CENÁRIO HUMANO
Ivan Pinheiro
Que lindo!... Maravilhoso!... Fantástico!... Estas são algumas das expressões que ouvimos de visitantes quando, após as novenas, sobem os famosos “balões do São João”. É irresistível. Impossível não olhar para aqueles objetos arteiros, luminosos, que surgem do meio da multidão, sobe e vai gradativamente desaparecendo, altaneiro na escuridão, confundindo-se com as estrelas. É, sem dúvidas, um adorno artificial na noite, um ponto de luz com destino finito rumo ao infinito.
Dona Nilda orientando a subida do balão |
Os “balões de São João Batista”fazem parte da tradição tanto da festa quanto da família Fernandes. Sua produtora é uma figura humana que vive sem fama, basicamente no anonimato. Seu nome não consta no cronograma das festividades, no entanto, quando chega a sua hora, faz uma verdadeira festa. Refiro-me a funcionária pública municipal, aposentada, Nilda Fernandes Batista.
Os “balões de São João” ostentam beleza e ao mesmo tempo simplicidade. É confeccionado com papel de seda, papel de embrulho, fita adesiva, farinha de trigo, limão, sal, arame, parafina (que passou a substituir o sebo de boi), saco de pano e fio de algodão. O custo de um balão sai, em média, por R$. 50,00 a unidade. O noiteiro que se preza esbanja na quantidade de balões. Cada um com frases alusivas ao padroeiro.
Subida em frente a Matriz - Foto: Rafael Medeiros |
Sexagenária, mãe de dois filhos e esposa de José do Egito Batista, Nilda abona a tradição familiar que teve seu início com o tio do seu pai, José Leão que além de confeccionar balões foi um dos importantes santeiro do Estado. Após a sua morte, seu pai Manoel Fernandes Vieira popularmente conhecido pela alcunha de“Manoel Belo” ficou produzindo os balões em companhia de Moacir Wanderley.
Sua mãe, Maria Soledade Vieira, “Dona Dadinha” e seu irmão “Nelson Belo” deram seguimento a confecção dos balões após o falecimento de seu pai “Manoel Belo”. Era quase impossível conviver com artistas e não se transformar num deles. Nilda foi absorvendo o trabalho lentamente como auxiliar. Aos poucos foi tomando gosto pela atividade, e há dezesseis anos abraçou, definitivamente, a profissão que espera poder mantê-la até o final da vida.
Sua mãe, Maria Soledade Vieira, “Dona Dadinha” e seu irmão “Nelson Belo” deram seguimento a confecção dos balões após o falecimento de seu pai “Manoel Belo”. Era quase impossível conviver com artistas e não se transformar num deles. Nilda foi absorvendo o trabalho lentamente como auxiliar. Aos poucos foi tomando gosto pela atividade, e há dezesseis anos abraçou, definitivamente, a profissão que espera poder mantê-la até o final da vida.
“Com balão é preciso muito jeito e agrado para ele não queimar na subida; depois, o candeeiro de parafina vai queimando, queimando... até desaparecer no céu. Quando a parafina queima, a tocha vai se apagando e o balão desce suave do jeito que subiu... Nunca houve notícia de incêndio, nem no período de seca, provocado por um balão saído aqui da festa de São João.” confirma Nilda.
A residência de dona Nilda é modesta. Localiza-se na rua Dr. Adalberto Amorim, 1251 – bairro Dom Elizeu – Assu. É no seio do seu lar onde desenvolve suas habilidades na confecção de balões e peças de roupas em crochê. Pelo seu talento e profissionalismo seu nome já esta carimbado na história cultural do Assu e do estado do Rio Grande do Norte.
Dona Nilda é uma assuense que valoriza e honra a sua cidade natal. Nas suas limitações colabora com o desenvolvimento sócio cultural da “Terra dos Poetas”. É, portanto, uma das artesãs que merece o reconhecimento da população do Assu e do Vale. Sem ela, certamente, a festa de São João Batista teria um brilho a menos na sua cultura e as noites não seriam tão belas porque estariam menos iluminadas.
Nilda Fernandes Batista – A artesã. É gente da gente. Cenário Humano do Assu.
EM TEMPO: Esta crônica foi escrita quando os "balões de São João" ainda abrilhantavam as noites. Atualmente está proibida.
Foto de Dona Nilda: Jornal O Reboliço