ALZHEIMER
Estou na idade que nem é bom falar
Em que o pinto murchou para os ovos irrigar
Ou os ovos subiram para ser irrigado
E nesta fase, resta o cheiro do velho mijado.
Que falho, não vou falar
Morro de falhar e não falo.
Numa sociedade injusta e elitista como essa
Que julga, ao seu julgo ninguém presta
Julga simplesmente por julgar.
Bela comunidade
Que fez da poesia sua melhor verve
Orgulho, voz e melodia,
Mas, do estilo cordelista
Nada professou
- É canto para quem esmola
Em feiras, chorando
Mesmo de Leandro
Sabedores do mando.
Ninguém praticou
Nem vão mencionar
É pura humilhação
Não hão de se humilhar.
O próprio Renato
Metido a cantador
Tendeu matutar
Cordel! Sem valor
Não quis cordelar
Até se calou.
Só o Chico Traíra
Um certo Wanderley
E Rosivaldo Quirino
Fizeram sua vez.
E,
Eu que tenho o corpo
Eu que tenho a mente
Frágeis, inábeis...
Tal qual as mãos,
Artista plástico não sou. (Não sei pintar)
Não dei para escultor. (Não sei esculturar)
No máximo,
Tento construir alguns poemetos,
Mas,
Minha poesia:
É opaca
É torta
É morta.
Mesmo com tanto contrario
Cordéis, escrevi mais de trinta.
Louco para mim
Assim como sou
Teimoso que estou,
É quem chega ao final
De algo construído por mim.
Mesmo assim tenho fã
E não é do meu clã
Tenho fã normal
Nada de drogado
Hospício, hospital.
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(Clinica Santa Maria, do Assuense: Caldas. João Maria Caldas> O próprio me guiou numa visita às suas dependências. Enumerava eufórico e orgulhoso, os seus espaços. Momento do banho de sol, o astro esquentava a cabeça de alguns internos, suprindo sem gastos a vitamina D. Caminhávamos compenetrados, quando de repente um interno gritou: Abença Tijoão, um dinheirinho pra comprar um pão. O companheiro ao lado, ralhou, com voz lenta, muito lenta, de quem do baseado tivesse abusado:
Deixe de besteira, irmão
Não sabes que tio João
Mesmo tendo um dinheirão,
Não dar um pão a um doido.
Da tirado do doido
Quase morro de ri.
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Há meu Deus!
Ando esquecendo tudo,
Estava falando de quê mesmo?
FRANCISCO DE ASSIS MEDEIROS