terça-feira, 21 de junho de 2016

7 BRINQUEDOS INVENTADOS NO RIO GRANDE DO NORTE [ALGUNS VOCÊ NÃO CONHECIA]

Você já viu um soldadinho de castanha de caju? E uma boneca de sabugo de milho? Ou quem sabe um jogo de sinuca de bilocas (bola de gude para uns)?
Pois saiba que mais de 300 desses brinquedos estão em um incrível museu de brinquedos [e acessórios e jogos] feitos à mão de Natal chamado “Museu do Brinquedo Popular”, bem no centro da cidade. Tudo produto da criatividade impressionante dos moradores de 48 municípios espalhados nas zonas rurais e urbanas do Rio Grande do Norte.
Em reportagem de 2010 da Tribuna do Norte, o diretor do campus e coordenador do Núcleo de Estudos Culturais da Ludicidade infantil – NECLI, do qual faz parte o museu, Lerson Fernando, disse que o museu é o único com esta temática no Brasil, e que, apesar de existirem outros museus de brinquedos no país, nenhum dele possui artigos populares como este.
Lerson disse ainda que deseja um museu interativo, ou seja, garantir um espaço apropriado para que sejam manipulados. “O museu mantém viva uma cultura, que foi engolida pelas novas tecnologias”, completou. Dos 315 brinquedos da exposição, apenas 10% foram confeccionados a pedido dos idealizadores do projeto, os outros 90% foram doados pelos moradores dos municípios visitados.
Veja agora a lista que preparamos com os melhores brinquedos do Museu:

Carrinho de madeira

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Carrinhos de lata

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Futebol de prego

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Bonecos de sabugo de milho

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Sinuca de biloca (bola de gude)

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Peteca de couro de bode

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Tábua de morro

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Curral de ossos

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E este último aí, o “curral de ossos”, é uma brincadeira onde crianças de várias idades reproduzem um curral, utilizando gravetos para construir as cercas e utilizam capim e pedra para a decoração do espaço. Além de os animais serem representados com ossos de gado, também pode ser usado em seu lugar o mangará – fruto da bananeira.
A elaboração do livro “Brinquedos e brincadeiras populares: identidade e memória” foi o que incentivou a criação do museu. A partir da pesquisa realizada por Marcus Vinícius, Tânia Costa, Vivianne Limeira, Caroline Cristina, Priscília Janaina e Lerson Fernandes; os municípios foram visitados e os brinquedos e depoimentos foram coletados e sistematizados em forma de pesquisa.
O “Museu do Brinquedo Popular” fica no Campus Avançado do IFRN na avenida Rio Branco, 743, Cidade Alta, Natal-RN.
Incrível! Parecem muito mais divertidos que estes brinquedos aqui.
 https://curiozzzo.com

segunda-feira, 20 de junho de 2016

AS ROSAS FALAM Já disseram que as rosas não falam que só perfumes exalam desconhecem o poder que elas têm. As rosas dizem tanto que nos calam falam de amor como ninguém. Falam de paz e da natureza não falam pra quem não quer ouvir. falam de poesia de beleza e de um mundo a colorir. que digam às borboletas que com elas falam baixinho sejam brancas, vermelhas ou violetas falam com muito carinho. As rosas têm seus segredos e seus momentos de amor  que os contam sem medo no ouvido do beija-flor... As rosas vivem sempre enfeitando os caminhos e sorriem alegremente nos chamando baixinho. Só precisamos abrir os olhos pra ouvir as rosas... 
Autor: Wíliame Caldas...

Meu ex-cônjuge quer receber alimentos. Sou obrigado a pagar?

Publicado por Erick Jonas Advocacia & Consultoria Jurídica - 1 semana atrás

A prestação de alimentos aos cônjuges e companheiros decorre da assistência imposta nos artigos 1566III, e artigo1694, ambos do Código Civil.
Após o fim do casamento (ou da união estável), a prestação de alimentos depende de duas hipóteses:
·        Acordo no divórcio consensual
·        Necessidade do cônjuge, quando provado em divórcio litigioso.
Na primeira situação é livre a convenção dos alimentos entre os cônjuges. Contudo, quando se trata de divórcio litigioso, não há liberalidade, uma vez que provada a situação em que um dos cônjuges se mostra desprovido de recursos, o outro lhe prestará a pensão alimentícia que o juiz fixar.
É importante lembrar que quando o credor (quem está recebendo a pensão alimentícia) se casar, constituir união estável ou concubinato, cessará o dever de prestar alimentos.
Concluindo...
·        No divórcio consensual é livre a convenção dos alimentos entre os cônjuges.
·        No divórcio litigioso, por determinação do juiz, é obrigatório o pagamento de pensão alimentícia quando resta provado que um dos cônjuges é desprovido de recursos.


