oportunidades para versejar, escreveu naquela sua irreverência que lhe era peculiar, a décima adiante:

João Machado, distraído
Para ilustrar comentários,
Disse, entre assuntos vários,
Eu tenho um olho escondido.
Fez bem não ter exibido,
Machado, sabe por que?
Isto pertence a você,
Tenha cuidado com ele,
Que o bicho que gosta dele
É cego e também não vê.

Fernando Caldas

sábado, 11 de janeiro de 2025

 DE GERALDO MELO

O Assu há muito que é reconhecida como uma cidade festeira. Pois bem, Geraldo Melo quando governador do Rio Grande do Norte tinha um programa dominal na Rádio Cabugi de Natal, intitulado "Conversa com o Povo". Pois bem. Certa Senhora do interior do estado pediu a Geraldo por meio de uma carta, uma ajuda para realizar uma festa dançante na sua cidade. Geraldo respondeu: "Dona Maria, se a Senhora quer festa vá pro Assu que lá tem todo dia!"
Fernando Caldas


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RÁDIO AMADOR SALVOU O VALE DO ASSU
Um grito mudo. Seriam assim os pedidos de socorro das vítimas da enchente no Vale do Assu, em 1964, não fosse o trabalho da rádio amadora do aposentado Nilo Fonseca. As cidades ilhadas recebiam os serviços da Telern anos depois. Sem acesso rápido por terra ou mar, a comunicação era ainda mais essencial. E toda ela partiu de uma casa pequenina de número 605, situada à Rua Maxaranguape, no Tirol. De lá, Aluízio Alves e sua comitiva despachava as providências do dia. O que o governador sequer desconfiava era que todos as chamadas efetuadas eram monitoradas pelo corpo militar da ditadura.
Naquele tempo, Nilo Fonseca brincava com o rádio amador montado em sua casa como hoje os jovens usam as salas de bate-papo na internet. Desde 1961, discava uma chamada geral a espera de uma semana vinda de alguma parte do Brasil ou estrangeiro. Filho de Assu, durante a enchente Nilo procurou notícias de sua cidade. A resposta (ou câmbio) veio do primo assuense Tarcísio Amorim. Junto, o pedido alarmante de socorro. "Pediram-me para entrar em contato com o governador", lembra. Nos 20 dias seguintes, Aluízio Alves batia a porta da casa de Nilo Fonseca para comunicar o despacho do dia.
"Acordava cedo todo dia para arrumar a casa e preparar o cafezinho para o pessoal. Aluízio chegava acompanhado do Chefe da Casa Civil, Agnelo Alves e outros secretários". A comunicação direta de Aluízio em Assu era com o coronel Leão, então secretário de agricultura do governo. "O coronel pediu urgência da Sudene no envio de mantimentos. Aluízio disse que iria tentar. Quando avisei da possibilidade do contato pelo rádio amador ele ficou admirado. E quando o superintendente da Sudene, general Albuquerque Lima respondeu a chamada. Aluízio quase cai pra trás sem acreditar", recorda Nilo.
Estupefato com o alcance e importância do rádio amador, Aluízio Alves interligou o prefixo da rádio à transmissão da Rádio Cabugi. Diariamente grande parte do estado tomava conhecimento das providências tomadas pelo governo estadual. Essa ferramenta poderosa de comunicação logo despertou a atenção do alto comando militar. "O general da guarnição de Natal (situado onde hoje está o Museu Câmara Cascudo) chamou-me para entregar as conversações diárias feitas por Aluízio. Todos os dias às 17h entregava a fita ao general. Era a ditadura".
Nilo Fonseca lembra indignado da ira do general ao saber do envolvimento do arcebispo dom Eugênio Araújo Sales na ajuda às vítimas. Dom Eugênio havia conseguido um comboio para transportar toneladas de mantimentos até Angicos e de lá até Assu, por caminhões. "O general disse: "Até esse padre está metido nisso". O general dizia que tudo tinha de passar por ele". E concluiu: "Foi um período gratificante. Pude ajudar de alguma forma o povo de minha cidade. Um ano depois fui um dos ilustres da Festa das Personalidade, promovida por Paulo Macedo todos os anos no Aeroclube".
(Transcrito do jornal Diário de Natal, caderno Cidades, 13 de abril de 2008).
Do blog: Este Nilo Fonseca citado no texto acima é filho do médico assuense Ezequiel Fonseca Filho, que foi intendente do município do Assu, na década de trinta e depois deputado Estadual, chegando a presidir a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, bem como o governo do estado.

  CUNVERSA FIADA Meu patrão, essa é a verdade: O véio num tem vontade... Nem faz tudo quanto qué! Os fio é quem manda nele. Inté nas coisa q...