domingo, 31 de janeiro de 2021

“Amor é fogo que arde sem se ver” – Camões

 

Por 
 Revista Prosa Verso e Arte


Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

– Luís de Camões, no livro “Sonetos”.

Veja aqui o poema “Amor é fogo que arde sem se ver”, recitado durante o filme “Camões”, filme português, realizado por José Leitão de Barros, que relata a vida e os feitos do grande poeta Luís de Camões. Concorreu à primeira edição do Festival de cinema de Cannes em 1946.

https://www.revistaprosaversoearte.com/

sábado, 30 de janeiro de 2021

‘Peço silêncio’ – um precioso poema de Pablo Neruda

Por Revista Prosa Verso e Arte 

https://www.revistaprosaversoearte.com/




A poesia de Pablo Neruda vem das forças da terra, uma presença única debruçada sobre o oceano de suas inquietações. E o quão é difícil eleger os versos mais belos de Pablo Neruda. Isso porque Neruda confunde-se com a própria poesia, ele é o poema em pessoa. Ele cantou o mar, a terra, o vento, a chuva, as estações, o amor despedaçado, ele cantou as estrelas e o infinito, as águas e os pássaros, a fruta e a flor. Cantou a alegria de viver e também a noite definitiva. A sua história está nos versos de: ‘Crepusculario’, ‘Veinte Poemas de Amor’ e ‘Una Canción Desesperada’, ‘Canto General’, ‘Estravagario’, ‘Cien Sonetos de Amor’, ‘Memorial de Isla Negra’ etc.

“Pido Silencio”, o poema que  traduz os sentimentos mais profundos do poeta. Leia e ouça na voz do poeta: 

PEÇO SILÊNCIO

AGORA me deixem tranquilo.
Agora se acostumem sem mim.

Eu vou cerrar os meus olhos.

Somente quero cinco coisas,
cinco raízes preferidas.

Uma é o amor sem fim.

A segunda é ver o outono.
Não posso ser sem que as folhas
voem e voltem à terra.

O terceiro é o grave inverno,
a chuva que amei, a carícia
de fogo no frio silvestre.

Em quarto lugar o verão
redondo como uma melancia.

A quinta coisa são teus olhos,
Matilde minha, bem-amada,
não quero dormir sem teus olhos,
não quero ser sem que me olhes:
eu mudo a primavera
para que me sigas olhando.
Amigos, isso é quanto quero.
É quase nada e quase tudo.

Agora se querem, podem ir.

Vivi tanto que um dia
terão de por força me esquecer,
apagando-me do quadro negro:
Meu coração foi interminável.

Porém, por que peço silêncio
não creiam que vou morrer:
passa comigo o contrário:
sucede que vou viver.

Sucede que sou e que sigo.

Não será, pois lá bem dentro
de mim crescerão cereais,
primeiro os grãos que rompem
a terra para ver a luz,
porém, a mãe-terra é escura:
e dentro de mim sou escuro:
sou como um poço em cujas águas
a noite deixa suas estrelas
e segue sozinha pelo campo.

Sucede que tanto vivi
que quero viver outro tanto.

Nunca me senti tão sonoro,
nunca tive tantos beijos.

Agora, como sempre, é cedo.
Voa a luz com suas abelhas.

Me deixem só com o dia.
Peço licença para nascer.

PIDO SILENCIO


AHORA me dejen tranquilo.
Ahora se acostumbren sin mí.

Yo voy a cerrar los ojos

Y sólo quiero cinco cosas,
cinco raices preferidas.

Una es el amor sin fin.

Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas
vuelen y vuelvan a la tierra.

Lo tercero es el grave invierno,
la lluvia que amé, la caricia
del fuego en el frío silvestre.

En cuarto lugar el verano
redondo como una sandía.

La quinta cosa son tus ojos,
Matilde mía, bienamada,
no quiero dormir sin tus ojos,
no quiero ser sin que me mires:
yo cambio la primavera
por que tú me sigas mirando.

Amigos, eso es cuanto quiero.
Es casi nada y casi todo.

Ahora si quieren se vayan.

