segunda-feira, 2 de março de 2020

"POUCAS E BOAS"

Por Valério Mesquita

1) No Palácio Potengi dos anos cinquenta, cinquenta e sete, cinquenta e oito, pontificava a figura de Antônio Soares Filho, Chefe do Gabinete Civil. Bom papo, o saudoso Toinho, mandou mobiliar uma sala que estava vazia, só para os papos de fim de expediente com as grandes figuras da paróquia, onde rolavam as novidades políticas. Até Dinarte quando encerrava os despachos, aparecia por lá. Numa das vezes, o Governador recomendou a Antônio Soares para encaminhar um rapaz ao Dr. José Nilson de Sá, Diretor do DER, recomendando-o para o emprego de desenhista. No DER, quando soube da chegada do rapaz, Zé Nilson, já desconfiado, resmungava: "Eu não sei porque Dinarte botou na cabeça sempre a vaga de desenhista! Olha, manda esse rapaz desenhar uma boeira, uma ponte, um tubulão". Após alguns instantes, a secretária retornou com o diagnóstico: "Dr. Zé Nilson o rapaz não desenha coisa nenhuma!". "Suspenda, que eu vou falar com o Governador", respondeu o Diretor. À noite, na casa de Aldo Medeiros, nem precisou Zé Nilson provocar o assunto, pois Dinarte foi logo indagando: "Zé Nilson, você recebeu hoje um rapaz, filho de um compadre meu?". "Recebi, governador. Mas o rapaz não sabe desenhar absolutamente nada?" . "Ô Zé Nilson, ensina; ensina que ele aprende!!"

2) O mestre Odilon Ribeiro Coutinho, usineiro, intelectual, homem de finessse, acabara de se eleger deputado federal em 1963, pelo RGN. Estava no Rio, hospedado no Copacabana Pálace. Lá fora fluía naturalmente uma linda manhã carioca. No hotel, mulheres exuberantes pintavam em cada metro quadrado. O nosso Odilon tal um finíssimo lorde inglês era atendido no saguão por uma bonita pedicure. Em meio àquele torvelinho de bom gosto e elegância, o deputado sorvia os primeiros goles matinais de Whisky on the rocks, balançando o copo "softamente". De chofre, é reconhecido por um potiguar, empregado do hotel: "Deputado o senhor por aqui? Eu sou do RGN e votei no senhor! Como vai o senhor?" Odilon, sem perder a postura nobre, mexendo suavemente o copo, após outro gole: "É luta, meu filho! A luta é grande!".

Em, Poucas e Boas)

ASCENSO, UM POETA IRREVERENTE E BOÊMIO


Ascenso Ferreira nasceu na cidade de Palmares, interior do Estado do Pernambuco no ano de 1895 e faleceu no Recife em 1965. Poeta boêmio, irreverente. Ascenso era amigo de Juscelino Kubistchek e chegou a participar ativamente da sua campanha a presidência da república, em 1955. Estreou nas letras brasileiras publicando o volume intitulado título "Catimbó". Um dos seus versos mais notórios, diz assim:

Hora de comer - comer!
Hora de dormir - dormir!
Hora de vadiar - vadiar!
Hora de trabalhar?
- Perna pro ar que ninguém é de ferro!

Jucurutu/RN: Águas da barragem de Oiticica que desembocam na barragem Armando Ribeiro Gonçalves, atraem grande número de visitantes

fcb7d4b3-9985-448f-a8b3-c5d43be210bb

De: https://falandoirreverente.blogspot.com/

Seguindo com nossos registros deste domingo (01), não podíamos deixar de registrar as belas imagens da barragem de Oiticica, a qual podemos observar a presença de pessoas que habitam a região, que vieram apreciar a grande volume de água que desembocam em destino a grande barragem Armando Ribeiro Gonçalves no vale do Açu, maior reservatório de água do Rio Grande do Norte.


