Tádzio França - repórter
A história de Natal na Segunda Guerra Mundial é relativamente recente, mas ainda permanece como algo nublado e distante na memória da maioria das pessoas. A época em que a capital potiguar quebrou sua longa monotonia pós-colonial e entrou de vez - via mar e principalmente ar - no embalo do século XX, conta com poucas iniciativas para ser devidamente rememorada. Uma delas será realizada neste sábado, a 4ª edição da Conferência do Potengi, uma encenação em movimento do encontro histórico entre os presidentes Franklin Delano Roosevelt e Getúlio Vargas há 69 anos em Natal. A produção é da Fundação Rampa (Frampa), entidade cultural que difunde e preservar a história da aviação no Estado.
"A relevância política e histórica do encontro de presidentes não foi só local, mas nacional. Isso nos motivou a recriar aquele momento", conta Leonardo Dantas, jornalista e diretor de comunicação da Frampa. Aquela que foi a maior decisão política internacional realizada no Brasil aconteceu em 28 de janeiro de 1943. O presidente norte-americano Franklin Roosevelt voltava de Casablanca, na África, enquanto Vargas vinha do Rio de Janeiro.
O presidente brasileiro foi orientado a oferecer o envio de tropas para o conflito armado na Europa - a partir daí o Brasil entrou efetivamente na guerra. Ambos ficaram hospedados em navios no rio Potengi. Almoçaram no fim da manhã, e depois seguiram em inspeção pelas bases americanas na cidade. O momento foi imortalizado num foto com os presidentes sorridentes em um jeep.
A ocasião histórica foi batizada de Conferência do Potengi, e há quatro anos é revivida pela Frampa. O ponto de partida é a Rampa, o conjunto de edificações construído entre as décadas de 30 e 40 em Santos Reis, às margens do rio Potengi. O comboio, com alguns automóveis de época, se concentra na Rampa às 9h. No local estarão atores encenando os presidentes e militares da época, além de veteranos originais. A saída se dará às 10h, passando pelo 17º Grupamento de Artilharia de Campanha (GAC), ao lado do Iate Clube, passando por Santos Reis, Ribeira, avenidas do centro (Junqueira Ayres, Deodoro da Fonseca, Potengi, Hermes da Fonseca e Salgado Filho), tomando a BR-101 rumo à Base Aérea de Natal, pela via do portão secundário (em Emaús).
O comboio será recebido na Base Aérea em Parnamirim pelo comandante, como na época. Na volta para Natal, o grupo fará uma parada simbólica no trecho da BR-101 onde estão resquícios da pista feita pelos americanos em 1942. "Neste local será erguido um monumento em lembrança à primeira pista asfaltada do Estado, ligando Natal à Base Aérea", explica Leonardo Dantas. Na ocasião será colocada a pedra fundamental da obra. Ele ressalta que jornalistas e pesquisadores de outras partes do país virão para essa edição. "A Conferência do Potengi repercutiu no Brasil 69 anos atrás, e continua como objeto histórico de estudo", diz.
Documentário sobre a Aeropostali
Natal mudou profundamente desde a época em que os norte-americanos passeavam por aqui espalhando seu inglês e seus costumes. Devido a ausência de um museu, identificar visualmente aquele período histórico exige pesquisa. A Base Aérea de Natal - BANT - que já foi a maior base americana fora dos Estados Unidos, é tombada pela Aeronáutica e apesar de não ser mais a mesma dos anos 40, guarda várias preciosidades do período.
Entre os marcos da era 'Parnamirim Field' estão, bem conservados, o chamado Trampolim, um gramado com palco ao estilo de uma concha acústica onde havia festas, projeção de filmes, e apresentações como as das históricas big bands de Glen Miller e Tommy Dorsey; a capela; o cine Navy, galpão só para assistir filmes; alguns hangares, e os aviões bombardeiros B-25 e B-26, duas vistosas relíquias da época. "Estamos improvisando por aqui um pequeno museu com imagens da época e alguns materiais, como macacões e capacetes. Há curiosidade das pessoas por saber mais", diz o Cabo Gomes, assessor de imprensa da Base.
Gomes informa que uma equipe francesa já programou uma vinda à Base para gravar documentário sobre a Aeropostali, uma emprese francesa que esteve na Base antes dos americanos. O local sempre recebe visitas de escolas, historiadores e pesquisadores em geral. Para agendar visitas, exige-se antecedência. O contato pode ser feito pelo 3644-7114.
