quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

LINGUAJAR SERTANEJO: PALUCHA

 

Laélio Ferreira

O tocador, com malícia,
retruca: Tive notícia
que, fiota, só você!
Paluxo, cabra inxirido!
tu só qué vê descosido
teu fole caxinguelê!


Veríssimo de Melo, em 1977 (Folclore brasileiro: Vocabulário do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Funarte, 1977, p.14-16), depois, portanto, de Othoniel Menezes, registrou paluxo como pilhéria, zombaria. O verbete de Othoniel anota muito mais: pilhéria, zombaria, mangoça, capilossada, léra (léria), liberdade, gás.Vivi (era como Othoniel chamava, carinhosamente, Veríssimo de Melo) apontou, no livro citado, várias outras palavras do jargão sertanejo estudadas por OM. Câmara Cascudo também o fez, no seu alentado Dicionário Brasileiro de Folclore.

O escritor e acadêmico potiguar Manoel Onofre Júnior, entretanto, num dos seus livros (ou numa entrevista) achou que o poeta inventava palavras, colocando-as na boca dos matutos do Seridó... Logo Othoniel  que fazia questão de respeitar o jargão do sertanejo seridoense. No sertão viveu a sua infância e adolescência e passou, para escrever, anos depois, o Sertão de Espinho e de Flor, pelo menos duas décadas, viajando e consultando estudiosos e informantes por toda a hinterlândia nordestina, além das fontes impressas, ditas eruditas no assunto.

Vejamos o que o próprio poeta registra, adiante, nas Notas ao Canto 11, do seu livro, (nas palavras jucá e quiri): Catulo da Paixão Cearense, num dos admiráveis poemas de Alma do Sertão, põe também assim o termo, na boca de um dos seus heróis, pelo que mereceu reparo de Humberto de Campos (Crítica, 1ª. série, editora Mariza, p. 188), enumerando, além desta, quirin, cerca de mais de vinte expressões que, por amor exclusivo da rima, o grande felibrista inventou, querendo fazê-las passar por apanhadas no linguajar do matuto.

Este, jamais cria expressões, deturpa-as, apenas, na justa e autorizada observação de Humberto finalizou.

Postado por fernando Caldas

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