sábado, 4 de outubro de 2014

JUSTIÇA LIBERA A VENDA DE POLÊMICO LIVRO QUE QUESTIONA A SEXUALIDADE DE LAMPIÃO





Fonte - nosrevista.com.br
Fonte – nosrevista.com.br 
Livro insinua que o cangaceiro Lampião era gay, Maria Bonita mantinha relações sexuais com outros e Expedita pode não ser filha dos dois. Família tentou impedir a publicação de livro que sugere essa história
O livro “Lampião – O mata sete” vai voltar a ocupar as prateleiras de livrarias do Brasil afora. Escrito pelo juiz aposentado Pedro Morais, o livro polêmico já pode ser lançado. A família do cangaceiro, na figura de Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita, conseguiu proibir a publicação, a doação e a venda da obra em 2011, com a alegação de que se tratava de exposição desnecessária da sexualidade de Lampião. Mas agora a justiça decidiu pela liberação!
De acordo com informações do Tribunal de Justiça de Sergipe, o pleno da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE), em julgamento realizado nesta terça-feira, 30 de setembro, deu provimento, por unanimidade à Apelação Cível nº 201200213096 e reformou a sentença de 1ª grau que proibia o lançamento e venda de livro sobre a vida de Lampião.
Maria Bonita - Fonte - blogdomendesemendes.blogspot.com
Maria Bonita – Fonte – blogdomendesemendes.blogspot.com
O desembargador Cezário Siqueira Neto entendeu que o cangaceiro é uma figura pública e que isso significa abrir mão de uma parcela de sua privacidade, além de citar o direito à liberdade de expressão do autor. Na sentença o desembargador definiu que “proibir o lançamento do livro é reprimir a liberdade de expressão”.
Explicou o desembargador Cezário que “a decisão foi baseada no texto constitucional, é a ponderação entre os direitos de expressão, a liberdade artística e a privacidade. No caso, por tratar-se de um personagem público, entendeu-se que havia uma restrição ao direito à privacidade. Toda pessoa pública sofre restrições a esses direitos de intimidade e privacidade e obviamente pode ter a sua vida publicada em obra”.
Em seu voto o desembargador Cezário Siqueira Neto entendeu que garantir o direito à liberdade de expressão coaduna-se com os recentes julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), em manifesto combate à censura.
Desembargador Cezário Siqueira Neto - Fonte - http://www.infonet.com.br/politica//ler.asp?id=163798
Desembargador Cezário Siqueira Neto – Fonte – http://www.infonet.com.br/politica//ler.asp?id=163798
O relator do processo disse ainda que se a filha de Lampião, Expedita Ferreira Nunes, se sentiu ofendida ela pode requerer indenização.
Em 2011, na época da proibição do livro, o advogado da família de Lampião, Wilson Wynne de Oliva Mota comentou que “A família não quer discutir se Lampião era homossexual, mas a história, que sempre destacou se ele era herói ou bandido até porque a quem interessa se ele era gay ou não? Eu tenho absoluta certeza que a decisão vai continuar sendo cumprida porque o livro agride por demais afirmando que Lampião era Gay, que Maria Bonita era adúltera e até que Expedita não é filha dos dois. Isso causou transtornos a toda a família, aos netos, aos bisnetos na escola. Isso por causa de um livro escrito sem a menor preocupação, sem o menor cuidado, sem verdade”.
Após a decisão publica da última terça feira, o Dr. Wynne comentou que vai buscar novamente proibir a venda do livro e recorrer da decisão no Supremo Tribunal Federal (STF). Comentou ainda o advogado que “o livro aborda um tema que nenhum estudioso ou pesquisador do cangaço ouviu falar”.
Maria Bonita - Fonte - blogdomendesemendes.blogspot.com
Maria Bonita – Fonte – blogdomendesemendes.blogspot.com
Segundo Pedro de Morais, o objetivo foi desmistificar o Lampião herói, pois ele também seria um criminoso. “O Lampião herói foi criado pela esquerda intelectualizada após o Golpe Militar de 1964. Antes, ele era visto como um bandido e é sobre isso que meu livro trata. Não é uma biografia gay de Lampião, é uma biografia qualquer, além disso, eu nunca usei a expressão gay”, garante o autor. O livro tem 300 páginas e foi escrito entre 1991 e 1997, período em que o juiz morava em Canindé do São Francisco, cidade que tem sua história muito ligada ao ciclo do cangaço.
