segunda-feira, 24 de março de 2025

 Almanaques de farmácia: uma época que deixou saudades

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Podem esquecer os almanaques do Professor Pardal, Zé Carioca, Luluzinha, Tio Patinhas, da Disney e isso e mais aquilo. Eles não chegam aos pés dos antológicos “Almanaques de Farmácia”. Reconheço que ao fazer essa afirmação, serei contestado pela geração teen posterior à minha, muito mais acostumada a ler os chamados almanaques contemporâneos. Pena que essa galera não nasceu na época de ouro dos antológicos almanaques do Biotônico Fontoura,  Elixir Nogueira, Saúde da Mulher, entre tantos outros. Eles eram distribuídos gratuitamente nas farmácias ou então como brindes para atrair a assinatura de grandes jornais.
Os almanaques de farmácia fizeram tanto sucesso, mas tanto sucesso, que mesmo décadas após o encerramento de suas publicações ainda continuam sendo comprados à ‘preço de ouro’ por colecionadores em alguns sebos.
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Nos anos 70 quando ainda era um ‘crianção’ não me cansava de ler esses almanaques. Recordo-me que todos os meses ia até a farmácia perto de casa ansioso por ‘agarrar’ o famoso folhetim. Com o passar do tempo, o farmacêutico muito amigo de meus pais, acabou, ele próprio, levando os almanaques até a minha casa, entregando-me à domicílio. Acho que ele via tanta empolgação em meus olhos de criança que acabou tomando essa decisão.
 
A partir daí ganhei ‘gosto pela coisa’ e comecei a colecionar os tais almanaques. Caramba! Tinha uma montanha deles! Se remorso pagasse imposto, certamente, hoje eu estaria pobre de ré. Certo dia, quando nem passava pela minha cabeça montar uma sala de leitura com uma estante onde colocaria as minhas obras preferidas, resolvi doar todos os almanaques para a biblioteca de uma entidade assistencial da minha cidade.
Naqueles tempos idos, à exemplo de hoje, era um leitor compulsivo (rs), mas não tinha o hábito de colecionar ou guardar o que lia. Quando acabava de devorar um livro, jogava-o num canto ou então doava para a biblioteca. E assim fiz com os meus estimados, amados e saudosos almanaques de farmácia. Putz! Que lambança. Por isso resolvi escrever um post sobre esses folhetins como forma de espiar o meu ‘grande pecado’. 
 

 
Fuçando na Rede, descobri uma tese muito interessante sobre o assunto: “Almanaques: História, Contribuições eEsquecimento”, escrita por Patrícia Trindade Trizotti. Segundo a autora, “o primeiro almanaque de farmácia lançado no Brasil foi o Pharol da Medicina, elaborado com o patrocínio da Drogaria Granado do Rio de Janeiro em 1887. A publicação pode ser considerada uma espécie de modelo para os seus sucessores. O Pharol da Medicina possuiu uma tiragem inicial de 100 mil exemplares e de 1913 a 1923, atingiu a cifra de 200 mil exemplares. Fato esse muito significativo para a história dos almanaques, sobretudo os de farmácia”.
 
De todos os almanaques do gênero, o mais famoso de todos foi o Almanaque Fontoura, principalmente pela sua associação com o escritor Monteiro Lobato. Este almanaque tinha por objetivo fazer a divulgação publicitária do Biotônico Fontoura, produto criado pelo farmacêutico brasileiro Cândido Fontoura. O folhetim era distribuído gratuitamente como brinde pelas farmácias do país. 
 
A curiosidade é que o almanaque era editado e ilustrado por Monteiro Lobato que acabou aceitando o convite  por ser muito amigo de Candido Fontoura. Pois é, nem preciso dizer que o Almanaque Fontoura esbanjava qualidade. Reza a lenda que o escritor de Taubaté sentia-se muito cansado quando Fontoura lhe indicou o medicamento e este imediatamente se sentiu mais animado, tornando-se um verdadeiro fã do Biotônico. Assim, acabou aceitando, prontamente, o pedido de seu amigo para editar o almanaque.
 
 
 
Lobato concordou ainda em emprestar um de seus famosos personagens para a divulgação do Biotônico, nascia assim, o Jeca Tatuzinho, baseado no Jeca Tatu que o autor criara na literatura. O Almanaque Fontoura divulgava o laboratório e pregava uma campanha contra a ancilostomose, popularmente conhecida por amarelão.
 
