terça-feira, 21 de agosto de 2018

AÇU POR JOÃO CELSO NETO

AÇU POR JOÃO CELSO NETO

Perpétua de Babal (ou seria Babau, com u, que se escrevia o apelido de Aderbal seu pai?) trouxe suas memórias da terra natal. Outros também o fizeram como outros que ali moraram ou a adotaram para sempre.

De mim, Açu (assim consta de meu registro civil) esteve presente em esparsos poemas, um dos quais um soneto falando do “cadavérico caminho do cemitério de minha terra” onde, aos 18 anos, imaginei que para lá iriam me levar quando um dia enfim eu morresse (“Versos Íntimos”, 1966, p. 22).

Ainda naquelas incultas produções falei (p. 7) que queria gritar que ela era “- em todo o Universo – a terra do verso, da glosa, da quadra, soneto e poema, do vate maturo que ama e venera“.

Açu é para mim, sobretudo, o resultado das lembranças indeléveis dos meus primeiros 4 anos de vida, enquanto morava lá, e das férias que raramente deixaram de ser ali gozadas até quase 15 anos. Aos 4 e meio (junho de 1949), mudamos-nos para Natal e aos 15 (1960) para o Rio de Janeiro. Depois desta mudança para tão longe, passei duas férias em 1963, as de verão até depois do carnaval de 1964.

A cidade foi ainda ponto de passagem a que eu me obrigava de 1970 a 1971, tempo em que, morando em Recife, participei da implantação e aceitação do sistema de micro-ondas da Embratel (fabricante: GTE) entre Recife e Fortaleza. Havia uma estação repetidora logo depois da saída do Açu em direção a Mossoró, no Sítio Palheiros, bem à beira da estrada.

E voltei de passagem, voltando de Fortaleza por terra com a família. Além dessa  oportunidade, passei uma semana lá em 1986, para as comemorações dos cem anos do nascimento de meu avô, e em 1999, para receber uma comenda que ressaltava minha atividade de Engenheiro Eletricista (na verdade, eu me formara em Eletrônica) quando eu já deixara a Engenharia e me tornara Advogado, seguindo a tradição da família.

O avô de quem herdei o nome foi um dos mais renomados Advogados (provisionado) de lá, dando hoje o nome ao Fórum. Meu tio e padrinho Expedito foi Adjunto de Promotor, ele também um provisionado com Banca no sobrado de Sebastião Cabral, em cima da bodega de Chico Celestino (pai de Alberto e de uma bruxinha que me encantou em certo carnaval), quase vizinho à casa onde nasci (Praça Pedro Velho, 4) e tendo a casa de Renato Caldas entre uma e outro. Meu pai também se graduou em Direto, pela então Faculdade de Direito de Alagoas, em 1956. E outro tio meu, Emílio (irmão de mamãe, de Expedito e de Celso da Silveira), formou-se pela Faculdade Nacional de Direito - Rio de Janeiro – da mesma Universidade do Brasil onde concluí meu curso de Engenharia (faz alguns anos que o nome mudou para UFRJ). Minha filha caçula também tem inscrição na OAB.
Certamente, meu querido Açu mudou demais ao longo do tempo. Suas figuras populares na minha infância eram Manoel de Bobagem e Bonzinho, os craques do Centro Esportivo Açuense eram Edson de Assis, Zé Pretinho e Pirrão, além, lógico, dos poetas Renato e João Lins Caldas.

A rua mais badalada da cidade já era, com certeza, a Manoel Montenegro, onde ele próprio morava, acho que vizinho a Vemvem Tavares e pertinho do “Castelo” que fora de meu avô e onde, acredito, nasceram minha mãe e todos os meus tios. No outro quarteirão e do mesmo lado da calçada ficavam as casa de tio Lauro Leite, Eduardo Wanderley (avô de Perpétua) e, na esquina, a casa de Dr. Pedro Amorim. Também tio Zequinhas Pinheiro ali construiu sua casa, nos fundos do Banco do Brasil antes de ser transferido para a antiga casa de Manoel Soares, avô de meus primos Netinho, Frederico, Domicito, Lauritinha, Milton e Fátima. Deles, quantas recordações de nossa convivência no Camelo, a fazenda da família que foi desapropriada por conta do Açude Mendobim no final dos anos 60 (minha última ida foi em 1971, já então uma casa abandonada; ficamos hospedados na outra fazenda, o Limoeiro).
Claro que o que ficou mais marcado foi o pessoal da família: minha tia Maria Olímpia (irmã de papai) mais conhecida como Maroquinhas, suas tias Lília, Lindu, Nila, Elita e Idália, os tios maternos que já citei Expedito e Celso e aquele mundaréu de primos “legítimos” ou mais afastados, coisas de uma cidade pequena. Até os primos deles se tornavam íntimos, como os de Mara filhos de Clarice de Sá Leitão e dos filhos de tio Domício (irmão de Chico Soares) e daquelas tias paternas de meu pai Oswaldnho, Enóe e Nadja Amorim; Salete e Dedé Avelino; Socorro e Laurita Leite.

