"Café fiel às suas raízes
Roberto Brandão Furtado
Inegavelmente, Café foi o político mais importante do Rio Grande do Norte, no século XX.
Sem se formar em Direito, foi um dos mais brilhantes advogados criminalistas do Estado, aceitando muitas vezes as causas mais difíceis e de pessoas sem condições financeiras de contratar defensor. Defendia por solidariedade humana.
Iniciou-se nas lides forenses, com dezessete ou dezoito anos, aceitando a causa de um homicida, absolutamente miserável, cuja defesa fora recusada por inúmeros advogados. O réu, um homem triste, de vestimenta rota e suja, já sentado no banco dos réus, cercado pela mulher que amamentava no peito o filho mais novo e tendo ao seu redor mais dois filhos menores.
Como não podia negar a autoria do crime ou mesmo alegar legitima defesa, dirigiu-se ao sentimento dos jurados, mostrando que a condenação do réu seria um mal maior – pelo completo abandono em que ficaria sua família do que o mal praticado por ele ferindo mortalmente, com uma faca, o seu desafeto. Conseguiu uma inesperada absolvição. Este, como tantos outros casos, ficou na história da justiça criminal do Estado.
Seu espírito irrequieto levou-o a vários outros confrontos com a polícia, sempre na defesa das reinvindicações das classes menos privilegiadas. É o próprio Café quem nos conta: “de tanto advogar as causas dos pobres aderi ao drama deles e tomei a frente de suas reivindicações, nos sindicatos e nas ruas, e nasci assim politicamente nas Rocas, cercado pela polícia numa colônia de pescadores (Do Sindicato ao Catete, 1966, pag.35) ”.
Os pescadores lutavam por direitos e suas reinvindicações se transformaram em tumulto, quando a Capitania dos Portos solicitou a ação policial que cercou os 45 homens reunidos na colônia de pescadores, entre os quais Café Filho, o seu advogado, todos sob ameaça de prisão.
Ficaram sitiados até que, vencidos pela fome e pela sede, deixaram a Colônia em fila, com Café à frente, seguido pelos quarenta e quatro pescadores, dirigindo-se para a Delegacia do bairro da Ribeira, o que ocorreu sob o cerco dos policiais e, já nesta altura, com o acompanhamento de uma multidão das Rocas, em manifestação de solidariedade.
Dos entendimentos com o Chefe de Policia, comandados por Café, resultou a liberação de todos, sendo Café o último a sair.
Assim, com esses gestos de solidariedade e demonstração de coragem cívica, Café conquistou a confiança de Natal e do Rio Grande do Norte.
Apesar da forma populista de fazer política, não se podia imaginar que aquele homem simples e humilde, filho político das Rocas, como ele próprio se denominava, viesse no futuro a galgar, pelo voto direto do povo brasileiro, a vice-Presidência da República, e, em conseqüência, tivesse que assumir a Presidência em decorrência do suicídio do Presidente Getúlio Vargas.
Quanto a isto, Café, no livro citado, relata uma premonição que lhe ocorreu e que só foi contada após a confirmação factual do vaticínio, com receio de ser levado ao ridículo, que foi a de que chegaria à Presidência da República.
Segundo ele, aos quatro ou cinco anos de idade, estando no sitio de seu avô em Ceará Mirim, pressentiu alguma coisa que lhe dizia vir ele a ser Presidente. E esse pressentimento o perseguiu a vida toda, Conta ele ainda que, quando vice-Presidente, tornou ao citado sítio e ali voltou ao lugar onde sentira a predição: o cajueiro plantado por seu avô. Mas na verdade nada aconteceu.
Quando foi presidente do sindicato, pensou que era aquela voz que se cumpria mas intuía que não era aquilo somente.
Folheando o exemplar que ele dedicou a meu pai e minha mãe, eu encontrei uma anotação de meu pai na margem onde Café fala da premonição, dizendo: “Acompanhei, com Eider Varela, Café nessa incursão ao Guajiru”. Tenho o testemunho de Roberto Varela que também estava presente, pois papai teria feito essa anotação que ele esteve lá, e foi uma coisa interessante por que ele guardou aquilo a vida toda, e, quando eu abri o livro estava escrito isso. Agora eu queria ler para vocês o que ele escreveu para meus pais: “Para João Maria Furtado e Jacyra, amigos leais das horas certas e incertas, testemunhas vivas da minha vida política, como reconhecimento pela solidariedade que sempre me emprestaram. Rio de Janeiro, 15/02/1966. João Café Filho”.