0b2dfd5a-dad8-48c8-9757-a4c62c551597
0d6a3f86-ce6b-4761-993f-d2a18e746289
1ae67587-b54e-4b0f-812e-38649b0f77f0
2dba9094-f633-4735-9f49-8ca5b5f676a3
5d8ad591-65de-4d5f-9433-0f50f0338fa3
7ce7f873-6121-4eb4-af5d-07a80ae8611b
7ee4ff5c-8098-45d0-a8aa-58d87e05e6fc
9b8bb329-a469-4679-927f-af70f0f5d897
2099c49a-8efd-4424-be35-e89262627e00
4418022f-1f2f-45e3-ae18-fd0238eba062
21023824-f9d9-41b9-ac2f-99ac142bc137
d8a72eb9-eafd-4d67-9841-fca091fa0323
e71d4fcf-d2d7-477a-bdb3-7597ec98791f
fcb7d4b3-9985-448f-a8b3-c5d43be210bb

Rio Grande do Norte terá chuvas de até 533 milímetros para março, abril e maio


Os padrões climáticos indicam a ocorrência de chuvas distribuídas em todas as regiões


A Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN - Emparn confirmou na manhã desta quarta-feira, 19, a previsão de chuvas acima da média histórica para o trimestre de março, abril e maio próximos. De acordo com o meteorologista Gilmar Bistrot, os padrões climáticos indicam a ocorrência de chuvas distribuídas em todas as regiões do Estado, sendo 479 milímetros na região Oeste, 376 na região Central, 342 na região Agreste e 533 milímetros na região Leste. Em todo o ano de 2019 a média de chuvas foi de 840 milímetros.
"A previsão climática, a partir das condições observadas desde janeiro deste ano indicam chuvas normais ou acima da média histórica para o Rio Grande do Norte", afirma o meteorologista. Ele explica que explica que "as análises consideram parâmetros de temperatura na superfície dos oceanos, ventos e pressão atmosférica". Segundo Bistrot há aquecimento no Atlântico Sul e temperatura baixa no Pacífico e isto favorece ocorrências de chuvas no Nordeste brasileiro nos próximos três meses. "Hoje há essa tendência", reforçou.

A conclusão apresentada pela Emparn resulta das análises também de meteorologistas dos principais centros de previsão climática da região Nordeste que promoveram em Parnamirim, nesta terça-feira, 18, a III Reunião de Análise Climática para o Semiárido Nordestino - Etapa Rio Grande do Norte.

Os especialistas fizeram o balanço dos primeiros meses do ano, análises de modelos meteorológicos, condições atuais dos oceanos e elaboração de boletins para o período.

A governadora Fátima Bezerra participou da apresentação do boletim de análise e previsão climática, ocorrido no auditório da Governadoria, e avaliou o quadro como animador. Ela registrou que o Governo do RN tomou providências em apoio ao homem do campo como a distribuição de sementes no período certo para aproveitar o período das chuvas. "Inclusive", destacou Fátima Bezerra, "este ano entregamos também sementes crioulas, que são adaptadas às condições de clima e solo de cada região do Estado, oferecendo assistência técnica pela Emater e apoio à agricultura familiar".

O RN é o primeiro Estado no Brasil a implantar o sistema de aquisição e distribuição de sementes crioulas. Este ano foram investidos R$ 600 mil na compra de grãos produzidos pela agricultura familiar. "São produtos certificados pelo Mapa, de qualidade e com germinação garantida. E já estamos trabalhando para ampliar as compras para R$ 2 milhões em 2021, mais do que triplicando o investimento deste ano", informou a Governadora.

A presença de técnicos da Paraíba, Bahia, Alagoas, Pernambuco e do Distrito Federal no RN para tratar do clima mostra que temos uma "integração regional dos estados que enfrentam as intempéries da seca e do semiárido. Isto é muito bom e produtivo por que estamos somando conhecimento e buscando soluções efetivas".

O secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar - SEDRAF, Alexandre Oliveira, disse que a ocorrência de chuvas regulares "beneficia o agricultor e a produção com garantia de colheita do milho e feijão principalmente, por que assegura a alimentação animal e humana, o que tem forte impacto econômico e social, mantendo as famílias produtivas. Temos no Rio Grande do Norte 60 mil cisternas e, com as chuvas, elas serão abastecidas, irão garantir o consumo humano, a segurança alimentar e a produção de forragem para as criações".

César Oliveira, diretor geral da Emater, afirma que a chuva é insumo indispensável para as ações no campo. A ocorrência de precipitações regulares anima os agricultores e movimenta a economia principalmente para os pequenos e médios produtores".

Também participaram da apresentação do relatório o coordenador da Defesa Civil estadual, tenente-coronel Marcos Carvalho, diretor do Instituto de Gestão das Águas do Estado do RN - Igarn, Mário Manso, e meteorologistas dos estados que participaram da III Reunião de Análise Climática para o Semiárido Nordestino.



