terça-feira, 18 de agosto de 2015

QUEM DEU NOME AO ATUAL ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FOI O RIO DENOMINADO DE PIANCÓ-PIRANHAS-AÇU E NÃO O RIO POTENGI

CURIOSIDADE HISTÓRICA:


                                                           
Por: Eugênio Fonseca Pimentel* 

Analisando o conteúdo do trabalho efetuado por Gabriel Soares de Sousa poucos anos depois das doações das Capitanias Hereditárias do Brasil denominado de TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL EM 1587, observa-se claramente que existiam 2 rios com o nome de Rio Grande. O primeiro descrito situava-se na costa norte do Rio Grande do Norte e o segundo rio situava na costa Leste do atual estado do RN. Vejam os capítulos VII, VIII referente a costa norte e o capitulo IX a costa leste.

TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL EM 1587

GABRIEL SOARES DE SOUSA

CAPÍTULO VII

Em que se declara a costa do rio Grande até a do Jagoaribe. Como fica dito, o rio Grande está em dois graus da parte do sul, o qual vem de muito longe e traz muita água, por se meterem nele muitos rios; e, segundo a informação do gentio, nasce de uma lagoa em que se afirma acharem-se muitas pérolas. Per-dendo-se, haverá dezesseis anos, um navio nos baixos do Maranhão, da gente que escapou dele que veio por terra, afirmou um Nicolau de Rezende, desta companhia, que a terra toda ao longo do mar até este rio Grande era escalvada a maior parte dela, e outra cheia de palmares bravos, e que achara uma lagoa muito grande, que seria de 20 léguas pouco mais ou menos; e que ao longo dela era a terra fresca e coberta de arvoredo; e que mais adiante achara outra muito maior a que não vira o fim, mas que a terra que vizinhava com ela era fresca e escalvada, e que em uma e em outra havia grandes pescarias, de que se aproveitavam os tapuias que viviam por esta costa até este rio Grande, dos quais disse que recebera com os mais companheiros bom tratamento. Por este rio Grande entram navios da costa e têm nele boa colheita, o qual se navega com barcos algumas léguas. Deste rio Grande ao dos Negros são sete léguas, o qual está em altura de dois graus e um quarto; e do rio dos Negros às Barreiras Vermelhas são seis léguas, que estão na mesma altura; e numa parte e noutra têm os navios da costa surgidouro e abrigada. Das Barreiras Vermelhas à ponta dos Fumos são quatro léguas, a qual está em dois graus e 1/3. Desta ponta do rio da Cruz são sete léguas e está em dois graus e meio em que também têm colheita os navios da costa. Afirma o gentio que nasce este rio de uma lagoa, ou junto dela, onde também se criam pérolas, e chama-se este rio da Cruz, porque se metem nele perto do mar dois riachos, em direito um do outro, com que fica a água em cruz. Deste rio ao do Parcel são oito léguas, o qual está em dois graus e meio; e faz-se na boca deste rio uma baía toda esparcelada. Do rio do Parcel à enseada do Macorive são onze léguas, e está na mesma altura, a qual enseada é muito grande e ao longo dela navegam navios da costa; mas dentro, em toda, têm bom surgidouro e abrigo; e no rio das Ostras, que fica entre esta enseada e a do Parcel o têm também. Da enseada do Macorive ao monte de Li são quinze léguas e está em altura de dois graus e dois terços, onde há porto e abrigada para os navios da costa; e entre este porto e a enseada de Macorive têm os mesmos navios surgidouro e abrigada no porto que se diz dos parcéis. Do monte de Li ao rio Jagoarive são dez léguas, o qual está em dois graus e 3/4, e junto da barra deste rio se mete outro nele, que se chama o rio Grande, que é extremo entre os tapuias e os potiguares. Neste rio entram navios de honesto porte até onde se corre a costa leste-oeste; a terra daqui até o Maranhão é quase toda escalvada; e quem quiser navegar por ela e entrar em qualquer porto dos nomeados há de entrar neste rio de Jagoarive por entre os baixos e a terra porque tudo até o Maranhão defronte da costa são baixos, e pode navegar sempre por entre eles e a terra, por fundo de três braças e duas e meia, achando tudo limpo, e quanto se chegar mais à terra se achará mais fundo. Nesta boca do Jagoarive está uma enseada onde navios de todo o porte podem ancorar e estar seguros.

Observação e Conclusão:

Na descrição do capitulo VII do Tratado Descritivo do Brasil em 1587,GABRIEL SOARES DE SOUSA descreve parte da costa setentrional do Brasil, ou seja ele cita deste modo:

Em que se declara a costa do rio Grande até a do Jagoarive. Esta Costa aonde está inserido o rio Grande é atualmente denominado rio Piancó-Piranhas-Açu.

Cita que afirmou um tal Nicolau de Rezende, desta companhia, que a terra toda ao longo do mar até este rio Grande era escalvada a maior parte dela, e outra cheia de palmares bravos.

Observação e conclusão : 

Os palmares bravos são os carnaubais com seus talos cheios de espinhos em que formam a mata ciliar do atual rio Piancó-Piranhas-Açu.

Cita que os tapuias que viviam por esta costa até este rio Grande, dos quais disse que recebera com os mais companheiros bom tratamento.

Os índios tapuias habitavam também o litoral norte no tempo do Brasil colonial.

Cita que o rio Grande, era o extremo entre os tapuias e os potiguares.

Cita que neste rio entram navios de honesto porte até onde se corre a costa leste-oeste

CAPÍTULO VIII

Em que se declara a costa do rio de Jagoa-rive até o cabo de São Roque.

Do rio Jagoarive de que se trata acima até a baía dos Arrecifes são oito léguas, a qual demora em altura de três graus. Nesta baía se descobrem de baixa-mar muitas fontes de água doce muito boa, onde bebem os peixes-bois, de que aí há muitos, que se matam arpoando-os assim o gentio potiguar, que aqui vinha, como os caravelões da costa, que por aqui passam desgarrados, onde acham bom surgidouro e abrigada. Desta baía ao rio S. Miguel são sete léguas, a qual está em altura de três graus e 2/3, em a qual os navios da costa surgem por acharem nela boa abrigada. Desta baía ao rio Grande são quatro léguas o qual está em altura de quatro graus. Este rio tem duas pontas saídas para o mar, e entre uma e outra há uma ilhota, que lhe faz duas barras, pelas quais entram navios da costa. Defronte deste rio se começam os baixos de São Roque, e deste rio Grande até ao cabo de São Roque são dez léguas, o qual está em altura de quatro graus e um seismo; entre este cabo e a ponta do rio Grande se faz de uma ponta a outra uma grande baía, cuja terra é boa e cheia de mato, em cuja ribeira ao longo do mar se acha muito sal feito. Defronte desta baía estão os baixos de S. Roque, os quais arrebentam em três ordens, e entra-se nesta baía por cinco canais que vêm ter ao canal que está entre um arrecife e outro, pelos quais se acha fundo de duas, três, quatro e cinco braças, por onde entram os navios da costa à vontade.