Apesar de alguns dizerem que Café, depois de Vice e de Presidente, mudou a sua maneira de ser e as suas posições políticas, entendo, pelo que me foi dado a conhecer de sua vida, de sua história, que Café, ao contrário desse enunciado, se caracterizou, exatamente, pela fidelidade às raízes, pela demonstração de solidariedade aos sus amigos, pelo reconhecimento aos que de qualquer forma, o ajudaram, pelo espírito contestador, estando sempre na oposição. Dessa última somente se afastou, como não podia deixar de ser, quando foi chefe de Policia e depois Vice-Presidente da República.
Tendo sido um dos líderes da revolução de 1930 no Estado, quando esta se tornou vitoriosa, Café sentiu-se escanteado, pela escolha, pelas forças da Revolução, do Desembargador Silvino Bezerra Neto, irmão de José Augusto, para Governador, Não aceitando a indicação, Café fez uma mobilização popular de forma que chegaram a um entendimento: formou-se uma Junta Governativa Militar, Café foi nomeado Chefe de Polícia e articulou com comícios e passeatas o nome de Irineu Jofilly para o governo, o que afinal se concretizou. Café continuou Chefe de Polícia com o inusitado apoio popular.
Ele próprio diz: “O líder das greves, que desafiara a polícia, era o chefe de polícia e no comando da ordem - situação nova volvendo o olhar revia como no período da desordem, o povo caminhando confiante a seu lado” (1966:70); quer dizer ele dizendo que o povo o acompanhava de qualquer maneira. Uma demonstração do desprendimento de Café é que dizia que não tinha vocação política. O primeiro ato de Café, como chefe da polícia, foi libertar todos os presos políticos.
Em virtude de sua atividades à frente de, praticamente, todas as greves - estivadores, pescadores, portuários - Café se viu na contingência de fugir do Estado, depois do cerco policial ao quarteirão onde se situava sua casa e o Jornal do Norte, que dirigia. Foi parar em Bezerros, Pernambuco, onde, por influência do Capitão José Alvim, Delegado de polícia local, conseguiu a nomeação para o cargo de secretário da Prefeitura.
Em 1952, trinta anos depois desses fatos, Café, Vice-Presidente da República, pôde retribuir ao Capitão Alvin o favor recebido, conseguindo, a pedido daquele militar, o emprego de contínuo dos correios de Surubim, para um seu filho. Falado sobre o episódio, diz Café: “As pequenas alegrias também justificam o exercício dos altos cargos” (1966:47).
Em junho de 1932, Café, que já exercera o cargo, é nomeado Chefe de Polícia, cria a guarda Civil e nomeia para o seu comando o cidadão Agripino de Souza. Trinta anos depois, este cidadão procura Café - vice-presidente -, que assim se refere ao encontro: ” Alguns nem gostavam de esperar e nem compreendiam que eu não estivesse livre, no momento, para receber e abraçar. Assim aconteceu, uma tarde, com Agripino de Sousa, companheiro dos mais fiéis e denodados, em minhas lutas políticas do Rio Grande do Norte e meu colaborador, em 1932, na Chefia de Polícia, quando lhe confiei a direção da Guarda Civil, em Natal, criada durante a minha gestão. Deixava o Senado as pressas, pois estava atrasado, a fim de comparecer a um ato diplomático em uma Embaixada estrangeira. Fiz-lhe um sinal, de dentro do automóvel para que me esperasse, dizendo-lhe que conversaria com ele na volta. Agastado, Agripino de Souza, não me esperou. E nunca mais me procurou. Morreu sem que nos tivéssemos encontrado de novo” (1966:279).
Abordando esse caso, na introdução ao citado livro de Café, Munhoz da Rocha professou: “Todos os políticos militantes tem seu Agripino de Souza, esfumaçado no cenário de antigas jornadas, um velho companheiro que ajudou e ajudou muito, não apareceu mais ou apareceu raramente, não pediu, não pleiteou, escondeu-se modesta e humildemente no meio de muitos, e sem despedir-se, desapareceu para sempre”.
