quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

DITADOS POPULARES E SEUS SIGNIFICADOS – SEGUNDO CASCUDO


Luís da Câmara Cascudo
Luís da Câmara Cascudo
Muitas vezes usamos certas expressões, mas não temos ideia do que elas significam.
São ditados ou termos populares que através dos anos permaneceram sempre iguais, significando exemplos morais, filosóficos e religiosos.
Tanto os provérbios quanto os ditados populares constituem uma parte importante de cada cultura.
Historiadores e escritores sempre tentaram descobrir a origem dessa riqueza cultural, mas essa tarefa nunca foi nada fácil.
O grande escritor Luís da Câmara Cascudo já dizia que: “os ditados populares sempre estiveram presentes ao longo de toda a História da humanidade”. No Brasil isso não é nenhuma novidade. Muitas vezes ocorrem expressões tão estranhas e sem sentido, mas que são muito importantes para a nossa cultura popular.
Veja aqui algumas dessas expressões ou ditados populares:
Bicho-de-sete-cabeças
Tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam. Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules. A expressão ficou popularmente conhecida, no entanto, por representar a atitude exagerada de alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à realização da tarefa, até mesmo por falta de disposição para enfrentá-la.
Com o rei na barriga
A expressão provém do tempo da monarquia em que as rainhas, quando grávidas do soberano, passavam a ser tratadas com deferência especial, pois iriam aumentar a prole real e, por vezes, dar herdeiros ao trono, mesmo quando bastardos. Em nossos dias refere-se a uma pessoa que dá muita importância a si mesma.
Ver (ou adivinhar) passarinho verde (MAS PODE SER AZUL, AMARELO, VERMELHO, ROXO E POR AÍ VAI!)
Significa estar apaixonado. O passarinho em questão é uma espécie de periquito verde. Conta uma lenda que alguns românticos rapazes do século passado adestravam o bichinho para que ele levasse no bico uma carta de amor para a namorada. Assim, o casal de apaixonados tinha grandes chances de burlar a vigilância de um paizão ranzinza.
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Com a corda toda
Antigamente, os brinquedos que possuíam movimento eram acionados torcendo um mecanismo em forma de mola ou um elástico, que ao ser distendido, fazia o brinquedo se mexer. Ambos os mecanismos eram chamados de “corda”. Logo, quando se dava “corda” totalmente num brinquedo, ele movia-se de forma mais agitada e frenética. Daí a origem da expressão.
Favas contadas
De acordo com Câmara Cascudo, antigamente, votavam-se com as favas brancas e pretas, significando sim ou não. Cada votante colocava o voto, ou seja, a fava, na urna. Depois vinha a apuração pela contagem dos grãos, sendo que quem tivesse o maior número de favas brancas estaria eleito. Atualmente, significa coisa certa, negócio seguro.
Orelha
Fazer ouvidos de mercador
Orlando Neves, autor do Dicionário das Origens das Frases Feitas, diz que a palavra mercador é uma corruptela de marcador, nome que se dava ao carrasco que marcava os ladrões com ferro em brasa, indiferente aos seus gritos de dor. No caso, fazer ouvidos de mercador é uma alusão a atitude desse algoz, sempre surdo às súplicas de suas vítimas.
Tapar o sol com a peneira
Peneira é um instrumento circular de madeira com o fundo em trama de metal, seda ou crina, por onde passa a farinha ou outra substância moída. Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é inglória, uma vez que o objecto é permeável à luz. A expressão teria nascido dessa constatação, significando atualmente um esforço mal sucedido para ocultar uma asneira ou negar uma evidência.
O pomo da discórdia
A lendária Guerra de Troia começou numa festa dos deuses do Olimpo: Éris, a deusa da Discórdia, que naturalmente não tinha sido convidada, resolveu acabar com a alegria reinante e lançou por sobre o muro uma linda maçã, toda de ouro, com a inscrição “à mais bela”.
Como as três deusas mais poderosas: Hera, Afrodite e Atena disputavam o troféu, Zeus passou a espinhosa função de julgar para Páris, filho do rei de Troia  O príncipe concedeu o título a Afrodite em troca do amor de Helena, casada com o rei de Esparta.
A rainha fugiu com Páris para Tróia, os gregos marcharam contra os troianos e a famosa maçã passou a ser conhecida como “o pomo da discórdia” – que hoje indica qualquer coisa que leve as pessoas a brigar entre si.
Afogar o ganso
No passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima. Daí a origem da expressão, que se refere a um homem que está precisando fazer sexo.
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Ave de mau agouro
Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças. O conhecimento do futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Na antiga Roma, a predição dos bons ou maus acontecimentos (Avis spicium, em Latim) era feita através da leitura do vôo ou canto das aves. Os pássaros mais usado para isso eram a águia, a coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com qualquer destas aves.
Santa do pau oco
Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.
Mais vale um pássaro na mão que dois voando
Significa que é melhor ter pouco que ambicionar muito e perder tudo. É tradição de antigos caçadores. Eles achavam melhor apanhar logo a ave que tinham atingido de raspão, antes que ela fugisse, do que tentar atirar nas que estavam voando e errar o alvo.
Apressado come cru
Quando não existia o forno microondas, era preciso muito tempo para a comida ficar pronta, ou então comê-la crua. Nessa época, a culinária japonesa ainda não estava na moda e comida crua era vista com maus olhos. Assim, a expressão passou a ser usada para significar afobamento, precipitação.
Chorar as pitangas
Pitangas são deliciosas frutinhas cultivadas e apreciadas em todo o país, especialmente nas regiões norte e nordeste do país. A palavra deriva de pyrang, que, em tupi-guarani, significa vermelho. Sendo assim, a provável relação da fruta com lágrimas, vem do fato de os olhos ficarem vermelhos, parecendo duas pitangas, quando se chora muito.
