terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Prefeitura de Extremoz e Defesa Civil se preparam para o inverno

Na manhã desta segunda-feira, 24, a Prefeitura de Extremoz e Defesa Civil do município se reuniram para iniciar ações preventivas para a possibilidade de inverno rigoroso previsto para o Rio Grande do Norte, com possíveis alagamentos na região rural e costeira do litoral de Extremoz.
Participaram da reunião o presidente da Defesa Civil, Adriano Veras, vice-presidente Newton Pereira, Secretário de Meio Ambiente, Fábio Góis, Secretário de Infraestrutura, Carlos Queiroz Júnior, Secretária de Assistência Social, Renata Rêgo, Secretária de Saúde, Walmira Guedes, secretário do Gabinete Civil, Lázaro Torquato, representante da secretaria de Agricultura, Newton de Souza Filho e os vereadores Valdemir Cordeiro e Lúcia Ramalho (presidente da CME).
Na ocasião, foram apresentados pela defesa civil os pontos históricos de alagamentos e sugestões para iniciar a medida preventiva. A prefeitura, por meio das secretarias envolvidas, já está em estado de alerta e com disponibilidade de pessoal. A prefeitura também estará emitindo comunicado oficial com pontos de apoio, caso seja preciso nos próximos dias.
Plantão
De acordo com o presidente da Defesa Civil do Município, Adriano Veras, nos próximos dias será instalado provisoriamente uma sede para o período chuvoso com telefone para a população e plantão 24h. Dentre outras ações, a Defesa Civil e a Prefeitura de Extremoz estarão realizando uma mobilização com lideranças religiosas, comunitárias, agentes de saúde e agentes da assistência social, para atuar nas áreas consideradas de risco.
Durante a reunião de ontem também foi anunciado, pela Secretaria de Agricultura, que quatro comportas do Rio Ceará Mirim (Estivas) serão abertas na próxima segunda-feira, 31, objetivando evitar o acúmulo das plantas “Baronesas” que se reproduzem muito nesta época. Uma equipe da secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura fará a limpeza na praia de Barra do Rio, para evitar o acúmulo das aguapés.
No dia 11 de fevereiro será realizado uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores para que o plano de ação da Defesa Civil seja concluído junto com a população. Na ocasião, representante do Dnocs, Idema e Defesa Civil do Estado serão convocados. 
AGÊNCIA ECO DE NOTÍCIAS
 
Leonardo Sodré                         João Maria Medeiros
Editor Geral                                  Diretor de Redação
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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

PRINCIPAIS CAUSAS DAS ENCHENTES NO VALE DO AÇU
 O Vale do Açu está com risco de inundações, tendo em vista principalmente, que a mata existente em seu leito, provoca a formação de grandes bancos de areias, impedindo o escoamento da água.
Sabemos que muitos fatores contribuem para o assoreamento do Rio, como: desmatamento, compactação dos solos pela agropecuária tradicional, provocando erosão, construção de pontes e passagens molhadas, etc., mas a mata que vem se formando no leito do Rio Açu, principalmente pelas espécies nativas de calumbi, unha de gato e mofunbo, formamdo verdadeiras touceiras, considero o principal fator que vem contribuindo para o assoreamento do Rio e provocando as enchentes.
Essa tarefa para o desmatamento, não demanda grandes recursos, ou seja, com apenas tratores de esteiras, será possível viabilizar o desmatamento e com o leito do rio livre da mata, aumenta a velocidade da água, provoca o carreamento da areia que está assoreada, aumenta a vazão e consequentemente diminui as inundações.
Ipanguaçu/RN, 22 de janeiro de 2011.

Júlio Justino de Araújo
Engº. Agrº, M.Sc. Irrigação e Drenagem
Professor IFRN Campus Ipanguaçu

Do BlodeAluízioLacerda

ALGUNS NOMES DA POTIGUARÂNIA

[Notas de Laélio Ferreira no volume da Obra Reunida de Othoniel Menezes (OM), (no prelo]

Luis da Câmara Cascudo (Natal-RN, 30.12.1898-Natal/RN, 30.07.1986). Escritor, advogado, professor, jornalista, historiador, etnógrafo, sociólogo, folclorista, orador, boêmio, conversador admirável. Foi, na década de 1930, líder dos integralistas no Rio Grande do Norte, tendo ocupado a chefia provincial do movimento. Poeta bissexto, é o maior nome das letras do Rio Grande do Norte, no cenário nacional. Contemporâneo e amigo de OM, chamava-o, carinhosamente, de Titó. Cascudinho, para Othoniel. No Ronda do tempo (um diário), escreveu, em 23 de abril de 1969: Soube, hoje, do falecimento de Othoniel Menezes, a 19, no Rio de Janeiro. Relações de 1917. Um poeta maior da minha terra. Vai para o meu oratório, o Gente Viva que estou pensando escrever. A morte existe, os mortos não!

Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão (Macaíba/RN 02.10.1872-Angra dos Reis/RJ, 01.02.1944). Foi governador do Rio Grande do Norte de 1900 a 1904. Irmão de Pedro Velho e Augusto Severo, deputado federal, procurador-geral. Aposentou-se no cargo de inspetor do Instituto Nacional do Sal. OM, coincidentemente, anos depois, ocuparia as mesmas funções, nelas também se aposentando, por invalidez.

Antônio Pinto de Medeiros (Manaus/AM, 09.11.1919-Rio de Janeiro/ RJ, 09.02.1970). Poeta, jornalista, professor, advogado, crítico literário, conferencista. Renunciou à imortalidade da Academia Norte- Rio-Grandense de Letras. Publicou Um poeta à-toa (Imprensa Oficial RN) e Rio do vento (mesma editora).

 Aderbal de França (Natal/RN, 05.01.1895-Natal/RN, 25.05.1974). Jornalista, fundou a revista Cigarra e o vespertino Diário de Natal. Estudou medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, não concluindo o curso. Foi funcionário do IBGE.  inventou a crônica social no RN, sob o pseudônimo de Danilo. Estilo leve, escorreito, elegante. Amigo pessoal, contemporâneo de OM. Um dos fundadores da ANRL.

