sábado, 31 de agosto de 2024

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

 "Quero apenas cinco coisas

A primeira é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são seus olhos
Não quero dormir sem teus olhos
Não quero ser... sem que me olhes
Abro mão da primavera para que continues me olhando."
— Pablo Neruda
🎨 Daniel F. Gerhartz




 Fotografia do centro histórico do Assu, por Jean Lopes.


 


 "Talvez eu seja

O sonho de mim mesma.
Criatura-ninguém
Espelhismo de outra
Tão em sigilo e extrema
Tão sem medida
Densa e clandestina
Que a bem da vida
A carne se fez sombra.
Talvez eu seja tu mesmo
Tua soberba e afronta.
E o retrato
De muitas inalcançáveis
Coisas mortas.
Talvez não seja.
E ínfima, tangente
Aspire indefinida
Um infinito de sonhos
E de vidas."
— Hilda Hilst
🎨 Damian Lechoszest




segunda-feira, 19 de agosto de 2024





Os escombros que veremos na fotografia abaixo eram da igreja do Rosário, onde hoje está assentado a praça do Rosario construída com recursos da prefeitura e em cooperação com o povo na administração de Edgard Montenegro. Conta-se que ali, a informação é verdadeira porque custumava os mais antigos enterrar seus mortos nas proximidades de igrejas (nos lugares onde não existia cemitérios). Vejamos também o sobrado que fora demolido ou reformado para funcionar a prefeitura Municipal. Ali, funcionou também a Cadeira Pública, que começara a ser construída em 1810, afirma Koster, o viajante, em seu livro Travels in Brazil / Viagem ao Nordeste do Brasil, na tradução, quando visitara o Assu, de passagem para o Ceará.
Fernando Caldas 



sábado, 10 de agosto de 2024

EM LÁGRIMAS

Tarda demais. Em lágrimas prospero.

E por que não me chega o seu consolo,
Sou lágrima, sou dor, sou desconsolo.
E' unúltel que tento, é em vão que espero.
Olho o caminho, o meu cuidado altero.
Escuto aflito si ela vem... Descolo
A crença boa de encontrá-la... e rolo
Tento esperá-la e espero e desespero.

João Lins Caldas
Assu, 1909

 


A vida é necessariamente celeste. E por ser necessariamente celeste, necessariamente imortal. Daí o alvo contínuo na marcha que se nos faz para Deus. – O homem tem a seu alvo uma plenitude imortal.

Caldas, pensador potiguar de Assu



sexta-feira, 9 de agosto de 2024


DE JOELHOS

Na areia brilhante nos dias de calma
Chegaste. A minha tentação. De joelhos
Me sinto a morder os lábios teus vermelhos...
Caio... E’ a febre... E tu morres e eu morro
Transfigurado a ti pedir socorro...
Vem... chega mais perto... o braço estende
Entre o teu, o meu corpo aperta e prende...
Flores à noite... a madrugada em flores...
E aqui meu coração e os teus ardores...
O silêncio vacila, a treva ordena.
Vamos!... a plateia é deserta... ao palco! Acena!
Afasta as rendas, do teu corpo afasta...
Esta roupa que odeio, esta camisa gasta...
Um trono a madrugada, a relva um ninho.
Deixa... eu aperto a tua mão no meu carinho...
Nua... a tua carne branca num arrepio
Me anuncia o calor a bendizer o frio
Soo... a tua carne cansa e o coração a vida
Um beijo... mas outro... a tua carne em brasa...
O meu instinto ao teu instinto casa.
.. .. .. .. .. .. .. .. ... .. .. .. .. .. .. .... .. .. .. 

João Lins Caldas


 

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

 A VIDA

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas
quando nunca pensei me decepcionar,
mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
Já dei risada quando não podia,
Já fiz amigos eternos
já amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado.
Já fui amado e não soube amar.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
mas "quebrei a cara"
muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só pra escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e...
...tive medo de perder alguém especial
(e acabei perdendo)! Mas sobrevivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida...
E você também não deveria passar.
Viva!!!
Bom mesmo é ir a luta com determinação,
abraçar a vida e viver com paixão,
perder com classe e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve,
e...
A VIDA É MUITO
para ser insignificante"
Charlie Chaplin

 


terça-feira, 6 de agosto de 2024

O bardo Américo Soares de Macedo era membro de uma família vocacionada para a poesia. Publicou em 1939, dois livros sob o título "Sombras" (sonetos) e "Motes e Glosas". Daquele último volume, está transcrito a décima (glosa), que diz asim:


Ante o prazer me detive,
Gosei a vida um momento,
Depois veio o desalento,
Assim vive, quem não vive.
De sofrer, não me contive,
Procurei então saber,
Se a gente deve morrer,
Por não achar neste mundo,
Um amor firme e profundo
Com quem deseja viver.

 


segunda-feira, 5 de agosto de 2024

  MEUS DIAS

Quero meus dias viver
Onde estão sempre a correr
Nessa rapidez eu morrendo
Qual eles tudo passa
Desfaçatez qual fumaça
Se evapora, eu vivendo
Numa louca vida em correria
Nada de paz nem calmaria
O tempo é louco e voraz
Entre fumaças e corres
Embriagado nesses porres
O hoje é palpitante demais
Os dias me são trens balas
Desarrumando as malas
Que sobraram nos vagões
Louco tempo, tempo louco
Ao longe ouço o pipoco
Descarrilhando ilusões
Intrépidos dias e ligeiros
Dos ventos são mensageiros
Num lumiar tão profundo
Nesses dias irei atado
Breve e abreviado
Do que plantei nesse mundo
Edivan Bezerra, poeta assuense

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...