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Farinha do mesmo saco
“Homines sunt ejusdem farinae” esta frase em latim (homens da mesma farinha) é a origem dessa expressão, utilizada para generalizar um comportamento reprovável. Como a farinha boa é posta em sacos diferentes da farinha ruim, faz-se essa comparação para insinuar que os bons andam com os bons enquanto os maus preferem os maus.
Aquela que matou o guarda
Tratava-se de uma mulher que trabalhava para D. João VI e se chamava Canjebrina, que, como informam os dicionários, significa pinga, cachaça. Ela teria matado um dos principais guardas da corte do Rei. O fato não foi provado. Mas está no livro “Inconfidências da Real Família no Brasil”, de Alberto Campos de Moraes.
Sangria desatada
Diz-se de qualquer coisa que requer uma solução ou realização imediata. Esta expressão teve origem nas guerras, onde se verificava a necessidade de cuidados especiais com os soldados feridos. É que, se por qualquer motivo, se desprendesse a atadura posta sobre as feridas, o soldado morreria, por perder muito sangue.
Colocar panos quentes
Significa favorecer ou acobertar coisa errada feita por outro. Em termos terapêuticos, colocar panos quentes é uma receita, embora paliativa, prescrita pela medicina popular desde tempos remotos. Recomenda-se sobretudo nos estados febris, pois a temperatura muito elevada pode levar a convulsões e a problemas daí decorrentes. Nesses casos, compressas de panos encharcados com água quente são um santo remédio. A sudorese resultante faz baixar a febre.
Cor de Burro quando foge - BRASIL ESCOLA
Cor de burro quando foge
A frase original era “Corra do burro quando ele foge”. Tem sentido porque, o burro enraivecido, é muito perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou virando “cor”.
Pagar o pato
A expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a empregar a expressão para representar situações onde se paga por algo sem ter qualquer benefício em troca.
De pequenino é que se torce o pepino
Os agricultores que cultivam os pepinos precisam de dar a melhor forma a estas plantas. Retiram uns “olhinhos” para que os pepinos se desenvolvam. Se não for feita esta pequena poda, os pepinos não crescem da melhor maneira porque criam uma rama sem valor e adquirem um gosto desagradável. Assim como é necessário dar a melhor forma aos pepinos, também é preciso moldar o caráter das crianças o mais cedo possível.
Salvo pelo gongo
O ditado tem origem na na Inglaterra. Lá, antigamente, não havia espaço para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados para o ossário e o túmulo era utilizado para outro infeliz.Só que, às vezes, ao abrir os caixões,os coveiros percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum na época).
Assim, surgiu a idéia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar. Desse modo, ele seria salvo pelo gongo. Atualmente, a expressão significa escapar de se meter numa encrenca por uma fração de segundos.
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Elefante branco
A expressão vem de um costume do antigo reino de Sião, situado na atual Tailândia, que consistia no gesto do rei de dar um elefante branco aos cortesões que caíam em desgraça. Sendo um animal sagrado, não podia ser posto a trabalhar. Como presente do próprio rei, não podia ser vendido. Matá-lo, então, nem pensar. Não podendo também ser recusado, restava ao infeliz agraciado alimentá-lo, acomodá-lo e criá-lo com luxo, sem nada obter de todos esses cuidados e despesas. Daí o ditado significar algo que se tem ou que se construiu, mas que não serva para nada.
Comer com os olhos
Soberanos da África Ocidental não consentiam testemunhas às suas refeições. Comiam sozinhos. Na Roma Antiga, uma cerimônia religiosa fúnebre consistia num banquete oferecido aos deuses em que ninguém tocava na comida. Apenas olhavam, “comendo com os olhos”. A propósito, o pesquisador Câmara Cascudo diz que certos olhares absorvem a substância vital dos alimentos. Hoje o ditado significa apreciar de longe, sem tocar.
Amigo da onça
Segundo estudiosos da língua portuguesa, este termo surgiu a partir de uma história curiosa. Conta-se que um caçador mentiroso, ao ser surpreendido, sem armas, por uma onça, deu um grito tão forte que o animal fugiu apavorado. Como quem o ouvia não acreditou, dizendo que , se assim fosse, ele teria sido devorado, o caçador, indignado, perguntou se, afinal, o interlpcutor era seu amigo ou amigo da onça. Atualmente, o ditado significa amigo falso, hipócrita.
Estar com a corda no pescoço
O enforcamento foi, e ainda é em alguns países, um meio de aplicação da pena de morte. A metáfora nasceu de anistias ou comutações de pena chegadas à última hora, quando o condenado já estava prestes a ser executado e o carrasco já lhe tinha posto a corda no pescoço, situação que, de fato, é um sufoco. Hoje, o ditado significa estar ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros.
Como sardinha em lata
A palavra sardinha vem do latim sardina. Designa o peixe abundante na Sardenha, conhecida região da Itália. É um alimento apreciado e nutritivo, de sabor bem peculiar. As sardinhas, quando enlatadas em óleo ou em outro molho, vêm coladas umas às outras. Por analogia, usa-se a expressão popular sardinha em lata para designar a superlotação de veículos de transporte público.
Pior-cego
O pior cego é o que não quer ver
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.
Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos.
O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver. Atualmente, o ditado se refere a a alguém que se nega a admitir um fato verdadeiro.
Andar à toa
Toa é a corda com que uma embarcação remboca a outra. Um navio que está “à toa” é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Uma mulher à toa, por exemplo, é aquela que é comandada pelos outros. Jorge Ferreira de Vasconcelos já escrevia, em 1619: Cuidou de levar à toa sua dama. Hoje, o ditado significa andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.