He vivido tanto que un día
tendrán que olvidarme por fuerza,
borrándome de la pizarra:
mi corazón fue interminable.

Pero porque pido silencio
no crean que voy a morirme:
me pasa todo lo contrario:
sucede que voy a vivirme.

Sucede que soy y que sigo.

No será, pues, sino que adentro
de mí crecerán cereales,
primero los granos que rompen
la tierra para ver la luz,
pero la madre tierra es oscura:
y dentro de mí soy oscuro:
soy como un pozo en cuyas aguas
la noche deja sus estrellas
y sigue sola por el campo.

Se trata de que tanto he vivido
que quiero vivir otro tanto.

Nunca me sentí tan sonoro,
nunca he tenido tantos besos.

Ahora, como siempre, es temprano.
Vuela la luz con sus abejas.

Déjenme solo con el día.
Pido permiso para nacer.
– Pablo Neruda, em “Presentes de um Poeta”. [tradução Thiago de Mello]. São Paulo: Vergara & Riba, 2001. {publicado no livro ‘Estravagario’ (1958), poema escrito em agosto de 1957}.

Ouça Neruda:


quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

BAR DA MELADINHA, BECO DA LAMA, HISTORIA, NAZI

 Nazi


Esta é uma foto do Nazi do Bar da Meladinha

A foto acima mostra quem foi Nazi, uma tradicional figura do Beco da Lama. Ele foi o primeiro dono do Bar da Meladinha, antes chamado apenas de Bar do Nazi. O auto desta imagem história é o João Maria Alves, um dos importantes fotojornalistas do Rio Grande do Norte. Além disso, o evento registrado era a comemoração dos 30 anos do estabelecimento em 89.

Nazi está estampado nas ruas da Cidade Alta. Entretanto, eram poucos registros fotográficos de sua história na internet. Além disso, o seu bar é bastante comentado por conta da visita do compositor Pixinguinha.

Se você hoje bebe meladinha, agradeça este turco. Apesar de que já vi gente vendendo em Ponta Negra, mas não fica do mesmo jeito daquela do centro de Natal.

Como inventou a meladinha

Meladinha é uma bebida em que consiste primeiramente três ingredientes: cachaça, mel e limão e todos são misturados a partir de um graveto. Não, não pode ser colher, tem que ser com graveto (na verdade, algo parecido com uma viga de ferro).

Nazi preparando a Meladinha para Nelson da Matta, presidente do Banco Nacional de Habitação (Foto: Diário de Natal)

Como surgiu esta invenção? Foi o turco Nazi, que possui diversos causos sobre o inventor da Meladinha. De acordo com relatos de blogs que narram a boêmia potiguar, o bar existe há mais de 60 anos e mudou para o Beco da Lama em 1968, já citado anteriormente.

Junto da Meladinha,  a bebida vem com um caldo de feijão ou galinha. Reza a lenda que Pixinguinha visitou o local em 1969. Tanto que existe uma placa para comprovar este acontecimento, próximo do conhecido aviso “Proibido Cagar”.

João Gualberto descreveu o local de forma torpe

Em 1972, o jornalista João Gualberto escreveu ao Diário de Natal um guia de bares e outros lugares para curtir em Natal. O mesmo descreveu o Bar do Nazi assim:

Nazi morreu há 20 anos

Nasi morreu em 2001, vítima de uma parada cardíaca. Ele casou com Terezinha Fernandes Canan, de 73 anos. ALém disso, morava na rua Princesa Isabel, no Centro, e tinha um único filho, Nasi Adoniran Fernandes Canan. O corpo do turco foi enterrado no Cemitério Morada da Paz.

Após a sua morte, o bar passou para seu filho, mais conhecido como Adoniran (também falecido), que passou para uma outra pessoa. Hoje, o espaço, no entanto, é administrado por Neide. Apesar das mudanças, o pessoal do Beco da Lama sempre vai lembrar do criador da meladinha, desde os tradicionais blocos carnavalescos até o seu cotidiano.