Ser do Açu era um fator que me aproximou pela vida a João Batista França, Conrado Tavares, Geovane Lopes, Ivanice Abreu e vários outros conterrâneos que só fui conhecer no Rio de Janeiro.
Sem falar nos filhos de tio Né Dantas (irmão de minha avó materna) que fui conhecendo (eram dezenas...) na fazenda (Chico e Procópio) ou fora de lá (Enedina, Maria Leocádia e Justina).
Açu, para mim, é bem mais que um retrato na parede

segunda-feira, 13 de agosto de 2018


Glosa de Renato Caldas. Do livro Pé de escada, de Renato Caldas e João Marcolino de Vasconcelos. Imagem de: Assu na ponta da língua, de Ivan Pinheiro.

LENDA QUE EU ESCREVI PARA MIM

Era uma vez, um príncipe encantado...
Morava em um palácio de marfim.
De pérolas e de pedras preciosas
era adorado,
o seu rico jardim!
As rosas todas, eram de cristal!
Existia no centro um colossal
chafariz.
todinho cravejado
de rubis.
O piso era de ouro!...
Enfim, esse palácio era um tesouro!
... Mas, como até
nos contos de Trancoso
não é
completo o gozo...
o príncipe não podia
ter, uma mulher em sua companhia.
Caso resolvesse, em um momento.,
perderia de vez o encantamento;
bastaria pensar, para perder
toda a sua riqueza.
- Cansado de viver
Sem um carinho sequer,
preferiu a pobreza
para ter,
em sua companhia, uma mulher,
Eu também penso assim.
Prefiro o teu amor, amor,
vivendo na pobreza,
de que todo esplendor,
toda Riqueza,
de um palácio de ouro e de marfim.

Renato Caldas

________Em, Fulô do mato, segunda edição, 1953.


sábado, 11 de agosto de 2018

Sábado passado (4/8) fui a Câmara Municipal de Natal,prestigiar o primo Cláudio Gabriel que teve sua candidatura homologada naquele dia. Sou muito família, além de amigo. Cláudio Gabriel (está na fotografia a minha esquerda) é meu primo próximo pelo lado da família Lins Caldas que tem ramificações na terra potiguar, principalmente em Assu e Ipanguaçu, cidades coirmãs, dois importantes municípios do Rio Grande do Norte. Ele, Cláudio, é economista, advogado pela UFRN, servidor público federal do TRT, servindo na qualidade de mediador da Superintendência Regional do Trabalho. É natalense por escolha e outorga. No seu discurso na convenção do seu partido, senti que ele tem espírito publico e competência sobretudo, para representar o Rio Grande do Norte e servir ao Brasil! É candidato em potencial, com possibilidades de se eleger a câmara dos dos deputados. Vamos juntos.



sexta-feira, 10 de agosto de 2018

ESTER CALDAS, fotografia abaixo, minha parente, fora uma das primeiras mulheres a votar no Brasil, isso em 1923. Não sei ao certo, a sua naturalidade. Sei que morava em Maceió, Alagoas (terra dos Marechais: Deodoro, Floriano Peixoto e Hermes da Fonseca.Todos ex-presidentes do Brasil), A foto abaixo (cedida por Rosângela Cavalcante fez parte da exposição "Imagem da Mulher Brasileira", realizado em Brasilia/DF e Belo Horizonte/MG, em novembro de 1996. Faço esse registro com muito orgulho.

Fernando Caldas



A 'FÁBRICA' DE CARRINHOS E O ÔNIBUS DA MINHA INFÂNCIA

Quando criança, na antiga Rua Velha, Chiquinho de Maroca tinha uma 'fábrica' de carrinhos de madeira. Ele aproveitava tábuas e aspas dos medicamentos que vinham nas caixas de madeira para a farmácia de Zelito Calaça.
Francisco também aproveitava as latas vazias de óleo para confeccionar esse brinquedo tão popular entre os meninos da nossa época. O carrinho tinha portas, janelas, pneus de madeira cobertos com borracha, além de fecho de mola. Era um sucesso.
Com dez anos de idade, papai presenteou-me um ônibus de madeira e foi uma alegria imensa. Com o tempo, fiz um laço de amizade com esse transporte coletivo, como se fosse um ônibus de verdade.
Todas as tardes tinha que refazer a estrada para brincar até anoitecer, ao lado da minha casa, pois as pessoas passavam e apagavam a trilha feita no dia anterior.
É claro que existiam 'cidades' com estradas e ruas que brincávamos numa felicidade eterna.
Com minha pequena idade desfrutei a alegria de muitas viagens dirigindo os sonhos da imaginação numa infância feliz.
Marcos Calaça, cronista saudosista.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Admiro gente rica... Rica de gentileza, de afeto, de sentimentos, de reciprocidade, de carinho, de determinação e humildade. Gosto de gente que sorri com os olhos, que abraça com as palavras e nos acolhe com os sentimentos. Gente rica de boas sementes se esbalda com os melhores frutos, tem sempre algo bom a ensinar e a aprender. Gente bonita de coração tem tanta beleza por dentro que chega a transbordar por fora e passa a ter luz própria. Gente rica de tudo isso vive bem, é feliz e trilha seu caminho com fé bonita.