Atuamos nas diversas áreas do Direito: Administrativo, Tributário, Responsabilidade Civil, Família, Consumidor, Trabalho, Médico e Hospitalar, Penal e Previdenciário. Representamos nossos clientes em vários tipos de demandas judiciais e extrajudiciais. Respondemos em todos os casos de forma oportuna...

Assuense conta episódio da guerrilha em 1935

Como matéria especial, a edição dominical da TRIBUNA DO NORTE, edição de

07 de maio de 2000, publicou reportagem de minha autoria, como colaborador.
“Reside em Natal uma das testemunhas das ações de um movimento guerrilheiro
de caráter comunista que ocorreu no Vale do Assú, no RN, entre os anos de
1935/36. A dona-de-casa Áurea Cortez de Lima, 82, tinha 16 anos quando viu o
líder camponês Manoel Torquato de Araújo e dois companheiros, entrarem na
casa grande da propriedade do seu pai, Manoel Cortez, conhecida por “Ingá”, na
várzea do Assú.

A “guerrilha” foi resultado da luta reivindicatória dos trabalhadores das salinas e
fazendas de Mossoró, Assú, Areia Branca e Macau. Os estudiosos apontam o
então governador Rafael Fernandes, que reprimia violentamente os sindicatos e
mandava surrar os líderes dos trabalhadores, como o causador da revolta armada.
O pai de dona Áurea tinha terras em Assú, Macau e Pendências (1), mas não era
latifundiário. A razoável condição de vida do agricultor Manoel Cortez pode ter
aguçado a cobiça do grupo que chegou armado à casa da fazenda do povoado
Santa Luzia. Os camponeses queriam tomar as terras de Manoel Cortez,
obrigando-o a devolover uma gleba de sua propriedade que esteve arrendada
durante certo tempo a um dos aliados de Manoel Torquato, o chefe do bando
criado pelo provisionado Miguel Moreira. (2)Torquato era protestante.

“Esse pessoal era conhecido como o “Sindicato de Mossoró” e veio para tomar as
terras de papai. Lembro-me que chegaram lá em casa, pouco depois do meio-dia,
Manoel Torquato, José Domingos e Joel Paulista armados de revólveres e
peixeiras, todos à cavalo. Papai conhecia todos eles e disse que nós não
ficássemos amedrontadas, pois já sabia do que queriam. Manoel Torquato era de
Canto Grande, um lugarejo entre Assú e Macau, mas papai dizia que ele não era
bandido. José Domingos, natural de Alto do Rodrigues, era um detento, Joel
Paulista era o chefe do sindicato de Areia Branca. O José Domingos chegou lá
dizendo que não mexessem com a gente porque devia favores à família dos
“Targino” , como era conhecida a família de papai. Eles queriam tomar o sítio
“Cobé”, em Assú, e Manoel Torquato, com aquela pose toda, disse para papai: “o
senhor vai mandar o menino ficar na terra”.

Papai nem pestanejou, rebateu na hora que “eu já entreguei o caso ao juiz de
Assú” e explicou que o ex-meeiro Raimundo Nonato, vulgo “Raimundo Fumeiro”,
tinha passado vários anos explorando a terra sem pagar a renda. Diante da atitude
de papai, eles foram embora e nunca mais voltaram, disse dona Áurea, residente
na avenida Hermes da Fonseca, no bairro do Tirol, em Natal.

Apesar de não terem retornado para atanazar a família de dona Áurea, o grupo de
rebeldes comunistas distribuiu panfletos, impressos com tinta vermelha, com
pesadas críticas ao seu pai. Os boletins eram intitulados “O burguês Manoel
Cortez” e foram distribuídos em todas as casas entre Canto Grande e Comboeiro,
perto da cidade do Assú. (4)

“O povo dizia que eles eram comunistas, fizeram muita bagunça e quiseram tomar
terras pela pressão. Papai não deu muita atenção a eles, apesar de saber que
tinha cabras ruins no meio deles, como José Domingos, um verdadeiro cangaceiro
que acabou morto em Caraúbas”, relembra dona Áurea.