Pedro de Morais afirma ainda que existem várias publicações sobre a homossexualidade do cangaceiro. “Tem até uma tese na Sorbonne pontuando a acentuada feminilidade de Lampião, ela também já foi publicada em várias revistas de circulação nacional. Por que somente eu? Eu o chamo de ladrão, assassino e canalha, mas apenas a parte que toca na homossexualidade é a que ofende a família. Não há nenhuma comprovação de que ele roubava dos ricos para dar aos pobres”, argumenta.
A decisão do TJSE ainda cabe recurso, mas não impede a publicação.
Fontes - http://igay.ig.com.br/2014-10-01/lampiao-era-gay-livro-sobre-vida-do-cangaceiro-vai-sair-com-decisao-judicial.html
http://www.infonet.com.br/politica//ler.asp?id=163798
http://www.lagartense.com.br/30662/justica-libera-a-venda-de-livro-que-questiona-a-sexualidade-de-lampiao
Vera Ferreira - Fonte - www.uneb.br
Vera Ferreira – Fonte – http://www.uneb.br
No desenrolar desta situação, Vera Ferreira publicou no seu microblog do Facebook hoje pela manhã (03-10-2014) a seguinte nota;
Quem me conhece sabe que uso pouco esse espaço, mas resolvi dividir com vocês a minha indignação e desânimo com a nossa justiça, e olha que não é de agora que falo da minha descrença. Fomos surpreendidos com a decisão do Desembargador relator do processo, daqui de Aracaju, de liberar o livro que tínhamos conseguido, através de ordem judicial, impedir o lançamento do mesmo. Nunca tomamos essa atitude contra qualquer trabalho sobre meus avos, Lampião e Maria Bonita, mesmo tendo tantos trabalhos ruins e que não acrescentam em nada para o esclarecimento da temática, muito pelo contrário, mas esse livro ofende de forma covarde e vil dois seres humanos que têm filha, netos, irmão e parentes! Não entendo como pode uma pessoa, que com certeza não teve o trabalho de ler uma página, que já seria o suficiente, para saber que jamais deveria ter liberado, muito pelo contrário!!! O digníssimo relator justificou que meus avós eram personagens públicas, portanto podem ser achincalhados?? Então eu posso, na visão desse senhor, escrever sobre qualquer pessoa pública, inclusive eles, falando o que eu quiser, sem sofrer qualquer punição? Que leitura é essa desses senhores que aplicam as leis? O fato desse “escritor” ser juiz aposentado torna-o blindado? É o que parece!!! É lamentável, indigno, injusto!! O advogado da minha mãe, de. Wilson Wynne vai entrar com recurso no STF, mas sabemos que só teremos uma posição daqui no mínimo uns cinco anos, e aí o dano está feito! Temos que respeitar a decisão, mas cada dia que passa, entendo mais ainda o meu avô!!! Obrigada por me escutarem!!! Foram quase 3 anos calada, mas não consegui me manter calada ao me sentir sufocada!!! 
OPINIÃOPessoalmente não tenho como comentar sobre o que está escrito neste livro, pois não o li.
Entretanto posso comentar que conheci Vera Ferreira em Natal ainda na década de 2000, na ocasião quando ela realizou uma exposição sobre o tema cangaço junto com o escritor paulista Amaury Correia. Neste trabalho ela e Amaury contaram com o apoio do escritor potiguar Sergio Dantas.
Depois não houve outra oportunidade de encontro entre a minha pessoa e Vera Ferreira. Em raras ocasiões mantivemos algum contato por correio eletrônico. Mas da minha parte existe um respeito pelo seu trabalho e pela sua história de vida.
Bem, ao longo do tempo que possuo e desenvolvo este blog TOK DE HISTÓRIA, inúmeras vezes eu citei e assinei textos onde a pessoa de Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, foi apontado como um “bandido”. Pessoalmente nem busco endeusá-lo e nem demonizá-lo. Apenas tento transmitir o que está escrito, descrito e comentado em velhos livros, jornais e pelas lembranças de pessoas que viveram pelo sertão afora e me narraram seus encontros com este cangaceiro. Nos meus textos nunca deixei de escrever o que penso deste homem controverso, tendo sido em algumas ocasiões fortemente criticado por leitores do meu blog.
Apesar deste posicionamento eu jamais fui contestado por Vera Ferreira e sua família. E ela poderia ter me criticado, contestado e, talvez, me contatado se assim o desejasse por algo que escrevi.
Pessoalmente nunca enveredei pela temática da vida íntima dos cangaceiros, pois além de serem poucas as referências existentes, acho o tema de pouca relevância no contexto geral do assunto.
Acredito que a fonte da história do cangaço, de Lampião e de outros cangaceiros e cangaceiras ainda têm muito a oferecer para aqueles que saem pelas veredas do sertão. Ou buscam em arquivos os velhos jornais e documentos daquilo que Estácio de Lima denominou como “O mundo estranho dos cangaceiros”. 