Observação e conclusão:

O rio Grande do litoral norte do atual estado do Rio Grande do Norte tem duas pontas saídas para o mar, e entre uma e outra há uma ilhota, que lhe faz duas barras, pelas quais entram navios da costa.

O rio Açu adentra no continente até cerca de 30 quilômetros. Este era navegável quando a maré ficara alta.

Gabriel Soares de Sousa cita que do rio Grande atual rio açu até ao cabo de São Roque são dez léguas.

Gabriel Soares de Sousa cita que entre o cabo de São Roque e a ponta do rio Grande se faz de uma ponta a outra uma grande baía, cuja terra é boa e cheia de mato, em cuja ribeira ao longo do mar se acha muito sal feito.

Esta região com muito sal marinho é o atual município de Macau no Rio Grande do Norte.

CAPÍTULO IX

Em que se declara a costa do cabo de São Roque até o porto dos Búzios.

Do cabo de São Roque até a ponta de Goaripari são seis léguas, a qual está em quatro graus e 1/4, onde a costa é limpa e a terra escalvada, de pouco arvoredo e sem gentio. De Goaripari

à enseada da Itapitanga são sete léguas, a qual está em quatro graus e 1/4; da ponta desta enseada à ponta de Goaripari são tudo arrecifes, e entre eles e a terra entram naus francesas e surgem nesta enseada à vontade, sobre a qual está um grande médão de areia; a terra por aqui ao longo do mar está despovoada do gentio por ser estéril e fraca. Da Itapitanga ao rio Pequeno, a que os índios chamam Baquipe, são oito léguas, a qual está entre cinco graus e um seismo. Neste rio entram chalupas francesas a resgatar com o gentio e carregar do pau de tinta, as quais são das naus que se recollhem na enseada de Itapitanga. Andando os filhos de João de Barros correndo esta costa, depois que se perderam, lhes mataram neste lugar os potiguares, com favor dos franceses, induzido,, deles muitos homens. Deste rio Pequeno ao outro rio Grande são três léguas, o qual está em altura de cinco graus e 1/4; nesse rio Grande podem entrar muitos navios de todo o porte, porque tem a barra funda de dezoito até seis braças, entra-se nele como pelo arrecife de Pernambuco, por ser da mesma feição. Tem este rio um baixo à entrada da banda do norte, onde corre água muito à vazante, e tem dentro algumas ilhas de mangues, pelo qual vão barcos por ele acima quinze ou vinte léguas e vem de muito longe. Esta terra do rio Grande é muito sofrível para esse rio haver de se povoar, em o qual se metem muitas ribeiras em que se podem fazer engenhos de açúcar pelo sertão. Neste rio há muito pau de tinta, onde os franceses o vão carregar muitas vezes. Do rio Grande ao porto dos Búzios são dez léguas, e está em altura de cinco graus e 2/3; entre este porto e o rio estão uns lençóis de areia como os de Itapuã, junto da baía de Todos os Santos. Neste rio Grande achou Diogo Pais de Pernambuco, língua do gentio, um castelhano entre os potiguares, com os beiços furados como eles, entre os quais andava havia muito tempo, o qual se embarcou em uma nau para a França porque servia de língua dos franceses entre os gentios nos seus resgates. Neste porto dos Búzios entram caravelões da costa num riacho que neste lugar se vem meter no mar.

Observação e conclusão:

Deste rio Pequeno ao outro rio Grande são três léguas, o qual está em altura de cinco graus e 1/4; nesse rio Grande podem entrar muitos navios de todo o porte, porque tem a barra funda de dezoito até seis braças, entra-se nele como pelo arrecife de Pernambuco, por ser da mesma feição.

Deste rio Pequeno ao outro rio Grande são três léguas. O outro rio Grande é o rio Potengi agora na costa leste do estado do Rio Grande do Norte Brasil.

No rio Potengi chamado também de Rio Grande por Sousa viviam os índios Potiguares.

Por fim podemos esclarecer que nesta descrição não existia pau brasil ou pau de tinta na costa norte o que é observação verdadeira.

*Eugênio Fonseca Pimentel é geólogo e pesquisador.

PÁGINA ASSUENSE:

JOÃO SOARES DE MACÊDO
 
João Soares de Macêdo Sobrinho - que depois passou a assinar-se apenas João Soares de Macêdo – (1859-1954).

Foi pecuarista, jornalista, professor, coletor de rendas provinciais na Vila potiguar de Serra Negra, advogado provisionado, promotor público na então comarca do Seridó, homeopata e funcionário da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas – IFOCS.

Sob o pseudônimo de João da Cruz publicou em versos todo o histórico dos violentos e trágicos acontecimentos políticos ocorridos em Assu, no ano de 1935. Esse trabalho foi intitulado de "Facit Indignatio Versum" (A indignação faz brotar o verso). 

Realizou duas conferências religiosas em Assu: a primeira em 15 de agosto de 1938 (abordando os Sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia); a segunda, no dia seguinte, (enfocando a Confissão, a Extrema Unção, a Ordem e o Matrimônio). Em setembro do mesmo ano, viajou até Serra Negra do Norte e, respectivamente, nos dias 06 e 08, também apresentou duas conferências: a primeira sobre os Sete Sacramentos e a última acerca do Primado de São Pedro.