O Grande Momento

A varanda era batida pelos ventos do mar
As árvores tinham flores que desciam para a
morte, com a lentidão das lágrimas.
Veleiros seguiam para crepúsculos com as
asas cansadas e brancas se despedindo,
O tempo fugia com uma doçura jamais de
novo experimentada
Mas o grande momento era quando os meus
olhos conseguiam
entrar pela noite fresca dos seus olhos...  

Francisco Frederico Schimidt, poeta carioca

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

ANIVERSÁRIO DO CORONEL ANTONIO SOARES


Antonio Soares de Macedo (Coronel). Político e jornalista. Nasceu na cidade do Assú, então Villa Nova da Princesa, a 27 de fevereiro de 1831, sendo filho legítimo do capitão Pedro Soares de Macêdo e D. Anna Thereza Soares de Macêdo. Recebida a instrução primária, dedicou-se ao estudo da língua latina e conhecimento de outras matérias do curso de humanidades, conseguindo um regular cabedal literário. Indo residir na freguesia de Serra Negra, tornou-se criador e agricultor, ali consorciando-se, em 1853, com D. Anna Senhorinha de Macêdo, filha legítima do capitão Manoel Pereira Monteiro e D. Maria de Jesus José da Rocha. Viuvando em 1862, Antonio Soares casou-se, em segundas núpcias, na cidade do Assú, a 07 de julho de 1863, com D. Francisca Francelina de Macêdo e Araújo, filha legítima do seu tio João Luiz de Araújo Picado e D. Anna Jacyntha de Araújo Picado. Em 1870, voltou a residir no município de Assú, sua terra natal, continuando aí a profissão de agricultor e criador. Ingressando na política local, alistou-se, ao lado dos seus parentes, nas fileiras do partido conservador, em que, pela sua inteligência, critério e lealdade, foi galgando posições, até a chefia suprema no município, posto em que ainda o encontrou o regime político iniciado a 15 de novembro de 1889. Na antiga Guarda Nacional, teve a patente de capitão, sendo mais tarde nomeado coronel. Além das funções de cargos municipais, o coronel Antonio Soares exerceu o mandato de deputado a Assembleia Legislativa da Província, estendendo-se a sua influência política a diversos municípios, onde a sua palavra era ouvida e acatada. 

Em 1876, fundou o Brado Conservador, jornal político de combate, do qual era diretor e principal redator, defendendo pelas suas colunas a bandeira do partido e pugnando pelos altos interesses da Província e, em particular, pelos da zona sertaneja.

Viúvo, pela segunda vez, em 1878, contraiu terceiras núpcias, no ano seguinte com D. Claudina Carolina de Macêdo e Araújo, também, filha do mesmo seu tio João Luiz. 

Agitando-se a campanha abolicionista, o coronel Antonio Soares abraçou com entusiasmo a causa dos escravos, empenhando nela o seu jornal e sua ação pessoal, como membro fundador da Sociedade Libertadora Assuense, instalada, por interessante coincidência, a 13 de maio de 1883. No dia 24 de junho de 1885, durante a festa do Padroeiro da Paróquia, a Libertadora, em sessão solene, declarava a cidade do Assú emancipada do elemento servil.

O Brado Conservador, com tipografia própria, manteve-se até 1890, quando dissolvido o partido conservador, passou a denominar-se Brado Federal (02 de abril), desaparecendo pouco tempo depois. Fundou-se nessa época, no Rio grande do Norte, um partido católico, com órgão na imprensa – A Pátria – batendo-se contra o ateísmo adotado pelas novas instituições e em desacordo com o sentimento e tradições do povo brasileiro. Esse partido apresentou a candidatura do Coronel Antonio Soares a deputado federal, não conseguindo, porém, a vitória da sua chapa. Desde então, o velho chefe sertanejo afastou-se da atividade política, desfalcado dos haveres que adquirira em longos anos de honesto trabalho. Em 1917, achando-se na capital do Estado, em visita a filhos e netos nela domiciliados, foi acometido de grave moléstia, da qual veio a falecer, aos 86 anos de idade, no dia 11 de maio, deixando, sobreviventes, a viúva, que faleceu em 1928, e 12 filhos, de um total de 23 nascidos das três núpcias. 

Publicou Árvore Genealógica da Família Casa Grande, opúsculo impresso na Tipografia da Companhia Libro-Tipográfica Natalense, 1893. 
 
