segunda-feira, 19 de abril de 2021

 

*Os açudes estão todos sangrando*
*E mudou a paisagem do sertão.*
*Glosas*
Tudo antes era feio de se ver
Folhas secas, o chão todo rachado
O pé de xique-xique estorricado
Animais sem a água pra beber
Deus com pena do nosso padecer
Mandou chuva, relâmpago, trovão
Isso trouxe a nossa salvação
O Nosso povo hoje está cantando
*Os açudes estão todos sangrando*
*E mudou a paisagem do sertão.*
2.
O pavão se exibindo no terreiro
Os Beijas-flores as flores beijando
O pombo para a pomba arrulhando
E o gato espreitando sorrateiro
O canário que canta no poleiro
O Sertanejo plantando o feijão
O moleque levando um galão
Para o barreiro vai cantarolando
*Os açudes estão todos sangrando*
*E mudou a paisagem do sertão.*
Natal (RN), 19 de abril de 2019.
Dedé de Dedeca.

sábado, 17 de abril de 2021

 Wagner Di Oliveira

Já fui um grande fazendeiro
Com minha boiada de osso
O meu velho carro de boi
Seu grito não mais eu ouço
Quando morria uma vaquinha
Era grande o meu desgosto!



COLCHA DE RETALHOS

Valério Mesquita*

Mesquita.valerio@gmail.com

01) O “majó” Theodorico Bezerra, sentiu-se acossado em sua região, tamanha era a leva de candidatos adversários e partidários garimpando votos. Aí funcionou mais uma vez, a infalível capacidade do velho cacique. Com uma camionete abarrotada de rapadura do Cariri, o “majó” visitava casa por casa, e, distribuía “o cocadão” e mais um santinho do Frei Damião. No verso a catequese: “Para deputado, etc, etc”. Numa residência alguém comentou: “Lá vem mais um político pedir voto!”. Theodorico ouviu o comentário. Aproximou-se, sem constrangimento: “Não estou pedindo voto, estou dando essa rapadura para adoçar a boca dos amigos, e, a imagem do Frei Damião para abençoar o seu lar”. Em pouco tempo, uma pequena multidão se juntava e acompanhava o “majó”. Aí um popular comentou com entusiasmo: “Esse é que é o homem! Se lembra de nós de corpo e alma. Viva o “majó””. Estava comprovado que é dando que se recebe.
02) J. Soares, de Mossoró, depois de haver conquistado o mandato de vereador, enveredou pelos caminhos do supletivo e chegou aos bancos da faculdade. O pior é que o linguajar viciado do J. Soares, não acompanhou o “seu progresso” nos estudos. Certo dia, chegando ao plenário, o edil aborrecido falou para o assessor: “”Croves” (entenda-se Clóvis), ô “Croves”! “Trai” pra mim o “relatoro compreto” dos “probemas” da feira livre. O assessor saiu resmungando pelo corredor: “Eu queria me ver livre disso...”.Não conseguiu. Tirou os quatro anos.
03) Num passado distante, o político são-gonçalense José Targino chegou à prefeitura. Os tempos mudaram, e, no último pleito, foi cotado para ser o vice-prefeito. No entanto, teve o seu intento frustrado pela justiça. Motivo: analfabeto não pode concorrer. De última hora, um filho do Zé, assumiu a candidatura. Eleito, o jovem vez por outra, prestigia o pai, mandando-o representá-lo. A última, aconteceu no cemitério. Homenagem derradeira a um velho amigo, Zé Targino temperou a garganta e usou da palavra: “Emocionado, falo nessa hora, para os meus conterrâneos, e, para meus “subterrâneos” aqui presentes...”. O riso correu frouxo na tarde fúnebre.
04) José Damasceno era prefeito do município de Timbaúba dos Batistas. Pertencia ao PDS da gema. Certo dia, recebeu na cidade, a visita do então governador Lavoisier Maia Sobrinho. Este, político até demais, foi logo perguntando: "Zé Damasceno como vai a zona rural?". O prefeito, matuto sério e diligente com as suas obrigações , de pronto respondeu: "Governador, a zona eu feche,i né? E aquela rural eu vendi…". Lavô fixou os circunstantes e ficou na mesma.
05) Corria o ano da graça de 1965. O foco era a disputa eleitoral entre Walfredo Gurgel e Dinarte Mariz para governador. À noite, comício na praça Gentil Ferreira no alecrim. A passeata com Aluízio Alves, Agnelo, deputados e senadores desciam da Cidade Alta pela rua Padre Pinto. Nas proximidades da Cosern e da boate de Maria Boa, a comitiva era saudada com vibrante e atípico entusiasmo. O fato despertou tanto a atenção do padre candidato que resolveu perguntar ao deputado federal Aristófanes Fernandes: "Aristófanes, quem são essas mocinhas tão entusiasmadas e exibidas?". "São as raparigas de Maria Boa, monsenhor!", respondeu o despachado líder de Santana do Matos. O padre só fez acenar, discretamente.