A história de Natal na Segunda Guerra Mundial é relativamente recente, mas ainda permanece como algo nublado e distante na memória da maioria das pessoas. A época em que a capital potiguar quebrou sua longa monotonia pós-colonial e entrou de vez - via mar e principalmente ar - no embalo do século XX, conta com poucas iniciativas para ser devidamente rememorada. Uma delas será realizada neste sábado, a 4ª edição da Conferência do Potengi, uma encenação em movimento do encontro histórico entre os presidentes Franklin Delano Roosevelt e Getúlio Vargas há 69 anos em Natal. A produção é da Fundação Rampa (Frampa), entidade cultural que difunde e preservar a história da aviação no Estado.
DivulgaçãoComboio da Fundação Rampa comemora os 69 anos da Conferência do Potengi
"A relevância política e histórica do encontro de presidentes não foi só local, mas nacional. Isso nos motivou a recriar aquele momento", conta Leonardo Dantas, jornalista e diretor de comunicação da Frampa. Aquela que foi a maior decisão política internacional realizada no Brasil aconteceu em 28 de janeiro de 1943. O presidente norte-americano Franklin Roosevelt voltava de Casablanca, na África, enquanto Vargas vinha do Rio de Janeiro.
O presidente brasileiro foi orientado a oferecer o envio de tropas para o conflito armado na Europa - a partir daí o Brasil entrou efetivamente na guerra. Ambos ficaram hospedados em navios no rio Potengi. Almoçaram no fim da manhã, e depois seguiram em inspeção pelas bases americanas na cidade. O momento foi imortalizado num foto com os presidentes sorridentes em um jeep.
A ocasião histórica foi batizada de Conferência do Potengi, e há quatro anos é revivida pela Frampa. O ponto de partida é a Rampa, o conjunto de edificações construído entre as décadas de 30 e 40 em Santos Reis, às margens do rio Potengi. O comboio, com alguns automóveis de época, se concentra na Rampa às 9h. No local estarão atores encenando os presidentes e militares da época, além de veteranos originais. A saída se dará às 10h, passando pelo 17º Grupamento de Artilharia de Campanha (GAC), ao lado do Iate Clube, passando por Santos Reis, Ribeira, avenidas do centro (Junqueira Ayres, Deodoro da Fonseca, Potengi, Hermes da Fonseca e Salgado Filho), tomando a BR-101 rumo à Base Aérea de Natal, pela via do portão secundário (em Emaús).
O comboio será recebido na Base Aérea em Parnamirim pelo comandante, como na época. Na volta para Natal, o grupo fará uma parada simbólica no trecho da BR-101 onde estão resquícios da pista feita pelos americanos em 1942. "Neste local será erguido um monumento em lembrança à primeira pista asfaltada do Estado, ligando Natal à Base Aérea", explica Leonardo Dantas. Na ocasião será colocada a pedra fundamental da obra. Ele ressalta que jornalistas e pesquisadores de outras partes do país virão para essa edição. "A Conferência do Potengi repercutiu no Brasil 69 anos atrás, e continua como objeto histórico de estudo", diz.
Documentário sobre a Aeropostali
Natal mudou profundamente desde a época em que os norte-americanos passeavam por aqui espalhando seu inglês e seus costumes. Devido a ausência de um museu, identificar visualmente aquele período histórico exige pesquisa. A Base Aérea de Natal - BANT - que já foi a maior base americana fora dos Estados Unidos, é tombada pela Aeronáutica e apesar de não ser mais a mesma dos anos 40, guarda várias preciosidades do período.
Entre os marcos da era 'Parnamirim Field' estão, bem conservados, o chamado Trampolim, um gramado com palco ao estilo de uma concha acústica onde havia festas, projeção de filmes, e apresentações como as das históricas big bands de Glen Miller e Tommy Dorsey; a capela; o cine Navy, galpão só para assistir filmes; alguns hangares, e os aviões bombardeiros B-25 e B-26, duas vistosas relíquias da época. "Estamos improvisando por aqui um pequeno museu com imagens da época e alguns materiais, como macacões e capacetes. Há curiosidade das pessoas por saber mais", diz o Cabo Gomes, assessor de imprensa da Base.
Gomes informa que uma equipe francesa já programou uma vinda à Base para gravar documentário sobre a Aeropostali, uma emprese francesa que esteve na Base antes dos americanos. O local sempre recebe visitas de escolas, historiadores e pesquisadores em geral. Para agendar visitas, exige-se antecedência. O contato pode ser feito pelo 3644-7114.
Memorial da Rampa
Entre os projetos de revitalização para a Rampa, o belo prédio branco às margens do Potengi, está a construção de um memorial. Este contará com recepção, bilheteria, auditório para 126 pessoas, e espaços para eventos culturais, e um museu com áreas de exposições permanentes e temporárias. Em março, haverá a abertura do processo licitatório para a construção do memorial.