João Café Filho (Natal/RN, 3.02.1889- Rio de Janeiro/RJ, 20.02.1970). Advogado provisionado, sindicalista, jornalista; deputado federal, tribuno. Chegou à Presidência da República. Esqueceu os amigos. OM, embora decepcionado com o ex-companheiro de imprensa e de lutas políticas, conservou a dedicatória.

Sílvio Piza Pedroza (Natal/RN, 12.03.1918- Rio de Janeiro/RJ, 19.08.1980. Prefeito de Natal (1947-1951), governador do Estado (1951- 1954). Admirador de OM, fazia em companhia de Luis da Câmara Cascudo, Jayme Wanderley, Evaristo de Souza e outros serenatas à porta do poeta, cantando a Praieira. Foi quem autorizou a publicação, pelo Departamento de Imprensa Estadual, da primeira edição deste livro, em 1952.

José Jannini (Natal/RN, 18.05.1902-Rio de Janeiro/RJ, 28.07.1974). Poeta natalense, de família italiana, radicado no Rio de Janeiro no final da década de 1920. Radialista, compositor, jornalista e cantor, amigo de infância de OM. Jin Kiang era o pseudônimo com que assinava haicais. (poemas japoneses curtos, compostos por três versos, o primeiro e oterceiro com sete sílabas e o segundo com cinco sílabas, sem rimas. Sua popularidade no Japão ocorreu no século XVII). Em 1926, na companhia de Damasceno Bezerra e OM, participou de inconseqüente noitada boêmia que marcaria, por toda a vida, o poeta da Praieiras ,fazendo-o perder o importante cargo de primeiro oficial da Secretaria-Geral do Governo Estadual, à época do titular José Augusto Bezerra de Medeiros.

Aprígio Soares da Câmara. Educador, jornalista, nascido em Santana do Matos/RN. Foi professor em Jardim do Seridó, em Mossoró e Natal. Bacharel formado na Faculdade de Direito do Recife, em 1924, mudou-se, mais tarde, para São Paulo, obtendo largo sucesso como advogado de grandes empresas. Faleceu, na capital paulista, em 06 de fevereiro de 1967.

Antônio Antídio de Azevedo (Jardim do Seridó/RN, 13.06.1887- Natal/RN 05.11.1975). Poeta de Zelações; tabelião em Natal. Prefeito de sua terra. De tão honesto e cioso, renunciou ao mandato às vésperas de receber a cota federal  dos municípios. Um dos seus filhos é o professor emérito da UFRN, Max Cunha de Azevedo.

Jaime da Nóbrega Santa Rosa. Cientista norte-rio-grandense, nascido em Acari, Doutor em Química, pioneiro no estudo da energia solar no Brasil, um dos fundadores do Instituto Nacional de Tecnologia e da SPBC. Em 1939, fundou a RQI-Revista de Química Industrial, órgão da Associação Brasileira de Química, entidade de classe por ele idealizada. Historiador,
Jaime é autor do livro Acari: Fundação, História, Desenvolvimento, Rio de Janeiro: Pongetti, 1974.

Cipriano Bezerra Galvão Santa Rosa (Acari/RN, 27.10.1857- Acari/RN, 14.02.1947).Tenente-Coronel da Guarda Nacional, agropecuarista, político abolicionista e republicano, foi juiz Distrital e governou o Município do Acari cinco vezes (intendente e prefeito). Por afinidade, aparentado com OM. Sua segunda esposa, Maria Iluminata da Nóbrega, era prima legítima da madrasta de Othoniel, Celsa Bezerra de Araújo Fernandes (de Melo). Pai do Químico Jaime da Nóbrega Santa Rosa (v.cit.) e do servidor público Janúncio da Nóbrega Santa Rosa, casado com Elodia Menezes Santa Rosa  sobrinha e afilhada do poeta, filha de Francisco Menezes de Melo.

Heráclio Pires Fernandes (Jardim do Seridó/RN, 28.06.1882-Natal/ RN, 22.03.1958). Nascido na Fazenda Três Irmãos, farmacêutico,  presidente da Intendência de Jardim do Seridó (prefeito). Seridoense tipo “fibra longa”. Músico amador, tocava flautim.

José Vitoriano de Medeiros. No ano de 1913, em Natal, na 3ª. Companhia Isolada de Caçadores (à época, o único estabelecimento militar do Exército Nacional, no Estado), foi colega de farda de OM, ambos na graduação de terceiros-sargentos. Dois ou três anos mais velho do que o poeta, vem dessa época a longa e profunda amizade entre os dois companheiros.
Mais tarde, na perseguição à Coluna Prestes, no Piauí, encontrar-se-iam novamente: Vitoriano, capitão da Polícia Militar; Othoniel, como segundo-sargento do Exército. No início da década de 1930, Vitoriano, no posto de major, comandou a Polícia Militar do Estado. O oficial  que se reformou como coronel  era homem de leituras, conhecendo bons autores e, também, poeta e músico. É o autor da Marcha Oficial da PM Potiguar (letra e música).

Manoel Bezerra de Araújo Galvão Júnior (Acari/RN, 11.12.1862- Acari/RN, 25.12.1948). Conhecido como Seu Coquinho (era irmão do Coronel Cipriano Santa Rosa), senhor das terras da Fazenda Pedra e Cal, no Acari. Cidadão respeitado, foi um apaziguador de questões, um juiz sem diploma.

Aldo Fernandes Raposo de Melo, político importante, primo do governador Rafael Fernandes  temido e odiado por cafeístas e comunistas que perseguiu obstinadamente, ferozmente, quando secretário-geral do Estado depois do Levante de 1935, banqueiro e professor universitário (foi vice-reitor da UFRN). Enviuvando de uma das filhas do patriarca Jerônimo Rosado Maia (1861-1930), reluzente administrador e pioneiro incontestável do progresso de Mossoró/RN, como era o costume à época, procurou o sogro para pedir-lhe a mão de uma das cunhadas mais jovens. O rico industrial, fundador da dinastia dos Rosados, paraibano de
Pombal/PB afeito aos costumes sertanejos, como o cearense Manoel Pimenta, acima citado por OM, não concordou com o pedido do genro. O primo do governador terminou casando com outra das filhas do Dr. Jerônimo  por sinal, nascida um pouco antes da pretendida noiva.