A primeira edição do Almanaque Fontoura que teve Monteiro Lobato à frente fez um estrondoso sucesso com os seus 50 mil exemplares iniciais ‘secando’ num piscar de olhos. Esta tiragem foi crescendo a ponto de entre as décadas de 1930 a 1970 terem sido distribuídos entre dois e meio a três milhões de almanaques. A edição trazia um conteúdo variado, como horóscopo, dias bons para a pesca (fases da lua), passatempos e  até histórias em quadrinhos que retratava o personagem Jeca Tatuzinho.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lobato e o seu Jeca Tatuzinho abriram caminho para a consolidação do almanaque nos anos posteriores. Em 1982 sua tiragem foi de cem milhões de exemplares.
Com o passar dos anos novas sessões foram sendo criadas como dicas de saúde, receitas culinárias, cartas melodramáticas, piadas, curiosidades, santos do dia, conhecimentos gerais, etc.
 
Além do Biotônico Fontoura, outros produtos medicinais se valiam dos almanaques para a divulgação de seus produtos. Os laboratórios que produziam os fortificantes Sadol, Elixir Nogueira, Emulsão Scott e o tônico Capivarol se aproveitaram da mesma estratégia para divulgar os seus produtos. Enfim, os almanaques bombavam nas farmácias. Uma verdadeira febre, uma verdadeira loucura.
 
Galera, os ‘ditos cujos’ faziam tanto sucesso nas décadas de 30, 40, 50 e etc que acabaram invadindo os antigos consultórios médicos. Caraca!! O que que é isso!! Pois é galera, podem acreditar: muitos médicos distribuíam e recomendavam essas publicações aos seus pacientes. Eles recebiam os almanaques dos laboratórios juntamente com os fortificantes como brinde. Algo parecido com o esquema das tão propaladas amostras grátis, sabe? Ou será que você nunca ganhou ‘na faixa’ de seu médico um remedinho maneiro após uma consulta? Há muitos anos atrás, não tinha o remedinho maneiro, mas em contrapartida tinha o almanaque maneiro.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conversando com um ex-dono de farmácia que me pediu para não revelar o seu nome, fiquei sabendo que em décadas passadas era uma briga de foice no escuro entre os laboratórios no que diz respeito a distribuição dos almanaques. Esse farmacêutico, hoje beirando os seus 80 anos revelou que os viajantes que distribuíam os almanaques juntamente com os fortificantes, tônicos ou elixires eram concorrentes acirrados e jamais se ‘cruzavam’ no estabelecimento comercial. – “Eles já sabiam o horário que cada um passava na farmácia para deixar os livretinhos”, revelou. Ele disse também que os almanaques não duravam um dia nos balcões. – “Barbaridade menino!! Aquilo era uma loucura! Tinha pessoas que ficavam esperando a farmácia abrir para pegar o ‘livrinho’!”
O ‘pega prá capá” sempre acontecia entre os almanaques do Biotônico Fontoura, Sadol e Capivarol que eram os chamados ‘bama-bam-bam’ do gênero. Com o passar dos anos, o tônico Capivarol deixou de ser fabricado e a briga pela preferência popular se restringiu aos dois pesos pesados: Fontoura e Sadol. Quanto aos outros almanaques: “Elixir Prata”, “Saúde da Mulher”, Bristol, etc, apesar do excelentes conteúdos, nunca foram páreo para os dois maiorais. Um dos poucos que chegou a fazer frente com Fontoura e Sadol foi o almanaque da Emulsão Scott. Lembram-se daquele xarope de óleo de fígado de bacalhau que no rótulo da embalagem havia um pescador segurando um bacalhau nas costas? Ecaaaaaaaaaa!!! Entonce, a publicação anual lançada em 1939 também era muito procurada na época, mas pouco tempo depois parou de circular.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caramba quantas coisas engraçadas e ao mesmo tempo interessantes aprendi com os almanaques de farmácia. Fiquei sabendo, por exemplo, que os nossos olhos são sempre do mesmo tamanho, desde o nascimento, enquanto as orelhas e o nariz nunca param de crescer. Me surpreendi com as informações de que uma pessoa pisca os olhos aproximadamente 25 mil vezes por dia e que a língua é o músculo mais forte do ser humano.
 