Fonte. https://www.brechando.com/

TEATRO DE REVISTA - Este livro é uma obra monumental. O autor, consagrado como o crítico de cinema mais polêmico do Brasil, poderia ser chamado também de o crítico de cinema mais polímata do Brasil. Nascido em Natal, em 1923. Falecido no Rio, no ano 2000. "Viva o Rebolado" é uma célebre análise histórico social deste gênero do teatro. Indispensável em qualquer biblioteca. Me ocupei dele em meu livro "Salvyano Cavalcanti de Paiva", publicado em 2019, já esgotado [Wandyr Villar].

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Biografia de ACM “o dono da Bahia” vai virar filme

                                        

4 de Janeiro de 2021 às 11:44  Por: Agência Senado/ Arquivo  Por: Redação BNews
A biografia do ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães vai virar filme, segundo o colunista Lauro Jardim, do O Globo. O livro deve sair no final deste ano e será publicado pela editora Intrínseca/História Real. O autor é Tom Cardoso jornalista, escritor e crítico musical brasileiro. Ainda segundo informações,  o livro já teve os seus direitos comprados por Roberto Feith e vai virar um filme ou uma minissérie. De família tradicional na política baiana, ACM também foi senador, deputado e prefeito de Salvador. Ele morreu em 2007. 
 

1926 – CAICÓ ATRAVÉS DOS SEUS SERVIÇOS PÚBLICOS E PRIVADOS

 Autor – Rostand Medeiros

https://tokdehistoria.com.br/

Sabe-se que em toda aglomeração urbana, conforme avança o seu desenvolvimento ocupacional, vão surgindo diversos tipos de serviços públicos e privados que trabalham em prol das pessoas que ali vivem. Conhecer como era o funcionamento destes serviços, mesmo que de forma básica, faz com que exista a compreensão do dia a dia de uma cidade no seu passado (ou pelo menos de parte dela).

Até mesmo porque em muitos dos livros que tratam das histórias das cidades potiguares, encontramos mais à ação histórica de seus políticos, do que as características destas comunidades, ou o seu dia a dia.

Informações históricas de uma cidade não devem se restringir apenas a isso, até porque a história politica do Rio Grande do Norte é limitada quando se olha a competência de seus participantes, as suas qualidades pessoais, ou em relação as suas formações. O que vale na política do Rio Grande do Norte é somente o D.N.A. e o sobrenome.

Mas vamos ao que interessa.

Rotina

Ao lermos as velhas páginas do jornal “O Seridoense”, edição de 16 de julho de 1926, temos uma seção chamada “Informações”, que trata das repartições, atendimentos comerciais, dos profissionais liberais e outros serviços que existiam em Caicó, a principal cidade do Seridó Potiguar.

Na metade da década de 1920 do século passado o município de Caicó tinha uma população em torno de 25.000 mil habitantes, mas o núcleo urbano não tinha nem 8.000 almas. Apesar desta pequenez habitacional, Caicó já tinha um banco.

Aparentemente o tempo das velhas botijas para guardar valores estava acabando no Seridó. O fazendeiro e empreendedor Celso Dantas, além de possuir a única agência de automóveis da região, ainda tinha na sua agência bancária que representava o Banco do Brasil e o Banco de Natal na sua cidade e ficava localizado na então Rua Coronel Martiniano.

Se havia um banco, então havia muito dinheiro circulando. Se havia dinheiro, haviam bens patrimoniais sendo comparados e vendidos, então tinha que existir um cartório para sacramentar tudo. Este tabelionato ficava na Praça da Liberdade e o tabelião era o Sr. Elísio Dias de Medeiros.

Av. Seridó, centro e Caicó. Foto-José Eselino.

Se havia dinheiro e cartório certamente entre aqueles que tinham bens, uma hora ou outra haveria conflitos. Para dirimir problemas da elite local havia um juiz. Na época este era interino e o cargo estava entregue ao Dr. Eugenio Carneiro. Estranhamente o jornal “O Seridoense” não trás o endereço do Fórum, mas o da residência do ilustre magistrado.

Então ele despachava em casa?