Casou três vezes e deixou numerosa descendência.
Fonte: Gregório Celso Macedo

1937 – O DIA EM QUE UM VIOLINISTA RUSSO E UM FORD V8 ESTIVERAM NO PALCO DO PRINCIPAL TEATRO DE NATAL

Harry Brounstein, gerente da Ford no Rio, no palco do Teatro Carlos Gomes, atual Teatro Alberto Maranhão, abrindo o recital ao lado de um Ford V 8.
Harry Brounstein, gerente da Ford no Rio de Janeiro, no palco do Teatro Carlos Gomes, atual Teatro Alberto Maranhão, abrindo o recital ao lado de um Ford V 8. CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIAR
Autor – Rostand Medeiros 
Dizem que Natal é uma cidade onde seu povo tem uma adoração intensa pelos veículos motorizados. Se observarmos nos dias atuais o número de carros de passeio bastante novos circulando pelas nossas atravancadas ruas, provavelmente deve ser verdade. Fala-se que por mês mais de 2.000 veículos novos, 0 km, são desovados nas congestionadas vias de circulação da capital potiguar.
Ainda se comenta que este gosto surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, com a presença de tropas estadunidenses em nossas terras.
Teatro Carlos Gomes,no bairro da Ribeira
Teatro Carlos Gomes,no bairro da Ribeira
Existe a ideia que após o conflito, as tropas de Tio Sam despejaram nas nossas ruas potentes e reluzentes Lincons e Studebakers que não quiseram levar de volta para casa e isso ficou nas mentes dos natalenses. Até já tratei disso em nosso TOK DE HISTÓRIA (Ver em – http://tokdehistoria.com.br/2013/11/30/o-prazer-nosso-pelo-carro-novo-sao-os-militares-americanos-os-responsaveis-por-isso/ ).
Provavelmente a intensa adoração dos natalenses por veículos movidos a gasolina surgiu bem antes da Segunda Guerra e tudo aponta que se deveu muito mais a bem planejadas ações de propaganda desenvolvidas pelos fabricantes de veículos, do que uma pretensa ação das tropas americanas por aqui. 
Nova Forma de Propagandas 
Na segunda metade da década de 1930 os dois principais agentes que vendiam veículos em Natal eram a M. Martins & Cia., pela Ford, cujo um dos seus sócios era José Alves dos Santos e pela Chevrolet a empresa de Severino Alves Bila.
José Alves dos Santos, da M. Martins e Cia.
José Alves dos Santos, da M. Martins e Cia.
Como a Natal daquele tempo tinha pouco mais de 50.000 habitantes, onde praticamente toda elite se conhecia, é provável que os proprietários destas firmas tivessem amizade (ou quem sabe até parentesco pelo sobrenome comum). Mas nas páginas amareladas dos velhos periódicos temos uma verdadeira “guerra” de propagandas destes fabricantes de veículos sendo apresentada ao público natalense.
Ford (12) Ford (10)
Não é incomum encontrarmos anúncios de página inteira, que eram publicadas por semanas, com maravilhosos desenhos de novos e potentes veículos. E vale ressaltar que a propaganda de carros nos jornais era bem diferente das atuais. Enquanto hoje não faltam produções suntuosas para gerar fotos fantásticas, muita imagem trabalhada no computador, participação de modelos fenomenais e pouca informação prática (normalmente só umas letrinhas miudinhas no final da propaganda), naquelas priscas eras a coisa era muito mais informativa.
Mas em 1937 houve uma mudança nesta estratégia de propaganda que chamou muita atenção em Natal.
The Cherniavsky Trio 
Em fins de 1936 o experiente violinista Leo Cherniavsky estava realizando concertos em Nova York, no prestigiado Carnegie Hall, quando foi contratado pela Ford Motors Company para se apresentar no início de abril de 1937 em Fortaleza, Natal, Recife e Salvador. A ideia destes recitais era comemorar 25 milhões de veículos da marca Ford manufaturados.
Leo Cherniavsky teria durante suas apresentações na região a companhia do pianista pernambucano Alberto Figueiredo, do Conservatório de Recife. Já quem comandava o grupo era Harry Brounstein, da Associação Comercial do Rio de Janeiro, membro do Touring Club do Brasil e gerente da Ford no Rio.
Leo Cherniavsky nasceu em 1890, na grande comunidade judaica da cidade de Odessa, na época parte do Império Russo (atualmente pertencente à Ucrânia). Sua família possuía uma grande tradição musical e junto com seus irmãos Jan (piano) e Mischel (violoncelo) formaram um trio de jovens músicos e realizaram sua primeira apresentação em 1901, quando o mais jovem do grupo tinha apenas dez anos de idade.
O primeiro show fora da Rússia foi realizado três anos depois em Berlim, Alemanha, onde os garotos receberam críticas mistas. Ainda naquele ano, sob o patrocínio das abastardas famílias judaicas Rothchild e Sassoon, o trio fez sua estreia britânica no Aeolian Hall, em Londres, onde as opiniões dos críticos foram mais animadoras. Chegaram a realizar uma turnê por outros países da Europa com relativo sucesso e tiveram proveitosos encontros com personalidades musicais famosas e respeitadas da época (além de serem pessoas bem mais velhas que os três garotos) – incluindo o russo Misha Elman, o francês Eugène Ysaÿe, o tcheco David Popper e o húngaro Joseph Joachim.
Mischel, Jan e Leo, “The Cherniavsky Trio”.
Mischel, Jan e Leo, “The Cherniavsky Trio”.
Em 1905, diante das tensões contra os judeus em Odessa, que levou a realização de uma perseguição que resultou na morte de 400 pessoas, a família Cherniavsky se mudou para a Áustria e de lá os jovens seguiram para o Canadá, onde conseguiram a cidadania neste país. Depois começaram a atuar nos Estados Unidos, onde o grupo ficou conhecido como “The Cherniavsky Trio”.
Os jovens músicos ganharam experiência, desenvolveram um conjunto musical de primeira classe e se apresentaram em cinco continentes. Continuaram realizando apresentações e produzindo discos até 1934, quando cada um seguiu seu rumo. Assim Leo Cherniavsky chegou a Natal em abril de 1937. 
Um Gringo Tocar Rabeca 
O paquete “Pará” veio de Fortaleza trazendo a Caravana Ford para a Natal. Na capital cearense o músico estrangeiro e o pianista pernambucano se apresentaram no Teatro José de Alencar. Cherniavsky foi recebido no desembarque no cais da Tavares de Lira pelo maestro Valdemar de Almeida, diretor do Instituto de Música, Edgar Barbosa, então diretor da Imprensa Oficial, José Alves dos Santos, da M. Martins e Cia., Moyses Wanistain, representando a comunidade judaica que então existia em Natal, Carlos Lamas, Cônsul do Chile na cidade, além de Luís da Câmara Cascudo, Sérgio Severo e outros membros da comunidade natalense.
Propagando sobre o recita de Lei Cherniavsky  publicado em jornais natalenses.
Propagando sobre o recita de Lei Cherniavsky publicado em jornais natalenses.
Como era comum na época, apesar de existirem hotéis, algumas pessoas ilustres que visitavam Natal, principalmente estrangeiros, normalmente ficavam hospedados no palacete da rica comerciante Amélia Duarte Machado, a conhecida Viúva Machado. Com Leo Cherniavsky não foi diferente e ele estava ali acomodado junto com os outros membros da Caravana Ford.
O palco escolhido foi o melhor que Natal poderia oferecer – o Teatro Carlos Gomes, no bairro da Ribeira e atual Teatro Alberto Maranhão. Os jornais da época informam que desde o momento do anúncio do recital do violinista de Odessa, a elite local buscou avidamente a agência M. Martins e Cia. atrás dos 300 ingressos postos a disposição dos futuros compradores de carros novos.
Ford (1)
Certamente deve ter chamado atenção dos trabalhadores braçais do cais do porto, dos comerciários da Ribeira, dos que trabalhavam nos depósitos de algodão da Rua Chile, dos pescadores das Rocas e outras pessoas do povo, a intensa movimentação na Rua Frei Miguelinho, nº 133, sede da M. Martins e Cia. Eram muitas “pessoas gradas”, da mais fina flor da sociedade potiguar, com sobrenomes consagrados, agitados atrás de conseguirem um ingresso para ver “um gringo tocar rabeca”. 
Quem Não foi ao Recital Não Era Gente em Natal! 
E o tradicional teatro ficou lotado na noite de 2 de abril de 1937, uma sexta-feira. Natal, por não possuir uma rádio ativa na época, foi a única das capitais nordestinas que não transmitiu o recital pelas ondas do éter.
Leo Cherniavsky, Alberto Figueiredo e o Ford V 8, modelo Tudor sedam de luxo, de quatro portas no palco do principal teatro de Natal.
Leo Cherniavsky, Alberto Figueiredo e o Ford V 8, modelo Tudor sedam de luxo, de quatro portas no palco do principal teatro de Natal.
Uma situação interessante e peculiar ocorreu nesta apresentação – eu não sei como foi feito, mas as fotos aqui apresentadas (apesar da baixa qualidade) provam que, de alguma forma, os organizadores colocaram no palco do tradicional Carlos Gomes um veículo Ford V 8, modelo Tudor sedam de luxo, de quatro portas. Os músicos teriam de tocar ao lado da possante máquina e não foram registrados problemas no teatro. Mas eu duvido que hoje isso acontecesse novamente!
Quando foi exatamente as 21:00, quem subiu ao palco foi Harry Brounstein, seguido de várias personalidades locais com seus longos discursos, situação essa que nunca deixava de acontecer nestes eventos. Depois o violinista nascido em Odessa e o pianista pernambucano subiram no palco do Teatro Carlos Gomes e iniciaram a sessão musical.
Público natalense no recital de 2 de abril de 1937
Público natalense no recital de 2 de abril de 1937
Infelizmente os jornais da época aos quais tive acesso, tanto o A República de Natal, quanto o Diário de Pernambuco de Recife, nada informaram do que foi apresentado nos recitais apresentados no Teatro Alberto Maranhão e nem no principal teatro da capital pernambucana, o Santa Izabel.
Mas é inegável o evento foi um grande sucesso. Vamos encontrar varias referências sobre o recital de Leo Cherniavsky e de Alberto Figueiredo no jornal A República durante vários dias. Causou enorme impressão a versatilidade dos músicos, da participação da sociedade no evento e, evidentemente, da beleza do novo Ford V 8 no palco.
Foto de um modelo Ford V 8 de 1937 e preservado na Alemanha
Foto de um modelo Ford V 8 de 1937 e preservado na Alemanha
O burburinho foi tanto que parece até que quem não foi ao recital não era gente em Natal!
Pessoalmente nunca acreditei que esta dita “adoração por carros” seja uma exclusividade dos natalenses. Como o texto e as fotos apontam, certamente foram as ações de propaganda como as apresentadas em 2 de abril de 1937 que ajudaram a criar na mente da maioria dos brasileiros o gosto pelo carro.
E é um gosto bem estranho e um prazer bem esquisito. Já que até hoje a maioria dos brasileiros não se importa de pagar financiamentos exorbitantes e nem reclamam de impostos gigantescos que são cobrados por um bem que se desvaloriza em até 30% após sair da loja.
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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

