domingo, 11 de abril de 2021

Nossos poetas – Zé Lima


Last updated 27 de março de 2021

ZÉ LIMA é poeta, cantor, compositor, natural de Santana do Matos, onde viveu até os 15 anos de idade. Morou ainda em Assu, a “cidade dos poetas” onde desenvolveu o talento e o gosto pela poesia popular, e ao som das violas foi influenciado por poetas locais, inclusive Renato Caldas, um dos nomes mais importantes da poesia potiguar.

Em Assu conheceu os irmãos Hermes e Aldo, que tinham uma casa de discos e lhe apresentaram nomes com Raul Seixas Fagner, Ednardo, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Belchior, Xangai, Vital Farias, Elomar e outros que passaram a compor a sua formação musical e poética.

Ao mesmo tempo escutava Fernando Mendes, Zé Augusto, “uma mistura perfeita dentro da minha cabeça para que eu me tornasse o poeta, o músico, o cordelista e o cantador violeiro que sou hoje”, diz ele. Representou Assu no concurso “A Mais Bela Voz” no ano de 1977, ficando em segundo lugar, cantando uma música do Zé Augusto.

Em 1978 foi para São Paulo, onde gravou um compacto simples (duas músicas de cada lado): Nova Era e Emília, pela Globo. Em 1981 conheceu o cantor Bartô Galeno no Rio de Janeiro, que lhe apresentou ao também poeta cantor e compositor mossoroense Marcos Lucena, segundo Zé “um comunista radical” e com quem aprendeu a escrever temais sociais, reivindicando direitos ao povo.

“Marcos Lucena, na verdade, foi meu grande mestre e amigo. Me ensinou tudo o que eu sei sobre cordel, poesia dos repentistas e fazer músicas de qualidade”. Neste mesmo ano (1981), ajudado por Bartô Galeno, gravou um LP pela gravadora Ayxa, distribuído no brasil pela RCA. Participou de concursos musicais importantes, como o MPB Shell, organizado pela Rede Globo.

Em Mossoró atualmente, apresenta o programa Coisa do Sertão, na Tv Cabo Mossoro (TCM) há 15 anos. Tem 12 cordéis publicados e um livro pronto para ser editado: “Viola, versos e repentes”.

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Minha vida foi cheia de aventura,

Eu cresci como um anjo da poesia,

Um riacho de verso em mim corria

Afogando tristeza e amargura.

Na cachoeira doce da ternura

Bebi água nas fontes minerais,

Cruzei rios de ondas magistrais,

Contemplei o poder da natureza,

Minha infância caiu na correnteza

A enchente levou pra nunca mais.

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De saudade fiz meu mundo,
Das lembranças fiz a dor,
Da ternura fiz a flor
Com cheiro de amor profundo.
Transformei em um segundo
A paixão que em mim florou,
No meu coração brotou
A rosa da igualdade,
Já senti tanta saudade
Que o meu peito enferrujou.

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FILHO DO SERTÃO

 

Quando a tarde vai embora,

A lua surge no monte,

Clareando o horizonte

Da noite que não demora.

No céu uma estrela chora,

Clareando à imensidão,

No véu da escuridão,

Brilhando serve de guia,

Sou grato à Deus todo dia

Porque nasci no sertão..

 

Eu não seria feliz

Se fosse um americano,

Alemão, italiano

Ou um português de raiz.

Seria triste, infeliz,

Se fosse de outra nação,

Não teria vocação

Pra verso nem poesia,

Sou grato à Deus todo dia

Porque nasci no sertão.

 

Terra de Luiz Gonzaga,

Belchior e Patativa,

Renato Caldas na ativa

Escrevendo a sua saga.

Sua cadeira está vaga

No museu da inspiração,

Minha eterna gratidão

A muito tempo eu dizia:

Sou grato à deus todo dia

Porque nasci no sertão...


(Fonte: https://www.omossoroense.com.br/)

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