Eduardo Medeiros. Nasceu no município de Touros/RN, em 21.06.1887. Faleceu em Natal/RN, em 20.06.1961. Certos pesquisadores dizem que ele nasceu em Ceará-Mirim. Músico renomado, clarinetista e violonista, mestre de banda, compositor festejado, parceiro de OM, autor da música da Serenata do pescador, a consagrada Praieira. Morador tradicional do bairro das Rocas, em Natal. Ver, adiante, nesta Obra reunida, O cancioneiro de Othoniel Menezes, do pesquisador Cláudio Galvão.

Antônio Pedro Dantas. Tonhéca Dantas (Carnaúba dos Dantas/RN, 13.06.1870-Natal/RN, 07.02.1940). Músico seridoense, compositor, professor, militar e maestro. Autor da mais apreciada valsa do Rio Grande do Norte: Royal Cinema. Essa valsa famosa embora pouco conhecidos tem versos do poeta Bezerra Júnior.

Joaquim Bezerra Júnior (Natal/RN, 10.05.1890-Natal/RN, 18.09.1957). Poeta e romancista. Publicou dois livros de versos, Poemas da selva e Natureza. Deixou vários produções inéditas, entre elas, dois romances. Foi soldado, marinheiro e funcionário da Inspetoria das Obras Contra as Secas. Homem sofrido, bondoso, modesto e fidalgo no trato. Foi quem sugeriu a OM levar os versos da  serenata do pescador (mais tarde apelidada de Praieiras) para Eduardo Medeiros musicar. Ele próprio foi destacado autor de modinhas, em parceria com o festejado maestro canguleiro.

 Clarice da Silva Pereira Palma (Natal/RN, 12.04.1911-Natal/RN, 11.08.1996). Poeta, teatróloga, atriz, agitadora cultural. Fundou o Clube dos Sete (teatro), a Academia dos Compositores, a Federação Norte-Rio-Grandense de Autores Teatrais e a Ordem dos Músicos (Seção do RN). Filha do poeta Francisco Palma. Ver nota no ensaio sobre Ferreira Itajubá.

Felipe Néri de Brito Guerra (Augusto Severo/RN, 26-05-1867- Natal/RN, 04.05.1951). Deputado estadual, procurador, desembargador, secretário de Estado, educador, sociólogo, historiador. Publicou Secas contra as secas, Ainda o Nordeste, A seca de 1915, O porto de Mossoró, História militar do Rio Grande do Norte.

Cristóvão Bezerra Dantas (Natal/RN, 19.04.1900-Natal/RN, 17.10.1965). Engenheiro-agrônomo, foi secretário de Estado, jornalista, deputado federal. Publicou, em 1921, Lavoura seca do Rio Grande do Norte (Imprensa Oficial). Foi da ANRL.

Jayme dos Guimarães Wanderley (Natal/RN, 06.06.1897-Natal/ RN, 24.02.1986). Poeta, jornalista, bacharel em Farmácia, teatrólogo, radialista, professor, servidor público, amigo de infância de OM. Pertenceu às duas Academias de Letras do Estado e foi presidente e fundador do Clube de Poesia de Natal. Prolífico, trabalhador incansável, publicou mais de vinte livros, deixando vasta obra inédita. Em certa fase da longa existência, afligido por problemas pessoais, entregou-se à boêmia desregrada. Espírito superior, amparado pelos amigos e pela segunda esposa, sobrepôs- se às dificuldades e viveu serenamente, trabalhando e produzindo até falecer aos 89 anos.

Antônio José de Melo e Souza (Nísia Floresta/RN, 24.12.1867-Recife/ PE, 05.07.1965). Político, escritor, professor, advogado, jornalista, senador. Foi, duas vezes (1907-1908, 1920-1924), secretário de Estado e governador do RN. Escrevia às vezes sob dois pseudônimos: Polycarpo Feitosa e Francisco Macambira .Publicou vários livros, entre eles Gizinha, romance (Tipografia do Anuário do Brasil, 1939). OM trabalhou no seu Gabinete, de Secretário-Geral do Estado, no quadriênio 1920-1924. Foi nessa gestão promovido por Antônio de Souza de segundo a primeiro oficial da Secretaria (Casa Civil, hoje).

José Edinor Pinheiro Avelino (Macau/RN, 17.07.1898-Natal/RN, 10.03.1977). Um dos maiores poetas do Estado, no seu tempo. Em 1923, OM já o classificava como “a mais bela afirmação entre os novos. Eram amigos fraternos. Uma modinha de sua autoria, chamada Macau (música de Fernando Almeida), é considerada pelos macauenses como o hino da terra das salinas. Edinor, que foi funcionário autárquico federal, sofreu muito com a cegueira que o acometeu. Pertenceu à ANRL. Com o seu desaparecimento, substituiu-o, na mesma cadeira, o filho, Gilberto Avelino, também falecido.

Joaquim Teixeira de Moura. Referência velada, ferina, ao coronel da Polícia Militar do RN. Durante o relativamente curto período do governo (1928-1930) de Juvenal Lamartine de Faria (1874-1956), esse oficial notabilizou-se pela violenta repressão aos correligionários  e à própria família  do futuro presidente Café Filho, inimigo político do governador. Ficou célebre, quando tenente, em 1928, pelo frio assassinato de um certo Chico Pereira, acusado de roubo no interior do Estado e constituinte de João Café – que era advogado provisionado. Itamar de Souza, em A República Velha no Rio Grande do Norte, conta, com detalhes, a terrível façanha do militar. Outro escritor, Ivanaldo Lopes  por sinal, filho de um outro coronel , no livro Oficiais da PM (1980), retrata Joaquim de Moura como quase perverso por obrigação do ofício, revelando que [...] às vezes, quando o sacrifício era próximo a núcleos residenciais, sepultava o bandido em cova rasa, ainda vivo, mas inerte, mantendo apenas a respiração ofegante de moribundo. Tanto assim era, que, em muitos casos testemunhados por transeuntes, as reações da vida faziam surgir do túmulo um braço ou uma perna, denunciador de alguém ali sepultado.