Casa de mãe Joana
Este dito popular tem origem na Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos: “Que tenha uma porta por onde todos entrarão”.
O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao vir para o Brasil a expressão virou “Casa da Mãe Joana”. A outra expressão envolvendo Mãe Joana, um tanto chula, tem a mesma origem, naturalmente.
Onde judas perdeu as botas
Como todos sabem, depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão e culpa, vindo a se suicidar enforcando-se numa árvore.
Acontece que ele se matou sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados partiram em busca as botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro.
A história é omissa daí pra frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão atravessou vinte séculos. Atualmente, o ditado significa lugar distante, inacessível.
Quem não tem cão caça com gato
Se você não pode fazer algo de uma maneira, se vira e faz de outra. Na verdade, a expressão, com o passar dos anos, se adulterou. Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça como gato”, ou seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os gatos.
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De pá virada
Um sujeito da pá virada pode tanto ser um aventureiro corajoso como um vadio.
A origem da palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando ela está virada para baixo, é inútil não serve para nada. Hoje em dia, “pá virada” tem outro sentido. Refere-se a uma pessoa de maus instintos e criadora de casos ou a um aventureiro.
Deixar de Nhenhenhém
Conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona. Resmungo, rezinga.
Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, eles não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer “nhen-nhen-nhen”.
Estar de paquete
Situação das mulheres quando estão menstruadas. Paquete, já nos ensina o Aurélio, é um das denominações de navio. A partir de 1810, chegava um paquete mensalmente, no mesmo dia, no Rio de Janeiro. E a bandeira vermelha da Inglaterra tremulava. Daí logo se vulgarizou a expressão sobre o ciclo menstrual das mulheres. Foi até escrita uma “Convenção Sobre o Estabelecimento dos Paquetes”, referindo-se, é claro, aos navios mensais.
Pensando na morte da bezerra
Estar distante, pensativo, alheio a tudo.
Esta é bíblica. Como vocês sabem, o bezerro era adorado pelos hebreus e sacrificados para Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra foi oferecida aos céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar “pensando na morte da bezerra”. Consta que meses depois veio a falecer.
Não entender patavina
Não saber nada sobre determinado assunto. Nada mesmo.
Tito Lívio, natural de Patavium (hoje Pádova, na Itália), usava um latim horroroso, originário de sua região. Nem todos entendiam. Daí surgiu o Patavinismo, que originariamente significava não entender Tito Lívio, não entender patavina.
Jurar de pés junto
A expressão surgiu das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para confessar seus crimes.
Emanuele Filiberto di Savoia
Emanuele Filiberto di Savoia
Testa de ferro
O Duque Emanuele Filiberto di Savoia, conhecido como Testa di Ferro, foi rei de Chipre e Jerusalém. Mas tinha somente o título e nenhum poder verdadeiro. Daí a expressão ser atribuída a alguém que aparece como responsável por um por um negócio ou empresa sem que o seja efetivamente.
Erro crasso
Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os Partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um “erro crasso“.
Lágrimas de crocodilo
O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima. Daí a expressão significar choro fingido.
Fila indiana
Tem origem na forma de caminhar dos índios americanos, que, desse modo, encobriam as pegadas dos que iam na frente.
Passar a mão pela cabeça
Significa perdoar, e vem do costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronuncia a bênção.
Gatos pingados
Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo fervente em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos.
Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão “gatos pingados” passou a significar pequena assistência sem entusiasmo ou curiosidade para qualquer evento.
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Queimar as pestanas
Antes do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar num momento de descuido queimar as pestanas. Por essa razão, aplica-se àqueles que estudam muito.
Sem papas na língua
Significa ser franco, dizer o que sabe, sem rodeios. A expressão vem da frase castelhana “no tener pepitas em la lengua”. Pepitas, diminutivo de papas, são partículas que surgem na língua de algumas galinhas, é uma espécie de tumor que lhes obstrui o cacarejo. Quando não há pepitas (papas), a língua fica livre.
A toque de caixa
A caixa é o corpo oco do tambor que foi levado para a a Europa pelos árabes. Como os exercícios militares eram acompanhados pelo som de tambores, dizia-se que os soldados marchavam a toque de caixa. Atualmente, refere-se a uma tarefa que se tem de fazer rapidamente, eventualmente a mando de alguém ou mesmo à força.
Maria vai com as outras
Dona Maria I, mãe de D. João VI (avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II), enlouqueceu de um dia para o outro . Declarada incapaz de governar, foi afastada do trono. Passou a viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé, escoltada por numerosas damas de companhia. Quando o povo via a rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria com as outras”. Atualmente aplica-se a expressão a uma pessoa que não tem opinião e se deixa convencer com a maior facilidade.
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Fonte: CASCUDO, Luís da Câmara. Locuções Tradicionais no Brasil. São Paulo, Editora Global/2008.
Do blog Tok de História, de Rostand Medeiros
Postado por Fernando Caldas
Me entrego, me arrisco, me corto, me estrepo, azar meu, sorte minha que nasci assim: vim ao mundo pra sentir.

