Segundo o engenheiro Carlos Lemos o prédio possui um estilo denominado de “Pombalino” caracterizado pelo uso de arco abatido, das cornijas herdadas, pelo neoclássico e das proporções guardadas entre cheios e Vazias.
O sobrado foi concluído em 1845 (ano da emancipação política do Assu) por José Gomes de Amorim, um comerciante de nacionalidade portuguesa, que chegou a essa cidade no ano de 1926, vindo de uma família aristocrática. A construção possuía duas finalidades: estabelecer um empreendimento de ordem progressista, sendo utilizado seu pavimento inferior para um ponto comercial e no pavimento superior a residência da família do seu proprietário.
No ano de 1889 ali residia o Dr. Ângelo Caetano de Souza Couseiro - Juiz de Direito da Comarca do Assu. Por ocasião da Proclamação da República Federativa do Brasil ele leu, da varanda superior, o telegrama que anunciava o ato da Proclamação. Para prestigiar esse momento histórico um considerável público se postou em frente ao casarão.
No prédio da família 'Amorim' também residiu Palmério Augusto Soares de Amorim, herdeiro do velho José Gomes de Amorim. Depois, Palmério Filho (neto do construtor do sobrado) que instalou um comércio do ramo farmacêutico e se tornou uma figura de grande projeção na sociedade assuense na primeira metade do século passado. Essa drogaria, denominada de “Farmácia Amorim”, ou como era popularmente conhecida, “Butica do Seu Palmério”, é considerada por alguns pesquisadores como a primeira (do gênero) no interior do Estado.
A farmácia de Palmério era ponto de encontro dos intelectuais da terra, destacando-se João Celso Filho, Natanael de Macedo, Ezequiel Fonseca, José Albertino Macedo sem esquecer os ex-governadores: do Rio Grande do Norte José Augusto Bezerra de Medeiros e da Paraíba João Suassuna que, então formados, estiveram residindo em Assu por longo tempo, exercendo a profissão de advogado.
No velho casarão, entre outras personalidades, nasceram: Palmério Filho - jornalista, orador e editor do Jornal “A Cidade” e o poeta, escritor, jornalista e ex-prefeito do Assu, Francisco Augusto caldas de Amorim – o popular Chisquito (ou Cisquito, para os mais íntimos).
Também residiu naquele sobrado por um determinado período o Major Ezequiel Epaminondas da Fonseca – Presidente da Intendência no ano de 1922, cargo equivalente a Prefeito.
O Sobrado da Família Amorim sediou, entre outros empreendimentos, a Cooperativa de Eletrificação Rural do Vale do Assu - CERVAL.
Hoje, o prédio é ocupado pelo Bar de Nego João - uma referência para poetas e boêmios. O seu beco e a calçada frontal se afeiçoam, formando um ponto de encontro para "dois dedos de prosa" - conversas sopradas por uma corrente de ar que refresca aquela área propiciando que as manhãs e os finais das tardes sejam, para alguns amigos, alimentados pelo apreciado e velho costume do povo assuense: o papo de calçada.
Atualmente parte deste prédio já desabou e o que ainda resta está prestes a ser tombado, literalmente.
EM TEMPO:
* Em postagem anterior afirmamos que o prédio estaria completando 200 anos. A informação tinha sido adquirida num levantamento histórico e arquitetônico apresentado à Prefeitura quando da proposta de desapropriação de um prédio para a Casa de Cultura Popular.
Agradeço, nesse espaço, a colaboração do amigo Gregório Celso Macedo me fazendo ver que no livro "Salvados do Assu", (Editora Boágua, Natal, 1996) página 45, Celso da Silveira, baseado no historiador Francisco Amorim, informa que o prédio foi concluído em 1845. Como reforço histórico o jornal Brado Conservador informa que o português José Gomes de Amorim chegou ao Assu em 1826. Portanto, é provável, que a construção só teve início após a sua estada na cidade.
Outra: acredito que a data tenha sido um lapso em decorrência do uso de documentos antigos onde as letras e números gastos, algumas vezes, se confundem, como é o caso do número 4 com o 1, o 8 com o 3, por exemplos.
Peço desculpas aos internautas, especialmente aqueles que comentaram, curtiram e compartilharam. Por gentileza, se possível, substituam a postagem.