Postado por Fernando Caldas



JANEIRO

 
Janeiro... As esperanças sertanejas
Doiradas pelos fios das chuvadas...
As moças frontes de ilusões juncadas
E pela vida a festa nas igrejas...

Janeiro... Os negros toiros nas pelejas
E os morenos rapazes nas caçadAs...
As  brandas hastes de jasmim povoadas
E o tilintar de copos nas bandejas...

Janeiro... O riso a florescer nas bocas;
Por toda parte as esperanças loucas,
O sonho bom das calmarias boas...

O rio a rir, as andorinhas puras...
... O campo e a luz nas naturais venturas
Do amor dos patos dentro das lagoas.

João Lins Caldas, poeta potiguar do Açu


Prefeito de São João do Sabugi anuncia implantação de usina de leite

 
O prefeito de São João do Sabugi, Aníbal Araújo, e os seus secretários de Meio Ambiente e Infraestrutura, Herberto Souza e João Batista Pereira, respectivamente, participaram nesta sexta-feira (21) de reunião com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern), José Álvares Vieira, onde trataram de temas recorrentes à agricultura naquela cidade.
Na ocasião, o prefeito e os seus assessores falaram sobre a implantação de uma usina de leite no município por meio de uma parceria da prefeitura e produtores rurais da região. “Uma usina que beneficiará toda uma gama de produtores e que trará investimentos para o município”, explicou o prefeito Aníbal. A usina está sendo montada na comunidade de Cachos, na Zona Rural do município.
De acordo com José Vieira a boa relação da instituição com a prefeitura e os produtores de São João do Sabugi é comprovada na implantação do Programa Balde Cheia, que visa incentivar os produtores na melhor forma de administrar suas fazendas e propriedades rurais. “Acredito que com essa usina de leite, a nossa parceria ficará mais forte, pois com esse projeto, os nossos educadores terão maior contingente de produtores para atender”, ressaltou Vieira.
Valorização
Na reunião também foi discutido o real aproveitamento das qualidades culturais de determinados produtos do RN, como é o caso do queijo. “Temos que valorizar, mais e mais, as nossas qualidades como fabricantes de queijo e outros produtos. Temos que ter uma cabeça que incentive a cultura regional. Temos que valorizar as nossas raízes regionais”, informou o prefeito Araújo.
De acordo com José Vieira, esse tipo de pensamento já é muito comum nos países da Europa, como é o caso da França, que valoriza os seus produtores rurais. “Observei na França, na sua Zona Rural, que a produção de queijo e de outros produtos é incentivada por todos. O produtor rural é um amigo da França e não um mero coadjuvante na economia”, finalizou Vieira.
 
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domingo, 23 de janeiro de 2011

COTONICULTURA ESPERA RETOMADA

A área plantada, que na safra 1976/1977 chegou a 559,9 mil ha, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, na safra 2010 não passou de 2.964 ha

Renata Moura - repórter

A cultura do algodão, que já integrou o rol de principais locomotivas da economia do Rio Grande do Norte, poderá retomar peso no estado, estimulada por uma mudança de cenário que inclui preço em alta e sinais de mercado para absorver a produção. Um projeto que começará a ser desenvolvido e deverá render os primeiros frutos no Vale do Assu este ano é a atual esperança para que a atividade consiga se reestruturar e aproveitar o momento favorável. Há, porém, um longo caminho até a cultura recobrar por completo o vigor que teve no passado.

divulgação

A área plantada no RN, que na safra 1976/1977 chegou a 559,9 mil ha, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, na safra 2010 não passou de 2.964 ha. Fora dos trilhos desde meados da década de 70, a cotonicultura, como é chamada a cultura do algodão, perdeu força no Rio Grande do Norte e na maior parte dos estados produtores no país. Pressionada por questões comerciais e pela praga do bicudo, que dizimou diversas plantações, a atividade perdeu área, produção e indústrias de beneficiamento. E os fatores conspirando em favor do declínio não pararam por aí.

Para se ter ideia da situação, a área plantada no RN, que na safra 1976/1977 chegou a 559,9 mil hectares, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra 2010 não passou de 2.964 hectares. Em relação à safra de 2009, o número representou uma queda de 67,02%. Condições climáticas adversas foram as responsáveis, desta vez, por comprometer o cultivo. “O produtor até plantou, mas as chuvas acima da média, em 2008 e 2009, fizeram com que perdesse safra. Em 2010, o problema foi a estiagem”, diz o analista de Mercado de Produtos Agrícolas da Conab, Luís Gonzaga Costa.

A incerteza de preços remuneradores na época da comercialização, o alto risco da lavoura, sobretudo pelas condições climáticas desfavoráveis nos últimos anos, e a desvantagem na competitividade com o algodão do Oeste da Bahia e da região Centro-sul do País – que avançaram enquanto as demais áreas produtoras decaíam - também têm parcela de culpa no desestímulo dos produtores e para levar a atividade potiguar a alcançar resultados considerados desastrosos.

Desestruturação

“Hoje, a produção está precisando de uma melhor organização, tanto na parte de produção quanto na parte de comercialização”, diz o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Aldo Arnaldo de Medeiros. Há 30 anos envolvido na área de cotonicultura, ele explica que parte da cadeia comercial do algodão praticamente desapareceu no estado. O número de produtores, diz o pesquisador, encolheu. Outra baixa ocorreu na área do beneficiamento, o processo de separação da pluma do caroço. “Atualmente praticamente inexistem o produtor e o maquinista (que faz o beneficiamento). Um conjunto de fatores contribuiu para isso. Entre eles, o custo de captação de dinheiro que aumentou, restrições de acesso ao seguro agrícola e estrutura inadequada para permitir o aumento da produtividade da área”, observa.