Rostand Medeiros 

Do blog.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

DEPUTADO FEDERAL VOU COM FAFÁ ROSADO -1515

 

Fafá Rosado foi prefeita de Mossoró., a segunda cidade do estado potiguar. Fez uma boa administração, tem experiência, competência para representar o povo norte-riograndense na Câmara dos Deputados do Brasil. Vou com meus amigos com Fafá Rosado - 1515. Vamos juntos por um Rio Grande do Norte melhor e mais feliz!

Fernando Caldas, deputado estadual, 20222.


UTILIDADE PUBLICA - COLA ELEITORAL - FERNANDO CALDAS - DEPUTADO ESTADUAL/RN - 20222

Cola eleitoral

Clique aqui (formato PDF) para imprimir a “colinha” eleitoral. Com ela, a votação fica mais fácil.
A “colinha” serve para você anotar os números dos candidatos nos quais pretende votar nas eleições de outubro. Você pode levá-la para dentro da cabine de votação e checar os números dos candidatos que você escolheu para os cargos de deputado estadual/distrital, deputado federal, senador, governador e presidente da República.
Além da cola, não esqueça de levar seu título de eleitor e um documento oficial com foto.
Boa eleição!



 
"Fazer um Amigo é uma Graça?
Ter um Amigo é um Dom.
Conservar um Amigo é uma Virtude.
Ser teu amigo!
É uma honra,"
Conto com você meu amigo(a)! Conte comigo!
Com o abraço do,
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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Copie, cole e imprima sua cola para deputado estadual e federal, senador, governador e presidente.


 

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Assu Antigo


https://www.facebook.com/pages/Assu-Antigo/341841339254607

Da esquerda para direita: Casa onde viveu durante décadas, a poeta, escritora imortal Maria Eugênia Montenegro; casa do poeta, escritor Francisco Augusto Caldas de Amorim. Duas figuras que dignifica e engrandece com seus trabalhos literários deixados em livros, a Terra dos Poetas - Assu/RN.

Fernando Caldas

Foto: Endson Esron Andrade




segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Tudo que é sonho se parece comigo.