Conflitos Jurídicos

Independente desta última questão, logicamente conflitos judiciais não existem sem os nobres advogados. Na Caicó de 1926, pelo menos listados neste jornal haviam quatro destes profissionais para resolver qualquer bronca.

Os ilustres doutores Pereira da Nóbrega (Praça da Liberdade), Renato Dantas (Rua Coronel Martiniano), Diógenes da Nóbrega (Rua Sete de Setembro) e Higyno Pereira (Rua Padre Sebastião) estavam a postos para defenderem o direito de quem lhes contratassem.

Nesta época de um Brasil extremamente agrário, uma grande demanda do judiciário de Caicó estava ligada a questão de terras. Eram comuns litígios para saber se uma fazenda tinha certo tamanho, ou sobre a divisão de terrenos em razão de uma partilha de propriedade. Então não é surpresa encontrar, logo após a lista de advogados, o nome do agrimensor local. Este era o Sr. Aureliano Gonçalves de Mello, que atendia em sua casa, na Rua Monte Petrópolis, número 11.

Prioridade na Saúde

Banco, dinheiro, cartório, justiça, advogados, divisão de terras poderiam ser sinônimos de problemas, stress, hipertensão, infarto, etc. Então seria hora de falar sobre os médicos e os boticários que atuavam na mais importante cidade do Seridó Potiguar.

Mas é aí que na nota do jornal surge algo muito interessante, pois em 1926, antes dos profissionais que cuidavam dos seres humanos, vem em destaque o nome do veterinário de Caicó. Estava esta função entregue ao Sr. Carlos Fonseca, residente a Praça da Independência, nº 26 e que, aparentemente, nem formado era. Comento isso, pois não aparece o tradicional “Dr.” dos bacharéis antes do seu nome. Se hoje certas “universidades” produzem uma enorme quantidade bacharéis que não sabem nada, naquele tempo no sertão, se um cidadão tinha um curso superior era para ser chamado de “Dotô”, pois realmente aprendia o que tinham estudado e, além do mais, havia pouca gente com nível superior. Mas para o Sr. Carlos Fonseca, se realmente ele não tinha curso superior, pelo menos para o jornal não fazia diferença.

Isso mostra que a saúde dos animais era mais importante do que a das pessoas na Caicó desta época?

Espero que não, mas a verdade é que o principal meio transporte ainda eram as alimárias e o gado vacum tinha vital importância na economia local.

Mas enfim, quem era que tomava conta da saúde do povo de Caicó nesta época?

Estão listados três médicos. Eram os doutores José da Silva Pires Ferreira, que tinha residência (e certamente o consultório) a Avenida Seridó, Aderbal de Figueiredo, que atendia a Rua Ferreira Chaves e Gil Braz de Figueiredo Araújo, na Praça da Matriz, em um “sobrado”.

Já as boticas, que nesta época já eram conhecidas como “pharmácias”, existiam duas, a “Nóbrega” e a “Gurgel”. O primeiro estabelecimento ficava na Rua Felipe Guerra e respondia pelo atendimento o “Pharmacêutico Chimico” Homero Nóbrega. O também “Pharmacêutico Chimico” José Gurgel de Araújo respondia pela outra farmácia, que ficava na Avenida Seridó. O jornal informava que ambos os estabelecimentos era abertos a qualquer hora do dia ou da noite.

Interessante era a atitude do dentista local, o Dr. Gorgônio Arthur, que atendia na Praça da Liberdade e tinha enorme confiança no que fazia, pois colocou textualmente no jornal que “garantia a qualidade dos seus trabalhos, de contrário não aceitaria pagamento”.

Falando com o Mundo e Diversão

Nesta época Caicó já se comunicava com o Mundo, mas não era pelo rádio. O serviço era feito pelas linhas da “Estação Telegraphica”, que ficava a Rua Coronal Manoel Gonçalves Valle e era comandada pelo habilidoso telegrafista era José Antunes Torres.

Outra forma de comunicação era a Agência dos Correios e Telégrafos, na Praça da Liberdade e era comandada Belmira Benigna Valle, a única mulher listada em todos estes serviços públicos e privados da cidade naqueles tempos.

