QUANTOS BANHOS (POR DIA) VOCÊ TOMA?
Públio José – jornalista
Um estudo recente de especialistas na área dos distúrbios emocionais, aí incluídos insônia, tristeza profunda, desalento, desânimo, falta de apetite e outros sintomas semelhantes – conjunto de males a jogar o desavisado na famigerada vala da depressão – concluíram que, entre outras mudanças de hábitos, uma das mais visíveis está ligada à falta de banho. (No caso de homens, o não se barbear também faz parte do cenário). Segundo os estudos, uma das primeiras demonstrações externas nos depressivos surge na quebra da rotina do asseio. O banho começa a rarear; a escovação de dentes vai pelo mesmo caminho; pentear os cabelos é ato que deixa de existir; o uso de roupa amarfanhada completa o aspecto de desleixo – e o isolamento passa a ser peça importante na textura da nova circunstância. Daí por diante, caso não haja mudança de rumos, o roteiro aponta somente ladeira abaixo. Terrível!
Para corroborar o estudo, as estatísticas que o acompanham são de estarrecer: mais de 38% da população mundial sofrem de depressão ou estão, pelo menos temporariamente, enredados em suas teias. No plano mundial, levando-se em conta um total atual de sete bilhões de habitantes, os 38% alcançam a impensável marca de mais de dois bilhões e seiscentas mil pessoas depressivas! Para a existência de contexto tão perturbador, devem contribuir, com certeza, os inúmeros conflitos armados que pipocam pelo mundo, os desequilíbrios climáticos que infestam o planeta – das partes mais inóspitas dos pólos à secura que abate plantas, animais e o ânimo humano nas lonjuras africanas – sem contar o sistemático e rotineiro fenômeno da seca que atinge o Nordeste brasileiro. Já o interminável estado de conflagração entre árabes e israelenses deve dar também sua pitada no preparo dessa indigesta salada.
Outra responsável pelo manto depressivo que encobre a população mundial é a crise na Europa. Não à toa, na Espanha, já chega a espantosos 25% o número de pessoas desempregadas, enquanto Grécia, Portugal e Itália se debatem numa crise sem fim, que poderá assumir proporções dantescas caso se enrosquem no cipoal França, Inglaterra e Alemanha. Afinal, desemprego, liseu generalizado, quebra de safras, sofrimento e mortes trazidos por guerras e outras mazelas, são motivos mais que suficientes para levar o ser humano ao desespero, ponto inicial da estrada que leva à depressão. O Brasil, aparentemente distante desse cenário, é levado a pensar que está imune a esse verdadeiro tsunami depressivo. Grande engano! O brasileiro também está encalacrado nos 38% de depressivos mundiais, o que coloca o país na condição de contribuinte de peso para a desgraça com mais de 70 milhões de pessoas.
Voltemos ao banho. O fato da depressão, com raras exceções, se materializar inicialmente pela falta de banho, não significa que todas as pessoas que não gostam de ir ao chuveiro são depressivas. Mas é bom prestar atenção. Isso porque muitas pessoas estão entrando num processo depressivo sem atinarem para o fato. E uma palavra de alerta pode contribuir, no início, para uma tomada de decisão e minorar o problema. Isso também não significa que você vá andar por aí cheirando as pessoas para saber se estão negligentes com o banho. Outros sintomas são evidentes: aspecto insone, afastamento do convívio social, relaxamento no cumprimento de metas de trabalho, alheamento sistemático, pouco caso com parceiros e familiares... Ufa! A lista é grande. E a série de infelicidades globais? Está distante de desaparecer do mundo. Solução? Cuidemos do banho. Cuidemos. Já pro chuveiro!!! Já!!!