(João Lins Caldas, poeta potiguar)

Foto de: Ponte de Sonhos
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SACCO & VANZETTI – Um Erro Irreparável


  
– PEDRO LUSO DE CARVALHO
No dia 23 de agosto de 1927, nos Estados Unidos, Sacco e Vanzetti foram executados na cadeira elétrica, por um crime que não cometeram. Nos autos do processo, nenhuma prova da autoria do crime. Sete anos, foi o tempo que a justiça levou para condená-los, a contar do recebimento da denúncia do promotor de justiça pelo juiz.
Nesse lapso de tempo, protestos da comunidade intelectual norte-americana se sucediam, inconformada com a sentença condenatória dos dois humildes italianos. Milhares pedidos de clemência foram encaminhados por eles, aos quais se somaram tantos outros pedidos do mundo inteiro. Mas, tudo foi inútil. A sentença condenatória teria de ser cumprida para servir de exemplo ao povo, para que se distanciasse do anarquismo e do comunismo.
Depois que foi publicada a sentença condenatória de Sacco e Vanzetti, que culminou com a morte de ambos na cadeira elétrica, o sonho americano de uma sociedade justa e igualitária encontrava-se por terra. Aí, começaria o desencanto de parte do povo sensível à justa aplicação da justiça e do tratamento igualitário de seus cidadãos.
Um reconhecido nome da literatura estadunidense, Katherine Anne Porter, autora de A Nau dos Insensatos, livro que se tornou best-seller, entre outras obras, e que também foi publicado no Brasil, , fez parte de comitês de protestos, e escreveu The Never Ending Wrong, que aqui recebeu o título de Sacco e Vanzetti: Um Erro Irreparável, traduzido por Sebastião Uchoa Leite (Rio de Janeiro: Salamandra, 1978).
Katherine Anne Porter inicia assim o seu livro:
Durante alguns anos, no início da década de 1920, quando eu vivia parte do meu tempo no México, cada vez que voltava a New York eu retomava o fio da estranha história dos imigrantes italianos Nicola Sacco, um sapateiro, e Bartolomeo Vanzetti, um peixeiro, acusados de um assalto brutal a um caminhão de pagamentos, incluindo homicídio, em South Braintree, Massachuseetts, no começo da tarde do dia 15 de abril de 1920.
O sofrimento desses dois italianos, que também eram vistos como anarquistas, começou no ano de 1921, quando, após a condenação de ambos nesse mesmo ano, foram levados para a cela da morte, de onde entravam e saiam, quando havia suspensão da pena, até o dia fatal, como conta Katherine Anne Porter, no seu livro:
Foram levados para a morte na cadeira elétrica na prisão de Charleston à meia-noite do dia 23 de agosto de 1927. Uma meia-noite desolada e sombria, uma noite para a perpétua recordação e luto. Eu era uma das muitas centenas de pessoas que permaneceram em ansiosa vigília, observando a luz na torre da prisão, que nos tinham dito que se apagaria no momento da morte. Foi um momento de estranho e profundo abalo.
E aí termina a triste história de Bartolomeo Vanzetti, que nasceu em Piemonte, Itália, em 1888, e de Nicola Sacco, que nasceu na província de Foggia, no sul da Itália, em 1891. Vanzetti morreu com 39 anos de idade, e Sacco com 36 anos.
E, para quem se interessar pela história completa deles, poderá ler esta obra de Katherine Anne Porter, Sacco e Vanzetti: Um Erro Irreparável, ou assistir ao excelente filme: Saco e Vanzetti, filmado na Itália, em 1971, e dirigido por Giuliano Montaldo, com interpretação de Gian Maria Volunté e Ricardo Cucciolla nos papéis-título; estes ganharam o prêmio de melhor interpretação no Festival de Cannes. A canção título é interpretada por Joan Baez. O filme esteve proibido no Brasil, por vários anos, pela censura da Ditadura Militar.

O PATRIARCA DA FAMÍLIA MONTENEGRO DO ASSÚ E REGIÃO

GENEALOGIA:


No ano de 1835 chegou a então Villa Nova da Princesa (10 anos depois, Assú) 
o pernambucano Sr. Manuel de Mello Montenegro Pessoa, formado em direito 
pela Faculdade de Direito de Pernambuco - a segunda mais antiga do Brasil. Veio 
para assumir o primeiro Tabelionato do Assú, segunda Comarca do Rio Grande do 
Norte, em 1838, neste município estabeleceu-se com a família, tornando-se o patriarca 
dos Montenegro.