Cidade calma, pacata e tranquila, é de se perguntar o que o caicoense fazia a noite.

A edição de 16 de julho de 1926 de “O Seridoense” aponta uma situação positiva e interessante. A biblioteca Olegário Valle, situada na Associação Educadora Caicoense, localizada na Praça do Rosário, estava aberta todas as noites, de 18 às 21 horas, com vasta quantidade de livros para aqueles que desejassem aprender algo mais.

Na listagem surge um interessante personagem, muito pouco abordado nas páginas dos jornais caicoenses da época. Os negros no Seridó são mais lembrados pelas suas comunidades afastadas e suas danças, tendo pouca representatividade na história da elite caicoense. Mas José Eselino era um negro que havia conseguido extrema respeitabilidade na Terra de Santana com um atelier de fotografias, que inclusive ilustram este artigo. Seu trabalho, que teria produzido mais de 10.000 fotos, é verdadeiramente excepcional e a ele se deve grande parte do conhecimento iconográfico desta cidade e de sua região.

Certamente havia bares, cafés e, obviamente, os ambientes voltados para o sexo pago. Estes locais “semi-públicos” eram de conhecimento geral, onde todo mundo sabia a sua finalidade, onde estavam localizados, quem trabalhava neles e quem frequentava. Salvo engano, um deles era chamado de “Cabaré de Pedro Casé”.

Mas isso não se publicava nos jornais locais.

E o Governo Para Cobrar

Por fim não podia deixar de faltar o governo.

O Federal era representado pela “Colectoria Federal”, a atual Receita Federal. Ficava localizada na Rua Ferreira Chaves, sendo o coletor Manoel Etelvino de Medeiros.

No jornal, a mais importante repartição pública do Estado era Mesa de Rendas, cujo titular era Jerônimo Xavier de Miranda.

Já que falamos de governo, o “Presidente da Intendência”, como era antigamente conhecido o cargo de prefeito das cidades brasileiras, era o Coronel Joel Damasceno e a tesouraria da Intendência de Caicó estava nas mãos do Sr. Tasso Dantas.

Centro de Caicó, década de 20 do século passado. Foto – José Eselino

Interessante notar que nessa época o governo, pelo menos até onde o informativo mostra, se fazia mais presente em Caicó para cobrar impostos.

Não podemos esquecer que a região ainda possuía uma grande produção algodoeira e evidentemente que estes produtos não poderiam sair da região sem pagar a parte que cabia ao governo.

Estes são alguns dados do dia a dia da principal cidade do Seridó Potiguar a oitenta e cinco anos atrás.




sábado, 23 de janeiro de 2021

 


 


 


15 escritoras e escritores negros que deveriam ser estudados nas escola





    Escritores Negros

    “O modelo cívico brasileiro é herdado da escravidão, tanto o modelo cívico cultural como o modelo cívico político. A escravidão marcou o território, marcou os espíritos e marca ainda hoje as relações sociais deste país. Mas é também um modelo cívico subordinado à economia, uma das desgraças deste país”
    – Milton Santos, em “As cidadanias mutiladas”. In______. O preconceito (vários autores). São Paulo. IMESP, 1996-1997, p. 135.

    Uma pequena relação de autores negros conhecidos e ou pouco conhecidos do nosso imenso Brasil. É evidente que tem muito mais, são inúmeros que igualmente merecem nossa atenção e espaço. Os autores desta lista, são: Abdias Nascimento, Adão Ventura, Auta de Souza, Carlos Machado, Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Cruz e Sousa, Elisa Lucinda, Machado de Assis, Maria Firmina dos Reis, Milton Santos, Miriam Alves, Nina Rizzi, Solano Trindade e Paulo ColinaEm cada breve apresentação existe um link que leva para uma biografia e bibliografia completa de cada autor. Boa leitura!

