segunda-feira, 31 de maio de 2010

O "Cavaleiro" da Várzea do Açu

O encontro da professora aposentada da UFRN, Tereza Aranha, 79, com o conterrâneo Manoel Rodrigues de Melo (1907-1996) foi no início de 1940 quando, ainda menina-moça, foi apresentada ao livro escrito por ele ‘Várzea do Açu’, uma espécie de tratado em forma de crônicas sobre a paisagem e os costumes daquela região tida para muitos como o “paraíso perdido” do Rio Grande do Norte. Pouco tempo depois, em 1945, “Badéu” como era carinhosamente chamado pelos amigos, chega à casa dos pais de Tereza Aranha, trazendo consigo o folclorista e escritor, Luis da Câmara Cascudo, na ocasião da festa do Cinqüentenário da Capela de São João Batista, em Pendências. E o que já estava escrito no destino, tomou força na realidade daquela moça: a admiração que permanece até hoje, e sempre, e que levou Tereza Aranha a tornar-se uma incansável pesquisadora da obra de Manoel Rodrigues de Melo. Um homem de raízes camponesas, mas dono de riquezas incomensuráveis como inteligência, persistência e amor à sua terra-natal, levando-o a um dos mais altos cargos da cultura potiguar: a presidência, durante 21 anos da Academia Norte-rio-grandense de Letras.
Curioso é que inversamente proporcional à importância do valor da contribuição social, cultural e intelectual do imortal Manoel Rodrigues de Melo para o Rio Grande do Norte, é o conhecimento atual à sua obra. A reportagem pesquisou num conhecido site da internet o topônimo do autor e encontrou, literalmente, cinco linhas sobre ele. Para a pesquisadora, que chegou à chefia do Departamento de Serviço Social na UFRN, a correção dessa lacuna poderia ser feita com a adoção de livros do autor na rede básica de ensino: “Várzea do Açu (1940), Cavalo de Pau (1953) e Patriarcas e Carreiros (1985), deveriam ser leituras obrigatórias nas escolas porque fazem uma trilogia sobre o sertão potiguar e todo um estudo sobre o Ciclo do Gado”, justifica ela e continua: “Quem cria não morre. Suas duas grandes contribuições são, no campo literário, pelas obras e, materialmente pela construção da sede da ANL”. De acordo com o biógrafo Cláudio Galvão, que escreveu a Biobibliografia de Manoel Rodrigues de Melo (1926- 1995), e contou com o próprio auxiliando-o nessa tarefa, nos 100 anos que se completam em 2007 de seu nascimento, nada se perdeu em termos de valor histórico e cultural, e vai mais além, quando lembra do convívio que teve com ela e das lembranças que guarda: “Manoel Rodrigues de Melo deveria ser o modelo do intelectual no Estado, pela sua capacidade de estudo e pesquisa aprofundada nos temas que abordou, somados à enorme experiência de vida, aí incluídas pessoas, lugares e fatos. A sua grandeza não foi eclipsada pelo seu equilíbrio emocional, o que sempre o levou a atitudes simples e modestas. É, assim, exemplo difícil de ser imitado”.
De acordo com informações da biobibliografia, Manoel Rodrigues de Melo entrou na ANL para ocupar a cadeira de nº. 11, em 13 de abril de 1950 e tinha como patrono monsenhor Augusto Franklin. Antes mesmo daquele feito, Manoel Rodrigues de Melo já era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN), secretário de Folclore da Unesco, dentre outras instituições. Passando por vários cargos na Secretaria da ANL, o biógrafo Cláudio Galvão diz que a indicação para seu nome à presidência foi feita sem que ele soubesse, uma vez que pela “modéstia pessoal”, certamente não o teria permitido. Em 13 de janeiro de 1955, no salão nobre do IHGRN, posto que a Academia não tinha sede própria, o então presidente Paulo de Viveiros, levanta-se, expõe seu desejo de afastar-se do cargo e indica o nome de Manoel Rodrigues de Melo. “Ele teve um susto e quase se levanta da cadeira.
Tentou articular uma reação mas a expressão fisionômica de seus colegas logo lhe fez sentir que todos já sabiam de tudo, apenas ele não. O seu nome havia sido articulado e aceito por todos anteriormente; agora só lhe restavam dois caminhos: declinar da indicação, frustrando as expectativas de todos os companheiros ou aceitar o encargo e dedicar-se ao trabalho”, diz trecho da Biobibliografia.
Manoel Rodrigues de Melo aceitou. E, a partir disso, dava-se início a uma luta cujo reconhecimento emociona profundamente Tereza Aranha que, ao invés de falar, prefere mostrar um trecho da orelha assinada por Hélio Galvão, no único livro de ficção escrito por ele, o Terras de Camundá: “Tijolo a tijolo, dia por dia, ergueu sozinho o edifício da Academia de Letras. O pedreiro pode ter assentado o tijolo e colocado o prumo na parede que ia subindo: mas as mãos que construíram foram as dele. Pedia subvenções, escrevia a deputados e senadores, convocava autoridades. Do nada fez tudo. De quantos ali estão, só ele, ele sem ninguém, levantou o prédio, deu-lhe acabamento e mobiliou as alas. Fez tudo”. A conclusão das obras da sede própria foi em 1970, mas só em 1976, que se realizou a sessão solene de inauguração. E, naquele mesmo dia, 23 de janeiro, o presidente da ANL entregava o ca
“Um homem múltiplo”
Manoel Rodrigues de Melo era contador por ofício e pesquisador e escritor por vocação.
“Um homem múltiplo”, como classifica Tereza Aranha, que valorizava profundamente suas origens. Na plaquete Cartas ao Mestre Encantado (1998), a pesquisadora explica-se: “...o conterrâneo que extrapolava, com o seu saber sobre a terra e o amor à sua gente, nossas fronteiras territoriais, promovendo a divulgação dos tipos, paisagens, costumes e acontecimentos mais representativos da região, já bastante conhecida pelas riquezas naturais que possuía”.
Suas incursões pela escrita começaram na criação do jornal O Porvir, quando ainda morava em Currais Novos. O primeiro livro, já citado, foi Várzea do Açu. E do período de 1926 a 1995, foram escritos nove livros, 97 artigos de revistas, 131 artigos de jornais e 11 prefácios, notas e apresentações de livros, além de duas Poliantéias (antologias referentes a um grande evento), duas separatas e um Memorial de Pendências. De acordo com Tereza Aranha, após a publicação da Biobibliografia, em 1995, ela já conseguiu encontrar mais coisas sobre a obra de Manoel Rodrigues de Melo, e que renderiam uma 2ª Edição deste livro.
Afora a trilogia sobre a vida na Várzea do Açu durante o ciclo do gado, Tereza Aranha também destaca outros títulos pesquisados e escritos por ele, como Dicionário da Imprensa Potiguar e Memória do Livro Potiguar - Apontamentos para uma bibliografia necessária. Este segundo, editado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 1994, possui um apanhado de cerca de mil títulos pesquisados por ele, escritos no Rio Grande do Norte e cujo espaço de tempo é de aproximadamente um século. Inicialmente, esse material foi pesquisado para a ANL, em forma de catálogo, apresentado em 1970. “O catálogo tem uma finalidade facilmente compreensível: arrolar a bibliografia norte-rio-grandense dispersa muitas vezes perdida, torná-la conhecida de leigos e especialistas, e fixá-la para sempre num compêndio de fácil manuseio pelos interessados na matéria”, explica o próprio pesquisador no texto original.
Trechos revelam profundo conhecimento do NE
No prefácio do livro Cavalo de Pau, o próprio Manoel Rodrigues de Melo explica a série de estudos sobre a Várzea do Açu, iniciadas no livro homônimo, depois em Patriarcas e Carreiros e que culminam neste último: “O primeiro estuda o vale do Açu sob o ponto de vista sociológico, etnográfico e folclórico, compreendendo usos, costumes e tradições daquela região nordestina. O segundo, mantendo-se fiel aos temas regionais, procura caracterizar de modo objetivo a fisionomia dos patriarcas sertanejos, ligando-os ao ciclo do carro de boi, cuja influência na vida do Brasil e particularmente do Nordeste foi grande e proveitosa. Este não foge à orientação dos dois anteriores. Segue, pelo contrário, o curso natural daquelas duas primeiras tentativas de estudo da sociedade sertaneja, detendo-se na explicação de um tema pouco batido e explorado entre nós, qual seja o cavalo de pau e seu cavaleiro, o menino do nordeste”. E encerra a apresentação explicando que é um “tributo de infante cavaleiro da várzea do Açu, homenageando o cendeiro que tantas alegrias lhe dera, nos recuados tempos de meninice”.
Na página 65 daquele livro, a crônica trata de um costume pitoresco nordestino, muito provavelmente reminiscência de costumes indígenas e trata-se do tema “Catar Piolho”. “Há um velho hábito entre as famílias do nordeste que vem do começo do mundo e não se acabará jamais. É o de catar piolho, puxar ou tirar lêndia, dar cafuné. Hoje, com moda do cabelo cortado, nas mulheres, esse hábito tem por certo diminuído, pelo menos nas grandes cidades, onde a moda da ondulação e da pulverização do cabelo, tem encontrado inúmeros adeptos. Mas, nas cidades pequenas e no campo, creio que aquelas práticas tradicionais estão em pleno vigor. (...) O catar piolho era assim um dos maiores inimigos que o menino tinha. Inimigo porque ao lado deste vinham fatalmente os puxavantes de cabelo, os beliscões, os trompassos, os puxavantes de relha, os cocorotes (...) quando não terminavam em surra de chinela, palmadas e peia”. Na página seguinte de Cavalo de Pau, uma crônica que a pesquisadora guarda ainda mais carinho, tratando do “Cafuné”, cujo início ele escreveu: “O cafuné, não. Este não era entretenimento de menino, mas sim de homens e mulheres. Era uma delícia aquele joeirar de unhas e dedos na cabeça do paciente, estalando em trocadilhos compassados, horas e horas, consumindo tempo, matando coceiras de piolhos, lêndias, caspas, suor. O cafuné, como tudo na vida, tinha sua psicologia. Roger Bastide dedicou-lhe monografia exaustiva e rica de sugestões. Tinha por fim distrair o espírito, matar saudades, rememorar coisas do tempo antigo (...)”.