O maquinista também sofreu com a concorrência internacional, com a abertura do mercado brasileiro às importações do produto. “A cadeia produtiva encolheu e precisa ser reestruturada com novas concepções empresariais. Não basta só produzir e ter um comprador. É preciso saber fazer o manejo agrícola, ter cuidados com a colheita e também o cuidado com o uso das sacarias. Mas a parte comercial é o principal entrave à retomada. É preciso, antes de plantar, saber a quem vai vender e por quanto vai vender. É isso o que está se buscando com esse projeto no Vale do Assu”, diz Aldo Medeiros.

Indústria têxtil comprará a pluma

Todo o algodão produzido dentro do projeto de revitalização vai ser beneficiado em Assu e a expectativa é que a pluma obtida por meio desse beneficiamento seja comprada pela indústria têxtil, com contrato assinado e preço pré-fixado. O caroço, por sua vez, deverá ser transformado em “torta” de algodão, um alimento consumido pelo gado, e dele também será extraído óleo. Pelas contas da Coaperval, a receita apurada por cada agricultor poderá chegar a R$ 2.500, sendo algo em torno de R$ 1.660,40 apenas com a venda da pluma. “A venda do óleo e da torta poderão representar uma renda extra”, estima Gregório Junior, presidente da Cooperativa.

No caso da venda da pluma, os contratos com a indústria têxtil ainda estão em negociação, mas a expectativa é que sejam fechados na primeira quinzena de fevereiro. De acordo com informações de Josélia Maciel Teixeira, assessora técnica da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) que presta assessoria ao Arranjo Produtivo Local (APL) do Algodão do estado, em reunião sobre o projeto, realizada no dia 4 de janeiro, “os representantes da Vicunha têxtil S/A e da Coteminas S/A asseguraram a viabilidade da aquisição de 123 toneladas de pluma de algodão”. A empresa Nóbrega & Dantas também teria assegurado a aquisição das 227 toneladas de caroço de algodão.

“Temos que torcer para que a iniciativa no Vale do Assu seja vitoriosa e vamos ajudar no que for possível. Nós, como consumidores de algodão, sempre vamos querer que seja plantado cada vez mais algodão no Brasil”, diz o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil e diretor da Coteminas no RN, João Lima.

Consumo

A produção de pluma esperada no projeto deverá ser absorvida pela indústria local, que compra os fardos para, a partir deles, fazer o fio. O volume representa, no entanto, uma fatia microscópica da demanda atual da indústria.

De acordo com João Lima, a indústria têxtil potiguar consome algo em torno de 70 mil toneladas de pluma por ano. É possível estimar que, por mês, sejam demandadas pelo setor aproximadamente 5 mil toneladas do produto. Como falta produção local, grande parte do que entra nas indústrias é fornecida pela Bahia e pela região Centro-Sul. “A vantagem de comprar no estado seria reduzir o custo do frete”, diz Lima. “Torço muito para que a cotonicultura volte a crescer no RN. Mas tem que se achar uma forma de ter um custo menor na produção para ter um preço competitivo”, acrescenta.

No projeto do Vale do Assu, a variedade cultivada será a CNPA 8H, que tem 37% de fibra e produtividade acima de 1.500 Kg por hectare, praticamente o dobro do rendimento obtido com outras tradicionalmente usadas pelos agricultores. Também há ganho de fibra, considerando que com outras cultivares o percentual obtido é 35%. “A que iremos usar oferece mais resistência na hora de fazer o fio usado na indústria têxtil. É uma cultivar que atende as características de fibra exigidas pela indústriamoderna”, diz Waltemilton Cartaxo, da Embrapa.

Preço é estímulo para os agricultores

O projeto de revitalização da cotonicultura do Vale do Assu nasce em um momento considerado ímpar, em que o preço do algodão está lá em cima, observa Josélia Maciel Teixeira, da Fiern. Para se ter ideia da valorização do produto, o quilo chegou ao patamar de R$ 6 para a pluma e de R$ 2 para o algodão em caroço, aproximadamente o dobro do que atingiam antes. No projeto, a expectativa é que o valor unitário pela venda da pluma fique em torno de R$ 5,93.

O preço favorável pode ser um estímulo à retomada da cultura porque anima o produtor. Aldo Medeiros, da Emparn, explica que o valor tem sido catapultado pela lei da oferta e da procura. “ Está faltando algodão a nível internacional. E isso teve reflexos no Brasil, que é um grande exportador de algodão. Se o país começou a vender mais para fora, está faltando o produto aqui dentro. A lei da oferta e da procura fez o preço crescer muito”, analisa. Observando esse movimento, a indústria está aumentando a participação da fibra artificial na linha de produção, mas isso não deverá atrapalhar os planos de aumento da produção “natural”, de acordo com os idealizadores do projeto.

O secretário de Desenvolvimento Rural de Assu, Paulo Brito, diz que a expectativa é garantir aos agricultores uma nova fonte de renda, em municípios em que reinam a produção cerâmica e de frutas. “O algodão é promissor”.

O projeto é umas das ações desenvolvidas dentro APL do algodão e funciona com o apoio de diversos parceiros. A expectativa é que R$ 200 mil sejam destinados ao desenvolvimento do projeto. O dinheiro é fruto de uma emenda parlamentar sugerida pelo deputado federal Fábio Faria.

Se der certo, o projeto será replicado em outros municípios.

Projeto promete nova concepção de exploração

O projeto no Vale do Assu, batizado “Revitalização da Cultura do Algodão para Agricultura Familiar do Município de Assu e Região”, tem o objetivo de dar uma nova concepção de exploração da atividade ao produtor. “Antes de plantar ele vi saber quem vai comprar e por quanto vai vender. Também deverá estabelecer os acordos contratuais com quem fornece sacarias e transporte do sítio à unidade de beneficiamento, que vai ser feito em Assu, na Cooperativa que tem usina no município”, diz Aldo Medeiros.

Um dos objetivos do projeto é o aumento da produtividade da cultura de sequeiro – que depende da chuva para se desenvolver – e de geração de renda para agricultores familiares oriundos de áreas de assentamento ou não. O projeto é a largada para um sistema de produção estruturado e desenvolvido de forma cooperada, requisitos apontados por especialistas como fundamentais para que a cultura volte a crescer.