Na Estrutura daquela época, ele recebeu a Comenda de Comandante Superior da 
Guarda Nacional do Estado do Rio Grande do Norte.

Casou-se com D. Maria Beatriz Paes Barreto, nascida em 1813 e falecida em 
1877. Pertencia ela a mais tradicional família pernambucana, descendentes que são todos 
os Paes Barreto de João Pessoa Barreto, primeiro da família que chegou ao Brasil em 
1558 e implantou em Olinda a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia. De seu 
filho, Cristóvão Paes Barreto, gerou-se os Paes Barreto, pernambucanos e dos 
demais Estados brasileiros.

O casal fundou uma das maiores e mais bem constituída família de Montenegro no 
Nordeste. Desta união nasceram em Assú seus 02 filhos: Ovídio e Manuel. 

Ovídio Mello Montenegro Pessoa, que nasceu no dia 04 de fevereiro de 1835 e se casou 
com Maria Amélia Caldas Montenegro. Desta união nasceram: Manuel de Mello 
Montenegro Pessoa (Neto) - conhecido popularmente por Major Montenegro e Maria 
Beatriz Montenegro Amorim. Ovídio morreu a 04 de outubro de 1901. Foi pecuarista e 
político sendo Deputado estadual por várias legislaturas. 

Manuel de Mello Montenegro Júnior – Segundo e último filho de Manuel de Mello 
Montenegro Pessoa e D. Maria Beatriz Paes Barreto. Nasceu em Assú em 1836. 
Foi Tabelião em Assú. Faleceu no ano de 1865 aos 29 anos de idade e solteiro. 
Fonte: Montenegro - A história e Uma Família”, Maria Yolanda Montenegro Tavares, pág. 451 a 455).




REMINISCÊNCIAS DA RELIGIÃO:

BISPO DE OLINDA VISITA A PARÓQUIA DO ASSÚ
No período de 15 a 23 de outubro 1839 o 18º Bispo de Olinda, Dom Frei João da Purificação Marques Perdigão (atuação de 1829-1864) visita o Assú e faz relatório: 

“... Chegamos à Vila do Assú pelas 7 horas, vindo ao meu encontro alguns cavaleiros, precedidos do pároco, que já pela manhã tinha vindo ao meu encontro, e de quem recebi mui boas notícias a cerca do seu comportamento, gozando eu complacência a tal respeito por ter sido por mim ordenado de presbítero. Desde o princípio da vila fui conduzindo à Matriz debaixo do pálio, acompanhando-me considerável número de povo. Entrando na Matriz cantou-se o Te Deum por dois seculares, e posteriormente à oração diante do Santíssimo Sacramento, fui hospedado pelo pároco com decência, passando a despedir os que me acompanhavam, depois de lhes dar a mão a beijar, e lhes significar o fim de minha visita. Também foi ao meu encontro o padre Baylon (assuense Padre Francisco Teodósio de Seixas Baylon), professor de gramática latina e por mim ordenado de presbítero, que se tem conduzido dignamente, ouvindo eu dizer que desde a mais tenra idade jamais experimentou os efeitos provenientes de irregular conduta. 

Dia 16. Despachei alguns requerimentos.

Dia 17. pelas 10 horas fui à Matriz conduzido debaixo do pálio, e abri a visita, praticadas as cerimônias do costume, cujo ofício foi cantado. O sacrário, a custódia, a pia batismal, os paramentos e mais utensílios estão decentes. A igreja está muito suja por causa da grande inundação de morcegos, que no tempo de inverno ser acoutam dentro. Mas por que a capela mor está decente, consenti que ali existisse o Santíssimo Sacramento, concebendo esperança de se reparar a igreja, de maneira que não seja mais ocupada por morcegos.