UM POUCO MAIS SOBRE A VIDA E A OBRA DE MANOEL RODRIGUES DE MELO

◊ Filho de Manoel de Melo Andrade Filho e Maria Rodrigues de Melo, Manoel Rodrigues de Melo nasceu na Ilha de São Francisco, no município de Macau, em 7 de julho de 1907.
◊ Atualmente a terra onde nasceu pertence ao município de Pendências.
◊ Foi comerciário em cidades como Macau, Pendências e Currais Novos.
◊ Iniciou sua vida literária com o jornal O Porvir
◊ Em 1934, concluiu o curso da Escola de Comércio de Natal, foi inspetor de alunos no Colégio Pedro II, professor de português na Escola de Comércio e de história e geografia na Escola Normal.
◊ Colaborou em jornais como A Ordem, Diário de Natal,Tribuna do Norte, além de imprensa alternativa e publicações culturais do Estado e de todo o Brasil.
◊ Ao lado de amigos e intelectuais como Raimundo Nonato, João Alves de Melo, Luiz Patriota, Hélio Galvão e Veríssimo de Melo fundou a revista Bando, mantida por dez anos (1949-1959).
◊ Como integralista, fez política e foi vereador em Natal, pelo Partido de Representação Popular.
◊ Formou-se em Direito em 1961
◊ Foi sócio atuante do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
◊ Enquanto presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras construiu a atual sede que leva seu nome.
◊ Era casado com Laurita Rodrigues de Melo, com quem teve os filhos Vital, Manoel e Lígia.

JUSTA HOMENAGEM
O reconhecimento à obra de Manoel Rodrigues de Melo já é institucionalizado em Pendências. Em 1997, Tereza Aranha e seus familiares criaram a Fundação Félix Rodrigues. E, em 1998, na época secretária municipal de Educação daquele município, a pesquisadora criou o Espaço Cultural Manoel Rodrigues de Melo, no qual estão abertos para consulta livros de sua autoria, objetos pessoais e história da cidade. Além disso, com o intuito de incentivar os alunos a conhecerem a obra do conterrâneo, também foi criado o Concurso de Redação Manoel Rodrigues de Melo - O Cronista da Várzea do Açu, em Pendências. Afora a obra guardada no Espaço Cultural, Tereza Aranha informa também que a filha do cronista, Lígia Rodrigues, doou ao Solar João Galvão, cinco mil exemplares de obras que pertenciam ao pai.

SHEYLA AZEVEDO

O POTI – 30 de setembro de 2007

Postado por Fernando Caldas

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domingo, 30 de maio de 2010

Fernando Caldas

DO BLOG ANTENA LIGADA

Fernando Caldas

FAMÍLIA CALDAS

Por Djalmira Sá Almeida

O sobrenome Caldas é de família da onomástica das línguas língua castelhana e na língua portuguesa de origem toponímica do Reino das Astúrias. Esta família tem origem em Portugal de D. Garcia Rodrigues de Caldas, que era um rico-homem de pendão e caldeira ( dono de fábrica). Este D. Garcia Rodrigues de Caldas era natural da Reino das Astúrias que verificava os historiadores da Casa dos Senhor de Caldelas. Esteve junto com o rei de Castela D. Pedro I de Castela, "O Cruel", contra D. Henrique, conde de Trastamara, pelo que quando D. Henrique de Trastamara ganhou a contenda e subiu ao trono com o nome de Henrique II de Castela teve de se refugiar para não ser morto, no Reino de Portugal, para onde veio na companhia do seu parente D. Fernando Anes de Lima. Caldas significa caldo ou líquido que forma uma cauda ou rio caudaloso em alusão às plantações à beira do rio.

Em Portugal foi casado com D. Leonor de Magalhães, que era Senhora de vários Senhorios, a Quinta da Solda, Camposa de São Martinho de Vascões, na localidade de Paredes de Coura. A apresentação da igreja de Camposa, na localidade de Vila de Arcos e de São Martinho de Vascões. Também recebeu os senhorios da Quinta de Vila Verde e de Paço de Coura localizados na freguesia de Vascões. Caldas é um sobrenome para o qual se encontram diferentes ramos e também diferentes explicações. Segundo alguns autores haveria relação com a cidade italiana de Caldes, para outros, teria relação com Luís Antônio de Oliveira, o Visconde de Caldas, em referência ao topônimo mineiro. Já os que buscam na Heráldica um brasão, poderão trombar com brasonários diferentes, devido à palavra Caldas nomear diferentes freguesias portuguesas.

Buscando em sites de genealogia galega, encontram-se ainda o sobrenome Caldelas ou Caldellas, que um desses diz ser uma forma diminuta do sobrenome. Entre as regiões, em Portugal, que trazem Caldas em seu nome figuram: a cidade de Caldas da Rainha, no distrito de Leiria; a nascente termal Aldeia de Caldas da Felgueira; a freguesia de Caldelas (Guimarães), antiga Vila de Caldas das Taipas; a freguesia de Caldas de São Jorge, no concelho de Santa Maria da Feira; a freguesia de São Miguel de Caldas de Vizela; e a freguesia de São José de Caldas de Vizela.

Na Galícia, ou Galiza, existe ainda o concelho de Caldas de Reis, na província de Pontevedra. Considerando que sobrenomes podem tanto surgir de um topônimo quanto dar origem a esse, e que diferentes topônimos podem gerar derivações de um mesmo sobrenome ou pode se referir a topônimos diferentes, é possível que alguns dos ramos do sobrenome Caldas tenham suas origens em algumas dessas localidades.

Família Caldelas da Galícia. Essa família procede de uma maneira diminutiva do sobrenome Caldas, e entre suas variações figura o sobrenome Caldellas. Está documentada no século XII, conforme cita site de genealogia galega: Frenandus Sanctii de Caldellas (doc ano 1182 en E. Rivas Quintas - Onomástica persoal do noroeste hispano, 1991, p 535).

A família Caldas no Brasil, especialmente no Ceará descende de Francisco José da Costa Caldas, e sua esposa Dona Maria do Céu da Costa Caldas, que, tal como consta na bibliografia consultada, foram proprietários de terras no sertão do Araripe: (…) vasta extensão de terras agrícolas que começavam no alto da Serra do Araripe e se estendiam até ás planícies do sítio Cabeceiras, irrigadas por várias fontes de água, tendo de permeio o rio Grande. Essas terras, que tomaram de seu primitivo dono o nome de Caldas,(…) e se seguem as subdivisões das mesmas. (A FAMÍLIA CALDAS: Do Município de Barbalha, p. 15).