Cara, tinha até informações sobre História! A história da bandeira do Brasil; quem foi Alexandre O Grande e algo que me marcou muito e até hoje não esqueço: a mítica história sobre o farol de Alexandria. Puxa vida! Quantas coisas tinham naqueles livrinhos miúdos!
 
Tenho certeza de que naquela época, muitos falsos letrados criticavam a chamada cultura de almanaque, afirmando que esse tipo de conhecimento não acrescentava nada na vida dos jovens, servindo apenas como canal para matar curiosidades bobas, mas algo eles jamais negaram: a importância dos almanaques na criação de hábitos sanitários, de saúde e higiene salutares nas pessoas.
 
 
Não importa o que as pessoas pensem dos antigos almanaques de farmácia; aprendi muito com eles e também me diverti além da conta. Pena que essa época passou. Com o tempo, os famosos e amados folhetins foram parando de circular, até encerrarem as suas atividades. Com o advento da internet que começou a deslanchar no Brasil à partir de 1995 e depois com a febre das redes sociais, os almanaques foram expirando... expirando, até darem o seu último suspiro. E agora, só restou a saudades.
Uma pena...

Do blog: https://www.livroseopiniao.com.br

domingo, 23 de março de 2025

 

ROQUE, O HOMEM DA HORA CERTA


Tipo magro (só tinha o couro e o osso), alto, de cor negra e vestia camisa de manga comprida ensecada na calsa branca. O calçado era uma sandália tipo franciscana. Toda manhã saia de casa sozinho, que ficava no bairro Vertentes, então periferia da cidade, com destino ao Centro da cidade para pedir as pessoas um trocado para o seu sustento diário. Parece que estou vendo e ouvindo pedir um trocado: “Seu Mariano tem alguma coisa pra mim?”

Roque indigna-se quando alguém lhe soltava uma pilhéria. Reagia na hora exigindo respeito.

Afinal, Roque Teodoro da Silva, nome singelo e sonoro, imortalizou-se pelas mãos habilidosas do pintor/artista plástico Gilvan Lopes, numa enorme arte mural ao lado do Banco do Brasil. Por isso, Roque está para o povo do Assu, vivinho da Slva, no dizer popular. Fica, portanto, essa minha singela homenagém póstuma a Roque Teodoro da Silva.

(Fotografia tirada em frente a casa de Pedro Rodolfo, da Rua Manoel Montenegro).

Fernando Caldas

DO AMOR QUE PASSA

Receba, nesta flor, minha proposta
que, parecendo tímida, é insistente.
Daquelas fantasias que mais gosta,
pretendo partilhar, discretamente...
Mais que sorriso, espero por resposta,
aquele suspirar que, então, pressente
cada arrepio, quando alguém lhe encosta,
na morna flor do corpo, um beijo ardente.
Mas, além da paixão, não queira laços
de saudade ou remorso e, sem dilema,
esqueça a flor, os versos, os abraços...
E aceite, assim sem juras, este amor
que apenas dura, intenso qual poema,
enquanto passa, frágil como flor.

Bartolomeu Correia de Melo (1945-2011), poeta potiguar


segunda-feira, 17 de março de 2025

 Luizinho Cavalcante

CARNAUBAIS DE MINHA INFÂNCIA, será lançado em 3 de maio do corrente ano. Tenho trabalhado intensamente na conclusão do trabalho de pesquisa do nosso 5º Livro, intitulado CARNAUBAIS DE MINHA INFÂNCIA - Amor por nossa terra, paixão pelo nosso povo. O trabalho menciona mais de 320 nomes de ilustres carnaubaenses, que deram sua contribuição a nossa história nas mais diversas áreas e classes sociais. O livro será prefaciado pela conterrânea jornalista, Bruna Wanderley.
Com as bençãos divinas espero está com saúde para no dia 3 de maio do corrente ano, reunir familiares, amigos e conterrâneos no Espaço da Lore, para um grande momento de nossa história, o lançamento desse trabalho, que tem me deixado em êxtase diante de reunir tantos dados e informações de uma parte de nossa história. Pois compreendo que ainda termos muito a pesquisar e trazer a luz da atual e posterior gerações. É um livro histórico que reúne uma boa parte de nosso passado da economia, cultura, e religiosidade do nosso povo.



quarta-feira, 12 de março de 2025


Notícia Sobre o lançamento do livo de Renato Caldas intiutulado Fulô do Mato, na importante revista O Malho, antiga revista do Rio de Janeiro.

sábado, 8 de março de 2025

 UM SONETO DE JOÃO LINS CALDAS




DEVOTA

Laura vai à missa. Andam alegrias
Por todo livro de orações formoso...
Segue-a contente um mundo majestoso
De crenças boas e de sinfonias...