Fernanda Mello
Liduxa 
 
doce mistério

Renanvação

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Pelo Dia Internacional do Escritor

Hoje, 15, Dia Mundial do Escritor, vale a pena lembrar um autor compulsivo, nascido em Goianinha, no ano de 1888, importante região do litoral sul do Rio Grande do Norte, chamado João Lins Caldas, considerado por grandes críticos e conhecedores de Arte Moderna no Brasil como “O pai do modernismo brasileiro", pois em 1917, muito antes da Semana de Arte Moderna, 1922, Caldas já escrevia anonimamente, versos brancos emancipados de métricas, porém nunca deixou de produzir seus poemas e sonetos clássicos.

Pena, que ele não conseguiu publicar seus mais de dez livros que tinha, talvez, em razão da sua genialidade, das tormentas que sofria que lhe deixava atordoado. Ele, Caldas, desejava publicar sua obra literária, trilíngue: português, inglês e francês, e tinha a convicção de que, se publicado, ganharia um Prêmio Nobel de Literatura, além de consagrar-se como o poeta maior de todos os tempos. Ele viveu o Rio de Janeiro da década de dez, vinte e início da década de trinta, frequentando a Biblioteca Nacional, se aperfeiçoando cada vez mais, trabalhando naquela terra fluminense como revisor em O Globo, importante jornal daquela capital carioca. frequentando a livraria Garnier, da rua do Ouvidor, ponto de encontro de intelectuais daquela época, convivendo na intimidade com grandes figuras da política e das letras nacionais como, por exemplo, o notável poeta Olavo Bilac, Frederico Schimidt, Monteiro Lobato, José Geraldo Vieira, Lima Campos, Ribeiro Couto, dentre outros.
Caldas, então belo rapaz, no seu tempo de Rio de Janeiro, namorava uma jovem membro da aristocrática família carioca chamada Roquete Pinto. Pois bem, por não ter sido correspondido no amor, escolheu "as letras como a mais bela das mulheres". Eis o seu diálogo poético:

- De todas as glórias?
- A literária.
- Das literárias
- A poética.

Afinal, Caldas, "a quem o Brasil deve um gesto merecido de consagração", tem versos parecidos com os consagrados bardos portugueses como Fernando Pessoa, Florbela Espanca, dentre outros renomados poetas mundiais.

Morreu em 1967, na aristocrática e poética cidade de Assu-RN, terra dos seus ancestrais, vítima da solidão, da amargura e da melancolia.

E um dia, escreveu na sua angústia:

A Lua, que me dirão?
Precisa talvez de irmão.

Eu sou tão só sobre a Terra,
Tanta luta, tanta guerra...

A Lua que me dirão?
Se a Lua precisa irmão
Eu já que abandono a Terra.