Dia 18. Examinei sinodalmente o padre Manoel Januário com os vigários de Buique e o desta freguesia, concedendo-lhe licença para confessar um e outro sexo por espaço de 6 meses, no fim dos quais deve examinar-se com o Visitador (o Visitador era o Padre Francisco de Brito Guerra) desta província, antes que parta para o Rio de Janeiro na qualidade de Senador, e cujo exame deve ser-me apresentado para lhe deferir para o futuro. De tarde crismei mais de 100 pessoas, assistindo à prática mais 300. Este ato foi celebrado fora da porta da matriz por causa do mau cheiro dos morcegos, ficando as mulheres dentro da igreja, por que o campo existia mui quente, por causa da ardência do sol. Nesta freguesia, como em outras, tem recorrido a mim muitos pais de família para que eu obrigue a casar com suas filhas os moços, que delas tem abusado com promessa de casamento, fazendo-lhes vez por esta ocasião quais deviam ter sido os seus deveres, e como se deviam conduzir segundo as leis existentes. Neste dia compareceu o vigário encomendado dos Angicos (era o padre Manoel Antonio dos Santos Moraes Pereira Leitão – 1836 a 1838) para me visitar, e nesta ocasião fui ciente de que ele é brasileiro adotivo, quando natural de Lisboa.

Dia 19. Foram por mim convocadas as principais pessoas desta vila para lhes fazer ver a urgente necessidade de repararem as ruínas da matriz, e prestando-se todas a concorrer, e assinando cada um sua esmola, montaram as quantias à soma de 700$ réis, inclusa a minha esmola de 50$ réis que logo entreguei. No mesmo ato compareceu o novo tesoureiro dos bens da matriz nomeado pelo juiz de direito, e foram nomeados para administradores da obra o coronel Wanderley (Coronel Manoel Lins Wanderley – 1804/1877) e o juiz de direito Bezerra, homens pobres e honrados. O vigário da freguesia deu 100$ réis, e mandei suplicar a outras pessoas as suas assinaturas, acreditando que depois deste ato se principiará a dita obra, outrora malograda. De tarde crismei quase 300 pessoas, assistindo à pratica mais de 400. 

Dia 20. Ouvi missa na matriz, cujo padroeiro é São João Batista, e depois compareceram algumas pessoas, prestando assinatura para a obra em projeto. Neste dia me visitou o vigário de Santana do Matos (o vigário de Santana do Matos, em 1839, era o padre João Teotônio de Sousa e Silva, de 1822 a 71, colado), 10 léguas distante desta vila. De tarde crismei quase 500 pessoas, assistindo à prática maior número. Por motivos atendíveis tenho principiado a crismar pelas 6 horas da tarde, finalizando tais atos, quando havia maior concorrência de povo, pela meia noite, e uma hora com a melhor ordem e atenção, que prestavam às práticas ordinariamente pelo tempo de uma hora.

Neste dia concedi uma dispensa de cunhados por motivos urgentes.

Dia 21. Fui passar o dia em casa do tenente coronel Fonseca, 2 léguas distante desta vila, onde crismei quase 100 pessoas, pelas 6 horas da tarde, antes de regressar para a vila. 

Dia 22. Crismei particularmente algumas pessoas que vieram da distância d 8 léguas, e depois conferenciou comigo o vigário de Santana do Matos acerca de vários objetos, respectivos à sua freguesia. Este pároco goza bom nome, e me parece existir nele inteligência sob os seus deveres paroquiais. Veio ter comigo um militar, suplicando-me nova nomeação de pároco para a freguesia de Touros, visto que o proprietário existe presentemente em Pernambuco por causa de moléstia. Como, porém o padre, que ficou fazendo às vezes de vigário, não me tenha suplicado demissão, nem dele existia queixa, não deferi a tal súplica. Concedi uma dispensa de cunhados a um quase moribundo, amigado com uma cunhada, de quem tem alguns filhos, atentos os motivos que me foram expostos por 3 pessoas de probidade, sendo uma destas o vigário desta freguesia, à qual os agraciados pertencem. Nesta freguesia como em outras tenho feito ver em minhas práticas, que não existe faculdade para dispensar este 1º grau, para que os cunhados se abstenham de suplicar tais dispensas, bem como não poderem os filhos menores casar, sem licença de seus pais ou do competente ministro, e sem serem proclamados, pois que os párocos me têm asseverado como são vexados para por em prática os maus desígnios de seus paroquianos a respeito. Concedi outra dispensa de cunhados, concubinados e constituídos em iminente perigo de vida, ambos nascidos e moradores desta freguesia, precedidos os depoimentos do costume em tais casos. 
Dia 23. Saí do Assú pelas 6 horas da manhã, acompanhado de alguns cavaleiros, pernoitando em Santa Quitéria. 