Ela diz que os episódios ocorridos no Vale do Assú, entre 1934/36, provocaram
mortes, mas não recorda os nomes das vítimas, além de Artur Felipe Montenegro,
um filho de fazendeiro rico que foi abatido na embocadura do açude Canto
Comprido, em Assú, em 2 de janeiro de 1936. Segundo Amaro Sena, em
depoimento prestado de 2 de março de 1999, quem atirou em Artur Felipe foi
Manoel Domingos, de Cobé, com um único tiro de rifle ou fuzil. “Foi um disparo
certeiro...”. (3)

Em represália, a família de Artur Felipe matou o pai de Manoel Torquato, que não
tinha nada a ver com a guerrilha. “O bando era comunista mesmo, não me lembro
de suas reivindicações, não. Não havia latifúndio no vale. Por exemplo, a terra que
o meeiro Raimundo queria era de 50 braças. Os homens de Manoel Torquato não
tomaram terras, só dinheiro, porque a lei não estava do lado deles; naquele
tempo, a lei, o juiz, era do lado do proprietário. Eu tinha um panfleto desses, mas
emprestei a uma pesquisadora e não me foi devolvido”.

Depois da morte de Artur Felipe, a polícia investiu contra eles, forçando-os a
recuar para perto de Mossoró. Manoel Torquato foi executado por um liderado,
Manoel Feliciano.

Rebeldes foram condenados
Derrotada a guerrilha, quase todos foram presos pela Polícia Militar do RN.
Processados, todos foram condenados. Mas pelo decreto-lei 474, de 8 de junho
de 1938, foram absolvidos Amâncio Leite, Raimundo Jovino de Oliveira, Manoel
Veras Leite, Tertuliano Alves Primo, Vicente Florêncio da Mota, Francisco
Agostinho Bezerra, Mestre Chaves ou Francisco Chaves dos Anjos e José Nicácio
Sobrinho das acusações de envolvimento na guerrilha de Manoel Torquato e
Miguel Moreira.

Em 29.06.1938, o juiz Raul Campelo Machado, por deficiência de prova, absolveu
Benedito Saldanha, Cirelino Bezerra da Costa, José Lopes Bastos, Homero
Agostinho, José Lins, José Perico, Belarmino Abel Ferreira, Pedro Mendonça,
Francisco Bernadino, Francisco Chaves, João Reginaldo, Antonio Reginaldo,
Francisco Paulino, Manoel Ferreira do Nascimento, Francisco Ferreira, Homero
Couto, Antonio Falcão, Francisco Agostinho, José Cassiano, Gonçalo Izidro,
Francisco Machado, Sandoval Oliveira Sales Lira, Ricardo Torquato, Antonio
Pereira, Feliciano Alexandre, Marcelino Alexandre, Manoel Nunes da Silva,
Honório Máximo, João Abre, Vicente Ferreira Gomes, Francisco Dobrinha, Chico
João e Cassiano Preto.

O magistrado declarou extinta a ação penal contra Sebastião Caldeira, “por ter
sido o mesmo, segundo se vê dos autos, morto em combate com elementos da
força pública estadual do RGN”. Os denunciados foram defendidos pelos
advogados Cícero Aranha e Maria da Glória Pinheiro Moss, que defenderam a
tese de perseguições políticas.

O jornal católico “A Ordem” (Natal/RN, p.4, edição de 02.07.1938) ao publicar
trecho do processo criminal diz que o bando era oriundo de Mossoró e
responsável por “propaganda subversiva eficiente, que resultou na formação de
um grupo de bandoleiros, chamados “os bandidos vermelhos” que, por motivos
políticos, e incitados por Miguel Moreira, praticaram no Estado do RN, em 1935,
assaltos, roubos, depredações, ferimentos”.
O ex-tenente Moisés Costa Pereira e o sargento Amaro Potengi da Silva foram
condenados a 3 anos.

Luta armada tinha caráter comunista
Não somente os documentos e cartas apreendidos nas casas dos dirigentes do
Partido Comunista do Brasil-PCB, no Rio de Janeiro, em 1936 (Movimento
Comunista de 1935 – Excertos da publicação “Arquivos da Delegacia Especial de
Segurança Política e Social – Volume III – Polícia Civil do Distrito Federal – Rio” –
1938 – Natal – Imp. Oficial – 1938) atestam que a guerrilha do Vale do Assú era
mesmo de caráter comunista.