(fonte: Dicionário Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Vol. I. A-E. Coleção Mossoroense. Vol. CDXVII, 1988).
Cachaça, mel de abelha e limão, o remédio certo para combater o CORONAVIRUS. Essa combinação ainda é considerada na medicina popular nordestina como um dos melhores remédios para combater a gripe. Acrescido ainda de alho fresco, um excelente antibiótico natural. Mas, cuidado. Se for dirigir, não beba!

Fernando Caldas
 

Açude Mendubim está com mais de 73% da sua capacidade máxima

De: https://assutododia.blogspot.com

O mais recente Relatório de Situação Volumétrica dos Reservatórios do Rio Grande do Norte atualizado nesta quinta-feira, 27 de fevereiro aponta que após as recentes chuvas alguns mananciais receberam acréscimo no seu aporte de água. O mais expressivo foi observado na cidade de Encanto, o açude de mesmo nome no Alto oeste potiguar que, passou de 73,60% da sua capacidade para 95,59%, faltando 20 centímetros para verter. Outros açudes que receberam bons volumes de água foram: Tourão, localizado em Patu, que passou de 18% da sua capacidade para 22,15%; Mendubim, localizado em Assú, passou dos 71,93% para 73,49%; e Morcego, localizado em Campo Grande, que passou dos 29,21% de sua capacidade para 31,06%. Já o maior reservatório do Estado, com capacidade para 2,37 bilhões de metros cúbicos, a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, atualmente acumula 534 milhões 605 mil 124 metros cúbicos, correspondentes a 22,53% do seu volume total. Em relação ao último relatório divulgado no dia 18 de fevereiro, o manancial também apresentou um acréscimo de volume de 13 milhões 516 mil 359 metros cúbicos, passando dos 21,96% de sua capacidade para os atuais 22,53%.

Fundeb, Piso, Carreira do Magistério: o alerta acendeu






 
O Fundeb, que é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação atende da creche ao ensino médio. Trata-se de um importante compromisso do Brasil com a educação, na medida em que assegura recursos que só podem ser investidos na Educação Básica.

Diferentemente do que se dissemina no senso comum, o Fundeb não se trata de um recurso enviado pelo Governo Federal para manter a educação de estados e municípios. O portal do Ministério da Educação informa que, “em cada estado, o Fundeb é composto por percentuais das seguintes receitas: Fundo de Participação dos Estados (FPE), Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp), Desoneração das Exportações (LC nº 87/96), Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), cota parte de 50% do Imposto Territorial Rural (ITR) devida aos municípios. Também compõem o fundo as receitas da dívida ativa e de juros e multas incidentes sobre as fontes acima relacionadas.” 

Desde que foi criado, a União complementa o Fundeb naqueles estados que somados os recursos da cesta de impostos e divididos pelo número de alunos matriculados, o valor é inferior ao custo aluno definido para todo país em portaria do MEC. No caso do RN não há essa complementação. Ela só seria necessária se o estado arrecadasse menos do que arrecada  ou se tivesse uma matrícula maior do que a que tem. Em tese, o Fundeb do RN é suficiente para o número de alunos que atende. 

Mas por que, na prática, o Fundeb não tem sido suficiente para prover a educação do RN? primeiro porque não basta contar somente com o Fundeb. Sozinho esse importante Fundo não faz frente a todas as necessidades, tanto é que a constituição estabelece que estados e municípios apliquem, na Educação, o mínimo de 25% de sua receita resultante de impostos e transferências. Além do Fundeb e dos 25%, ainda há os recursos do Salário-Educação e dos convênios federais. 

Segundo, no RN o Fundeb torna-se insuficiente porque há uma flagrante desarrumação da rede de escolas, tema que já abordei em outras postagens. Há escolas, professores, gestores, terceirizados… demais para estudantes de menos. Com estudantes de menos o Fundeb não é demais, não sobra, não suporta pagar a conta e, sendo assim, faltam recursos para garantir a valorização dos profissionais na dimensão merecida e que é desejada por todos. O estado precisa garantir os recursos não somente para o reajuste anual do piso salarial do magistério, que envolve os aposentados e pensionistas, mas também para as progressões na carreira daqueles que estão em atividades. 

É preciso que se faça a gestão da rede de forma responsável, ética e profissional, de preferência sem a oposição corporativista  na  maioria das vezes corriqueira. Por outro lado, não se conseguirá sanear a folha de pessoal, por exemplo, retirando professores de sala de aula e gerando a necessidade de sucessivas convocações de temporários ou mesmo de efetivos. Atentemos: sem medidas urgentes e racionais, nem com o novo Fundeb, que se espera o aumento do aporte de recursos, a conta fechará. 

