domingo, 16 de agosto de 2015

CHICO E CHICA

Por Renato Caldas

Sinha môça, eu conto um fato
De chico ôio de gato
E Chica Passarinheira:
Ele, vendia missanga,
Pó de arroz e burundanga;
Era mascate de feira.
Chiquinha, uma roceira
Disposta e trabaiadeira...
Pegava os pásso e vendia.
Porém, tinha um priquito
Muito mansinho e bonito
Que ela, vendê num queria.

Chico, toda menhanzinha,
Ia a casa de Chiquinha
Já cum mardósa intenção...
Na cunversa qui travaram,
Os óios, se encontraram...
Tibungo no coração.

Chico moço da cidade
Cunversa de verdade,
Dotô em tufularia,
Foi devagá se chegando,
Passando a mão alisando
E o priquitinho cedia
O bicho se arrupiava...
Ela, calada, deixava,
Gostava daquele trato.
Nisso o amô pôz a canga!
Pôi-se a brincar cum a missanga
De Chico Oio de Gato.
Um brincando, outro alizando
E a missanga amarinhando
Nisso, um gritinho se ôvio.
Num é qui o priquito-rico,
Teve fome e abriu o bico...
Bufo - a missanga engoliu.

Chico mudô de caminho!
O verde priquitinho
Bateu asas e avuô...
E Chica Passarinheira,
Tá sôrta na buraqueira...
Inté de nome mudô.

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