Embora essa fonte bibliográfica não demonstre certeza da origem étnica de Francisco José da Costa Caldas, pairando dúvida se era português nato. Sabe-se de um irmão sacerdote: Joaquim José da Costa Caldas, vigário da Freguesia de Missão Velha, vizinha às terras Caldas, entre os idos de 1820 e 1830, segundo João Brígido na obra “O Ceará, Homens e Fatos” e o mesmo tendo sido também registrado nos artigos do historiador. No estado da Bahia, do Piauí, do Ceará, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e em Pernambuco encontram-se Caldas. Em Pernambuco, a presença da família Caldas tem destaque desde muito tempo, pois o comércio de gado, de terras e de derivados do petroléo está associado ao imaginário do povo como atividades peculiares dessa família que a destacam em diversas cidades do interior, tanto em Parnamirim como em Cabrobó.

Postado por Fernando Caldas

sábado, 29 de maio de 2010

"GUERRA DOS BÁRBAROS" INTERIORIZAÇÃO DA COLONIZAÇÃO

(Por Eudes Dantas; Iracema Pereira; Jailma Oliveira N. F. de Azevedo; Margarida Maria da Silva; Maria das Dores Medeiros; Maria do Carmo Gomes; Sandra Cunha – Alunos do período 2001.2)


Durante o período colonial, as Capitanias Brasileiras tinham como base econômica a cultura da cana-de-açúcar. No Rio Grande do Norte essa base econômica se solidificou com o cultivo da cana - de- açúcar no litoral e o desenvolvimento da pecuária no Sertão, onde as terras eram impróprias para a cultura da cana. Essa atividade que de início era feita em pequena escala, passou a se expandir Sertão adentro quando ocorreu a ocupação Holandesa em Pernambuco. Tal expansão se deveu especialmente, ao fato de Pernambuco necessitar do gado tanto como força motriz para seus engenhos, como para o abastecimento alimentício, uma vez que o principal produto cultivado na referida capitania era o açúcar. Além do mais, o gado se constituía numa fonte econômica abundante, já que dele era aproveitado quase tudo, inclusive o próprio couro que era exportado para outros países e que levou ao surgimento de oficinas de beneficiamento (curtumes) em Recife.

Todavia, com a expulsão dos Holandeses do Brasil muito gado ficou sem dono, vagando e espalhando-se pelo Sertão, fazendo com que logo colonos interessados em apascenta-los, ocupassem suas ribeiras. E com a colonização Portuguesa e o povoamento se acentuando cada vez mais, através da formação das cidades e vilas, ficava bastante complicado alimentar a população, visto que as terras que não estavam sendo utilizadas para o plantio de cana-de-açúcar, estavam ocupadas com a criação do gado. Para solucionar esta questão, as autoridades provinciais resolveram limitar a criação do gado, proibindo-a até dez léguas do mar e também as margens dos rios, para que estas terras pudessem ser preservadas tanto para o cultivo da cana, quanto também, para outros produtos agrícolas. Essa legislação resultou na ocupação das terras até então inexploradas, já que a atividade pecuária exigia uma maior quantidade das mesmas.

Contudo, a posse da terra era controlada pelo Governador Geral que só concedia a posse mediante o "povoamento" dentro de um ano, sendo esta posse cabível quando entregue aos colonos portugueses ou vassalos do rei de Portugal. Assim, criou-se no pensamento colonial a idéia de um interior "vazio", apesar de ser habitado pelos nativos da terra que não foram tidos como seres humanos. Todavia, de início foi muito comum à convivência pacífica entre nativos e portugueses, devido principalmente ao pagamento de "resgates", por parte dos colonos. Vê-se assim, que existia um medo em demasia por parte do gentio devido ao avanço do colonizador em suas terras e vice-versa. Esses resgates eram uma espécie de "imposto da paz", que visava uma certa cordialidade entre o invasor e o invadido.

A partir de então, a ocupação portuguesa no Sertão do Rio Grande do Norte se intensificou devido ao avanço das frentes pastoris, que objetivava expandir a pecuária Sertão adentro, chegando o momento que devido a esse avanço pastoril, a presença indígena se torna um empecilho à colonização, levando as autoridades coloniais a utilizarem como estratégias de desocupação destas terras, a eliminação dos nativos que resistissem aos interesses colonizadores, especialmente os homens, já que as mulheres e crianças não eram mortas, pois poderiam servir aos interesses dos colonizadores.

Nesse período, nas Capitanias do Norte, habitavam os índios denominados de Tupis, que habitavam o litoral e Tapuias que habitavam o interior. Estes eram constituídos de vários grupos que possuíam especificidades entre si. Os Tarairiú era um desses grupos Tapuias habitantes do Sertão que se distinguia dos Kariri e dos Gê. Graças ao estudo de alguns cronistas, podemos conhecer como eram divididas as famílias Tapuias e onde habitavam essas várias nações. Os Tarairiú eram subdivididos em dois grupos e se diferiam entre outros aspectos, lingüístico – culturalmente dos Kariri e tinham como chefes Janduí e Cerro-Corá. Os primeiros habitavam áreas sub-litorâneas, como as margens dos rios da região Seridó e o segundo habitava nas proximidades de rios permanentes, como o Rio S. Francisco. Um dos aspectos da cultura indígena que provam as suas diversidades culturais, é a prática do endocanibalismo, ou seja, quando morria um membro da tribo, este era comido pela própria tribo, e também quando nascia um bebê morto, este era comido pela mãe, o que não acontecia com a tribo Kariri. Os Tarairiú que habitavam o Sertão da Capitania do Rio Grande dividiam-se em Jandui, Ariú, Pega, Canindé, Genipapo, Paiacú, Panati, Caratiú e Corene, os quais tiveram contato com os colonos portugueses quando a pecuária adentrou os Sertões. Esses Tapuias tinham os mesmos costumes de alguns índios do Brasil e gostavam de depilar e pintar todo o rosto e o corpo e costumavam cobrir os genitais, sendo que as mulheres usavam uma espécie de "avental" feito de folhas e os homens um cendal também de origem vegetal, além de enfeitarem o corpo com penas e outros adornos naturais.

O clima do sertão impunha aos Tarairiú uma vida seminômade, já que de acordo com as estações do ano, estes mudavam seu acampamento para outros lugares que garantissem seu sustento, não tendo aldeias fixas. Assim relatos apontam que nos meses de Novembro, Dezembro e Janeiro, os Tarairiú se colocavam perto do mar, já que essa região era mais rica. Dormiam em redes ou no chão. As migrações para outras áreas eram indicadas pelos feiticeiros e anunciadas pelos reis que determinavam o local do próximo acampamento. As mulheres eram encarregadas de transportar bagagens e procurar paus e folhagens para confecção de um novo abrigo e os homens eram encarregados da caça, da pesca e da procura de mel, já que sua alimentação básica era esta, juntamente com frutos, raízes e ervas. Após as chuvas estes se deslocavam para as várzeas dos rios, onde plantavam mandioca, milho e legumes.

Os Tarairiú eram guerreiros temidos até por outros indígenas devido sua força, velocidade e destreza na guerra. Além das armas européias, eles adotaram o uso de cavalos, o que causava espanto aos Portugueses. Sendo uma sociedade guerreira, a posição dos "principais", ou seja, de um grande guerreiro, era de grande prestígio, havendo cerimônias de coroação com muitos festejos. Os acordos de paz também eram feitos com a presença do guerreiro, sendo que este juntamente com os seus, se tornavam a partir do "acordo", vassalos do Rei de Portugal.

Percebe-se até então, que estão explícitos os interesses coloniais para "livrar" o território da presença indígena, seja pela morte, pela fuga ou pela rendição forçada ou ainda com outras estratégias de intimação para obter escravos disponíveis a colonização. E na tentativa de expulsar os índios e de se apropriar das suas terras para desenvolver a pecuária, iniciava-se a ampliação das fronteiras econômicas em direção aos Sertões das Capitanias Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. Contudo, esse empenho colonial gerou muitos conflitos, onde até os padres seculares temiam vir até o Rio Grande, por medo dos "bárbaros" tapuias. Durante as décadas de 1670 e 80, com a distribuição de sesmarias nas ribeiras dos rios Acauã, Seridó, Açu, Apodi e Mossoró, e implantação da pecuária na capitania do Rio Grande, foi criada uma situação que de certa forma favoreceu uma convivência entre os Tapuias e vaqueiros, tanto que os conflitos eram resolvidos através de "acordos", sendo que em algumas situações, os conflitos eram resolvidos através da "força", ou seja, pela escravização indígena para a mão-de-obra. Esses conflitos foram se alastrando e fazendo com que a situação se agravasse em ambas as partes, pois a interiorização cada vez mais forte da pecuária vinda de um lado, do litoral de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande e do outro (Maranhão, Piauí e Ceará), colocava os indígenas numa situação de imobilidade diante das frentes pastoris, levando-os a se constituir numa barreira à colonização, que foi denominada de "muro do demônio". Por conseguinte, os índios "espremidos" num limite mínimo de terras, pressionadas e sem saída reagiram violentamente, levando a capitania a uma deflagração que ficou conhecida como a "Guerra dos Bárbaros".