Consulado espera museu
O elegante casarão número 184 da Rua Câmara Cascudo foi um cenário marcante da Natal entre guerras. Sua história poderia ter rendido um filme hollywoodiano em preto e branco. Hoje onde funciona o bar e restaurante Consulado, viveu o comerciante italiano Guglielmo Lettieri. Foi cônsul da Itália no RN, e sua simpatia pelo fascismo lhe causou a prisão em 1942, acusado de espionagem para o inimigo. Uma sala da casa possui ladrilhos com a cruz suástica nazista. As acusações foram comprovadas.
Foi ao descobrir o curioso fato em suas pesquisas, que Leonardo Barata desejou adquirir o casarão. "Fui o primeiro a comprar um imóvel na Ribeira para preservar", afirma. No local funcionava um depósito de placas, e foram precisos 10 caminhões de lixo só para limpar a sujeira. A casa, construída por volta de 1912, tem arquitetura refinada, com arcos, lambris, portas e janelas artisticamente trabalhados. As paredes foram feitas de tijolos e trilhos de trem. Leonardo reformou tudo meticulosamente. Ele planeja em breve fazer do segundo andar da casa um museu. Por lá o pesquisador conserva uma biblioteca com 15 mil volumes e milhares de documentos da época. Assunto para pesquisas, livros e filmes - como o "For All - O Trampolim da Vitória", de 1997, não falta.
OUTROS MARCOS
Para Leonardo Dantas, o próprio área entre a Ribeira e Santos Reis são marcos visuais dos anos 40. São o caso da Base Naval de Natal, do 17º GAC e do Iate Clube, todos às margens do Potengi, integrantes da histórica Rampa. O Grande Hotel, hoje um órgão da Justiça, era epicentro glamouroso da Ribeira onde estiveram o ator Tyrone Power e a escritora Clarice Lispector. Na rua Chile funcionou o Wander Bar, point alegre da boemia com festas "for all", é a atual EDTAM. Outro lugar onde os dólares rolavam, o cabaré de Maria Boa, hoje conta apenas com um trecho conservado do muro, na Cidade Alta. Resta a história.
Serviço: IV Convenção do Potengi. Sábado, a partir das 9h, na Rampa, em Santos Reis. Acesso livre.
Saiba mais: Bar Consulado, Rua Câmara Cascudo, 184 - Ribeira.
Consulado espera museu
O elegante casarão número 184 da Rua Câmara Cascudo foi um cenário marcante da Natal entre guerras. Sua história poderia ter rendido um filme hollywoodiano em preto e branco. Hoje onde funciona o bar e restaurante Consulado, viveu o comerciante italiano Guglielmo Lettieri. Foi cônsul da Itália no RN, e sua simpatia pelo fascismo lhe causou a prisão em 1942, acusado de espionagem para o inimigo. Uma sala da casa possui ladrilhos com a cruz suástica nazista. As acusações foram comprovadas.
Emanuel AmaralLeonardo Barata: Fui o primeiro a comprar um imóvel na Ribeira para preservar.
Foi ao descobrir o curioso fato em suas pesquisas, que Leonardo Barata desejou adquirir o casarão. "Fui o primeiro a comprar um imóvel na Ribeira para preservar", afirma. No local funcionava um depósito de placas, e foram precisos 10 caminhões de lixo só para limpar a sujeira. A casa, construída por volta de 1912, tem arquitetura refinada, com arcos, lambris, portas e janelas artisticamente trabalhados. As paredes foram feitas de tijolos e trilhos de trem. Leonardo reformou tudo meticulosamente. Ele planeja em breve fazer do segundo andar da casa um museu. Por lá o pesquisador conserva uma biblioteca com 15 mil volumes e milhares de documentos da época. Assunto para pesquisas, livros e filmes - como o "For All - O Trampolim da Vitória", de 1997, não falta.
OUTROS MARCOS
Para Leonardo Dantas, o próprio área entre a Ribeira e Santos Reis são marcos visuais dos anos 40. São o caso da Base Naval de Natal, do 17º GAC e do Iate Clube, todos às margens do Potengi, integrantes da histórica Rampa. O Grande Hotel, hoje um órgão da Justiça, era epicentro glamouroso da Ribeira onde estiveram o ator Tyrone Power e a escritora Clarice Lispector. Na rua Chile funcionou o Wander Bar, point alegre da boemia com festas "for all", é a atual EDTAM. Outro lugar onde os dólares rolavam, o cabaré de Maria Boa, hoje conta apenas com um trecho conservado do muro, na Cidade Alta. Resta a história.
Serviço: IV Convenção do Potengi. Sábado, a partir das 9h, na Rampa, em Santos Reis. Acesso livre.
Saiba mais: Bar Consulado, Rua Câmara Cascudo, 184 - Ribeira.
Fonte: Tribuna do Norte