Nenhum exemplo de seu desprendimento foi mais eloqüente do que a decisão de não ser candidato a Constituinte de 1934, indicando em seu lugar Keginaldo Cavalcanti, que na época morava no Ceará, elegendo-o com facilidade.
Em 1953, Café foi candidato à Câmara Federal, por imposição dos seus correligionários e é ele próprio que comenta a sua eleição: “Assim cheguei à política, através da revolta e da revolução, levado a ela pelas circunstâncias, movido por um sentimento de justiça e de solidariedade humana” (1966:78).
De outra feita, depois de deixar a Presidência da República, recusou-se a disputar vaga na Câmara dos Deputados: “Devo registrar que após cumprir as várias etapas, não teria conseguido sair da política se a ela me prendesse uma verdadeira, específica, insubstituível e absorvente vocação. Não contesto que, no decorrer dos anos, por força de praticá-la, adquiri o hábito da política, e precisei lutar contra esse hábito, inclusive aconselhando pelos médicos, até perto das eleições de 1958, as reservas físicas de antes, não quis estabelecer contraste comigo mesmo (1966:79)... Mas há outro fator - determinante e decisivo para as consciências honestas - que é o de se dar alguém conta que já não pode transmitir, com a mesma convicção a mesma mensagem” (1966:145).
Café Filho, quando vice, e depois como Presidente da República, estabeleceu as “Audiências Públicas”, atendendo a todos os que o procuravam e ouvindo as suas reinvindicações. Com isso se manteve, apesar da aparente distância existente entre os cargos exercidos e o povo, em permanente contato com os mais variados problemas da comunidade.
Dentro deste sentido, de ter contato direto com os problemas do povo, quando parlamentar, dotou o sistema de “Comandos Parlamentares”, indo pessoalmente, juntamente com outros deputados, aos vários órgãos do Governo e ai se inteirando do funcionamento de cada um, no que dizia respeito ao atendimento aos cidadãos.
Fazendo uma apreciação sobre a vida pública de Café, seu caminho, dos sindicatos até o mais alto posto da República, Munhoz da Rocha assevera: “As Rocas o fariam advogado dos pobres e dos humildes a começar pelos estivadores e o imunizariam contra a perda de contato humano com todas as situações..... Café caiu porque eliminou do seu Governo o favoritismo, a parcialidade e toda a trama de múltiplas e recíprocas compensações que enfraquecem a autoridade, mas a mantém embora enfraquecida. Caiu porque não transgrediu, não se agachou para continuar politicamente.”
Munhoz ainda cita uma frase de Otávio Mangabeira: “Café subiu por seus defeitos e caiu por suas virtudes” e analisa: “ se não fosse tão-somente uma frase, teria demonstrado desconhecimento da justificação de um estilo vivido por Café, preso às suas origens e condicionado à realidade humana que permitiu seu arranco político”.
Prossegue Munhoz da Rocha no prefácio do livro “Do Sindicato ao Catete”, na sua exuberante introdução que trata da vida de Café: “As Rocas significam a pobreza, mas também a solidariedade que a acompanha, como uma sombra; significam o pequeno aparando e assistindo ao pequeno, o pequeno precisando de amparo e obtendo-o de outros pequenos; significam o pobre angustiado socorrido pelo próximo, também pobre, mas que sabe ajudar e encontrar reservas para fazê-lo; significam todos pó um e um pó todos, ao contrário dos ricos, em cujo meio o egoísmo e a desajuda recíproca definem a vida. Esse ambiente marcou a Café de modo indelével e Café lhe conservou fidelidade”.
João Maria Furtado em seu livro de memórias, “Vertentes” (67), depois de relatar o seu primeiro encontro com Café, numa sessão de júri popular, onde o autor foi acusador e o futuro presidente defensor, quando este convidou João Maria para fazer parte do seu escritório de advogado, dá um testemunho da amizade que daí surgiu: “Nossa aproximação se estreitou sempre, daí por diante ininterruptamente, no alto das posições que assumiu ou nos dias de privações e ostracismo a que chegou. Nada a perturbou, e crescendo sempre, veio a se tornar definitiva quando ele entra para a política e das posições de tanto relevo ocupadas voltou à planície. A afinidade de sentimentos e de pensamentos, as recordações e lembranças da luta comum, embora em setores diferentes, pelo aperfeiçoamento de nossos costumes políticos, nos uniram na comunhão dos mesmos ideais de combatentes contra as velhas formas de governar e dirigir o Brasil, sem que qualquer interesse material influísse em nossas relações de amizade”.