sexta-feira, 16 de abril de 2021

 

Spleen de Natal
Eu nasci a mil anos atrás
Acumulei tanta coisa e preciso me libertar
Preciso voar
A coleção de selos e moedas
Os livros vão comigo
O que fazer com essa pirâmide de mortos?
Meu pensamento não tem começo nem fim
Não sei quem ou que eras
Fui ao fundo da terra e tentei me orientar
Pelas estrelas
Continuo perguntando
Mas a vida é feita de matéria escura
Minhas lágrimas são as do mundo
Pode ser uma imagem em preto e branco de 1 pessoa e grama

Pode ser arte
Boa Noite
Furtou - lhe um beijo na boca negra da noite.
Olhando as estrelas ela desguiou
Não esperava.
Um filhete de luz iluminou seu rosto.
Ele disse a noite é bela.
- Ousado você, pai disse que é pecado.
E sonhou na carícia do beijo roubado.

 NEVALDO ROCHA


Há três dias atrás, a Câmara Municipal de Natal aprovou Projeto de Lei do executivo, prefeito Álvaro Dias, mudando o nome da avenida Bernardo Vieira, para avenida Nevaldo Rocha (em certos casos sou contra mudar nome de logradouros públicos). Uma justa homenagem. Rocha chegou na capital potiguar ainda jovem, migrou de Caraúbas, cidade do alto oeste do Rio Grande do Norte, para Natal onde trabalhou e depois se estabeleceu com uma pequena loja de roupas. Tempos depois, fundou uma fábrica de confecções denominada Guararapes gerando muitos empregos. E Bernardo Vieira? Vieira foi governador nomeado da Capitania do Rio Grande, porém está registrado na história do Rio Grande do Norte por massacrar indígenas, travou uma luta contra os povos indígenas, os índios Janduís que habitava a Ribeira do Assu. Foi uma luta sangrenta que a história denominou de Guerra dos Bárbaros, Guerra dos Índios ou Guerra do Açu, Conflito armado que durou dez anos (1686/1696), dizimando os indígenas quase por completo.
Afinal, muito justa a homenagem prestada a Nevaldo Rocha, fundador em Natal, do shopping Midway Mall que, se não é o maior, pelo menos, é um dos maiores shpings da América Latina. Homenagem esta que Nevaldo Rocha nunca pediu, mas que tanto merece, em memória.

Fernando Caldas


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Cigarra
Em 1928, é lançada a Revista Cigarra, tendo como principal ilustrador o nosso conterrâneo Erasmo Xavier (RN). Escreve o grande cronista potiguar, Edgard Barbosa:
E a cigarra cantou; as suas asas trabalhadas pela policromia embriagante de muitos sóis tatalaram de alegria, e acordes com o grito forte da violinista da natureza, outras vozes se altearam para o céu agradecendo a Deus o milagre renovador... (...) A Cigarra tem a certeza de que vive... Vive para a recordação e para o trabalho, diferente de suas irmãs, operaria do progresso.
( Edgar Barbosa, Cigarra, n° 01, 1928.)

terça-feira, 13 de abril de 2021

 


Boleros - La Barca / Perfidia / Besame Mucho / Quizás - Los Castillos

 O beijo é a comunhão das almas prediletas,

Voz da boca do amor, dos sonhos e dos poetas.
Palmeira da ilusão carregada de amores
Tem o cheiro feliz das prediletas flores,
O meigo do luar fantástico dos versos
E a primavera azul dos corações diversos...
Ave do coração a pipilar nas bocas,
Tem a graça febril das esperanças loucas,
Vinho da fantasia e riso das belezas,
Marcha por um país onde não há tristezas,
Erra por uma terra onde não há pesares,
- Prova a graça da festa e a luz de todos lares.
Romance do prazer e corpo das venturas,
O beijo tem o voo das borboletas puras,
As asas do ideal resultam-lhe dos seios.
Branco como a visão dos brancos devaneios,
Goza a febre gentil das lúcidas bonanças
E os seios do luar dos sonhos sem receios
E a sombra sem pesar das cousas que são mansas.
(Caldas, poeta potiguar)