REVOLTA DA CACHAÇA – PRIMEIRO EXERCÍCIO DE DEMOCRACIA NO BRASIL




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Autor – Pedro Doria
No anoitecer do dia 6 de abril, em 1661, Jerônimo Barbalho Bezerra foi decapitado no Largo da Polé, hoje Praça XV, perante a população. Sua cabeça, escreveu dias depois o governador Salvador Corrêa de Sá e Benevides, foi posta “no pelourinho para se conseguir a quietação” do povo. Terminou assim o período de cinco meses em que os cariocas governaram-se a si mesmos, no primeiro exercício de democracia da História do Brasil. Faz mais de 350 anos.
A Revolta da Cachaça, que Bezerra liderou, é pouco documentada e por isso mesmo objeto de polêmica. Ele era, nos dizeres do tempo, “nobre da terra”. Senhor de engenho, filho de herói da batalha que expulsou os holandeses da Bahia em 1625, um homem que tinha ao seu lado vereadores e outros donos de terra na região. É o que sugere ter sido uma briga interna da elite.
Não era a impressão do importante historiador britânico Charles Boxer, corroborada recentemente pelo geógrafo Maurício de Almeida Abreu, autor de “Geografia Histórica do Rio de Janeiro”. Ao lado de Jerônimo, entre os 131 listados como revoltosos, tinha gente da elite, mas aparentemente também despossuídos de terras. Foi um levante amplo, de todas as classes, contra um ditador.
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Salvador Corrêa de Sá e Benevides tinha 58 anos. Pertencia à terceira geração da família Sá no comando do Rio, desde Estácio. Com quase um século de idade, a pequena cidade era pobre, como todo o Brasil sul, e domínio absoluto de sua família. Salvador era também uma lenda viva no Brasil e em Portugal. Místico, passou a juventude seguindo os conselhos do padre jesuíta João d’Almeida, um sujeito que diziam flutuar em transes longos. Todos os Sás eram ligados aos jesuítas.
Salvador era também bandeirante e, como todo bandeirante, mais tupi do que europeu em batalha. Lutava com os pés descalços, acompanhado em mar de longas canoas de índios flecheiros. Venceu assim Piet Heyn, o maior corsário holandês de seu tempo. Heyn quebrou a Espanha ao saquear, no Caribe, o navio que levava o ouro das Américas. E Salvador o venceu com índios, expulsando-o do Espírito Santo, quando ainda tinha 23 anos. Assim como, também acompanhado de índios, conquistou Angola dos holandeses e venceu em seu próprio território a mítica rainha N’Zinga, uma das mais ferozes líderes guerreiras da África. (Vem de seu nome o termo ginga, da capoeira).
O corsário Pieter Pieterszoon Heyn
O corsário Pieter Pieterszoon Heyn
Se tupi em batalha, a corte em Lisboa não o intimidava. Tinha assento no Conselho Ultramarino, a mais alta instância de comando do império. Ainda antes de sua morte, esteve entre os líderes de uma tentativa de depor o rei português. Na Ilha do Governador, sua ilha posto que era Sá, o governador, e dono das terras ali, construiu o galeão d’El Rey, maior navio do mundo de então. Construiu-o na Ponta do Galeão. Salvador Corrêa de Sá e Benevides era muito maior do que o Rio e fazia do Rio o que bem quisesse. Como, por exemplo, aumentar impostos.
No fim de 1660, decidido a aumentar o número de soldados no Rio, Salvador liberou a produção de cachaça e instituiu sobre ela um pesado tributo. Daí criou um imposto predial. A população, ricos e pobres, já enfrentava sérias dificuldades. A cidade vivia uma crise. Os conjurados reuniram-se por várias madrugadas em São Gonçalo, onde ficava a fazenda de Jerônimo. No dia 7 de novembro, cruzaram de madrugada a Guanabara. O sol ainda não havia raiado quando uma turba invadiu a Câmara, no alto do Morro do Castelo, e derrubou o interino Thomé Corrêa de Alvarenga, primo de Salvador. O governador estava em São Paulo.
Os cariocas instituíram governo, mandaram cartas ao rei português garantindo fidelidade e pedindo só que pudessem governar com um nível tolerável de impostos. Pediram também aos paulistas que prendessem Salvador – mas, em São Paulo, os de lá decidiram que era boa política não aderir.
Gravura da cidade de Salvador feita no século XVII por Hessel Gerritsz - Fonte - http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/memoria-em-apuros
Gravura da cidade de Salvador feita no século XVII por Hessel Gerritsz – Fonte – http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/memoria-em-apuros
Tão espetacular quanto o golpe foi o contragolpe. Salvador tinha o comando da frota da Companhia Geral de Comércio, que anualmente navegava para o Brasil para recolher os produtos que voltariam à Europa. Ele esperou que os navios chegassem ao Rio. Naquele 6 de abril, de madrugada – era sempre madrugada nos ataques de surpresa de antanho – Salvador, seu filho João e um exército de índios tupis invadiram o Rio e tomaram o paiol onde ficava a munição. Os soldados da frota desceram a terra e enfileiraram-se na Praça XV, um bocado o centro da cidade do tempo. Quando o dia amanheceu, o Rio independente já havia caído sem que um tiro fosse disparado. O próprio Salvador decidiu pela execução de Jerônimo, naquela noite.
Se venceu militarmente, perdeu na política. Em menos de um ano, Lisboa deu ordens para que ele deixasse o cargo de governador. Convocado para a Europa em 1663, nunca mais pôs os pés do Brasil. Assim como, nunca mais, um Sá governou o Rio. O filho primogênito de Salvador foi feito Visconde de Asseca, um título de nobreza alto. Mas não ele. Era o equivalente real a uma punição na alta esfera.
O primeiro experimento com democracia no Brasil, de certa forma, deu mais liberdade à cidade que ainda demoraria algumas décadas para se tornar capital. Não há qualquer monumento a Jerônimo Barbalho, mas não custa nada lembrar que ele morreu há mais de 350 anos.