Sempre que ele vinha a Natal ia na nossa casa. Vou contar um fato que aconteceu na minha família, dentro da minha casa. Jantava normalmente com mamãe, pedindo as comidas da terra, quando não chegava de surpresa. Um belo dia ele chegou de surpresa, já estava a mesa posta; ele foi chegando, era vice-Presidente, só tinha uma pessoa com ele, entrou e veio almoçar, mamãe correu aperreada, pediu para ele demorar um pouquinho para ver se ela aumentava a água do feijão, e por coincidência tinha uma toalha na mesa que tinha um furo, um buraco na toalha, coisa diária, então mamãe pegou um prato botou em cima daquele buraco e eu tenho uma prima e filha de criação que chegava de instante em instante, pegava o prato e puxava. Lá para tantas, Café falou: “Jacira eu já vi o buraco na toalha não se incomode mais não”.
Na verdade, a fidelidade às suas origens é uma das qualidades mais marcantes da personalidade de Café Filho. Não pode ser, se não movido por este sentimento de coerência política, que um ex-Presidnete da República faz esta confissão: “Permaneciam em minha lembrança e quantas vezes - sobretudo na Presidência da República - ansiava por rever, reencontrar e abraçar esses companheiros dispersos, reclamando, no íntimo, o seu convívio e o seu diálogo. Uns se haviam associado a mim na juventude, em minhas lutas pela sindicalização dos trabalhadores do Rio Grande do Norte; outros, das minhas conspirações e das minhas campanhas políticas, guardando muitos, nos corpos, as cicatrizes das refregas violentas; ainda outros eram meus antigos correligionários das primeiras organizações partidárias que estabelecera contra o poderio das oligarquias em meu Estado; e haviam os que estiveram ao meu lado quando fui Chefe da Polícia, em Natal; os que conheci e privei com eles em meu primeiro mandato de Deputado; os que comigo sofreram juntos o ostracismo e o exílio; os que se reuniram sob o meu comando pela restauração democrática de 1945 e me levaram à Assembléia Nacional Constituinte; os colegas de jornal no interior nordestino; os estrategistas e os hospedeiros do meu tempo de conspirações e evasões da polícia, antes de 1930; aqueles de quem defendi as causas e os que me levaram subsídios ao combate parlamentar em meu segundo mandado de Deputado; e inclusive alguns que mais recentemente, tendo estado comigo quando eu era vice-Presidente, desapareceram na minha fase de Presidente da República” (1966:276).
Os fatos aqui citados, os depoimentos transcritos, mostram que Café Filho foi um homem coerente em suas atitudes, um político fiel às suas origens.
De agitador nas ruas de Natal à sobriedade do Presidente, Café foi um homem só: coerente e firme, sem tergiversação.
Foi a maior expressão política do Estado no século XX."
Breve roteiro cronológico de Café Filho
Laelio Ferreira de Melo
1) CAFÉ FILHO nasceu em Natal, na antiga rua do Triunfo, hoje Quinze de Novembro, na Ribeira, em 1899;
2) O pai, João Fernandes Café, era funcionário público modesto, herdeiro empobrecido. Seus avós, do Ceará-Mirim, tinham sido donos de engenhos e terras;
3) Teve infância “canguleira” nas campinas da Ribeira de então, pequena e bucólica. Estudou na primeira escola evangélica do Estado (o pai era batista), depois foi para o Atheneu;
4) Freqüentando às sessões dos júris na Capital, entusiasmou-se pela advocacia. Foi para o Recife, trabalhar no comércio para se manter e estudar Direito. Com dificuldades financeiras, voltou a Natal sem o canudo de Bacharel, apenas com um diploma de eletrotécnico;
5) Por concurso público, recebeu no Tribunal de Justiça, a provisão de Advogado (Rábula). Orador brilhante, estrategista lúcido, cheio de astúcias, conhecedor da legislação, fez-se defensor das camadas mais humildes da população (estivadores, trabalhadores rurais, pescadores, gente pobre, carente), granjeando largo prestígio e acumulando o ressentimento das classes mais abastadas da República Velha, no Estado;
6) Fez-se Jornalista e político de oposição combativo, fundando jornais, defendendo os interesses dos sindicatos, recém criados no RN. Foi duas vezes candidato a Vereador, sem êxito, na década de 20;
7) Organizador de passeatas e manifestações, foi preso diversas vezes, a residência cercada pela Polícia, chegando a cumprir pena de detenção, inclusive. Até 1930 quando caiu a República Velha –, sempre perseguido, várias vezes ausentou-se do RN, trabalhando como Jornalista em Pernambuco, na Bahia, no Rio de Janeiro, na Paraíba;
8) Já conhecido nacionalmente, na Revolução de 1930, vindo do Estado vizinho, comandou a primeira coluna dos revoltosos a entrar em Natal, ordeiramente. Seu maior desafeto político, o Governador Juvenal Lamartine, derrotado, exilou-se na Europa;
9) Participante ativo de todos os episódios políticos e administrativos do seu Estado e do País, o admirável tribuno elege-se Deputado Federal Constituinte em 1934,deixando a Câmara pouco antes do golpe do Estado Novo, em 1937.
