Símbolo da luta contra o Apartheid,
regime de segregação racial que separava brancos e negros na África do Sul,
Mandela foi sempre defensor de um sistema educacional mais equânime e
digno. “Não está além do nosso poder a criação de um mundo no qual
crianças tenham acesso a uma boa educação. Os que não acreditam nisso têm
imaginação pequena”, repetiria ele ao longo da vida. Ainda em 1953,
antes de passar 27 anos preso por lutar pela democracia, ele disse no Congresso
Sul Africano: “Façam com que todas as casas e todos os barracos se
tornem um centro de aprendizado para nossas crianças”.
Já como presidente, cargo que exerceu
entre 1994 e 1999, Mandela lutou por prover uma educação mais equânime entre
negros e brancos. “O presidente Mandela falou com paixão em todos os
fóruns possíveis sobre seu compromisso de prover educação de qualidade para
todas as crianças da África do Sul, assim como propiciar também uma vida melhor
para todos. Ele estabeleceu parcerias valiosas com o setor privado,
especialmente para a construção de escolas nas comunidades rurais de todo o
país”, diz o Departamento de Educação Básica em seu site.
Mesmo depois de seu período na
presidência e já octogenário, Mandela não deixou de lado sua ligação com
educação. Em 2003, ele participou do lançamento da rede Mindset, uma
organização sem fins lucrativos que provê material educativo e curricular para
alunos e professores em vários temas, desde economia, matemática e física até
tecnologia e orientação para a vida. Na ocasião, proferiu uma de suas aspas
mais famosas e que resume parte de seus valores. “A educação é a
arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, disse ele. E
avisou: “Vou usar o resto dos meus dias para ajudar a África do Sul a se tornar
mais segura, saudável e educada”.
Sua militância na área continuou
sendo frequente, mesmo depois de se retirar da vida pública em 2004. A
instituição que leva seu nome e se responsabiliza por levar adiante seu legado
ajudou a reformar escolas e a criar centros de excelência de estudos pela
África do Sul. No exterior, suas palestras em universidades foram muitas – no
site de sua fundação, a Nelson Mandela Foundation, é possível acessar a
transcrição de seus discursos. “As instituições de educação superior
têm a obrigação de escancarar suas portas. As que oferecem a educação mais
rigorosa é que têm a maior obrigação. Vocês têm a qualidade, a habilidade, o
apoio necessário para pressionar por isso”, disse Mandela em 2005 a
universidade norte-americana de Amherst.
Ainda em 2005, ele criou outra fundação,
a Mandela Rodhes Scholarship, destinada a financiar os estudos de jovens
líderes africanos. Dois anos depois, ele criou um instituto voltado para
promover a educação na área rural de seu país, o Nelson Mandela Institute for
Rural Development and Education. “Ninguém pode se sentir satisfeito
enquanto ainda houver crianças, milhões de crianças, que não recebem uma
educação que lhes ofereça dignidade e o direito de viver suas vidas
completamente”, disse ele por ocasião da fundação da organização.
Nelson Mandela, por Maria José Cabral
Além de ele em si ter sido um
advogado da educação, documentos relativos à sua vida e à sua contribuição para
a história também estão disponíveis e organizados, num trabalho feito pela
Nelson Mandela Foundation. Todo o material está disponível na plataforma e
pode ajudar educadores de todo o mundo a recontar a importância do líder sul
africano para os séculos 20 e 21.
O legado de Mandela para a educação,
portanto, passa pela defesa firme de uma educação de qualidade para todos, seja
na cidade no campo, na escola ou na universidade. A educação, para ele, era uma
forma de empoderar e libertar as pessoas, e a liberdade sempre foi sua maior
bandeira. “Uma boa mente e um bom coração são sempre uma combinação
formidável. Mas quando você adiciona a isso um idioma bem falado ou uma caneta,
então você tem uma coisa realmente especial”, dizia ele.
“… os jovens devem tomar para si a
responsabilidade de garantir que terão a melhor educação possível para poder
nos representar bem no futuro, como futuros líderes.”
Fonte: JB/Patrícia Gomes