FJA: População pode contribuir com revisão de leis de incentivo à Cultura do RN

EVENTO:

O Circuito Popular: Arte e Cultura apresenta mais um ciclo de debates e desta vez a pauta são as leis de incentivo e isenção fiscal.
A informação é prestada pela assessoria de imprensa da Fundação José Augusto (FJA), na capital do estado.
O Seminário Marcos Legais da Cultura será realizado de 24 a 26 de agosto, na Pinacoteca do Estado, em Natal, com início sempre às 18h30.
Os interessados podem se inscrever gratuitamente, preenchendo o formulário – acesseAQUI.
A ideia é construir coletivamente propostas de adequação e modernização desses instrumentos legais que se relacionam com a Cultura e contribuem para o fomento do setor no RN. Confira as mesas: segunda-feira (24), Financiamento da Cultura; terça-feira (25), Sistema Estadual de Cultura, com participação de Guilherme Varela, do Ministério da Cultura; e, quarta-feira (26), Conselho de Políticas Públicas.
Postado por Pauta Aberta.

REMINISCÊNCIAS:

Dois que muito fizeram pela construção do Colégio Nossa Senhora das Vitórias (atual ENSV): Monsenhor Joaquim Honório Silveira e Minervino Wanderley.
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O jornal "A Cidade", de 24 de junho de 1923, dizia que "domingo passado instalara-se a Comissão Regional dos Escoteiros do Assu". Já eram escoteiros: Rômulo Wanderley, Demóstenes Amorim, Aldemar de Sá Leitão e Adauto de Sá Leitão. 
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À Praça Getúlio Vargas (atual Praça São João Batista), uma coluna de nove metros de altura assinala a passagem do século, em 01 de janeiro de 1901. O projeto gráfico do monumento é do artista decorador José Severo, dono do Atelier J. Severo.
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Elias Souto (25/01/1848 - 17/05/1906), considerado o criador da imprensa diária no Rio Grande do Norte, é assuense. Como jornalista foi critico severo do governo Pedro Velho, em que pese ter sido paralítico, preso a uma cadeira de rodas.
Elias Souto (versos) e Luís Carlos Lins Wanderley Filho (música) fizeram o Hino de Liberdade, da "Sociedade Libertadora Assuense". 
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A lapinha começou em casa do Coronel Sá Leitão, na Rua das Hortas, atual Moysés Soares. Era um folguedo popular em torno do presépio, com dois cordões de pastoras representando as cores AZUL e ENCARNADO.
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Na Grande Guerra (1942/45) foi morto no naufrágio do Cruzador Bahia, em costas brasileiras, em 1945, o marinheiro Aureliano Lôpo, assuense. Há uma rua na cidade (popular rua do córrego) com seu nome.
Fonte: Assu, Gente, Natureza e História - Celso da Silveira.   