10) Retorna deputado à Assembléia Nacional Constituinte de 1946. Mais tarde, em 1950, elege-se Vice-Presidente da República;
11) Antes de chegar à Vice-Presidência, político hábil que era, lembrado para governar o Estado, preferiu apoiar a candidatura de Dix-Sept-Rosado Maia. Iria, fatalmente, voar mais alto;
12) Assumindo a Chefia da Nação no dia fatídico, trágico e comovente da morte de Vargas, governou um ano e dois meses atropelado por conspirações e ameaças de golpe vindas das casernas e da pena brilhante, ferina e iconoclasta de Carlos Lacerda Frederico Werneck de Lacerda, que, anos depois, num gesto nobre, amparou o potiguar ilustre;
13) Não terminou o mandato. Vítima de um dos cinco enfartes que teve durante a existência atribulada, afastou-se da presidência em três de novembro de 1955, substituindo-o o Presidente da Câmara, Deputado Carlos Luz;
14) Restabelecido, tentou reassumir o governo mas o seu impedimento, urdido nos bastidores da oposição, foi aprovado pelo Congresso Nacional(em 22 de novembro e em dezembro confirmada pelo Supremo Tribunal Federal);
15) Vice-Presidente, Café Filho assumiu o Governo em condições dramáticas e surpreendentes. Confessaria, depois, não se encontrar politicamente preparado, porque não tinha base parlamentar suficiente para as árduas e complexas responsabilidades. Surgiram as críticas;
16) Aqui, na nossa terra, durante e depois do seu curto período de governo, os próprios "cafeístas" correligionários fiéis das primeiras horas nas lutas dos sindicatos e no jornalismo de oposição -, muitos deles presos e humilhados nas cadeias do Estado Novo, taxados de subversivos na chamada "Intentona Comunista de 35", quase todos, afirmam muitos estudiosos, se decepcionaram com o Presidente conterrâneo. Restou um misto de alegria e decepção – dúvidas, críticas, controvérsias, até os nossos dias;
17) E aqui estamos nós, hoje, nesta reunião de estudiosos, contemporâneos, críticos e admiradores realizarmos o resgate da historia e do homem publico que foi Café Filho;
18) Contando a própria vida, nas memórias que deixou à posteridade de certa forma justificando-se pelos erros cometidos -, Café Filho transcendeu o terreno pessoal para se entrelaçar com a própria história do Estado e do País, nos seus momentos mais graves -tarefa que exigiu, além da imperiosa base de verdade, muita vivência, habilidade, inteligência e muita humildade, sobretudo;
19) Homem probo e pobre, homem raro que, recebendo inesperadamente, no último ato da tragédia de Getúlio Vargas, a alta investidura na Presidência da Nação, não deixou, que as grandezas do cargo lhe subissem à cabeça.
20) Neste “BOM-DIA CAFÉ” vamos todos relembrar a trajetória, a memória e a história do menino canguleiro da Ribeira antiga
FONTE: "BOM-DIA CAFÉ", Edição FAPERN, NATAL/2007
Postado por Laferre de Melo (lLaélio Ferreira de Melo)
[Do blog Mediocridade Pural]
Postado por Fernando Caldas