(Yla Fernandes)

Do Facebook.

A imagem pode conter: texto

QUEIJEIRA VALE DO AÇU




"Queijaria vale do Assu. Uma Org. Joao Gregório Junior e Fátima Gorete e Filhos".


Jean Lopes premiado no concurso fotográfico da Canon




O fotógrafo assuense Jean Lopes acaba de vencer o Concurso Olhares Inspiradores Canon. Promovido pela Canon do Brasil o concurso foi desenvolvido para inspirar na captura de uma história em uma imagem e premiar talentos brasileiros na fotografia.

Esta etapa do concurso ocorrida de 02 de julho a 01 de agosto, teve 3.800 fotos concorrendo no tema cotidiano e o fotógrafo Jean Lopes venceu com um trabalho fotográfico feito em 2006 na comunidade rural de Pataxó, município de Ipanguaçu (RN). Vencedor de várias premiações nacionais e internacionais, essa é a quarta vez que a foto "Pataxó" é premiada. Com esse mesmo trabalho, Jean já tinha vencido o Concurso Leica-Fotografe 2006 - na ocasião, o concurso fotográfico mais disputado da América Latina; o Concurso Fotográfico Cidade de Santa Maria/RS de 2008 e obtido uma terceira colocação no Prêmio João Primo de Fotografia em 2007.

Jean Lopes é fotografo há 25 anos e ao longo de sua carreira conquistou mais de sessenta prêmios no Brasil e no exterior, incluindo o Prêmio Petrobras de Jornalismo, o POY Latam -Pictures of the Year Latim America e o Latinoamericano de Fotografia Documental. Suas fotos já foram expostas em São Paulo, Rio de Janeiro, Argentina, Áustria, México, dentre outros. Já ministrou também oficinas de fotografia em Recife, Natal, Mossoró e Assu.

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AD Comunicação Integrada (84) 99919 4360
Diretor Alderi Dantas - Jornalista

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Depois de mais de trinta anos o encontro com o conterrâneo e sanfoneiro Zé Rafael, np programa "O Nordeste, a sanfona e a viola' do radialista e produtor cultural Geomar Dantas.
Eu estive no forró
Na Parada Obrigatória,
Encontrei Zé Rafael
Na sanfona tem história,
É de Pedro Avelino
E de grande trajetória.
E viva Zé Rafael
Ele é do nosso torrão,
Antigo sanfoneiro
De São Pedro nosso chão,
Homem de grande valor
Gente simples, nosso irmão.
Marcos Calaça é poeta, cordelista e defensor da cultura.
A imagem pode conter: 2 pessoas, incluindo Marcos Calaça, pessoas tocando instrumentos musicais, sapatos e atividades ao ar livre

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Esta vida

Por Guilherme de Almeida

Um sábio me dizia: esta existência,
não vale a angústia de viver. A ciência,
se fôssemos eternos, num transporte
de desespero inventaria a morte.
Uma célula orgânica aparece
no infinito do tempo. E vibra e cresce
e se desdobra e estala num segundo.
Homem, eis o que somos neste mundo.

Assim falou-me o sábio e eu comecei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um monge me dizia: ó mocidade,
és relâmpago ao pé da eternidade!
Pensa: o tempo anda sempre e não repousa; 
esta vida não vale grande coisa.
Uma mulher que chora, um berço a um canto;
o riso, às vezes, quase sempre, um pranto.
Depois o mundo, a luta que intimida,
quadro círios acesos : eis a vida

Isto me disse o monge e eu continuei a ver
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um pobre me dizia: para o pobre
a vida, é o pão e o andrajo vil que o cobre.
Deus, eu não creio nesta fantasia.
Deus me deu fome e sede a cada dia
mas nunca me deu pão, nem me deu água.
Deu-me a vergonha, a infâmia, a mágoa
de andar de porta em porta, esfarrapado.
Deu-me esta vida: um pão envenenado.

Assim falou-me o pobre e eu continuei a ver,
dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Uma mulher me disse: vem comigo!
Fecha os olhos e sonha, meu amigo.
Sonha um lar, uma doce companheira
que queiras muito e que também te queira.
No telhado, um penacho de fumaça.
Cortinas muito brancas na vidraça
Um canário que canta na gaiola.
Que linda a vida lá por dentro rola!

Pela primeira vez eu comecei a ver,
dentro da própria vida, o encanto de viver.


Guilherme de Almeida

                                          Do blog: https://carnaubaisparatodos.blogspot.com/
A vida cumpre os seus ciclos. Nenhuma dor é para sempre! Depois de cada inverno a primavera volta! 


Helena Tannure

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

"Já aconteceu alguma vez de você procurar um lápis e estar com ele na mão? Pois algo semelhante acontece com a felicidade."


PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...