domingo, 16 de agosto de 2015

O RIO GRANDE DO NORTE NUM CONTO POÉTICO DE LINO SAPO

Cumpade PEDRO VELHO me diga como você anda? Inda ta trabaiando muito? E como anda cumade NÍSIA FLORESTA? Caba veio tou puraqui meio perdido, é uma históra meia adoidaiada mai se o senhor me ouçar desbatarei sem arrudei. Eu vinhe pra essas bandas buscar um TOURO chamado GUAMARÉ, pra levar lá pru ALTO DO RODRIGUES. Meu patrão seu ANTÔNIO MARTINS comprou o bichinho a seu MÉSSIAS TARGINO, meu patrão é abastado, é um homem bom e influente, foi amigo de infânça de RUY BARBOSA. Ele vive muito bem, agora eu cumpade, é que ando com uma maruzia e uma azalação da mulinga. Cumpade ultimamente eu ando meio os imboléus, já fiz inté prumessa e já rezei pra SÃO PEDRO, SÃO FERNANDES e inté para SÃO VICENTE, pru mode eles falar com meu BOM JESUS pra eu ter BOA SAÚDE. Asto dia eu fui ao DOUTOR SEVERIANO e ele me arreceitou um lambedor de JAÇANÃ. Inda disse mai, que era bom pra eu viajar, ir pra outros lugares, ele inté me idicou BARCELONA, MACAU, EQUADOR ou se não quisesse sair do Brasil fosse pra PORTALEGRE ou pru ESPÍRITO SANTO. Sabe o que eu fiz? Eu fui foi pro PARANÁ, mas pense cumpade cumaé pequeno, é um PARAZINHO!!. Mai purlá tem um TABOLEIRO GRANDE com uma AREIA BRANCA, bem pru lado tem uma SERRA NEGRA DO NORTE, na verdade é uma SERRINHA!, Só que lá enriba cumpade tem uma PEDRA GRANDE e é uma PEDRA PRETA e purriba dela tem uma NOVA CRUZ feita de ANGICOS. Mai lá cumpade é tão quente, tão quente que parece o ceará, um CEARÁ-MIRIM, claro. Cumpade prosiando e atencionando as coisas purcá mai que BAÍA FORMOSA, é muita bunita. Me alembrei de seu LUIZ GOMES, ele inda mora pru trai daquelas MONTANHAS? E seu PEDRO AVELINO, ainda é morador de seu AFONSO BEZERRA? São um povo muito prestativo. Cumpade! Tou me alembrando que tenho uma conta a acertar, é umas PENDÊNÇIAS com seu SEVERIANO MELO, tou só esperano baixar a IPUEIRA par ir cobrar meus GALINHOS que ele trouxe lá da SERRINHA DOS PINTOS. ITAJÁ na hora de a gente acabar com esse quelelé esse EXTREMOZ, esse CARNAUBAIS de desavenças, acabar de vez com essa picuinha.Cumpade cortei esse chãozão de uma ponta a outra, em todo canto ta uma caristia danada, as coisas tá pelo oio da cara. Cumpade vou te dizer uma sabença, do jeito que a coisa tá rumando só vai piorar, prumode de que ultimamente passei uma fome danada. O senhor me imagina que nessa sumana só comie uns peixinhos, Uns ACARI pequeno que parecia um BODÓ. PATU ver JAPI die inté a SANTO ANTÔNIO e a SÃO MIGUEL uma boa forragem pru bucho, pidie com tanta esperança que chega fechei os oios e imaginei o rango, e falei arto e GROSSOS, SÃO MIGUEL DO GOSTOSO!!!!! Mudando o prosiado o cumpade se alembra da fazenda siridó? Pois bem, tá bunita, lá fizero CURRAIS NOVOS, só de PAU DOS FERROS duro feito ASSÚ, e de CARNAÚBA DOS DANTAS, lá daquela LAGOA DANTA. Cumpade foi trabaiada danada os morão foram tudim cortado pur seu FRANCISCO DANTA e o empregado dele seu JOSÉ DA PENHA. Cumpade ficou de primera, lá tem o mai bunito JARDIM DO SERIDÓ. O padroeiro da fazenda é um santo de casa, é SÃO JOSÉ DO SERIDÓ, e a padroeira não pudia ser de outro lugar e esculhero SANTANA DO SERIDÓ, mai dizem as más línguas, Cá pra nós, que ela num tá fazendo nenhum milagre não, tão inté quereno jogalá no mato. Já tem inté gente chamando, ver se pode, de SANTANA DO MATO. Desse jeito tá rim já pensou cumpade, se o padroeiro não fizer milagre, e quiserem jogalo naquele CAMPO REDONDO, imagine só cumpade aquele CAMPO GRANDE, vão bem apilidar de SÃO JOSÉ DE CAMPESTRE. Magina só? Mai cumpade cum toda buniteza o lugar tá sem um pé de vida, logo adispois que seu BENTO FERNANDES bateu as botas, os filhos RAFAEL FERNANDES e RODOLFO FERNANDES quisero vender as terras, inda chegaro a vender uma parte para ALMINO AFONSO, que fez um SÍTIO NOVO, que vai do RIACHO DA CRUZ inté o MONTE DAS GAMELEIRAS. Cumpade num vendero todinha pruque seu MARCELINO VIERA e seu FERNANDO PEDROSA cuma era os moradores mai antigo se intrumeteram. Tavam brabos e eles diziam: o resto vocês não vendem, o pai de vocês era um santo já esquecerão? Vocês deveriam era fazer uma igreja para o pai de vocês, pra noise as terras inda são daquele santo. E a SERRA DE SÃO BENTO ninguém toca, e do jeito que eu tou me agarru cum cobra piso inté em cascavel e CERRO CORÁ. Cumpade a confusão foi grande demai, era tanta da fofoqueira na fazenda, pisano purriba das plantas e se rindo, que parecia um JARDIM DE PIRANHA. O qui qui foi maior quando FRUTUOSO GOMES falou que as TIMBAÚBAS DOS BATISTAS tava sendo irrigado do OLHO DÁGUA DOS BORGES. Minina cumpade, quando MARTINS oiçou foi logo dizeno: quero ver irrigar lá do meu MONTE ALEGRE, pruque lá é uma LAGOA SALGADA! Nisso cumpade, chega RAFAEL GODEIRO trazendo o CORONEL EZEQUIEL e o TENENTE ANANIAS. Cumpade quando os homi chegaru, inté a CRUZETA, feita de OURO BRANCO, fincada na entrada da fazenda, num pé de BARAÚNA, ficou sem ENCANTO. O estrelado foi logo falando: e essas mueres VIÇOSA não têm nada que VENHA VER aqui. Nesse momento cumpade, ele espiou pra eu, que me tremie