Entra na igreja. Os santos que a reparam
Estremecem de amor pelos altares
A  festa canta pelos bons olhares,
Por todos cantos os devotos param...

Jesus, chagado, ao repará-la, ao vê-la,
Para ser livre à tentação que sente,
Volta-lhe as costas com um furor pungente
Julgando ainda pelos olhos tê-la...

João Lins Caldas

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

 Para Martha Salem, minha mãe. (Minervino Wanderley*)


A raça humana, por sua própria multiplicidade, guarda significativas diferenças entre si. Nesse rol, existem indivíduos que pertencem a uma classe que podemos denominá-la de especial. São aqueles que, apesar dos obstáculos surgidos ao longo das suas caminhadas, não se entregam e, às vezes, por suas proporções, podemos até dizer que até teimam continuar vivendo. São os obstinados pela vida, que extraem dessas adversidades suprimentos necessários para sedimentar seus passos.

Mas essa eutanásia às avessas tem uma razão de ser: dentro de cada um desses seres, lá dentro, bate um coração ávido pelo simples prazer de estar vivo. São os que sabem valorizar o nascer de um novo dia como se fosse um novo começo. São aqueles que, através de simples gestos, espontâneos e habituais, deixam brotar seu amor pelo próximo, injetando nos menos providos, por meio de sua sabedoria, doses de ânimo e coragem.

Martha Wanderley Salem, 97 anos, é um exemplo de uma pessoa especial. Ela não sucumbiu ante os entraves e tampouco debitou ao destino sua situação. Sua vontade de vencer os desafios colocou-a como participante do jogo da vida, não permitindo que ela fosse simplesmente uma espectadora. As desventuras solidificaram seus sentimentos, abrindo espaço para que seu espírito solidário emergisse, e que sua voz sempre fosse plena de entusiasmo e de incentivo aos necessitados. Uma pessoa, na sua mais pura essência, do bem.

D. Martha é realmente uma pessoa diferenciada. Na sua infância, em Açu, sua predileção era pela convivência com as freiras austríacas do colégio onde estudava. Desse cotidiano surgiu um amor incondicional pela Áustria. Aprendeu a língua alemã e, por muitas vezes, tentou transmitir aos filhos esse aprendizado. Infelizmente, sem sucesso. Ela falava do Tirol e de sua capital, Insbruck, como se lá vivesse há muito. Tal amor fica bem exemplificado quando, ao se encontrar com uma amiga que acabara de chegar do “seu” país, disse: “Deixe-me fitar os olhos que fitaram a minha Áustria.” Sem maiores comentários.

Mas a sua sensibilidade não fica por aí. Para externar seu amor às coisas belas da vida, ela fez uso de um outro dom: a pintura. Através dessa arte, conseguiu retratar coisas que habitavam sua brilhante mente. Flores, principalmente suas adoradas orquídeas, paisagens, rostos, serviram de inspiração para seus quadros, tanto em óleo, quanto em aquarela. Verdadeiras obras-primas.

Rapidamente tornou-se professora e inúmeras gerações tiveram o privilégio de com ela compartilhar um pouco dos seus conhecimentos. Fosse no campo das línguas ou da pintura, todos encontravam em D. Martha a mestra ideal. Paciente e obcecada por dividir o que sabia, seus dias eram de inteiro prazer. Sua capacidade de comunicação sempre foi invejável. Mantinha longas “palestras” com jovens e com adultos com o mesmo prazer. Guardou-os dentro do seu coração e, até hoje, tem enorme carinho por esses amigos que conquistou durante a vida.

Dona Martha é, sem dúvidas, alguém que tem um verdadeiro caso de amor com a Vida.

*Jornalista

De: https://nataldeontem.blogspot.com/


De Assu Antigo:

Martha Salem, filha do Major Minervino Wanderley e dona Carlota Wanderley. Seu pai Minervino foi auto comerciante e exportador de cera de carnaúba e algodão, procurador do Patrimônio de São João Batista, intendente do Assu (1917-19), presidente da Câmara Municipal e vice-prefeito de Assu, entre 1947 a 1950.
 
Dona Martha, mãe de Emílio Salém já falecido, que foi médico no hospital da Fundação SESP, de Assu na década de sessenta). 

