segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


MAGNÓLIAS

As flores, a história viva,
cruel desalinho
das horas mortas

A mesa posta,
guardanapos bordados em crivo.
Linhas das mãos em desafio
a alinhar o linho alinhado

Olhar desbotado, desapontado,
fita cena
fria...

Os sonhos aguardam qualquer tom que não seja plúmbeo
Os pés descansam por força da espera
tão diferente da flora

Magnólias
regadas de prata lá fora,
pulsam orvalho,
tremor de suor da noite...

No calafrio, calo e grito
Soluço remoto desafiando a cor da vida
no fio da coragem de outra lida...

A lua, a mesma lua de milhões de noites
O verso banhado em choro
O choro enrugou mil faces...

O tempo, as flores, o jarro transparente,
arrepio, o vazio,
sem cheiro, sem graça, manchando a alvura da mesa...

A mesa posta escorrendo amor, dor,
fome perdida...

Os sonhos contando sabor derretido
Silêncio de outrora
Sopro de ânsia...
Olor!

Doce fragrância de refinada flor
Aveludada...
Lembranças!

E as quimeras perdidas,
Se refazem quase...
Perfeitas!

Intensas, acendem o brilho de meu sol interior
De fêmea
e flor!...

Graça Campos,11/10/2012.
CAMPOS, Graça. Poema. Magnólias. Imagem da web.

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