Adesão

De acordo com o presidente da Cooperativa Agropecuária do Vale do Assu (Coaperval), João Gregório Júnior, há 350 agricultores cadastrados, entre os municípios de Assu, Afonso Bezerra e Ipanguaçu, três dos que fazem parte do Vale do Assu. A previsão é que o algodão seja plantado entre o fim de fevereiro e o mês de março. A colheita é esperada para junho. Cada agricultor deverá plantar 1 hectare, usando sementes adquiridas e disponibilizadas pelo projeto. Ao todo, são esperados 350 hectares de algodão de sequeiro, produtividade média de 1 tonelada por hectare, 350 toneladas de algodão em caroço a ser processado pela Coaperval, a obtenção de 123 toneladas de pluma de algodão e de 227 toneladas de caroço de algodão.

Dentro do projeto, também é prevista a capacitação de técnicos e de produtores rurais através da transferência de tecnologias produzidas pela Embrapa Algodão, por meio da implantação de Unidades de Teste de Demonstração e com a eliminação do atravessador na fase de comercialização do produto. Para tanto, a Coaperval assumirá a função de receber a produção, beneficiar e comercializar aos compradores com os quais firmar contratos.

“É preciso criar oportunidades para que os agricultores tenham renda com o algodão”, diz o supervisor da área de Comunicação e Negócios da Embrapa Algodão e coordenador do projeto, Waltemilton Cartaxo.

Linha do tempo

Entre 1914-1918

Período em que a economia algodoeira realmente se destaca no cenário do Rio Grande do Norte; com atuação mais centrada na região do Seridó, porém com presença marcante na região Oeste.

Anos 20

O Estado continua sendo um grande produtor e parte substancial da produção era exportada pelo porto de Areia Branca. No final da década tudo quase que parou. Houve um colapso da Bolsa de Nova Iorque e não havia compradores.

Anos 50

Com a expansão da indústria têxtil em São Paulo, e em outros estados localizados no sul do país, se verificou a expansão da agroindústria algodoeira nacional. Até a década de 60 a cultura de algodão era um dos pilares da economia do Rio Grande do Norte. O estado se destacava com a produção de algodão mocó, um algodão de fibra longa e resistente, adequado à industria têxtil da época.

Década de 80

O declínio da cultura, que começou na década anterior, se agravou nesse período, em decorrência de um conjunto de fatores. Entre eles estavam a retirada de subsídios agrícolas (como seguro agrícola), a escassez de recursos e as altas taxas de juros para financiamento da produção e beneficiamento da pluma e do caroço. O bicudo, um inseto que destroi o órgão reprodutivo do algodoeiro e, por consequência, compromete a produção, também se alastrou pelo Brasil nesse período e dizimou diversas plantações.

A partir da década de 90

A alíquota de importação do produto foi zerada no Brasil e com a retirada da “barreira” a produção nacional começou a perder competitividade diante da estrangeira. O problema é que o sistema de produção nacional não era eficiente. O algodão tinha qualidade, mas não era produtivo. Em consequência disso, se tornou mais caro que o de outros países.

Fontes:

Aldo Arnaldo de Medeiros (Emparn)/ Tomislav R. Femenick (artigos “O bicudo só matou defunto e “O quase fim do algodão potiguar”)

Tribuna do Norte, 23.1.011

Postado por Fernando Caldas

sábado, 22 de janeiro de 2011

Othoniel Menezes, "O príncipe dos poetas potiguares"


  
O livro sob o título de Príncipe Plebeu [imagem acima], sobre a trajetória do poeta natalense Othoniel Menezes que o professor, pesquisador e escritor Cláudio Galvão organizou, é um belo trabalho que veio  enriquecer as bibliotecas do Rio Grande do Norte. Laélio Ferreira de Melo (filho de Othonie, com a dedicatória que muito honra  e dignifica o editor deste blog, conforme adiante:

O organizador daquele volume, páginas 162 a 174 comenta a passagem do bardo Othoniel Meneses, considerado como "o principie dos poetas natalenses" pela cidade de Assu, as amizades que ele construiu com grandes figuras da sociedade assense como, por exemplo, Clarice de Sá Leitão, além de sua irmã Zuleide, dentre outros assuenses. Naquela volume o poeta João Lins Caldas também é lembrado, como podemos conferir adiante:






 
 




 
Fernando Caldas

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

João Leônidas de Medeiros

Foto de Renato Medeiros de Melo


João Leônidas era seridoense/RN de família tradicional (Medeiros) daquela importante região. Conheci aquela figura que eu considero um dos gigantes do Vale do Açu [importante região do estado potiguar] que ele sonhava vê-lo desenvolvido, produzindo para todos. Era um defensor intransigente das causas varzeanas. 

Proprietário rural [Fazenda Baldum, vizinho de meu pai Edmilson Caldas], no município de Ipanguaçu, cuja propriedade serviu de laser para muitas pessoas da sociedade assuense. Amigo leal. Lembro-me dele desde os tempos em que ele comercializava na rua São João (Armazém dos Couros), na cidade de Assu, que depois veio a ser Casa Júnior, de seu filho João Leônidas de Medeiros Júnior) (Júnior Leônidas). Faleceu na sua fazenda que ele, seu João, tanto adorava. Era casado com dona Raquelita Soares de Macedo Medeiros, de ilustre família assuense. Seus filhos:  Maria Ivete, Inês, Irene, Júnior Leônidas, Joaci Pedro e José Maria Macedo Medeiros que foi prefeito do Açu. João Leonidas empresta o seu nome a uma praça, na cidade de Açu. Dele, Seu João Leonidas, ainda tem muito a se contar e dizer. Fica, portanto, a homenagem deste blog.

O MOCÓ E O CANCÃO

Othoniel Menezes
(in Sertão de Espinho e de Flor, no prelo)

"Pequeno mamífero roedor, da família dos cávias, Kerodon ruprestis, do porte da cobaia, e maior que o preá. Tem o pelo pardo-escuro, ligeiramente mosqueado (37), vermelho das ancas ao traseiro.