Fonte –http://saibahistoria.blogspot.com.br/2012/11/revolta-da-cachaca-primeiro-exercicio.html

Quer saber mais? Clique também nos links abaixo:
Fonte: Tok de História, Rostand Medeiros

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

SAUDADE DE UM MATUTO LONGE DE SEU TORRÃO

Sertão torrado estou distante

Morando na capital

Faz tempo eu te deixei

Para estudar em Natal.



Abandonei meu velho torrão

Nunca vou te esquecer

Cidade grande é gente chata

Me aposentando voltarei para você.



Tua roupa velho sertão

É um belo juazeiro

A minha brincadeira

Era galinha de pereiro.



Velha Serra Aguda

Habitada por gato do mato

Da caatinga de menino

De um sertanejo nato.



Seu oceano é o açude

Água sem poluição

As estradas são as trilhas

Muito andei por esse chão.



Sertão velho escrevo poesia

como forma de te homenagear,

Mais te servirei

No dia em que eu retornar.

 
Marcos Calaça, jornalista (UFRN)

Antigos Carnavais movimenta Clube de Engenharia com baile de máscaras e fantasias


A primeira prévia oficial do Carnaval 2013 em Natal já tem data para acontecer: dia 1 de fevereiro, no Clube de Engenharia, onde, a partir das 18h, frevo, marchinhas e sambas embalam o Baile de Fantasias e Máscaras. O evento é promovido pelo bloco Antigos Carnavais, que escalou a banda do Mestre Rezende mais participação do cantor Fernando Tovar para animar os foliões.


Crianças, jovens e adultos reviveram os antigos carnavais








O Baile terá ambiente decorado no clima dos carnavais tradicionais, e os organizadores adiantaram que o intuito da festa é reunir amigos e amantes do antigo formato da folia, quando famílias inteiras participavam devidamente paramentados. Detalhe: as 12 melhores fantasias receberão um certificado especial de carnaval da banda Antigos Carnavais. 

Ingressos antecipados à venda por R$ 20 no bar do Clube de Engenharia - Av. Rodrigues Alves, 1004, Petrópolis (vizinho a Cidade da Criança). Informações e contatos: Gutenberg Costa (9427-3363) e Baito (8854-0063). 

Tribuna do Norte



Atitudes de Urgência

Livro: Urgência
Emmanuel & Francisco Cândido Xavier
Em favor da paz em ti e em torno de ti, não te esqueças das atitudes de urgência.
Cultiva a fé em Deus para que não te falte a tranquilidade do espírito.
Age sempre, buscando servir.
Lembra-te de que outros farão a ti o que fizeres dos outros e com os outros.
Espalha o bem que puderes, onde puderes e quanto puderes.
Não cobres tributos de gratidão.
Abstém-te de procurar defeitos no próximo, recordando que todos nós - os espíritos ainda vinculados à evolução da Terra - temos ainda o lado escuro do próprio ser por iluminar.
Evita o ressentimento para que o ódio não se te faça veneno na vida e no coração.
Esquece as ofensas, incondicionalmente, na certeza de que as agressões pertencem aos agressores.
Já que nem sempre será possível viver sem adversários, não olvides o respeito que lhes é devido.
Se erraste, apressa-te a corrigir-te.
Na hipótese de haveres ferido a alguém, solicita desculpa a quem prejudicaste, reparando essa ou aquela falta cometida.
Cumpre o dever a que te empenhaste.
Não descarregues em ombros alheios as obrigações que te competem.
Guarda fidelidade aos compromissos assumidos para que os teus companheiros se te mantenham fiéis.
Não acredites em facilidades sem preço.
Conserva correção nas tarefas pequenas, para que essa mesma correção não se te faça pesada nas grandes tarefas.
Nos instantes de crise, não te suponhas a única pessoa em provação sobre a Terra para que a tua dor não se converta em perturbação.
Trabalha sempre e sê útil, sem transitar nos labirintos do tempo perdido, ainda mesmo quando te reconheças sem a necessidade de trabalhar.
Usa criteriosamente a vida e os bens da vida, reconhecendo que tudo pertence a Deus que, por amor, te empresta semelhantes recursos e a Quem, no momento oportuno, tudo precisarás restituir.
Nessas diretrizes, seguiremos tranquilos, estrada adiante, e, conquanto as imperfeições de que ainda sejamos portadores, estaremos, com a bênção de Deus, na condição de obreiros da paz.






‎"Existe no silêncio tão profunda sabedoria,
que as vezes ele se transforma na mais perfeita resposta..."

(Fernando Pessoa)

Infinito Particular 
"Existe no silêncio tão profunda sabedoria,
que as vezes ele se transforma na mais perfeita resposta..."

(Fernando Pessoa)

♥ ¸.•* Infinito Particular *•.¸ ♥

domingo, 13 de janeiro de 2013

Um belo soneto de João Lins Caldas


Dentro do Sonho

Por ti, velho ideal dos meus sonhares,
Humanos maldizentes me desprezam.
Chamam-me louco e as coisas que eles presam
São outras coisas que não são seus lares.