 


domingo, 11 de abril de 2021

Nossos poetas – Zé Lima


Last updated 27 de março de 2021

ZÉ LIMA é poeta, cantor, compositor, natural de Santana do Matos, onde viveu até os 15 anos de idade. Morou ainda em Assu, a “cidade dos poetas” onde desenvolveu o talento e o gosto pela poesia popular, e ao som das violas foi influenciado por poetas locais, inclusive Renato Caldas, um dos nomes mais importantes da poesia potiguar.

Em Assu conheceu os irmãos Hermes e Aldo, que tinham uma casa de discos e lhe apresentaram nomes com Raul Seixas Fagner, Ednardo, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Belchior, Xangai, Vital Farias, Elomar e outros que passaram a compor a sua formação musical e poética.

Ao mesmo tempo escutava Fernando Mendes, Zé Augusto, “uma mistura perfeita dentro da minha cabeça para que eu me tornasse o poeta, o músico, o cordelista e o cantador violeiro que sou hoje”, diz ele. Representou Assu no concurso “A Mais Bela Voz” no ano de 1977, ficando em segundo lugar, cantando uma música do Zé Augusto.

Em 1978 foi para São Paulo, onde gravou um compacto simples (duas músicas de cada lado): Nova Era e Emília, pela Globo. Em 1981 conheceu o cantor Bartô Galeno no Rio de Janeiro, que lhe apresentou ao também poeta cantor e compositor mossoroense Marcos Lucena, segundo Zé “um comunista radical” e com quem aprendeu a escrever temais sociais, reivindicando direitos ao povo.

“Marcos Lucena, na verdade, foi meu grande mestre e amigo. Me ensinou tudo o que eu sei sobre cordel, poesia dos repentistas e fazer músicas de qualidade”. Neste mesmo ano (1981), ajudado por Bartô Galeno, gravou um LP pela gravadora Ayxa, distribuído no brasil pela RCA. Participou de concursos musicais importantes, como o MPB Shell, organizado pela Rede Globo.

Em Mossoró atualmente, apresenta o programa Coisa do Sertão, na Tv Cabo Mossoro (TCM) há 15 anos. Tem 12 cordéis publicados e um livro pronto para ser editado: “Viola, versos e repentes”.

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Minha vida foi cheia de aventura,

Eu cresci como um anjo da poesia,

Um riacho de verso em mim corria

Afogando tristeza e amargura.

Na cachoeira doce da ternura

Bebi água nas fontes minerais,

Cruzei rios de ondas magistrais,

Contemplei o poder da natureza,

Minha infância caiu na correnteza

A enchente levou pra nunca mais.

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De saudade fiz meu mundo,
Das lembranças fiz a dor,
Da ternura fiz a flor
Com cheiro de amor profundo.
Transformei em um segundo
A paixão que em mim florou,
No meu coração brotou
A rosa da igualdade,
Já senti tanta saudade
Que o meu peito enferrujou.

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FILHO DO SERTÃO

 

Quando a tarde vai embora,

A lua surge no monte,

Clareando o horizonte

Da noite que não demora.

No céu uma estrela chora,

Clareando à imensidão,

No véu da escuridão,

Brilhando serve de guia,

Sou grato à Deus todo dia

Porque nasci no sertão..

 

Eu não seria feliz

Se fosse um americano,

Alemão, italiano

Ou um português de raiz.

Seria triste, infeliz,

Se fosse de outra nação,

Não teria vocação

Pra verso nem poesia,

Sou grato à Deus todo dia

Porque nasci no sertão.

 

Terra de Luiz Gonzaga,

Belchior e Patativa,

Renato Caldas na ativa

Escrevendo a sua saga.

Sua cadeira está vaga

No museu da inspiração,

Minha eterna gratidão

A muito tempo eu dizia:

Sou grato à deus todo dia

Porque nasci no sertão...


(Fonte: https://www.omossoroense.com.br/)

Tudo tem origem nos sonhos. Primeiro sonhamos, depois fazemos (Monteiro Lobato)