    Abdias Nascimento – escritor

    ABDIAS DO NASCIMENTO
    Abdias Nascimento (artista plástico, escritor, teatrólogo, político e poeta) – Franca – SP, 14 de março de 1914 – Rio de Janeiro – RJ, 23 de maio de 2011 – nasceu em uma família negra e pobre da cidade de Franca, interior do Estado de São Paulo. A sua mãe se chamava Georgina, conhecida como dona Josina, e o pai se chamava José. Ambos eram católicos e tinham sete filhos. A avó materna de Abdias, dona Ismênia, havia sido escrava, e apesar do neto ter nascido no contexto pós-abolição, o racismo e as relações sociais que marcaram o Brasil na época dela ainda vigoravam com bastante força.
    Da infância vivida em Franca, Abdias absorveu os saberes dos afrodescendentes mais velhos, que eram repassados através da oralidade, em rodas de conversa. Aos nove anos, o garoto já trabalhava entregando leite e carne nas casas dos moradores mais ricos da cidade e assim ajudava a família financeiramente. Com o pouco que conseguia guardar para si, comprou orgulhoso o seu primeiro par de sapatos.
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    Adão Ventura – poeta

    ADÃO VENTURA
    Adão Ventura Ferreira Reis, poeta e prosador conhecido por Adão Ventura, nasceu em 5 de julho de 1946 em Santo Antônio do Itambé, então distrito do Serro (MG), em 1946. Filho de Sebastiana de José Teodoro e de José Ferreira dos Reis, e neto de escravos, Adão Ventura viveu em péssimas condições, tendo mudado para Belo Horizonte, em busca de vida melhor, e conseguido se graduar em direito, pela Universidade Federal de Minas Gerais.
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    Auta de Souza – poeta

    AUTA DE SOUZA
    Auta Henriqueta de Souza nasceu em Macaíba, em 12 de setembro de 1876, filha de Elói Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina Rodrigues e irmã dos políticos norte-rio-grandenses Elói de Sousa e Henrique Castriciano. Ficou órfã aos três anos, com a morte de sua mãe por tuberculose, e no ano seguinte perdeu também o pai, pela mesma doença. Sua mãe morreu aos 27 anos e seu pai aos 38 anos. Durante a infância, foi criada por sua avó materna, Silvina Maria da Conceição de Paula Rodrigues, conhecida como Dindinha, em uma chácara no Recife, onde foi alfabetizada por professores particulares. Sua avó, embora analfabeta, conseguiu proporcionar boa educação aos netos.
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    Carlos Machado – poeta

    CARLOS MACHADO
    Carlos Machado, nasceu em 1951, em Muritiba (BA). Jornalista, reside em São Paulo desde 1980. Cursou engenharia mecânica na UFBA e, em São Paulo, fez jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. Edita na internet o boletim quinzenal poesia.net. Tem poemas publicados em revistas e jornais literários. Como jornalista especializado em informática, é também autor de livros técnicos publicados pela Editora Campus (RJ).
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    Carolina Maria de Jesus – escritora

    CAROLINA MARIA DE JESUS
    Carolina Maria de Jesus, moradora da antiga favela do Canindé, em São Paulo, é conhecida por relatos em seu diário, que registravam o cotidiano miserável de uma mulher negra, pobre, mãe, escritora e favelada. Foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, encarregado certa vez de escrever uma matéria sobre uma favela que vinha se expandindo próxima à beira do Rio Tietê, no bairro do Canindé; em meio a todo rebuliço da favela, Dantas conheceu Carolina e percebeu que ela tinha muito a dizer. Seu principal livro é Quarto de despejo (1960), no qual há relatos de seu diário. Também publicou Casa de Alvenaria (1961); Pedaços de fome (1963); Provérbios (1963); postumamente foram publicados Diário de Bitita (1982); Meu estranho diário (1996); entre outros.
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    Conceição Evaristo – escritora