Que importa a mim o mal desses olhares,
A praga dessas bocas que não rezam?
Cruz ou consolo, os sonhos que me pesam
Serão meus companheiros seculares...

Malgrado as tempestades que conheço,
O meu prazer não revelado e pouco,
As injúrias que eu sofro nessa lida,

És tu o sonho por quem vivo e cresço...
Que eu seja eternamente eterno louco
E nunca deixe de sonhar na vida!

João Lins Caldas [n. Goianinha-RN, 1888, m. Assu-RN,1967]

ZPE DO SERTÃO: O QUE É? PARA ONDE VAI?

As Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) são distritos industriais incentivados, onde as empresas neles instaladas trabalham com suspensão de impostos, liberdade cambial e procedimentos administrativos simplificados de compra e venda de mercadorias, com a condição de destinarem ao menos 80% de sua produção para o mercado externo. O foco do modelo é a exportação já que, pela legislação vigente, apenas uma pequena fração da produção pode ser direcionada ao mercado interno.

A experiência pioneira de ZPE foi registrada na Irlanda no ano de 1959, como projeto de revitalização da área portuária de Shannon. No continente asiático, a primeira ZPE foi instalada na Índia, em 1965, e, no ano seguinte, um empreendimento da mesma natureza foi adotado em Taiwan. Em 1970, a Coreia do Sul credita nessa nova modalidade econômica de negócios e cria também o seu distrito industrial exportador. A partir dessa década, a instalação de áreas produtivas voltadas à exportação se propaga pela China, pelos Estados Unidos e por outras localidades do mundo.

São inúmeras as razões que levam os países a adotarem ZPEs. Dentre as suas principais finalidades, destacam-se: atração de investimentos estrangeiros, melhoria da competitividade das empresas nacionais, criação de empregos formais, aumento da competitividade das exportações, redução dos desequilíbrios regionais, fortalecimento do balanço de pagamentos, difusão tecnológica e o desenvolvimento econômico e social, entre outras.

No Brasil, a proposta original de criação de ZPEs só o correu após  a redemocratização do país, em fins da década de 1980, através do Decreto-Lei 2.452/1988, editado pelo governo do então presidente José Sarney. Atualmente, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC, 2013), existem 23 ZPEs  autorizadas a funcionar no território nacional, embora nenhuma delas ainda esteja em atividade. Desse total, dois projetos estão localizados no estado do Rio Grande do Norte (RN): um em Macaíba e outro em Assú.

A ZPE de Assú, que por sua localização no interior do semiárido potiguar recebeu o sugestivo nome de "ZPE do Sertão", foi criada por meio de Decreto Presidencial, em 10 de junho de 2010. O referido decreto prevê que o projeto ocupará uma área de 1.020 hectares no território assuense, sendo o espaço escolhido situado geograficamente no trecho que liga a cidade ao município de Paraú-RN.

A aprovação da ZPE do Sertão, desde o início, provocou grande expectativa na população local e os representantes de diferentes esferas do governo logo trataram de espalhar a notícia na tentativa de colher rapidamente os frutos políticos da conquista. Apresentado ora como "redenção", ora como um "poderoso mecanismo de transformação do Vale do Açu", o projeto visa "no papel" iniciar um vigoroso ciclo de crescimento econômico na região e adjacências por meio da industrialização e agregação de valor às riquezas naturais abundantes no espaço regional.

Na visão dos entusiastas do projeto, alguns da "situação" e outros da "oposição", a ZPE do Sertão representa, por si só, "a realização do sonho do progresso e da prosperidade". Objetivamente, embora não existam evidências científicas e históricas que comprovem a suposta relação de uma ZPE e processos de desenvolvimento inclusivos e harmoniosos com o meio ambiente, deve-se admitir que a proposta parece ser realmente promissora do ponto de vista geoeconômico. A implantação do distrito industrial incentivado no Vale do Açu poderá atrair empresas privadas estrangeiras e nacionais, que poderão contribuir para ampliar e agregar valor às exportações potiguares. Além disso, o projeto poderá ajudar a descentralizar as atividades produtivas estaduais, fortemente concentradas na região da Grande Natal, irradiando seus efeitos pelo interior potiguar e até mesmo pelos estados vizinhos.

Todavia, mesmo considerando suas boas perspectivas, o "sonho do progresso" corre o risco de se esvair no ar. Conforme notícia veiculada recentemente pela imprensa estadual, a empresa contratada para gerir o empreendimento não cumpriu os prazos de preparação e cercamento do terreno reservado ao empreendimento, o que pode levar ao cancelamento da obra antes mesmo dela começar a operar. O fato é que, transcorridos dois anos desde a aprovação da proposta pelo presidente Lula, a ZPE do Sertão, que fora apresentada como "salvação da pátria", capaz de alavancar a economia assuense  da noite para o dia, não conseguiu sair do papel nem angariar apoio político capaz de viabilizar sua implantação.