Fonte: MARINHO, Francisco Fernandes. O Rio Grande do Norte Sob o olhar dos Bispos de Olinda. Natal/RN, 2006.





sexta-feira, 26 de setembro de 2014

PATRIMÔNIO POTIGUAR:

RETRATOS DO ABANDONO
O complexo residencial da Fazenda Serra Branca – Município de São Rafael está em ruínas. Os objetos pertencentes ao casal Barão Felipe Neri e Baronesa Belisária Wanderley já foram saqueados. Restam apenas escombros da estrutura física do complexo residencial. Recuperáveis, se o Estado considerar de interesse do patrimônio arquitetônico e histórico da região. Acreditamos que é uma tarefa fácil porque, segundo informações dos habitantes do lugar, a propriedade pertence ao INCRA. 
O vilarejo é simplesmente fantástico, mágico. Um visual digno de cenas de cinema. Infelizmente esta sumindo lentamente. Fiz uma visita com a jornalista e escritora Auricéia Antunes de Lima - membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, funcionária da Fundação José Augusto, juntamente com Isaac Lima – do IFRN. Vejam algumas das imagens. Certamente valem por milhares de palavras. 

Casa Grande - Fachada
Casa Grande - lateral
Serra Branca
Serra Branca - cerca de pedra
Complexo residencial
Ivan, Isaac e Auricéia - fachada de uma das casas do complexo
Isaac, Auricéia e Ivan - em frente ao complexo
Escada da Casa do Barão
Fogão a carvão
Bomba para captação d'água
Fuso do tear
Ivan e Auricéia - mesa do Barão
Piso de cimento
Muro deteriorado
Escombros
Escombros
Seca no "pé" da Serra Branca
Vista do sotão da casa
Açude do Barão
Registro de propriedade do INCRA

Felipe Néri de Carvalho e Silva, primeiro e único barão de Serra Branca nasceu em Santana do Matos em 02 de maio de 1829 e faleceu em Caicó no dia 16 de junho de 1893.

Foi deputado provincial nas legislaturas de 1878 e 1880. Libertou todos os seus escravos, sem qualquer condição, em 30 de março de 1880. Era também tenente-coronel da Guarda Nacional.

Agraciado pelo título de Barão em 19 de agosto de 1888.
Faleceu perto da cidade de Caicó, voltando de uma viagem a Juazeiro do Norte, onde visitara o Padre Cícero. Está sepultado no cemitério São João Batista em Assu. 

Baroneza Belizaria Lins Wanderley de Carvalho e Silva nasceu no dia 13 de outubro de 1836. Foi a abolicionista mais famosa do Assu. A Baronesa do Assu foi a esposa do Barão de Serra Branca Felipe Nery de Carvalho e Silva. Faleceu no dia 13 de abril de 1933. Seu sepultamento ocorreu em Assu no mesmo túmulo do Barão - cemitério público São João Batista.
Publicado pelo Assu na Ponta da Língua em 14/11/2012. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Votar nulo ou branco é voto de protesto?

Não é protesto votar nulo ou branco porque um candidato será eleito de qualquer forma. Votar dessa maneira é ruim para consolidação da democracia. Vote, exerça a sua cidadania, decida, escolha consciente aquele que você achar melhor. Faça parte do processo político. Os votos nulos ou brancos não são contabilizados e, portanto, não tem o poder de mudar o resultado de uma eleição, pois favorece quem estiver na frente. Se você quer mudar os deputados do seu estado, escolha aquele que apresenta uma boa proposta, que tenha valor, espírito público, que atenda as suas expectativas, os seus anseios.