todinho, logo ele cumpade que me achava caipira e só me chamava de CAIÇARA DO NORTE. Ai Ele preguntou o que é que eu fazia ali. A voz ficou entalada mai eu resmunguei tempo dispois: vinhe rezar pra SÃO BENTO DO NORTE. Ele chega muchou e com um olhar macriado disse: aqui só tem rezatório só se for pra SÃO BENTO DO TRAIRI, vá simbora percurar outro santo. Arribe para o oeste lá tem muitos, talvez você encontre um SÃO FRANCISCO DO OESTE. Não precisou nem terminar a pronunciada, sai em toda disparada, parecia inté que agora eu nadava e vuava que nem um CAIÇARA DO RIO DOS VENTOS. Cumpade! Cumpade! Fui muito azilado, na carreira bati num palanque que tava o GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO, o SENADOR ELOI DE SOUSA e mesmo na horinha que o SENADOR GEORGINO AVELINO tava se pronunciando. Quando os povos me viro na carreira em direção ao palanque, pensava que eu ia matar os chefes políticos. Nisso o CORONEL JOÃO PESSOA me viu, no aperreio que eu tava eu nem pensava, daquele jeito eu merguiaria inté no RIO DO FOGO. Cumpade quando eu espio pru lado o MAJOR SALES e o TENENTE LAURENTINO já vinha nos meus carcanhar pega num pega. Ai foi que eu corri, inda mai com o tiro zunindo no peduvido, pulei por riba de uns PILÕES e sai com a gota serena. Escutei na carreira quando dona LUCRÉCIA disse, é guerra, FELIPE GUERRA! Felipe venha pra casa meu fio, SÃO JOÃO DO SABUGÍ pruteja meu fio. Não parei cumpade de correr, se eles me pegam eles iam JUNDIÁ de eu. Dei um pitú nos homi e sai meio escundido pru trai de uma LAJES PINTADA, peguei um RIACHUELO e sai sem deixar rasto. Vie de longe uma VÁRZEA e ai eu fui em busca do PORTO DO MANGUE que era menos perigoso. Quando cheguei purlá só tinha PASSAGEM na canoa TIBAU DO SUL. A TIBAU já havia saído, elas chegam em PARELHAS mais uma sae meia hora antes. Ai cumpade eu pensei desse jeito num dá, sou nortista, no sul num vou agüentar. Então cumpade eu sai por um BREJINHO e vie um filete d’água conhecido, era do RIACHO DE SANTANA uma ÁGUA NOVA tumei logo umas goipada. Adispois cheguei a uma BAIXA VERDE e vie muita arvures agrandaada fui andando pra lá, cumpade pense num lugar bem sombraiado paricia um JARDIM DE ANGICOS. Pensei ter escapado dos homi mai a armadia foi pior. Sai bem no meio de uma aldea dos índios JANDÚIS e MOSSORÓ, continuei andano como se num tivesse percebido nada. Foi quando ouvi o pajé MAXARANGUAPE dizer pra dois índios assim: IPANGUAÇU, PARNAMIRIM corram atrás e PARAÚ e tragam para mim, eles realmente me pararu, me amarraru e me colocaru em uma LAGOA DE PEDRA e adispois em um POÇO BRANCO. Cumpade o corpo todo tremia, a voz já não saia, os cabelu nem sentava no casco. Foi quando eu a lembrei de SANTA MARIA e do meu anjo da guarda, SÃO RAFAEL, e cumecei a rezar, nisso o pajé me olhou da cabeça aos pés e disse: UMARIZAL, TAIPÚ vá buscar CANGUARETAMA. Cumpade pense numa agonia danada enquanto eles saia eu me borrava todo nas calças. Quando vortaru o pajé falou: veja filha se esse serve? Enquanto eu espiava aqueles cabelus e oios pretu feito a casca de uma CARAÚBAS, ela tapava o nariz e balançava a cabeça em negação. Entonce JUCURUTU me soltou e APODI disse aqui é PASSA E FICA mai você num vai ficar. O pajé com um oiar dar uma ordem e ARÊS trai um jumento, ITAÚ inda diz: o nome dele é nema. Ai me ajuda a muntar no burro, e espanca o animal que sae em toda carreira, enquanto eles gritam aqui num é lugar pra covardes. Cumpade o burro curria e eu agradecia pru céu, o meu estoque de santo já tinha acabado, mai inda restava alguns, então comecei a agradicer, a SÃO PAULO DO POTENGI, SÃO GONÇALO DO AMARANTE e SÃO JOSÉ DO MIPIBÚ. Fiz o sinal da SANTA CRUZ e sai me escurregando nos espinhaço do burro, que começa a desembestar e a pular devido a catinga, e eu gritano aperriado upa, upa, UPANEMA, pare meu bichinho. Nisso só ouvir a burduada cai estatelado no tronco de um pé de MACAÍBA, e ali mesmo adormecie todo duido. Acordei com o canto dum CAICÓ e dum TANGARÁ. despertei adispois de uma madorna boa e sai andano a pé com o bucho roncando que parecia um trovão, a vista já tava escura de sede, num via mai nada. Só sei que cheguie numa LAJES e caminhei até achar uma LAGOA NOVA pra me banhar, e bem na frente encontrei uma LAGOA DE VELHOS. Pedi cumida e me derum umas GOIANINHAS, preguntei onde estava, e eles disserum na SERRA DO MEL, então sai por entre umas plantaiada que formava uma FLORÂNIA e que parecia uma VILA FLOR. Seguie as abeias e achei uma JANDAIRA, e que mé, foi um SÃO TOMÉ. Rumei para o oeste e dicie a SERRA CAIADA na noite de NATAL. Foi lá que vie a beleza e a PUREZA de ALEXANDRIA, chamei um menino pru nome de IELMO MARINHO e pedi um favor. Só pra dar um recado aquela donzela que meu coração amou. Mas o minino olhou e disse: Deus que me livre meu sinhor, aquela muier bunita é fia de seu JOÃO DIAS e ele é o lampiã da regiã. Te juro cumpade, em nome da VERA CRUZ, aquela muier inté os anjos seduz. Tudo que hoje eu mai quiria era com ela casar, e se isso um dia vier a acontecer, pode ter certeza, pra eu será o trofé do meu TRIUNFO POTIGUAR.

