Por Alexandre Caverni
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SÃO
PAULO (Reuters) - Quase 143 milhões de brasileiros poderão votar neste
domingo para escolher o próximo presidente da República na eleição mais
imprevisível, sem que nem mesmo as últimas pesquisas dos dois principais
institutos tenham conseguido apontar um favorito claro para a vitória.
A
presidente Dilma Rousseff, que aparece em vantagem numérica nos
levantamentos, torce para que o histórico de mais abstenções nas regiões
onde seu partido, o PT, é mais bem votado não seja um fator
determinante no resultado. Já Aécio Neves, do PSDB, diz confiar que vai
conseguir uma virada como a que protagonizou no primeiro turno.
Aécio
começou a disputa como o adversário forte que poderia impedir a
reeleição de Dilma. Mas a entrada de Marina Silva (PSB) na corrida
presidencial, em substituição ao candidato Eduardo Campos, morto num
acidente aéreo em meados de agosto, derrubou o tucano para um distante
terceiro lugar.
Impulsionado pelos ataques que as campanha
petista e tucana faziam contra Marina, Aécio reassumiu o segundo lugar
na última hora, garantindo uma vaga para a votação deste domingo.
Já
na campanha do segundo turno, Aécio apareceu à frente de Dilma nas
primeiras pesquisas Datafolha e Ibope, mas em situação de empate
técnico, já que a diferença entre os dois estava dentro da margem de
erro. Em meados da última semana a presidente ultrapassou o tucano e
conseguiu abrir vantagem fora da margem de erro.
Neste sábado, O
Datafolha voltou a mostrar os dois em empate técnico, com o placar
favorável a Dilma em 52 a 48 por cento. Pelo Ibope, a vantagem da
petista que era de 8 pontos percentuais recuou para 6, em 53 a 47 por
cento.
Considerando a migração de votos de última hora que
ocorreu no primeiro turno, segundo os institutos, é praticamente
impossível fazer uma previsão para este domingo.
Na véspera do
primeiro turno, o Datafolha mostrava Dilma com 44 por cento dos votos
válidos, Aécio com 26 por cento e Marina com 24 por cento. Pelo Ibope,
os números eram 46, 27 e 24 por cento, respectivamente.
Nas urnas, Dilma teve 41,6 por cento dos votos válidos, Aécio chegou a 33,6 por cento e Marina ficou com 21,3 por cento.
Desde
1989, quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentou Fernando Collor
de Mello (PRN) no segundo turno, os brasileiros não iam às urnas com
tantas incertezas sobre quem vencerá.
Nas cinco eleições
presidenciais seguintes, a partir do momento que se estabeleceu um
favorito, a dúvida maior foi se a disputa seria encerrada no primeiro
turno, como aconteceu em 1994 e 1998 com o tucano Fernando Henrique
Cardoso, ou teria que esperar a segunda rodada, como nas duas vitórias
do petista Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002 e 2006, e na eleição de
Dilma, em 2010.
Em 1989, Collor venceu no segundo turno conquistando 53,03 por cento dos votos válidos, contra 46,97 por cento de Lula.
A
expectativa agora é de que pouco depois das 20h no horário de Brasília,
quando fecham as últimas urnas no Acre, o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) já terá condições de anunciar quem governará o Brasil nos próximos
quatro anos.
ATAQUES E RADICALIZAÇÃO
Além da
imprevisibilidade com viradas dramáticas, a campanha eleitoral deste ano
ficará marcada pelos incansáveis ataques entre os principais candidatos
e pela crescente radicalização na polarização PT x PSDB, que domina as
disputas presidenciais há 20 anos.
Se no primeiro turno Marina
foi alvo tanto de Dilma como de Aécio por supostos riscos que suas
propostas trariam às pessoas, por suas contradições ou por suas origens
petistas, no segundo a artilharia foi concentrada sobre corrupção,
contra Dilma, e na gestão em Minas Gerais e no suposto risco de perdas
de conquistas sociais, contra Aécio.
As denúncias em torno de um
suposto esquema de sobrepreços de contratos da Petrobras para alimentar
partidos e políticos governistas, que ocupou grande espaço do noticiário
e dos ataques durante a campanha, atingiu o ápice com a publicação da
última edição da revista Veja antes do pleito.
A reportagem de
capa trouxe o que seria declaração do doleiro Alberto Youssef dizendo
que tanto Dilma como Lula saberiam do suposto esquema de corrupção
envolvendo a Petrobras. Na sua propaganda na TV, a presidente rebateu a
acusação e disse que a revista "excedeu todos os limites da decência e
da falta de ética".
A nova denúncia, como não poderia deixar de
ser, foi trazida à tona por Aécio no último debate entre os dois na TV
Globo, na sexta-feira.
No debate, o tucano bateu na tecla de que
para acabar com a corrupção no governo é preciso trocar o governo,
enquanto Dilma martelou que quando o PSDB comandou o país, nos dois
mandatos de FHC, houve grande desemprego e arrocho salarial.
A
petista atacou também pontos da gestão de Aécio como governador de Minas
Gerais e ainda usou o fato de ter tido mais votos que ele no Estado o
primeiro turno para mostrar que o governo do tucano não fora
bem-sucedido, mesmo com a propaganda dele repetindo sempre o altíssimo
nível de aprovação popular de sua administração.
Se a campanha de
Aécio mostrava inúmeras obras paradas e inacabadas no país, a
propaganda de Dilma apontava para o ex-presidente do Banco Central
Armínio Fraga, anunciado pelo tucano como seu futuro ministro da Fazenda
se for eleito, como encarnação de todos os riscos para as conquistas
sociais.
FRASES DE EFEITO
Mas a campanha não foi feita só de ataques. Os candidatos apresentaram inúmeras propostas.
Dilma
falou em ampliar o programa Mais Médicos com o Mais Especialidades e
prometeu que não mexerá nos direitos trabalhistas "nem que a vaca
tussa".
Aécio, por sua vez, repetiu inúmeras vezes a palavra
previsibilidade, geralmente de forma bem pausada, quando tratava dos
temas econômicos. E prometeu, com sua vitória, "libertar" o país do PT.
Mas
talvez a frase mais marcante desta eleição seja aquela pronunciada por
Campos na véspera do acidente que lhe tirou a vida. "Não vamos desistir
do Brasil."
Do Bol