Apesar da irracional, impiedosa perseguição que lhe movem, os mocós, assombrosamente prolíficos, vivem em grandes tribos, nas furnas e carrascais das serras e serrotes, e constituem caça de primeira qualidade. São, em extremo, ariscos; é preciso ser escopeteiro (bom atirador), para fazer colheita apreciável. Os caçadores usam de mil precauções e ardis, para omar chegada às tocas, imitando-lhes o assobio, com um pequeno apito, fabricado com a madeira da imburana, e fácil de encontrar nas feiras.

Característica muito curiosa, nos costumes dos mocós, é que acuam, isto é, dão sinal da aproximação dos inimigos da colônia, guinchando de maneira particular, facilmente reconhecível pelos bons observadores; sendo mesmo possível, a certa altura do alarme quando sobe este a pizzicato (38) avaliar a que distância do mocozal se encontra o agressor, seja uma cascavel, o mais terrível inimigo deles, ou uma raposa, um maracajá (gato selvagem), um gavião, etc., cuja marcha sobre a furna pode ser assim seguida. Em interessantíssima, minuciosa carta, que ao Autor escreveu, o saudoso Coronel Cipriano Bezerra de Araújo Galvão Santa Rosa (39), a cujas abalizadas informações muito ficaram devendo a História, a Genealogia e o Folclore norte-rio-grandenses, pelo brilhante intermédio de Câmara Cascudo e outros, pormenoriza:

São muito perseguidos por feras, cobras, aves de rapina, etc. Mas, têm seus meios de defesa, e são em extremo solidários no perigo. Assim é que, ao pressentirem o inimigo, começam a assobiar para os outros mocozais próximos: cuit... cuit... cuit. Logo, aparecem os outros, às dezenas, por cima das pedras, nas bocas das furnas, assanhados, alvoroçados, o focinho aspirando o ar. À proporção que o inimigo se distancia, vão espaçando os assobios, até que cesse de todo o perigo. E os outros mocozais distantes propagam o alarme: Se o aperto não é muito grande; se, por exemplo, vislumbram uma cascavel apenas enrodilhada nas proximidades, chiam, num coro meio reprimido, espaçado, bem perceptível: chuet... chuet... chuet... O caçador experiente conhece a direção ou a marcha da raposa, maracajá ou mesmo onça, podendo emboscar, muitas vezes, o animal  guiando- se pelas entonações especiais do alarme.

Segundo esse mesmo inteligente, experimentado testemunho, também o cancão (quem-quem, no Sul), gralha branca, Cyanocorax cyanopogon, acua cobras e outros bichos da caatinga. Vendo aproximar- se o ofídio, dana-se, o cancão, a martelar seu canto metálico, pulando, aflito, de arbusto a arbusto. Logo, acodem outros pássaros da zona, mais outros, outros ainda, e entram, todos, num desesperado alarido. A cobra raspa-se, enfiada, enquanto o estrídulo vedeta (40) das solidões, com o seu pequeno e sonoro exército alado de guerrilheiros, apupa o inimigo descoroçoado (41),  seguindo-o por cima da ponte pênsil dos cipós-imbés, da maranha (42) das juremas, dos postes descarnados dos marmeleiros..."


NOTAS DE LAÉLIO FERREIRA:
37 Que tem malhas escuras; pintalgado, sarapintado.
38 Pizzicato é o modo de tocar os instrumentos de corda (geralmente os de arco) pinçando as cordas com os dedos. Também muito utilizado no jazz, explorando a característica rítmica conferida ao instrumento nesse estilo.
39 Cipriano Bezerra Galvão Santa Rosa (Acari/RN, 27.10.1857- Acari/RN, 14.02.1947).Tenente-Coronel da Guarda Nacional, agropecuarista, político abolicionista e republicano, foi juiz Distrital e governou o Município do Acari cinco vezes (intendente e prefeito). Por afinidade, aparentado com OM. Sua segunda esposa, Maria Iluminata da Nóbrega, era prima legítima da madrasta de Othoniel, Celsa Bezerra de Araújo Fernandes (de Melo). Pai do Químico Jaime da Nóbrega Santa Rosa (v.cit.) e do servidor público Janúncio da Nóbrega Santa Rosa, casado com Elodia Menezes Santa Rosa sobrinha e afilhada do poeta, filha de Francisco Menezes de Melo.
40 Guarda avançada. Cavaleiro que, ficando de sentinela, avisava rapidamente
do que descobria.
41 Diz-se de, ou indivíduo sem coragem, sem ânimo; desanimado, desalentado. Variantes: desacorçoado, desacoroçoado, descorçoado.
42 Coisa intrincada; emaranhamento, enredo, complicação, teia.

Postado por Fernando Caldas

CUPON FISCAL

Nota Fiscal impressa com os dias contados
Não se trata apenas de uma novidade a impressão da nota fiscal por computador. A inovação é um novo sistema de gestão comercial e financeira que também emite a nota e já a registra junto ao controle de tributação. Tanto as notas de entrada, que geram créditos, como as de saída que geram o débito de pagamento de ICMS. O novo sistema controla também, entre outras coisas, o estoque, contas a pagar, a receber, etc.
As empresas que optam por esse tipo de emissão de nota fiscal evitam despesas com talonários de notas e burocracia para registrá-las. Trata-se da NF-e (sigla para “nota fiscal eletrônica) que demonstra que a tecnologia vem chegando a todos os setores comerciais. Nesse caso, proporcionando benefícios a todos os envolvidos em uma transação comercial: a empresa, o consumidor, a própria Receita Federal, que poderá verificar os dados da empresa via on-line, e até o meio ambiente graças à eliminação do papel nas transações comerciais.
Os principais benefícios aos comerciantes são os baixos custos do equipamento e a sua facilidade de instalação e manuseio. A principal mudança para os destinatários da NF-e é a obrigação de verificar a validade da assinatura e autenticidade do arquivo digital, bem como a concessão da Autorização de uso da NF-e, mediante consulta eletrônica nos sites das Secretarias de Fazenda ou Portal Nacional da Nota Fiscal Eletrônica (www.nfe.fazenda.gov.br).
Inteligência Digital
Exemplo de qualidade e inovação, a empresa ID (inteligência Digital) já possui o software do sistema para gestão comercial através de uma das suas lojas, a Engemática, localizada na avenida Miguel Castro, 1162, Lagoa Nova, que além da emissão da NF-e, faz o controle do estoque e da gestão orçamentária da empresa. “O sistema possui uma chave de autenticidade, onde o cliente pode consultar o documento direto da receita. Esse sistema só não é bom para as empresas que estão ilegais” Afirma Derossi Mariz, diretor da ID.
Para obter o sistema, não existe restrições quanto à empresa ser de médio ou grande porte, por isso, a Inteligência Digital vende o sistema personalizado para o interesse e necessidade de cada tipo de cliente. Uma tranqüilidade que não tem preço e que custa apenas R$ 835 reais.
Mais informações: Derossi Mariz (084) 9401-4686 
AGÊNCIA ECO DE NOTÍCIAS
 