Não nos enganemos, porque sempre é possível piorar: o alerta acendeu, também, para os servidores da educação que estão na ativa.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020


"POUCAS E BOAS"


 



Do livro "Poucas e Boas", de Valério Mesquita, 2008 (imagem acima). O texto abaixo também fora publicado no Jornal Tribuna do Norte, de Natal.

1 - Fernando Caldas, assuense de ótima qualidade, poeta e pesquisador, enviou-me alguns "causos" folclóricos de sua região. Agradecendo a remessa, vamos juntos nos deliciar com as suas histórias. Chico Dias trabalhou para o deputado Arnóbio Abreu, nas eleições de 1998. Logo após o pleito, foi à casa de Zeca Abreu, irmão de Arnóbio, para um entendimento político. Ao chegar, foi atendido pelo motorista de Zeca que lhe respondeu ao ser indagado pelo paradeiro de seu patrão. "Chico, Zeca encontra-se no banheiro com uma forte dor de barriga". Chico mandou chumbo grosso: "Meu amigo, eu não vim aqui comer o cedenho dele, não!!"


2 -Fernando Caldas contou que Bonzinho, lá do Açu, estava bebendo em um bar da cidade quando foi surpreendido por Joca Marreiro, seu pai, que lhe convidou a ir para casa pois já era noite alta. Aceitou o convite paterno, mas foi taxativo e solene: "Papai, vá na frente que o mundo tá cheio de gente ruim".


3 - Comício de Ronaldo Soares em Açu. O povo doidão na praça. O locutor vibrante anuncia a palavra de Chico Galego, candidato a vereador, líder da Lagoa do Piató. Ao receber o microfone sem fio, assustou-se com o equipamento e tratou de reclamar: "Cadê a correia dele Lourinaldo, cadê a correia, esse bicho não vai falar de jeito nenhum!!!. Aí a galera vibrou.


4 - Açu é um filão de estórias que não tem fim. Ronaldo Soares, captador permanente dessa atmosfera densa e intensa, passou-me mais uma. Seu conterrâneo Zé Gago andava ás turras com a esposa Isabel. Em suma havia arranjado uma rival. Revoltada, a família se reuniu para lavrar aquele protesto e chamar o esposo e pai à responsabilidade. Em sua defesa, Zé Gago veio com um argumento genial: "Meus filhos, arranjei uma mulher, é verdade, mas foi pra poupar sua mãe". Inconformada, dona Isabel saiu do seu silêncio: "Se foi por esse motivo, pode me rasgar toda!!.


5 - Tico, motorista do ex-deputado Arnóbio Abreu, não foge à regra de muitos profissionais bons, mas broncos e teimosos demais. Certa noite, num comício em Açu apareceu por lá o servidor da secretaria de Saúde Alan Rio. Ao vê-lo, Tico comentou que já vira antes esse rapaz. Um interlocutor presente o ajuda afirmando que o nome dele é Alan. Tico repreende: "Não, Alan é apelido!!. Chamando a intervir, Arnóbio confirmou que o nome do visitante é Alan. Tico, na sua teimosia homérica, retruca: "Não, doutor Arnóbio, Alan é de ovelha por isso, é apelido mesmo"!!.


6 - Jobeni Machado, fazendeiro do Açu, lá pelos anos setenta não teve dificuldades para aprender, ao pé da letra, as lições dos filósofos da economia da época. Endividadíssimo e instado a pagar pelos bancos oficiais os seus empréstimos agrícolas vencidos e esquecidos, Jobeni utilizou a máxima do faraó Delfim Neto, ministro da fazenda: "Dívida pública não se paga, se rola". Não foi à toa que o governador de Minas Itamar Franco se inspirou no exemplo. No caso de Açu, até hoje tá rolando.



7 - Fernando Caldas manda-me algumas poucas e boas da rica safra açuense. Manoel Montenegro Neto (Manuca) disputou sem sucesso a prefeitura de Açu, em 1976, contra Sebastião Alves. Manuca foi deputado estadual por duas legislaturas e deputado federal durante alguns meses. Pertencendo ao então MDB, fazia discursos inflamados cumprindo o seu papel de oposição, combatendo a inflação e outros bichos. "Meus amigos, senhores deputados, quem é que pode comer uma galinha por três cruzeiros?" (moeda da época), indaga Manuca pateticamente da tribuna da assembleia. Um correligionário que ouvia atentamente o seu pronunciamento respondeu da galeria: "O galo, Manuca!".