No ano de 1687, a reação Tarairiu à colonização, intensificou-se tanto que foi preciso pedir intermédio de um vereador da câmara enviado ao governador geral na Bahia, pois o levante já havia causado grande catástrofe. O governador geral Mathias da Cunha, vendo a possibilidade da retomada das terras pelos Tarairiú, ordenou que o coronel Antônio de Albuquerque da câmara assumisse a liderança de interesse dos colonizadores.

Os Portugueses construíam várias casas fortes onde se instalavam, só que por serem feitas apressadamente, estas eram inseguras o que permitia constantes ataques dos nativos. Logo os colonizadores tentaram repreender os "indígenas", enviando tropas paulistas lideradas por Domingos Jorge Velho, para guerrear contra eles. Os objetivos dessa luta seriam degolar os guerreiros e escravizar suas mulheres e crianças, já que estas úteis, podendo ser inclusive vendidas para pagar os custos da guerra. Além disso, as mulheres cativas, iriam trabalhar na agricultura, enquanto as crianças seriam educadas nos moldes católicos e de acordo com os interesses dos dominadores. Nesse sentido, aos poucos eles iriam se desprendendo de suas raízes culturais.

Percebe-se assim, que a guerra afetava profundamente o cotidiano dos indígenas, já que estas aconteciam em seus territórios forçando-os a migrar para o Litoral em busca da sobrevivência, o que antes faziam voluntariamente só nos períodos de seca para dela escapar. Essa nova situação levava os indígenas, como os Panati, a saquearem fazendas roubando e matando gado na tentativa desesperada de sobreviver à colonização portuguesa, fato que suscitou reações dos dominantes que logo buscaram conte-los, como comprovam as cartas enviadas pelos oficiais da Câmara de Natal ao capital-mor, solicitando desse que fizesse a distribuição desses índios já reduzidos na Aldeia do Guajiru, entre a população da Capitania para que estes passassem a reparar os danos que haviam causado aos colonos e moradores. Como se não bastasse a expropriação e a dizimação já realizada com esses índios pelos portugueses, estes ainda tinham que pagar uma conta que não lhes era sua e sim, devida pelos brancos aos mesmos. Todavia, como a lógica da colonização era além da liberação das terras para a pecuária, obter mão-de-obra necessária para o trabalho, se fazia então fundamental, desenvolver a escravidão. Daí o porque de retirar os indígenas da Aldeia com o pretexto de introduzi-los na fé católica, batizando-os e sustentando suas despesas em troca de seus serviços, pois caso permanecessem na aldeia não haveria como força-los ao trabalho, ou seja, escraviza-los. Por conseguinte, a guerra dos bárbaros só reforçou essa lógica ao atender os objetivos da colonização. Foi assim, que tanto Domingos Jorge Velho que dizimou muitos indígenas na serra do Acauã, hoje a conhecida Serra da Rajada, bem como, a tropa do Pernambuco comandada pelo capitão Afonso de Albertin, que dizimou a tribo dos Janduí na Ribeira do Açu, foram parabenizados pelos seus feitos pelo Governador geral e pelo novo governador de Pernambuco, já que seus prisioneiros foram levados para Recife como presentes para este último, sendo comercializados como escravos em praça pública para bom proveito de seus "carrascos" e ou vencedores.

Com o continuar da repressão aos Tapuias e as vitórias obtidas, os oficiais da Câmara de Natal enviaram um Memorial ao Rei, no qual alegando a este as perdas de colonos e despesas realizadas para com o desenvolvimento da "guerra dos bárbaros", solicitava o reparo das mesmas com o pagamento do gado perdido e a distribuição das terras "liberadas" entre as pessoas da Capitania, além da criação de um presídio no Arraial do Açu e de um alojamento com cem índios domesticados, para a proteção dos moradores e para que estes "ajudassem" no transporte do gado para Pernambuco.

É notório o interesse dos luso-brasileiros para que as perdas sofridas com a guerra, fossem logo reparadas, as terras expropriadas fossem distribuídas e ocupadas, evitando possíveis iniciativas dos Tarairiú de retoma-las. Todavia, estes bravios guerreiros, apesar das degolas, dos aprisionamentos, cativeiros e reduções em aldeamentos jesuíticos que sofreram ao longo dessa história que lhes fora imposta, resistiram por cerca de mais trinta anos sempre lutando como podiam pela posse de suas terras e na tentativa de vencer as injustas estratégias da dominação colonial. Assim, a colonização portuguesa no Rio Grande e no Brasil, se consolidou sob os moldes de uma visão cultural preconceituosa e injusta, onde o nativo passou de gentio a infiel, por não se submeter ou tentar resistir às imposições européias, fato esse, que acarretou o extermínio quase que completo dos nossos nativos.

ANEXOS:

BIBLIOGRAFIA:
LOPES, Maria de Fátima.Índios, Colonos e Missionários na Colonização do Rio Grande do Norte. Natal, 1999. Dissertação (Mestrado em História) Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Cap. 4. p. 102-129.
MONTEIRO, Denise Mattos.Introdução à História do Rio Grande do Norte – Natal:Edufrn, 2000. cap.1-2. p. 19-95

Postado por Oeste News
NOSSOS POETAS: HONÓRIO CARRILHO


HONÓRIO CARRILHO

AS DUAS FONTES

Um dia, eu tive sede, e sede intensa
De saber, de saber...
E pensei: Vou bater na fonte imensa
Dos bons livros... Vou ler...
E fui... Ela dormia, ao pé de um monte,
Tão cristalina e pura,
Que, quanto mais bebia dessa fonte,
Maior era a secura!...
De outra vez, (como diz-mo inda a memória,
E com que grande dor!)
Tive sede... De quê? De amor, de glória?...
Tive sede de amor.
E perguntei à fonte: onde se apaga
Esta sede, onde está?
No céu, na terra, em que país ou plaga?
Onde for, irei lá!!
Mas ninguém respondeu-me; e, com malícia,
Balbuciei, então:
- Dessa, bem sei, só me dará notícia
Quem tiver coração.

Natural de Ceará-Mirim, tendo nascido a 2 de março de 1873, Honório Carrilho da Fonseca e Silva é filho de João da Fonseca e Silva e Francisca Teodulina da Fonseca e Silva.
Estudou preparatórios no Atheneu Norte-Rio-grandense, formando-se em 1895, pela Faculdade de Direito de Recife.

Foi professor-adjunto da Escola Militar do Realengo e Auxiliar do Ensino no Colégio Militar do Rio de Janeiro e, por fim, Procurador da República no Rio Grande do Norte.
Militou na imprensa de Natal “A República” e da antiga Capital Federal “O País”. Quando esteve na comarca de Prados (Minas Gerais), como promotor, fundou um jornal “Cidade de Prados”.
Faleceu no Rio de Janeiro, a 14 de novembro de 1961.