Por  fim, Martha teve uma existência longeva, faleceu aos 98 anos de idade, na cidade de Natal onde morou quase toda a sua vida.

Fernando Caldas






 

Deste livrinho (imagem acima), data de 1996 é feito de estórias pitorescas, jocosas, espirituosas do povo da minha terra - o Assu, celeiro de figuras espirituosas. Transcrevo três estórias conforme adiante: 


João Marcolino de Vasconcelos, habitualmente chamado Lou era advogado rábula. Pois bem. Certo dia, fora procurado em seu escritório por certa senhora viúva, proprietária de um sítio no Vale do Açu. Reclamava que seu vizinho por apelido "Zé Sebo" estava colocando todo o gado que possuía, na propriedade dela, para pastar. Antes de mover uma ação judicial queria um entendimento amigável. Lou então enviou uma carta convidando Zé Sebo comparecer em seu escritório. Comparecendo, perguntou aquele advogado: "Seu" José... é verdade que o senhor está colocando seu gado no sítio de dona Maria, sua vizinha?" "É verdade doutor..." "O senhor acha que isto está certo?" - Fez nova pergunta aquele advogado. - Zé Sebo foi curto e grosso: "Acho certo e vou fazer novamente e pronto.Ora, doutor Lou. Terra de moça velha e viúva rica, não tem dono!" Dias depois, o advogado fora procurado pela sua cliente ansiosa, querendo saber o resultado do entendimento. Lou foi logo lhe dizendo: "Minha senhora. A solução é você se casar com Zé Sebo."

José Caldas Soares Filgueira, ou Dedé Caldas como era carinhosamente chamado, era uma figura observadora e conhecedora das coisas do Assu. erta vez, ao se encontrar com certa amiga, foi logo perguntando: "Como vai sua filha, dona Maria?" "Dédé. Minha filha casou-se com um rapaz muito bom, de posses, mas não vai bem. Não tem conforto." Lamentou aquela senhora. "Mas, dona Maria. Na casa dela falta alguma coisa?" Interrogou, Dedé. Maria respondeu: "Olhe, Dedé. Na casa dela tem sala de jantar, fogão, geladeira, freezer, dormitório completo, tem até ar-condicionado... um luxo, né?" Dedé ficou mais curioso ainda:  "Dona Maria. O que a  senhora entende por conforto?"  Aquela senhora direcionou a Dedé o seu braço endurecido e com a mão fechada, esbravejou com seu linguajar na forma mais direta: "Dedé. 'Conforto' é talento de homem.!"

O Bar de Ximenes (Francisco Ximenes) na década de quarenta, cinquenta e início de sessenta, era o ponto de encontra das pessoas influentes da cidade de Assu. Além de bar, funcionava como casa de jogo de cartas (baralho), entre tantos frequentadores, o senhor Lauro Leite (Lauro era mossoroense, chegou no Assu, para trabalhar com Zequinha Pinheiro e foi um dos combatentes ao Bando de Lampião na invasão a Mossoró). Pois bem. Numa conversa amistosa no referenciado bar, alguém teria dito assim: - "Deus é muito bom", ao que contestou: "É bom nada, amigo. Tira a tesão, mas não tira a lembrança." Recriminou Lauro se autodiagnosticando.

Fernando Caldas

domingo, 1 de fevereiro de 2009

RÁDIODIFUSÃO NO ASSU

A história da rádiodifusão no Assu, é preciso saber que não começa pelos fundadores da Rádio Princesa do Vale, não! Foram precursores de radiodifusão por ondas eletromagnéticas no Assu, o advogado João Marcolino de Vasconcelos e o técnico em eletrônica José Edzés de Paiva. A emissora funcionava em (no início da década de sessenta), caráter clandestino, nas dependências da Sede dos Escoteiros. José Nazareno Fernandes, conhecido como Dedé de Lou, era o apresentador e locutor principal, e o nome daquela rádio pirata, chamava-se Rádio Princesa do Vale. Uma griffe que a futorologia e o idealismo de três jovens viria a se consagrar ao longo do tempo. Para registrar ainda, aquela emissora chegou a irradiar uma partida de futebol (de pessoas maduras), ralizado naquela época, no Estádio Senador João Câmara, da cidade de Assu.

  Almanaques de farmácia: uma época que deixou saudades                                            Podem esquecer os almanaques do Professor...