    CONCEIÇÃO EVARISTO
    A escritora brasileira Conceição Evaristo foi criada em uma favela da zona sul de Belo Horizonte. Em sua vida teve de conciliar os estudos com a vida de empregada doméstica, formando-se somente aos 25 anos. No Rio de Janeiro, passou em um concurso público para o magistério e estudou Letras (UFRJ). É mestra em Literatura Brasileira (PUC-RJ) e doutora em Literatura Comparada (UFF). Atualmente, leciona na UFMG como professora visitante. Estreou na literatura em 1990, com obras publicadas na antologia Cadernos Negros. Suas obras abordam tanto a questão da discriminação racial quanto as questões de gênero e de classe. Publicou o romance Ponciá Vicêncio (2003), traduzido para o inglês e publicado nos Estados Unidos em 2007; Poemas da recordação e outros movimentos (2008) e Insubmissas lágrimas de mulheres (2011).
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    Cruz e Sousa – poeta

    CRUZ E SOUSA
    João da Cruz e Sousa, também conhecido como Dante Negro ou Cisne Negro, foi o único poeta de pura raça negra, não tinha nada de mestiço, segundo Antonio Candido (grande estudioso da literatura brasileira e sociólogo). Era filho de escravos alforriados, mas recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o marechal Guilherme Xavier de Sousa – de quem adotou o nome de família, Sousa. Aprendeu línguas como francês, latim e grego. Além disso, aprendeu Matemática e Ciências Naturais. Seus poemas simbolistas são marcados pela musicalidade, pelo individualismo, pelo espiritualismo e pela obsessão pela cor branca. Publicou os livros Broquéis (1893); Missal (1893) Tropos e Fantasias (1885), com Virgílio Várzea; postumamente foram publicados Últimos Sonetos (1905); Evocações (1898); Faróis (1900); Outras evocações (1961); O livro Derradeiro (1961) e Dispersos (1961).
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    Elisa Lucinda – foto: Acervo Lucinda

    ELISA LUCINDA
    Elisa Lucinda dos Campos Gomes é uma poeta brasileira, jornalista, cantora e atriz brasileira. É muito conhecida por suas atuações em novelas da Rede Globo, pelo prêmio que recebeu pelo filme A Última Estação (2012), de Marcio Curi, e pelos seus inúmeros espetáculos e recitais em empresas, teatros e escolas de todo o Brasil. Publicou inúmeros livros, dentre eles A Lua que menstrua (1992); O Semelhante (1995); Eu te amo e suas estreias (1999); A Fúria da Beleza (2006); A Poesia do encontro (2008), com Rubem Alves; Fernando Pessoa, o Cavaleiro de Nada (2014).
    “A nossa única revolução é educacional. Essa é que vai mudar tudo”
    – Elisa Lucinda
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    Machado de Assis – escritor

    MACHADO DE ASSIS
    Joaquim Maria Machado de Assis quase dispensa apresentações, pois é considerado o maior nome da literatura brasileira. Além de seus tão conhecidos romances, publicou contos, poemas, peças de teatro e foi pioneiro como cronista. Publicou em inúmeros jornais e foi o fundador da Academia Brasileira de Letras, juntamente com escritor José Veríssimo. Machado de Assis foi eleito presidente da instituição, ocupando este cargo até sua morte. Escreveu mais de 50 obras, mas está para sempre imortalizado por causa das obras Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro, (1899) e O Alienista (1882).
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    Maria Firmina dos Reis – escritora

    MARIA FIRMINA DOS REIS
    A escritora Maria Firmina dos Reis, nascida em São Luís – MA, rompeu barreiras no país e na literatura brasileira. Aos 22 anos, no Maranhão, foi aprovada em um concurso público para a Cadeira de Instrução Primária e, por isso, foi a primeira professora concursada do estado. Seu romance Úrsula (1859) foi o primeiro romance abolicionista brasileiro e, além disso, o primeiro escrito por uma mulher negra no Brasil. No auge da campanha abolicionista, publicou A Escrava (1887), o que reforçou a sua postura antiescravista. Publicou ainda o romance Gupeva(1861); poemas em Parnaso maranhense (1861) e Cantos à beira-mar (1871). Além disso, publicou poemas em alguns jornais e fez algumas composições musicais. Quando se aposentou, em 1880, fundou uma escola mista e gratuita.
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    Milton Santos – geografo e escritor