Fonte: Panorama da poesia norte-rio-grandense – 1965 – Romulo C. Wanderley.
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Transcrito do blog Ceará Mirim Cultua &  Arte

sexta-feira, 28 de maio de 2010

MAIS UM POUCO DE JOÃO LINS CALDAS

Caldas, como ele gostava de ser chamado, açuense por opção e escolha, viveu mais de duas décadas entre Rio de Janeiro e Bauru-SP. Morava na rua dos Inválidos, na Lapa, tradicional bairro da boêmia carioca. Poeta amargurado e ao mesmo tempo amoroso. O bardo Caldas, é considerado por alguns grandes críticos de arte moderna no Brasil, como o verdadeiro "pai do modenismo" brasileiro, pois já em 1917 escrevia anonimamente versos emancipados de métricas. Será que foi a toa que ele conviveu com o que tinha na década de dez, vinte e trinta, de melhor nas letras nacionais, como, por exemplo, Olavo Bilac, um dos mais notáveis poetas do Brasil? Claro que não! A sua poesia, a sua criatividade poética é das melhores. E quando exaltado, quando alguém duvidava da sua capacidade intelectual, dizia repetidas vezes: "Eu sou Nietzche... Eu sou Nietzche... Eu sou Nietzche!" Era por acaso? Ele tinha a certeza de que tivesse publicado trilingue (portugês, inglês e francês) toda a sua produção poética, teria sido consagrado o maior da poesia universal. Afinal, o poema abaixo tanscrito sob o título O Amigo não é uma jóia de poema? Vamos conferir:

Na noite eu serei o amigo.
Como o vento, na noite,
Como a estrela, na noite,
Na noite eu seurei o amigo.
Mas perdoa ao amigo.
Uma noite haverá e daí para talvez mais nunca em nenhuma outa noite
Em que eu já não serei o amigo.

E este outro sem epígrafe que, no meu entender, é o seu orgasmo poético: Vejamos para o nosso deleite, adiante:

O teu mundo é novo. A tua carne é nova. Eu sou a velhice, o mundo abalado.
O teu mundo que me convida. O permanente mundo em flo da tua carne.
Beijar-te os olhos, acariciar-te os o0s dedos, ter nas mãos a doçura do teu cabelo, tua nuca, o teu pescoço roliço para acariciados...
Dirás que a vida é bela. A vida é bela!
Mas eu, amo, já agora tão triste e tão cansado.

Ontem que não chegou. Ontem que estava mesmo um dia amaelo...
Perdão, perdão, eu de mim mesmo é que já não sou tão belo.

Vai, e não leves de ti a tua desilusão...
O que me dói, o que ainda me dói...
(... E não ver essas roupas desmanchadas,
O azul desses olhos, a graça e a festa dessas mãos...)
Deixa que eu feche os olhos, e não te veja, e não veja mais nada...

Obrigado, e perdão.

Caldas apesar de ter tido vários relacionamentos amorosos, morreu só, como sempre viveu numa modesta casa da cidade de Açu, em 1967 (ele nasceu em 1888), loo que tinha acabaedo de ler o livro da poetiza portuguesa Virgínia Victorino, intitulado "Apaixonadamente".

 E o poeta "que tinha muito de Deus", escreveu:

Estou calçado para a eternidade.
Vesti-me de roupas de caminhar por toda a eternidade.
Onde houver um rasgão, certo que as minhas roupas estarão rasgadas.

Mas o homem é um clarão
Eu serei um clarão por toda a eternidade.

Fernando Caldas

ENTÃO PRAÇA DA PROCLAMAÇÃO


Oh, bela praça de terra hospitaleira, que é berço do poeta Renato Caldas e que acolheu o bardo João Lins Caldas. Penso eu, que aquela praça (na época daquela fotografia, 1958) era ainda denominada de praça da Proclamação construída na administração de Ezequiel Fonseca Filho.

Fernando Caldas Fanfa 

GARIBALDI FILHO - ELEIÇÕES

Em quatro décadas de vida política, o senador Garibaldi Filho participou de 10 eleições. Contabilizando as votações desse período, segundo dados pesquisados no TRE e no TSE, ele recebeu um total de 3.885.424 votos. Confira a seguir os detalhes de cada eleição:

1970 Disputa pela primeira vez uma eleição. E é eleito para o primeiro mandato de deputado estadual com 22.266 votos. Foi o mais votado daquele ano.

1974 Tenta a reeleição e consegue, obtendo votação de 18.469.

1978 Mais um mandato para a Assembleia é conquistado com uma votação de 15.682.

1982 Disputa o quarto mandato como deputado. Reelege-se com 63.895

1985 Garibaldi Filho entra na disputa pela Prefeitura de Natal. E vence com 97.920 votos

1990 Tenta pela primeira vez uma vaga no Senado. A eleição é obtida com um total de 404.206 votos.

1994 Retorna ao Estado para disputar a eleição para governador. Consegue se eleger obtendo 489.766 votos.

1998 Reelege-se governador do Rio Grande do Norte com uma votação de 560.682.

2002 Deixa o governo do Estado para concorrer novamente a uma vaga ao Senado. É eleito com 714.363 votos.

2006 Disputa a eleição para o governo do Estado. Nos dois turnos obteve um total de 1.498.175 votos.

2008 É eleito pelos senadores presidente do Senado e, consequentemente do Congresso Nacional. Torna-se o primeiro potiguar eleito para a função. 2010 Completa quatro décadas de vida política, somando um total de 3.885.424 votos.

OBRAS

Nesse período de atuação, o senador Garibaldi Filho já registrou seu nome na história do Rio Grande do Norte devido às obras e serviços que prestou e continua prestando ao Estado. Confira abaixo algumas dessas obras e serviços:

 Destinação de R$ 102 milhões em emedas paras as cidades do Rio Grande do Norte

 Inclusão no PAC do projeto de irrigação da barragem de Santa Cruz

 Inclusão no PAC da reforma do terminal salineiro (porto-ilha) de Areia Branca

 Construção de 1.000 km de adutoras. Foram atendidas 46 cidades e 145 pequenas comunidades, o que equivalia, na época, a uma população de 544.249 habitantes. Na época a estimativa era que essa população beneficiada chegaria a 786.229 habitantes.

 Construção das barragens Santa Cruz (Apodi); Umari (Upanema) e Carnaúbas (no Seridó). Aumento da capacidade de armazenagem d’água em 900 milhões m3.

 Criação do programa do leite quando era prefeito. Depois ampliação do serviço para todo o Estado quando foi eleito governador.

 Duplicação da avenida João Medeiros Filho

 Recuperação e funcionamento da 1ª. etapa projeto Baixo Assu com 3.000 há irrigados

 Perfuração 3.592 poços; construção 1508 sistemas de abastecimento e 111 dessalinizadores

 Construção da BR-101 até Touros

 Construção do pronto-socorro Clóvis Sarinho

 Conclusão dos hospitais Maria Alice e Regional de Assu

 Reforma hospitais Tarcisio Maia e Regional de Apodi

 Construção Hemocentros em Parelhas, Pau dos Ferros e Currais Novos

 Ampliação do hospital do Câncer

 Equipamento e funcionamento dos Hospitais Acari, Macau, Santo Antonio, São Miguel e Angicos.

 Implantação de 10 centrais do cidadão

 Construção de 114 novas escolas. Ampliação/recuperação 974 escolas.

 Construção de 17 ginásios esportivos. Construção/recuperação 140 quadras .

 Construção da Biblioteca Zona Norte

 Construção do Teatro Adjuto Dias, em Caicó; e do Teatro Lauro Monte, em Mossoró

 Construção penitenciárias Alcaçuz e Caicó

 Construção presídios provisórios de Natal, Caraúbas e Parnamirim

 Construção/reforma 58 delegacias e aquisição 900 veículos,

 Construção 14.169 casas populares e 299 casas na área rural

 Reforma/melhoria de 17.187 casas

 Construção do Fórum Natal, Fórum da Zona Norte, sede do TCE e

 Construção aeroporto Augusto Severo

 Implantação 3470 km rede de eletrificação beneficiando 56.000 famílias

 Urbanização de Ponta Negra e Via Costeira

 Construção de 132 km de rede de esgoto e 1581 km rede água.

 Reforma terminal rodoviário Mossoró

BIOGRAFIA

Garibaldi Alves Filho nasceu em 4 de fevereiro de 1947, em Natal, Rio Grande do Norte. Filho de Garibaldi Alves e Maria Vanice Chaves Alves, Garibaldi é o mais velho das quatro filhos do casal. Sua formação escolar básica foi feita no Marista e no Atheneu. Após isso, Garibaldi Filho cursou Direito, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, concluindo o bacharelado no início da década de 70. O senador é casado com Denise Pereira Alves, com que teve dois filhos: Walter Pereira Alves (deputado estadual) e Bruno Pereira Alves (empresário).

Além do Direito, profissionalmente, o senador também se dedicou ao jornalismo, área na qual atuou (e atua até hoje) apresentando programas no rádio e escrevendo artigos para jornais.

A vida pública do senador começou em 1966, quando ele foi nomeado chefe da Casa Civil da Prefeitura de Natal, na administração Agnelo Alves. Garibaldi Filho ficou no cargo até 1969.