Fernando Caldas, deputado estadual, 20222, é uma opção! E vamos juntos ajudar a melhorar a terra potiguar! 20222.

!

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ERA ASSUENSE O PRIMEIRO SENADOR PELO RIO GRANDE DO NORTE

O município do Assu é um dos mais importantes do Rio Grande do Norte e, porque não dizer do Brasil, na vida política, social, cultural, econômica. Terra de tradição pioneira. Pois bem, o primeiro senador pelo Rio Gande do Norte chamava-se Francisco de Brito Guerra nascido no dia 18 de março de 1777 na localidade denominada Campo Grande, então Vila do Assu ou Vila Nova da Princesa, atual município do Assu. O mandato de Brito Guerra foi exercido entre 1837-45, no Rio de Janeiro, ainda no tempo do Brasil Império quando aquela corte era denominada de Senado Vitalício ou Senado do Império, terceira e sexta legislatura. Antes, Guerra teria sido deputado a primeira Assembleia Legislativa Provincial, 1835-37, que foi instalada à 2 de fevereiro de 1835 chegando a presidir aquele legislativo potiguar, além de suplente de deputado geral chegando a assumir de 1831-33, 1834-37, quando foi escolhido para exercer o mandato de Senador do Império pelo Rio Grande do Norte, sendo empossado no dia 10 de julho de 1833. Foi o primeiro norte-riograndense (assuense) a exercer a alta câmara do país ou seja, o Senado do Império, hoje Senado Federal. O escritor Francisco Amorim depõe que Guerra, ao fazer o seu testamento em data de 2 de novembro e 1844 declarou ser natural da Freguesia do Assu. Já, o presidente da Província do Rio Grande Casimiro José de Morais Sarmento no documento Projeto de Lei número 124, de  16 de outubro de 1845, que elevou a Vila Nova da Princesa a categoria de Cidade escreveu: Assu "Pátria do finado Senador Francisco de Brito Guerra?" Fica o registro.

Fernando Caldas 


"Quem não sonha o azul do voo, perde seu poder de pássaro."
_______ Thiago de Mello

 
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terça-feira, 23 de setembro de 2014

As seis cordas

Federico Garcia Lorca

A guitarra
faz soluçar os sonhos.
O soluço das almas
perdidas
foge por sua boca
redonda.
E, assim como a tarântula,
tece uma grande estrela
para caçar suspiros
que bóiam no seu negro
abismo de madeira.


painting Gerald L.Brockhurst/
Portrait of Margaret/1931

Da linha do tempo/face de Yara Darin

ANÚNCIO DE UM CAVALO PERDIDO EM ASSU NO ANO DE 1878




rostandmedeiros@gmail.com
Ninguém discute o quanto é ruim e complicado o roubo de algum bem, principalmente de algum veículo. Chegar em um estacionamento e não encontrar seu carro e sua moto é complicado, situação que a cada dia se torna mais comum.
No longínquo ano de 1878, quando veículos automotores ainda não circulavam no Rio Grande do Norte, era a perda, ou o roubo, de um cavalo, um burro ou de um jumento, que tirava o sono dos potiguares.
Na notícia que segue, com a indicação do jornal, vemos o desespero do Sr. Luís José Soares de Macêdo, de Assu, em busca do seu cavalo que tinha “de 4 para 5 eras”, ou seja seu animal tinha de 4 a 5 anos de vida. No anúncio, em destaque, aparece a marca ferrada do animal, a única forma de provar que o animal pertencia ao Sr. Luís Macêdo.
Não podemos que em 1878 ocorria uma das mais terríveis secas já presenciadas no nordeste brasileiro. Iniciada em 1877 e encerrada em 1879, esta seca desarranjou totalmente a economia das províncias nordestinas. Provavelmente o Sr. Luís Macêdo pode ter sido vítima de roubo.


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ASSU ANTIGO




LUIZ CARLOS LINS WANDERLEY – 1831/1990, foi um dos primeiros poetas do Assu, primeiro médico e romancista do Rio Grande do Norte. Foi também...