Com efeito, ao permanecer enclausurada numa redoma de vidro importada, a ZPE do Sertão acumula dúvidas e incertezas quanto ao seu destino. Do ponto de vista gerencial, provavelmente a administração municipal de Assú conseguirá prorrogar os prazos e manter a proposta viva por mais algum tempo. Nesse intervalo, não há previsão para o começo das obras e muito menos para a instalação das primeiras empresas. Afora esses aspectos, deve-se também deixar claro que não existe ainda nenhuma previsão oficial sobre os reais rebatimentos do projeto em sua amplitude.

Entre as muitas dúvidas sobre o tema, basta dizer que não se tem dados convincentes sobre o tipo e a quantidade de empregos que serão gerados. Por exemplo, não há qualquer evidência comprovada estatisticamente que ateste que o projeto vai gerar 1.000 ou 50.000 empregos diretos, até mesmo porque não se sabe ao certo o tipo e a dimensão das empresas que se hospedarão na área, bem como as cadeias produtivas que elas serão capazes de dinamizar no entorno. Ademais, não se tem qualquer noção precisa sobre os rebatimentos socioambientais e a infraestrutura social requerida para atender às necessidades futuras da sociedade.

Na verdade, todos esses questionamentos continuam abertos e sem resposta, pelo menos por enquanto. E, como se não bastasse, não se nota no Vale do Açu um clima político de cooperação intermunicipal em torno do equacionamento dos problemas regionais, que, aliás, são muitos e desafiadores. Isso inibe ações conjuntas, indispensáveis para a obtenção de emendas orçamentárias que possam contribuir para melhorar a infraestrutura de transporte e energia, fundamental para fortalecer a logística operacional das empresas e responder as demandas da população que deve crescer substancialmente caso o empreendimento se concretize.

Essas e outras inquietações, essenciais ao debate propositivo, ganham relevo com a possível ameaça de perda do projeto da ZPE do Sertão e as indefinições quanto ao seu futuro. De qualquer forma, parece evidente que, na conjuntura atual, muito mais importante do que discutir os possíveis "culpados" pelos atrasos nas obras é realizar estudos e concentrar esforços para readequar o projeto e viabilizar sua operacionalização. Logo, a "queda de braços" travada pelos atores locais pouco contribuirá para a resolução dos desafios que precisam ser vencidos mediante o debate público e o maior envolvimento da sociedade, até então carente de informações mais precisas a respeito dos assuntos atinentes à construção de caminhos para o desenvolvimento da economia regional.

Joacir Rufino de Aquino & amp; Raimundo Inácio da Silva Filho

(Economistas e professores da Uern/Assú)

Fonte: O Mossoroense

Modesta

Ela ia ao  baile. E seu colar mais fino
Sobre a neve sutil de seus vestidos
Fazia ressoar a seus ouvidos
Este grito gentil: " - Corpo divino! -"

E o sinto leve, lirial, fransino,
Mordendo-lhe os contornos tão queridos,
Dizia no  seu todo ver perdidos
Mundos de aroma, sonhar azulino...

Tudo a cercando era oulhoso dela!
Pois, vendo a sombra de seu vulto nobre,
Um espelho lhe disse: "- És a mais bela! -"

E no entanto, meu Deus, foi tão modesta
Que apesar de ser rica e ver-me pobre
Fui  a criatura a quem sorriu na festa.

João Lins Caldas

*Sacramento, 22 - 8 - 1907

*Atual município de Ipanguaçu-rn

sábado, 12 de janeiro de 2013

Prefeitura do Assú abre processo seletivo para contratação de médicos

A Prefeitura Municipal do Assú está divulgando por meio do edital n°
001/2013, no Diário Oficial do Município, de terça-feira, 8 de janeiro
de 2013, o processo seletivo o qual contratará 62 médicos em caráter
temporário para atendimento à necessidade de excepcional interesse
público do sistema municipal de saúde. Os futuros servidores serão
remunerados com vencimentos que oscilam de acordo com a jornada de 6 a
40 horas semanais.

As vagas serão distribuídas entre a zona urbana ou rural, para
atendimento dos Programas Centro de Atenção Psicossocial - CAPS,
Unidades Básicas de Saúde -UBS; Pronto Socorro e Centro Clínico, no
Município de Assú para os cargos de Médico Psiquiatra (02), Médico
Clínico Geral (20) e Médico Plantonista com especialidade (40).

Os interessados deverão se inscrever das 8h00 às 13h00, até 31 de
janeiro de 2013, excetos sábados, domingos e feriados, no Setor
Administrativo da Secretaria Municipal de Saúde, localizada à Rua Dr.
Luis Carlos, 100 -Bairro Dom Elizeu, Assú/RN, mediante apresentação de
documentos originais e cópias dos mesmos.

A seleção constará de análise curricular, que terá a função de
identificar, entre os candidatos, os aptos a desempenharem as exigências
requeridas para os cargos oferecidos e disponibilidade de horários. Os
resultados serão afixados no quadro de avisos da Secretaria Municipal de
Saúde e publicados no Diário Oficial do Município de Assú, divulgado
através do portal http://assu.rn.gov.br.

O prazo de vigência do contrato será de 12 (doze) meses podendo, por
interesse administrativo e na forma da lei, ser prorrogado por iguais e
sucessivos períodos.

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...