Em 1971, pelo PMDB, a primeira eleição: Garibaldi Filho foi eleito para a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte e iniciou uma série de quatro mandatos consecutivos (71 a 75; 75 a 79; 79 a 83; 83 a 85).

Em 1985, o ex-chefe da Casa Civil concorreu à prefeitura de Natal foi eleito prefeito. Garibaldi Filho administrou Natal de 1986 a 1988 e sua gestão até hoje é lembrada como uma das melhores que a cidade já teve. Dois anos depois, um novo desafio: Garibaldi Filho disputa pela primeira vez uma vaga ao Senado. Ele se elege e passa a ter contato com o Legislativo Federal.

Em 1994, uma convocação estadual o impediu de prosseguir exercendo o mandato de senador. Garibaldi Filho torna-se o candidato do PMDB ao Governo do Estado. E mais uma vez é eleito. A eleição para o Executivo faz com que ele renuncie à cadeira de senador para iniciar, em 1º de janeiro de 1995, a administração que ficaria conhecida como “O Governo das Águas”.

Quatro anos após a primeira eleição, Garibaldi Filho disputou a reeleição ao governo e novamente foi eleito. Mas desta vez não cumpriu o mandato até seu final.

Em 7 de abril de 2002, ele renunciou ao mandato no Executivo para poder disputar pela segunda vez uma vaga ao Senado. Nesta eleição, seus suplentes foram João Faustino e Carlos Alberto Torres (1945 – 1998). Ele foi eleito para o período de fevereiro de 2003 a 21 de janeiro de 2011.

Em 2007, uma oportunidade jamais imaginada se apresentou ante o senador: ser o presidente do Senado Federal. Garibaldi Filho mais uma vez aceitou o desafio e conquistou o cargo com apoio da maioria dos senadores. A administração de Garibaldi Filho à frente do Senado foi muito elogiada pelo caráter independente que ele imprimiu à frente do Legislativo. Atualmente, após deixar a presidência, ele se dedica a presidir a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, uma das mais importantes da Casa. Um fato relevante de sua carreira política é que ele sempre pertenceu aos quadros do PMDB.

Mais informações:

www.garibaldifilho.com.br www.twitter.com/garibaldifilho http://garibaldifilho.wordpress.com

quinta-feira, 27 de maio de 2010

PREFEITO IVAN JUNIOR QUER CONSTRUIR ESCOLA PROFISSIONALIZANTE PARA ATENDER ASSU E REGIÃO

O prefeito do Assu, Ivan Júnior, que reafirma sua convicção de que as comunidades de Vila Nova e Mutambinha pertencem ao município – apesar do prefeito Luizinho, de Carnaubais, considerar que a área pertence ao seu município -, disse que pretende construir uma escola profissionalizante naquela região para beneficiar a população do Assu e Carnaubais. “Minha preocupação é a de dar oportunidade de emprego e renda aos jovens da região, mas para que isso aconteça é preciso formação profissional”, disse o prefeito assuense.
“Tenho dado especial atenção ao desenvolvimento econômico do Assu. Por isso, quero construir essa escola profissionalizante para que possamos atender as demandas de trabalho que virão após a implantação da ZPE do Sertão, que agora depende exclusivamente da sanção presidencial, visto que já foi aprovada em todos os níveis”, disse o prefeito. “A formação profissional não está limitada apenas a mão de obra direcionada para atividades ligadas ao petróleo”, lembrou Ivan Júnior.
“A Zona de Processamento Exportação, pela isenção de parte da carga de impostos para produtos exportados, será um grande atrativo para empresas nacionais e estrangeiras investirem na região, além dos benefícios da própria geração de emprego e renda que fortalecerá e expandirá a economia local”, encerrou o prefeito Ivan Júnior.

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Postado por Fernando Caldas Fanfa

FOTOGRAFIA DA FESTA DOS "AMIGOS DE IBERÊ"

Certo amigo jornalista açuense mandou-me esta fotografia acima com a seguinte frase criativa: "Quem disse que Rosalba vai ganhar a eleição, levante a mão...

Esquerda para direita: Governador Iberê Ferreia de Souza, ex-governadora Wilma de Faria, deputado federal João Maia, (?) e o ex-vereador do Açu Fernando Caldas Fanfa.

AÇU ANTIGO

quarta-feira, 26 de maio de 2010


Confraternização dos 40 anos de vida pública Garibaldi e Henrique reúne grandes nomes

A comemoração das quatro décadas de vida pública do senador Garibaldi Alves e do deputado federal Henrique Eduardo (ambos do PMDB), a se realizar nesta sexta-feira (28), no Centro de Convenções de Natal, vai reunir grandes nomes de expressão política do Estado e do País, como o presidente da Câmara Federal e presidente do PMDB nacional, deputado Michel Temer – indicado pelo PMDB como pré-candidato a vice na chapa da ministra Dilma Rousseff, a sucessão do presidente Lula -, o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Wellington Moreira Franco e o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, entre outros, que ainda estão confirmando presença.

Serviço
 
O evento inicia às 12h30. A senha individual custa R$ 30,00 e pode ser adquirida na rua Lafayete Lamartine, 1889, Candelária. A renda arrecadada será utilizada para arcar com os custos da festa.


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segunda-feira, 24 de maio de 2010


o lançamento da candidatura de Iberê, amigos dançam "iberetion"

Publicação: 23 de Maio de 2010 às 13:43
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DivulgaçãoIberê e Wilma chegaram juntos ao evento de lançamento da candidatura do governadorIberê e Wilma chegaram juntos ao evento de lançamento da candidatura do governador
O governador Iberê Ferreira de Souza acaba de subir no palanque armado para a festa em comemoração ao restabelecimento de sua saúde, no Vila Folia, em Parnamirim. O evento está sendo chamado "Amigos de Iberê" e, segundo sua assessoria de imprensa, ja conta com cerca de 13 mil pessoas. Há um engarrafamento de carro na altura do Aeroporto Augusto Severo.

Há diversas faixas feitas por lideranças e políticos que exaltam o restabelecimento da saúde d governador.Entre elas uma que diz "não troco 40 cravos por 25 rosas", em menção os números dos partidos de Iberê, o PSB, e de Rosalba Ciarlini, o DEM.

FESTA DE IBERÊ, GOVERNADOR DO RGDONORTE

Fotografia do blog Panorama do Vale.

Fernando Caldas Fanfa, autor deste blog cumprimentando o Governador Iberê Ferreira de Souza na festa "Amigos de Iberê" realizada ontem, domingo, 23 de maio no Vila da Folia, em Natal em razão da recuperação da saúde daquele governate e candiato ao governo nas próximas eleições. Foi uma grande festa  com o comparecimento de mais de quinze mil pessoas. Estavam presentes os açuenses Zeca Abreu (Presidente da FUNASA), Ex-vereadores Toinho do Frutilândia (pré-candidato a deputado estadual pelo PSDB) e Everaldo Marques, além do blogueiro Nelson Dantas, "Arara", e muitas outras figuras do Açu. Presente também o prefeito de Itajá Gilberto Lopes.

Fernando Caldas

sábado, 22 de maio de 2010

Açu Irreverente

A irreverência está no sangue de cada um dos açuenses. Vejam vocês que lá, na cidade de Açu, na praça Getúlio Vargas, tem um anfiteatro denominado Arcelino Costa Leitão que popularmente é denominado de "Buraco do Prefeito", onde a juventude açuense dança nos dias de festejos do Padroeiro São João Batista, além de outros festas ali realizadas. Pois bem, tem também um obelisco na praça do Sal em homenagem pela passagem dos 150 anos da terra açuense. Aquele obelisco tem a semelhança de um minhoca que o povo apelidou de "Minhocão do Prefeito. A primeira construção (anfiteatro fora construído pelo prefeito Ronaldo Soares) e, a segunda pelo prefeito Lourinaldo Soares. Pois bem, o escritor açuense Celso da Silveira como não podia ser diferente, era também irreverente e bom contador de causos e tiradas, escreveu: "Já imaginaram se daqui a alguns anos, aparece um prefeito mais sofisticado, e inventa de colocar a recente obra, dentro daquela já existente"

Fernando Caldas Fanfa


"Viajando o Sertão (VI)"


"Igrejas e Arte Religiosa"