CHICO E CHICA

Por Renato Caldas

Sinha môça, eu conto um fato
De chico ôio de gato
E Chica Passarinheira:
Ele, vendia missanga,
Pó de arroz e burundanga;
Era mascate de feira.
Chiquinha, uma roceira
Disposta e trabaiadeira...
Pegava os pásso e vendia.
Porém, tinha um priquito
Muito mansinho e bonito
Que ela, vendê num queria.

Chico, toda menhanzinha,
Ia a casa de Chiquinha
Já cum mardósa intenção...
Na cunversa qui travaram,
Os óios, se encontraram...
Tibungo no coração.

Chico moço da cidade
Cunversa de verdade,
Dotô em tufularia,
Foi devagá se chegando,
Passando a mão alisando
E o priquitinho cedia
O bicho se arrupiava...
Ela, calada, deixava,
Gostava daquele trato.
Nisso o amô pôz a canga!
Pôi-se a brincar cum a missanga
De Chico Oio de Gato.
Um brincando, outro alizando
E a missanga amarinhando
Nisso, um gritinho se ôvio.
Num é qui o priquito-rico,
Teve fome e abriu o bico...
Bufo - a missanga engoliu.

Chico mudô de caminho!
O verde priquitinho
Bateu asas e avuô...
E Chica Passarinheira,
Tá sôrta na buraqueira...
Inté de nome mudô.

sábado, 15 de agosto de 2015

AS ESTAÇÕES

Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso, ele mandou cada um viajar para observar uma pereira que estava plantada em um distante local.
O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro no Verão e o quarto e mais jovem, no Outono.
Quando todos eles retornaram, ele os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinham visto.
O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.
O segundo filho disse que ela era recoberta de botões verdes e cheia de promessas.
O terceiro filho discordou. Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele tinha visto.
O último filho discordou de todos eles; ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas…
O homem, então, explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore…
Ele falou que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação, e que a essência de quem eles são e o prazer, a alegria e o amor que vêm daquela vida, podem apenas ser medidos ao final, quando todas as estações estiverem completas.
Se você desistir quando for Inverno, você perderá a promessa da Primavera, a beleza do Verão, a expectativa do Outono.
Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil.

(Autor desconhecido)


sabedoriauniversal.wordpress.com

QUEM DEU NOME AO ATUAL ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FOI O ATUAL RIO DENOMINADO DE PIANCÓ-PIRANHAS-AÇU E NÃO O RIO POTENGI.

Eugênio Fonseca Pimentel  
Analisando o conteúdo do trabalho efetuado por Gabriel Soares de Sousa poucos anos depois das doações das Capitanias Hereditárias do Brasil denominado de TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL EM 1587, observa-se claramente que existiam 2 rios com o nome de Rio Grande. O primeiro descrito situava-se na costa norte do Rio Grande do Norte e o segundo rio situava na costa Leste do atual estado do RN.  Vejam os capítulos VII, VIII referente a costa norte e o capitulo IX a costa leste.

TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL EM 1587
              GABRIEL SOARES DE SOUSA
            C A P Í T U L O    VII
Em que se declara a costa do rio Grande até a do Jagoarive.
Como fica dito, o rio Grande está em dois graus da parte do sul, o qual vem de muito longe e traz muita água, por se meterem nele muitos rios; e, segundo a informação do gentio, nasce de uma lagoa em que se afirma acharem-se muitas pérolas. Per-dendo-se, haverá dezesseis anos, um navio nos baixos do Mara-nhão, da gente que escapou dele que veio por terra, afirmou um Nicolau de Rezende, desta companhia, que a terra toda ao longo do mar até este rio Grande era escalvada a maior parte dela, e outra cheia de palmares bravos, e que achara uma lagoa muito grande, que seria de 20 léguas pouco mais ou menos; e que ao longo dela era a terra fresca e coberta de arvoredo; e que mais adiante achara outra muito maior a que não vira o fim, mas que a terra que vizinhava com ela era fresca e escalvada, e que em uma e em outra havia grandes pescarias, de que se aproveitavam os tapuias que viviam por esta costa até este rio Grande, dos quais disse que recebera com os mais companheiros bom tratamento. Por este rio Grande entram navios da costa e têm nele boa colheita, o qual se navega com barcos algumas léguas. Deste rio Grande ao dos Negros são sete léguas, o qual está em altura de dois graus e um quarto; e do rio dos Negros às Barreiras Vermelhas são seis léguas, que estão na mesma altura; e numa parte e noutra têm os navios da costa surgidouro e abrigada. Das Barreiras Vermelhas à ponta dos Fumos são quatro léguas, a qual está em dois graus e 1/3. Desta ponta do rio da Cruz são sete léguas e está em dois graus e meio em que também têm colheita os navios da costa. Afirma o gentio que nasce este rio de uma lagoa, ou junto dela, onde também se criam pérolas, e chama-se este rio da Cruz, porque se metem nele perto do mar dois riachos, em direito um do outro, com que fica a água em cruz. Deste rio ao do Parcel são oito léguas, o qual está em dois graus e meio; e faz-se na boca deste rio uma baía toda esparcelada. Do rio do Parcel à enseada do Macorive são onze léguas, e está na mesma altura, a qual enseada é muito grande e ao longo dela navegam navios da costa; mas dentro, em toda, têm bom surgidouro e abrigo; e no rio das Ostras, que fica entre esta enseada e a do Parcel o têm também. Da enseada do Macorive ao monte de Li são quinze léguas e está em altura de dois graus e dois terços, onde há porto e abrigada para os navios da costa; e entre este porto e a enseada de Macorive têm os mesmos navios surgidouro e abrigada no porto que se diz dos parcéis. Do monte de Li ao rio Jagoarive são dez léguas, o qual está em dois graus e 3/4, e junto da barra deste rio se mete outro nele, que se chama o rio Grande, que é extremo entre os tapuias e os potiguares. Neste rio entram navios de honesto porte até onde se corre a costa leste-oeste; a terra daqui até o Maranhão é quase toda escalvada; e quem quiser navegar por ela e entrar em qualquer porto dos nomeados há de entrar neste rio de Jagoarive por entre os baixos e a terra porque tudo até o Maranhão defronte da costa são baixos, e pode navegar sempre por entre eles e a terra, por fundo de três braças e duas e meia, achando tudo limpo, e quanto se chegar mais à terra se achará mais fundo. Nesta boca do Jagoarive está uma enseada onde navios de todo o porte podem ancorar e estar seguros.
Observação e Conclusão:
Na descrição do capitulo VII do Tratado Descritivo do Brasil em 1587,GABRIEL SOARES DE SOUSA descreve parte da costa setentrional do Brasil, ou seja ele cita deste modo:
Em que se declara a costa do rio Grande até a do Jagoarive.  Esta Costa aonde está inserido o rio Grande é atualmente denominado rio Piancó-Piranhas-Açu.
Cita que afirmou um tal Nicolau de Rezende, desta companhia, que a terra toda ao longo do mar até este rio Grande era escalvada a maior parte dela, e outra cheia de palmares bravos.
Observação e conclusão :  
Os palmares bravos são os carnaubais com seus talos cheios de espinhos em que formam a mata ciliar do atual rio Piancó-Piranhas-Açu.
Cita que os tapuias que viviam por esta costa até este rio Grande, dos quais disse que recebera com os mais companheiros bom tratamento.
Os índios tapuias habitavam também o litoral norte no tempo do Brasil colonial.
Cita que o rio Grande, era o extremo entre os tapuias e os potiguares.
Cita que neste rio entram navios de honesto porte até onde se corre a costa leste-oeste
 C A P Í T U L O    VIII
Em que se declara a costa do rio de Jagoa-rive até o cabo de São Roque.
Do rio Jagoarive de que se trata acima até a baía dos Arrecifes são oito léguas, a qual demora em altura de três graus. Nesta baía se descobrem de baixa-mar muitas fontes de água doce muito boa, onde bebem os peixes-bois, de que aí há muitos, que se matam arpoando-os assim o gentio potiguar, que aqui vinha, como os caravelões da costa, que por aqui passam desgarrados, onde acham bom surgidouro e abrigada. Desta baía ao rio S. Miguel são sete léguas, a qual está em altura de três graus e 2/3, em a qual os navios da costa surgem por acharem nela boa abrigada. Desta baía ao rio Grande são quatro léguas o qual está em altura de quatro graus. Este rio tem duas pontas saídas para o mar, e entre uma e outra há uma ilhota, que lhe faz duas barras, pelas quais entram navios da costa. Defronte deste rio se começam os baixos de São Roque, e deste rio Grande até ao cabo de São Roque são dez léguas, o qual está em altura de quatro graus e um seismo; entre este cabo e a ponta do rio Grande se faz de uma ponta a outra uma grande baía, cuja terra é boa e cheia de mato, em cuja ribeira ao longo do mar se acha muito sal feito. Defronte desta baía estão os baixos de S. Roque, os quais arrebentam em três ordens, e entra-se nesta baía por cinco canais que vêm ter ao canal que está entre um arrecife e outro, pelos quais se acha fundo de duas, três, quatro e cinco braças, por onde entram os navios da costa à vontade.
Observação e conclusão:
O rio Grande do litoral norte do atual estado do Rio Grande do Norte tem duas pontas saídas para o mar, e entre uma e outra há uma ilhota, que lhe faz duas barras, pelas quais entram navios da costa.
O rio Açu adentra no continente até cerca de 30 quilômetros. Este era navegável quando a maré ficara alta.
Gabriel Soares de Sousa cita que do rio Grande atual rio açu até ao cabo de São Roque são dez léguas.
Gabriel Soares de Sousa cita que entre o cabo de São Roque e a ponta do rio Grande se faz de uma ponta a outra uma grande baía, cuja terra é boa e cheia de mato, em cuja ribeira ao longo do mar se acha muito sal feito.
Esta região com muito sal marinho é o atual município de Macau no Rio Grande do Norte.
C A P Í T U L O   IX
Em que se declara a costa do cabo de São Roque até o porto dos Búzios.
Do cabo de São Roque até a ponta de Goaripari são seis léguas, a qual está em quatro graus e 1/4, onde a costa é limpa e a terra escalvada, de pouco arvoredo e sem gentio. De Goaripari
à enseada da Itapitanga são sete léguas, a qual está em quatro graus e 1/4; da ponta desta enseada à ponta de Goaripari são tudo arrecifes, e entre eles e a terra entram naus francesas e surgem nesta enseada à vontade, sobre a qual está um grande médão de areia; a terra por aqui ao longo do mar está despovoada do gentio por ser estéril e fraca. Da Itapitanga ao rio Pequeno, a que os índios chamam Baquipe, são oito léguas, a qual está entre cinco graus e um seismo. Neste rio entram chalupas fran-cesas a resgatar com o gentio e carregar do pau de tinta, as quais são das naus que se recollhem na enseada de Itapitanga. Andando os filhos de João de Barros correndo esta costa, depois que se perderam, lhes mataram neste lugar os potiguares, com favor dos franceses, induzido,, deles muitos homens. Deste rio Pequeno ao outro rio Grande são três léguas, o qual está em altura de cinco graus e 1/4; nesse rio Grande podem entrar muitos navios de todo o porte, porque tem a barra funda de dezoito até seis braças, entra-se nele como pelo arrecife de Pernambuco, por ser da mesma feição. Tem este rio um baixo à entrada da banda do norte, onde corre água muito à vazante, e tem dentro algumas ilhas de mangues, pelo qual vão barcos por ele acima quinze ou vinte léguas e vem de muito longe. Esta terra do rio Grande é muito sofrível para esse rio haver de se povoar, em o qual se metem muitas ribeiras em que se podem fazer engenhos de açúcar pelo sertão. Neste rio há muito pau de tinta, onde os franceses o vão carregar muitas vezes. Do rio Grande ao porto dos Búzios são dez léguas, e está em altura de cinco graus e 2/3; entre este porto e o rio estão uns lençóis de areia como os de Itapuã, junto da baía de Todos os Santos. Neste rio Grande achou Diogo Pais de Pernambuco, língua do gentio, um castelhano entre os potiguares, com os beiços furados como eles, entre os quais andava havia muito tempo, o qual se embarcou em uma nau para a França porque servia de língua dos franceses entre os gentios nos seus resgates. Neste porto dos Búzios entram caravelões da costa num riacho que neste lugar se vem meter no mar.
Observação e conclusão:
Deste rio Pequeno ao outro rio Grande são três léguas, o qual está em altura de cinco graus e 1/4; nesse rio Grande podem entrar muitos navios de todo o porte, porque tem a barra funda de dezoito até seis braças, entra-se nele como pelo arrecife de Pernambuco, por ser da mesma feição.
Deste rio Pequeno ao outro rio Grande são três léguas. O outro rio Grande é o rio Potengi agora na costa leste do estado do Rio Grande do Norte Brasil.
No rio Potengi chamado também de Rio Grande por Sousa viviam os índios Potiguares.
Por fim podemos esclarecer que nesta descrição não existia pau brasil ou pau de tinta na costa norte o que é observação verdadeira.
 





sexta-feira, 14 de agosto de 2015


Auto Viação Cabral. (Expresso Cabral), de Zé Cabral;. Fotografia tirada no início da década de sessenta.

TAPAR O BURACO

Junot Araújo dos Santos era funcionário do Banco do Brasil (agência de Assu). Entrou na política em 1992 como candidato a vice-prefeito daquele município assuense na chapa encabeçada por Lourinaldo Soares. Pois bem, durante a campanha Junot prometeu a certa eleitora conseguir com seu pai doutor Nelson Inácio dos Santos, uma cirurgia de períneo. O procedimento cirúrgico seria realizado logo após as eleições, fosse qual fosse o resultado do pleito. Certo dia, aquela eleitora procurou Junot com outra conversa: - "Seu Junot, no lugar da cirurgia o senhor dá pra me arranjar dez sacos de cimento?" - Fátima, mulher de Junot, escutando aquela eleitora, esbravejou na hora: - "Essa 'egua' quer agora tapar o buraco com cimento!".



PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...