    MILTON SANTOS
    Milton Santos foi um geógrafo brasileiro, considerado por muitos como o maior pensador da história da Geografia no Brasil e um dos maiores do mundo. Destacou-se por escrever e abordar sobre inúmeros temas, como a epistemologia da Geografia, a globalização, o espaço urbano, entre outros…
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    Miriam Alves – poeta

    MIRIAM ALVES
    Miriam Alves poeta, dramaturga e prosadora, nascida em São Paulo, em 1952. Publicou os livros de poemas ‘Momentos de busca’ (1983), ‘Estrelas nos dedos’ (1985), a peça ‘Terramara’ (1988), em coautoria com Arnaldo Xavier e Cuti, o livro de ensaios ‘Brasilafro autorrevelado’ (2010), a coletânea de contos ‘Mulher Mat(r)iz’ (2011) e o romance ‘Bará na trilha do vento’ (2015). Integrou o movimento Quilombhoje Literatura de 1980 a 1989, e foi escritora visitante na Universidade do Novo México, na Escola de Português de Middelbury College em 2010, nos Estados Unidos, e participou de debates sobre a literatura afrobrasileira e feminina nas Universidades do Texas, na Universidade do Tennessee e na Universidade de Illinois.
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    Nina Rizzi – poeta

    NINA RIZZI
    Nina Rizzi (Campinas SP, 1983), historiadora, tradutora e poeta, vive atualmente em Fortaleza CE (Brasil). Tem poemas, textos e traduções publicados em diversas revistas, jornais, suplementos e antologias. Autora de tambores pra n’zinga (poesia, Orpheu/ Ed. Multifoco, 2012), caderno-goiabada (prosa ensaística, Edições Ellenismos, 2013), Susana Thénon: Habitante do Nada (tradução, Edições Ellenismos, 2013), A Duração do Deserto (poesia, Ed. Patuá, 2014)
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    Solano Trindade – foto: Acervo família Trindade

    SOLANO TRINDADE
    Francisco Solano Trindade (poeta, ativista político e artista múltiplo), nasceu em Recife, PE, em 24 de julho de 1908. Filho da quituteira Emerenciana e do sapateiro Manoel Abílio, viveu em um lar católico, apesar de seu pai incorporar entidades às escondidas.

    “A minha poesia continuará com o estilo do nosso populário, buscando no negro o ritmo, no povo em geral as reivindicações sociais e políticas e nas mulheres, em particular, o amor. Deixem-me amar a tudo e a todos” – Solano Trindade
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    Paulo Colina – poeta

    PAULO COLINA
    Paulo Colina poeta, prosador e ensaísta, nascido Paulo Eduardo de Oliveira em Colina, estado de São Paulo, a 9 de março de 1950. Membro da geração fundadora dos Cadernos Negros e do coletivo Quilombhoje, estreou com o volume de contos Fogo cruzado (1980), ao qual se seguiram as coletâneas de poemas Plano de voo (1984), A noite não pede licença (1987) e Todo o fogo da luta (1989).
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    Salgado Maranhão - foto Ricardo Prado

    SALGADO MARANHÃO
    Salgado Maranhão (José Salgado Santos) – poeta, compositor e jornalista. Nasceu no povoado de Cana Brava das Moças, na cidade de Caxias – Maranhão, em 13 de novembro de 1953, filho de Moacyr dos Santos Costa e Raimunda Salgado dos Santos. Ainda adolescente, mudou-se com os irmãos e a mãe para Teresina. Escreveu artigos para um jornal local e conheceu Torquato Neto, que o incentivou a ir para o Rio de Janeiro, o que fez no ano de 1972. Estudou Comunicação na Pontifícia Universidade Católica (PUC). Terapeuta corporal, foi professor de tai chi chuan e mestre em shiatsu. Inicialmente, teve seu nome vinculado em publicações como “Ebulição da escrivatura -Treze poetas impossíveis” (Ed. Civilização Brasileira, 1978, RJ), coletânea que reuniu diversos poetas, como Sergio Natureza (assinando Sérgio Varela), Antônio Carlos Miguel (sob o pseudônimo de Antônio Caos), Éle Semog, Mário Atayde, Tetê Catalão, entre outros.
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