"(...) A mania da remodelação, para pior, ataca os nervos de muita gente bem intencionada. Creio firmemente que, na futura reforma dos Seminários brasileiros, reforma com as luzes dum Dom Xavier de Matos, seria indispensável a cadeira de Arte Religiosa Brasileira para ensinar aos nossos párocos um mais profundo amor pelos monumentos legados pelas gerações desaparecidas. Sirva de exemplo o altar da Igreja de Serra Negra, em madeira talhada, simples e emocionante prova de fé, quebrado, inutilizado, destruído, para ser substituído por um altar de tijolo ou cimento, sem significação, e história." (p.24)
"Durante o séc. XIX quase todas as Igrejas foram ‘remodeladas’, raspados seus frontispícios venerados, riscadas em sua fisionomia própria e coberta de cal e enfeites, de acordo com a inteligência do tempo. Ninguém lembrou a necessidade de conservar a fachada tal como estava e fazer adaptações interiores, respeitando os altares quando dignos de mantença. Igreja é prova de Fé e esta não se abala. Mesmo assim, com a devastação, ainda possuímos alguns documentos curiosos que atestam a revivência do barroco durante fins do séc. XVIII e XIX." (p.25)
"De todos os templos que visitei no Estado (nos 35 municípios que conheço) quase todos são incaracterísticos e já não podem ser apontados como estilos. São testemunhas de várias tarefas de consertos onde as mais estranhas mãos desviaram de seu trilho a espírito arquitetural daquelas capelas seculares." (p.25)
"As Igrejas outras, Açú, Ceará – Mirim, Moçoró, Caicó, não têm história em suas paredes, vinte vezes alteradas. Tanto podiam estar no nordeste brasileiro como na Austrália. Nada têm de nós porque as despojaram de suas heranças de cem anos." (p.26)
"Onde podemos ver a sobrevivência do barroco e a justiça dos que o dizem ter sido o verdadeiro estilo religioso brasileiro, é nos portões dos Cemitérios que escaparam à fúria modernizadora dos estetas." (p.26)
"Um outro ponto melancólico é a substituição dos Santos de madeira pelos Santos de gesso e de massa, bonitos e róseos com uma lindeza extra-humano." (p.26)
"(...) Deixaram o destronado orago num altar lateral enquanto o novo assumia o posto de honra no altar-mor. O Povo, habituado com o primeiro, continua obstinadamente, a recorrer ao conhecido padroeiro, dando-lhe orações e pagando promessas." (p.26-27)
"(...) Um trabalho de madeira é sempre um esforço pessoal, direto, próprio. Fique feio ou deslumbrante, o caso é que é um produto da inteligência humana, sem o auxílio da máquina polidora. Um trabalho de gesso, cartão ou massa, sempre bonito, é sempre o resultado frio da máquina, produto igual, monótono em sua beleza, sem calor da mão humana, rude ou apta, mas sincera." (p.27)
[Termina a crônica afirmando]
"Se os Santos de madeira são impróprios para o Culto ao menos conservemo-los como objetos de Arte, Arte primitiva, tosca, iniciante, mas Arte fiel a si mesma." (p.27)


Luiz da Câmara Cascudo

PAULO VARELA

O poeta matuto Paulo Varela, é meu conterrãneo do Açu, considerado um dos melhores poetas populares desse Nordeste. Paulo deixou o Açu para fazer apresentações na cidade do Natal se apresentando em casas de espetáculos da terra natalense. A sua poesia, é como a de Renato Caldas, agrada a gregos e troianos.Vejamos para o nosso deleite, o poema adiante:

Pro mode dessas doidice
Que temo que escutar
Tanta coisa ripitida
Desses tanto bla-blá-blá
Por isso qui tenho dito
Os versos são mais bunito
Do que esses pocotó
Gente sen arte tá rico
E ouvido não é pinico
E nem também urinó
Faço coisa diferente
Dessas raízes da gente
Pois eu acho mais mió

Falo de nossas sabenças
Das nossas maledecências
Das coisas do mei rurá
Eu falo do sofrimento
Do chicotar do jumento
Do vôo do carcará
Falo do gado magrenho
Da cachaça, do engenho
Do nordestino sofrido
Desse mato ressequido
Do espinho unha-de-gato
Tocaia no mei do mato
Das poça, do lamaçá
Da mãe que dá de mamar
Do aboiar do vaqueiro
Do repicar do ferreiro
Das prece, dos retirante
Dos bando de avuante
Do sol amarelo e quente
Da fome de nossa gente
Cangaia, borná, chucaio
Tropeiro no seu trabaio
Bisaca, xote, capim
Das negas, dos cabra ruim
Viola, moitão, furquia
Do calor do meio-dia
Casa de taipa, forró
Cachorro, gato, socó
Dos cabôco bom de briga
Das gostosas rapariga
Trinchete, alguidá, panela
Do pilão, cabaço e vela
Do luar, da lamparina
Dos perfume das menina
Quengo, feira e caçote
Biqueira, coice, magote
Farinha, feijão, arroz
Do nosso baião-de-dois
Cangapé, foice, matuto
Nossa fé, do nosso luto
Dos andar das romaria
Do repente, cantoria
Das beatas rezadeira
Dos tiros de baladeira
Dos bolão de vaquejada
Dos coriscos, trovoada
Enxada, perneira e pá
Brida, roçado, vasante
Mas vamos mais adiante
Que não parei de falá.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

POESIA

Acabaram-se comigo todos os meus soluços.
Todos os meus gritos.
Todas as minhas tempestades.
Eu agora saio a perguntar onde ainda encontrar todos os meus soluços, todas as minhas tempestades.


João Lins Caldas, poeta potiguar



quinta-feira, 20 de maio de 2010

O príncipe plebeu e seu biógrafo
Livro inédito disseca a vida de Othoniel Menezes, autor de Praieira e um dos maiores poetas potiguares
Sérgio Vilar // sergiovilar.rn@dabr.com.br

A Rua das Laranjeiras ainda lamenta o fim do poema. A última estrofe de um soneto ritmado pelo balançar lânguido das jangadas ou de serenatas ao luar. Uma poesia de altos e farras boêmias. Frases metrificadas e desgarradas, soltas pelo pioneirismo modernista. A história de Othoniel Menezes vai além da Serenata do Pescador - a popular Praieira. Daquela rua ribeirinha foi precursor de Jorge Fernandes na poesia moderna potiguar, assumiu cargos de chefia no alto escalão governamental e viveu a maior parte da vida como príncipe plebeu. Um príncipe da poesia, amante tímido da simplicidade.


Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press
A história do autor do hino natalense foi imortalizada em prosa, verso e canção. O biógrafo e escritor Cláudio Galvão iniciou as pesquisas para o livro em 1981 e reuniu um compêndio de informações raras e inéditas. Príncipe Plebeu: uma biografia do poeta Othoniel Menezes foi editado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte (Fapern). Ainda sem data agendada para lançamento,o livro virá acompanhado de CD composto por nove poemas de Othoniel Menezes musicados por diferentes autores. Afora Praieira, e também Sereia - inserida em um LP produzido pelo projeto Memória, da UFRN, as outras canções são inéditas.

Cláudio achou antigos seresteiros que ainda lembravam das canções. Visitou cada um acompanhado de um violonista, gravou as canções e repassou as partituras em casa. Muitas delas compõem o livro A Modinha Norte-Rio-Grandense, também de sua autoria. A demora na confecção do CD tem adiado o lançamento do livro. O filho de Othoniel, Laélio Ferreira - que assina o prefácio - pretende uma grande serenata para o lançamento do livro, em frente à antiga morada do "xaria mediano e formoso da Rua das Laranjeiras (quanta mansidão nos olhos claros!) era e seguirá sendo, sempre, o meu Príncipe e meu pai", escreveu. 

terça-feira, 18 de maio de 2010

UM POEMA DE WALFLAN DE QUEIROZ


[ in O livro de Tânia, 1963 ]
Eu venho de uma montanha, Tânia.
De uma montanha de fogo e de sombras,
De fogo como o sol e de sombras como a noite.
Venho de um vale, Tânia.
Um vale com mil flores brilhantes.
E todas estas flores eram tuas.
Venho de uma floresta, Tânia.
Uma floresta com apenas um pássaro.
Um pássaro azul como as águas do rio.
Venho de um lago também azul, Tânia.
Um lago tranquilo e sem rumores,
Com cisnes brancos, cisnes selvagens,
Selvagens como meu amor.
Eu venho do mar, Tânia.
Um mar sem praias e sem gaivotas,
Com uma ilha de carne,
E com o sangue de uma estrela.
Venho do deserto quente, Tânia.
Um deserto com ventos de areia,
E com monumentos que são sepulcros,
Onde enterro a minha solidão.