8 - Junot Araújo dos Santos foi vice-prefeito na chapa de Lourinaldo Soares nas eleições municipais de 1992 em Açu. Junot prometeu na campanha a uma senhora, uma cirurgia de períneo. A operação seria feita pelo seu pai dr. Nelson, logo após as eleições. Certo dia, a eleitora procurou o vice-prefeito com outra conversa: "Junot, no lugar da cirurgia me arranje cinco sacos de cimento". Fátima, sua mulher, escutando a exploração daquela eleitora, saiu-se com essa: "Essa égua quer agora tapar o buraco com cimento!”.

9 - Ronaldo Ferreira Dias era importante funcionário do Senado da República. Norte-riograndense de Lages e com muita ligação no Açu. Nas eleições de 1982 concorreu a deputado federal mesmo sem ter vivência política no Estado do Rio Grande do Norte. Ronaldo seria o segundo suplente com qualquer votação. Foi a Açu e procurou seu primo Chico Dias que era candidato a vereador para fazer a sua campanha no município assuense. Certo dia telefonou de Brasília para o primo: "Chico, como vai a aceitação do meu nome por aí?" Chico respondeu pausadamente: "Ronaldo, saí de casa com mil fotografias (santnhos) suas e voltei com duas mil".
Não sei como te aquecer. És de outro e não me esqueço
Mal grado o coração me pedir que te odeie,
Não sei te aborrecer e te odiar, não sei:
- Amor do meu amor para mim não mereço.
Alguém que o amor vingar no coração, o preço
da saudade lhe dê: - o preço que lhe dei.
Porque o preço do amor quando traído, eu sei,
E´o preço da tortura e o gozo quando avesso.

João Lins Caldas

AS TIRADAS DE "GOLINHA"

Walter de Sá Leitão ou "Golinha" (seu apelido carinhoso) fora procurado certo dia, por Adauto Tinôco, então escrivão da Polícia Militar na cidade de Assu que pedir a Walter uma sugestão para dá o nome de um bar que ele pretendia instalar na cidade de Assu. Adauto ao seu encontrar com Walter fora direto ao assunto: "Compadre Walter, me dê uma sugestão de um nome para eu colocar no meu bar que estou instalando. Agora, eu quero um nome pequeno, porém que chame muita atenção! - Walter sem nem pestanejar sugeriu: "CU, tá bom Comádre Adauto?" - Para risos dos circunstantes.

(Mas não é que em Natal tem um bar no bairro de Lagoa Nova muito frequentado denominado "Bar do KU". Walter tinha razão).

Walter ainda moço, sessenta e poucos anos de idade, entregou-se, prostrou-se numa rede esperando a pancada do gongo chegar como diz Renato Caldas. Certa vez, fora visitado por uma amiga que, ao chegar na sua residência perguntou-lhe pelo seu estado de sua saúde. Walter respondeu: 'Minha amiga, estou feito panela de barro. Me acabando pelo fundo!"
 

Certo compadre de Walter (ele tinha, penso eu, centenas de afilhados) já casado há mais de cinco anos vivia preocupado porque sua mulher ainda não teria engravidado. Fato este que comentou com ele, Walter. Tempos depois sua mulher apareceu grávida e, feliz da vida, aquele compadre foi ao encontrar de Walter para lhe dá a seguinte notícia: "Compadre Walter. Minha mulher está gravida". - Walter não pensou duas vezes, dizendo de tal modo: "E você desconfia de quem?"
PARAFRASE

De um tema popular

Deus lhe dê muito dinheiro!
Deus lhe sarve meu patrão;
Que ouro, prata e briante,
Faça cama em sua mão
Mas, a ganança num manche
A sua reputação!
Que um dia, seje gunverno
Sem precisá inleição
E sarve o nosso Brasí
Da triste situação.
... E, se um dia mecê pendê
Pras bandas do meu sertão:
Lá em casa, a casa é sua,
Com carne gorda e pirão,
Com raspadura do Bréjo,
Mangunzá e requeijão...
Tem um criado pra lavá
E selá seu alazão,
Tem uma tipóia remendada,
Uma esteirinha no chão,
Uma vióla afinada
Pra gemê nas suas mão,
Um oratóro cheio de santo
Pra ouvi sua oração,
Uma muié pra lhe serví,
Numas coisa... noutras não.


Renato Caldas

E a experiência?  A experiência se consegue a proporção que os dias se passam! (Fernando Caldas).