Leonardo Sodré                         João Maria Medeiros
Editor Geral                                  Diretor de Redação
9986-2453                                                       9144-6632
 
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Postado por Fernando Caldas

Zé Maria dando a volta por cima



Depois de vários anos afastado das benesses governamentais, quase duas décadas de relegação do poder, precisamente desde o 2º governo de José Agripino, o ex-prefeito de Assu, atual presidente municipal do DEM, partido da governadora Rosalba Ciarlini, encerra sua via crucis, sendo nomeado pra um cargo de provimento comissionado na Secretaria de Estado da Agricultura Pecuária e Pesca, como coordenador de Ações Especiais da pasta capitanaeada pelo deputado licenciado Betinho Rosado.

Escrito por aluiziolacerda


Nota do Blog: Fico feliz com a nomeação de Zé Maria para tão merecido cargo. Ele, Zebra, como é carinhosamente chamado pelos açuenses, além de meu conterrâneo, é meu amigo, é amigo do Açu. Sucesso para ele.

 Fernando caldas

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

LINGUAJAR SERTANEJO: PALUCHA

 

Laélio Ferreira

O tocador, com malícia,
retruca: Tive notícia
que, fiota, só você!
Paluxo, cabra inxirido!
tu só qué vê descosido
teu fole caxinguelê!


Veríssimo de Melo, em 1977 (Folclore brasileiro: Vocabulário do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Funarte, 1977, p.14-16), depois, portanto, de Othoniel Menezes, registrou paluxo como pilhéria, zombaria. O verbete de Othoniel anota muito mais: pilhéria, zombaria, mangoça, capilossada, léra (léria), liberdade, gás.Vivi (era como Othoniel chamava, carinhosamente, Veríssimo de Melo) apontou, no livro citado, várias outras palavras do jargão sertanejo estudadas por OM. Câmara Cascudo também o fez, no seu alentado Dicionário Brasileiro de Folclore.

O escritor e acadêmico potiguar Manoel Onofre Júnior, entretanto, num dos seus livros (ou numa entrevista) achou que o poeta inventava palavras, colocando-as na boca dos matutos do Seridó... Logo Othoniel  que fazia questão de respeitar o jargão do sertanejo seridoense. No sertão viveu a sua infância e adolescência e passou, para escrever, anos depois, o Sertão de Espinho e de Flor, pelo menos duas décadas, viajando e consultando estudiosos e informantes por toda a hinterlândia nordestina, além das fontes impressas, ditas eruditas no assunto.

Vejamos o que o próprio poeta registra, adiante, nas Notas ao Canto 11, do seu livro, (nas palavras jucá e quiri): Catulo da Paixão Cearense, num dos admiráveis poemas de Alma do Sertão, põe também assim o termo, na boca de um dos seus heróis, pelo que mereceu reparo de Humberto de Campos (Crítica, 1ª. série, editora Mariza, p. 188), enumerando, além desta, quirin, cerca de mais de vinte expressões que, por amor exclusivo da rima, o grande felibrista inventou, querendo fazê-las passar por apanhadas no linguajar do matuto.

Este, jamais cria expressões, deturpa-as, apenas, na justa e autorizada observação de Humberto finalizou.

Postado por fernando Caldas

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vaquejada de Assú/RN

O menino teve a voz abafada pelo choro,
- Cala, menino, cala, menino.
- Chora, menino, chora, menino.
Eu fui menino e chorei.
Eu fui menino e tive a voz abafada.

João Lins Caldas
Banco de Imagem - dois, meninos, 
comer, maçãs, 
sorrindo. fotosearch 
- busca de fotos, 
imagens e clipart

- MENINO-MENINA -

Por que todo mundo tem que ser igual, cópia do outro?
Por que menino não pode usar rosa?
Por que menina não pode brincar na rua até tarde?
Por que menino tem que ser menino e menina tem que ser menina o tempo todo?
Por que menino não chora e menina não solta pipa?
Por quê?
Por que menino usa camisa e menina sutiã?
Por que menino tem que falar grosso e menina pular amarelinha?
Por que menino tem cabelo curto e menina pinta a unha?
Por que menino faz “pipi” em pé e menina usa “almofadas” entre as pernas?
Por que menino dorme tarde e menina não pode ir à festa sozinha?
Por quê?
Por que homem casa com mulher e mulher casa com homem?
Por quê?
Por que as pessoas não são vistas como pessoas, como gente? Por que as pessoas não podem ser o que realmente são?
Por quê? Eu te pergunto!
Por que temos que agradar o outro e enganar a si mesmo?
Por quê? Me diga!
Por que usamos máscaras se temos necessidade de nos despir?
Por que, hein?
Responda-me!...

Por Rômulo Gomes
(cesargomes_17@yahoo.com.br)
Estudante do 7° período de Letras-Português/UERN e colaborador do blog

LUIZ CARLOS LINS WANDERLEY – 1831/1990, foi um dos primeiros poetas do Assu, primeiro médico e romancista do Rio Grande do Norte. Foi também...