COSTA LEITÃO VERSUS EDGARD MONTENEGRO

Em 1962 disputava a prefeitura do Açu (foi uma campanha política mais tensa que o Açu já viveu) Maria Olímpia Neves de Oliveira - Maroquinhas (figura de minha estima e admiração, atualmente residente em Brasília) contra Walter de Sá Leitão. Maroquinhas tinha o apoio do seu marido Costa Leitão que na época era ainda o prefeito daquela terra açuense, Walter tinha o apoio de Edgard Montenegro então deputado estadual e líder incontestável do Vale do Açu..Em certo comício na praça pública do Açu Edgard em referência a Costa que tinha a cor escura e que era chamado pelos seus adversários de negro e "Barrão", externou: "Meus conterrâneos, esse negro achando pouco a sua "tinta" quer agora colocar uma "Onça" (apelido de Maroquinhas naquela eleição) na prefeitura do Açu.. Não podemos aceitar uma coisa dessas!" Dia seguinte, comício de Maroquinhas, povão na praça esperando a resposta de Costa sobre aquelas palavras de Edgard, Costa usou do microfone saindo-se com essa em referência a Edgard:: "Macacada te ajeita, porque Maroca vai ser prefeita!" E Maroquinhas, se não me falha a memória, ganhou a eleição para Walter (Golinha) por 308 votos. Era assim a política praticada no Açu.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

SAUDADES DO MEU PAI



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10-Ago-2002
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SAUDADES DO MEU PAI

Neste domingo – dia dos pais – recordo-me da figura do meu pai como forma de homenagear todos os pais do RN. Católico fervoroso, moreno, estatura mediana, cabelos lisos bem penteados, voz mansa, simples, solidário, gostava de olhar nos olhos e apertar com firmeza as mãos das pessoas. O seu maior orgulho era ter nascido no Assu, onde passou a infância e a juventude. Visitava com freqüência a sua terra. Observador, gostava de poesia como todo assuense, opinava sobre tudo que ocorria ao seu redor.  Josias de Oliveira Souza, era o seu nome.
Mesmo com as névoas do tempo, lembro-me quando completei oito anos. Morávamos na rua Presidente Quaresma, 363, bairro do Alecrim, Natal. Ele e mamãe comemoraram a data de forma especial por gostarem da poesia de Casimiro de Abreu (“Meus oito anos”). Na festinha, tinha até “guaraná champagne”, o que não era comum na minha casa.
                        
“Oh! Que saudades que tenho

Da aurora da minha vida
Da minha infância querida,


Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonho, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!” 


(Casimiro de Abreu)

Estudava no Colégio São Luiz, dirigido pelo Padre Eymard, onde recebi da professora Leonor as primeiras lições na vida. Quando fui fazer o exame de admissão ao ginásio de então, papai obrigou-me a freqüentar as aulas preparatórias do professor Batalha, conhecido pelo uso da palmatória a cada resposta errada do aluno. Cheguei em casa algumas vezes com as mãos vermelhas. Fui um dos primeiros colocados no exame de admissão do Colégio Marista e devo isto ao Mestre Batalha, um excelente professor e homem de bem.
A história de vida de papai teve a marca da luta e do cumprimento do dever. A tragédia o atingiu criança com a morte do seu pai, Francisco Justino de Souza, com quem praticamente não conviveu. Cursou até o atual segundo grau e contou com o amor e o carinho de sua mãe, Mafalda, caicoense de origem, que adotara Assu como a sua terra natal. Trabalhou no comércio. Gostava de conservar as amizades. O seu primeiro patrão  foi o honrado comerciante Leonardo Pinheiro (já falecido), dono de loja no Assu, por quem ele tinha grande estima e consideração. “Seu Leonardo” quando visitava  Natal era convidado permanente da nossa casa. Lembrava Cláudio, colega de juventude no Assu, que também veio morar em Natal, como um dos seus maiores amigos. Conversavam sempre. Nunca mais o vi.
Já morando em Natal, casou aos 22 anos (a mesma idade que casei) com a minha mãe, Neuza, com quem viveu até a morte prematura aos 56 anos de idade. Além de mim, o filho mais velho, os meus irmãos Gileno e Gilson. Aprendeu, durante a II Guerra, a arte de alfaiataria. Cortava o tecido, mas não sabia costurá-lo. Nos anos cinqüenta, instalou a Alfaiataria Globo, no Alecrim. Era uma mini-empresa com vários empregados, regra geral homens que costuravam os paletós e as mulheres as calças. Mensalmente, ia ao Recife e comprava tecidos para roupas masculinas e aviamentos para alfaiataria na loja “Fortunato Russo”, de quem foi cliente muitos anos.
Detestava dinheiro emprestado e pagava pontualmente as suas obrigações. Esta lição,  também me ensinou. As pessoas mais próximas dele diziam que “atravessava um rio a nado para fazer um favor”. Repetia sempre as máximas: “a única coisa duradoura que os pais dão aos filhos é o estudo”;  “o trabalho, qualquer que seja, não envergonha a ninguém”. Era rigoroso com os estudos. Mamãe fiscalizava os meus “deveres de casa”. Quando ela tinha outros afazeres, ele exigia que ficasse estudando sob a sua vista na alfaiataria. O seu sonho era que fosse “guarda marinha” (oficial da Marinha de Guerra). Depois, quando decidi ser advogado, afirmava que morreria tranqüilo, se eu chegasse a procurador federal. Fui procurador federal. (Hoje ganha menos da metade dos procuradores estaduais e municipais). Ele acompanhava tudo de política. Quando lhe dizia que um dia seria político, aconselhava: “no RN isto é um clube fechado. Não lhe deixarão entrar. E se entrar irá sofrer muita injustiça”. Citava como exemplo as perseguições contra Café Filho, a quem admirava. Ele tinha razão. Sonhava com oportunidades para mais os  pobres.
No final dos anos cinqüenta, surgiram em Natal as primeiras roupas feitas. Seria o momento para papai transformar a sua alfaiataria numa fábrica. Estimulado, negou-se a pedir dinheiro emprestado em bancos ou pedir favores ao Governo. Resultado: os seus clientes deixaram de fazer roupa sob medida e a Alfaiataria Globo fechou. Muitas vezes, com lágrimas nos olhos, antecipava as dificuldades financeiras, caso eu tivesse que cursar a Faculdade de Direito no Recife. A iniciativa pioneira do Professor Onofre Lopes (também da família por parte de minha mãe) tranquilizou-o com a instalação da nossa Universidade.
Fechada a alfaiataria, mamãe, eu e meus irmãos, ainda pequenos, procuramos trabalhar e ajudá-lo na manutenção da casa. Mamãe ingressou no serviço público, no qual aposentou-se. Eu fui revisor de jornal aos 14 anos. Recordo a aflição em família para compra de material escolar no início do ano e na hora de pagar a mensalidade dos filhos no colégio.Por esta razão, quando assumi uma cadeira na Câmara Federal em 1975, o primeiro projeto que apresentei foi o da criação do crédito educativo, hoje FIES.
Aposentado com um salário mínimo, ele sofria muito por não ter vida ativa no trabalho. Lembro-me das suas últimas alegrias: a minha formatura em 1967 em que fui o orador oficial da Turma da Liberdade e quando, dias depois, casei-me com Abigail, que ele considerava “uma moça excelente e de boa formação ”.
Morreu em 1972 de um pós-operatório. Esteve internado no navio-hospital norte-americano (“Hope”), ancorado em Natal. Nada adiantou. Transferiu-se para o então Hospital das Clínicas. Supersticioso com o número 9 ou numeração que desse “nove fora nada”,   faleceu, por ironia do destino, no dia 9 de maio, no apartamento número 9, às 7 horas e 11 minutos da manhã. Toda família herdou essa superstição. Autorizei a doação das  córneas dos seus olhos para transplante no navio “Hope”, sob a condição de nunca saber quem se beneficiou. Até hoje, a família desconhece quem passou a enxergar com elas.
Neste Domingo – dias dos pais – lembro de “seu Josias”, homenageando-o com parte da música de Sérgio Bittencourt, cantada pelo insuperável Nelson Gonçalves: “ Naquela mesa ele sentava sempre ; e me dizia contente o que é viver melhor..... Naquela mesa tá faltando ele; e a saudade dele tá doendo em mim”.


Coluna Publicada aos domingos nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte

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