A entrevista do ex-militante do PC mossoroense Francisco Guilherme (PCB na
mira da história – Camaradas rebatem duras críticas do livro W. Waack,
reportagem de Carlos Peixoto e Nilo Santos, TN, 28.11.1993, páginas 12 e 13) é
elucidativa. Referindo-se à insurreição de novembro de 1935, disse Chico
Guilherme: “Mossoró estava preparada para também instalar o Governo
Revolucionário Popular a partir de apoios na Polícia Militar e no Exército (Tiro de
Guerra), além da logística da guerrilha – cerca de 45 homens – do grupo
conhecido como “Sindicato do Garrancho”, todos na clandestinidade, porque a
polícia vivia prendendo e espancando e a única salvação deles era o partido
chegar ao poder”.

A primeira referência em livros sobre a guerrilha comunista do Assú é de autoria
de Edgard Barbosa, em “História de uma campanha”, Imprensa Oficial, Natal,
1936. Edgard Barbosa, que foi jornalista a serviço das forças conservadoras do
Partido Popular, de José Augusto Bezerra de Medeiros, diz que o movimento era
de caráter comunista, com ramificações em municípios vizinhos e que o
“numeroso bando armado surgia mais do ambiente político e da confusão reinante
do que do entusiasmo pelas doutrinas vermelhas, pois se constituía de homens
rudes, analfabetos e dispostos a todas as modalidades do crime. Era o
cangaceirismo acoitado à sombra de uma bandeira que encarnava um credo
exótico. Em nome do tal credo, os malfeitores que puseram em cheque as forças
policiais de Assú, Angicos, Santana do Matos e Macau”. Barbosa informa que os
comunistas fizeram “uma verdadeira rebelião, que aliás constou do relatório de um
representante brasileiro em uma das sessões da III Internacional, reunida em
Moscou”.

Segundo Barbosa, o movimento foi debelado na interinidade do interventor José
Lagreca, que enviou uma tropa de 60 homens sob o comando de Severino
Campelo, que libertou o fazendeiro Jorge Barreto, seqüestrado pelos guerrilheiros.
Segundo Manoel Rodrigues de Melo, os guerrilheiros contavam com forte adesão
dos protestantes.

O historiador Raimundo Nonato da Silva, como os demais estudiosos do assunto,
aponta influência comunista na rebelião desordenada no baixo Assú, “dirigido por
enviados do sul do país que, militarmente, organizavam a resistência pósnovembro
de 1935. Houve uma morte no campo de batalha de um engenheiro,
que tirou o ânimo dos revoltosos”.

O jornal “A República”, de 18.07.1936, p.2, informa que Sebastião Caldeira,
armado e com um cinturão de dinamites, morreu após a explosão dos explosivos
devido a um tiro recebido durante um tiroteio.

Notas

1 - O município de Pendências, em 1935, ainda não tinha sido criado.
2 - Miguel Moreira era membro do Partido Comunista.
3 - Segundo Amaro Sena, já falecido, Artur Felipe saiu de uma festa, embriagado
e, juntamente com o cabo Bondade, foi provocar os insurretos que estavam
acantonados perto do açude.
4 – A professora Brasília Ferreira confirmou, na época da publicação da
reportagem, que o boletim que dona Áurea lhe emprestou foi extraviado.
5 – Mais detalhes ver: Pequena História do Integralismo no RN – Fundação José
Augusto, Natal/RN, de Cortez, Luiz Gonzaga ; Trabalhadores, Sindicatos,
Cidadania – Nordeste em tempos de Vargas, de Ferreira, Brasília Carlos,
Cooperativa Cultura da UFRN; Várzea do Assú, de Melo, Manoel Rodrigues,
Edição Cadernos, São Paulo-SP e Gilberto de Melo Freire.
www.dhnet.org.br
NO DESENLACE GALOPANTE
O FRUTO É DE XIQUE-XIQUE
É lindo o alvorecer no meu torrão
As 'oiças' atentas ao canto da nambu
A água é de cacimba
E tem até sapo cururu
O cheiro é forte de carcaça
Aparece até urubu,
De cima da serra
Avisto meu torrão, minha cidade
Ainda tem sertanejo humilde
Cheio de felicidade
Lembro das brincadeiras e das festas
No tempo da minha mocidade.
Choveu na cabeceira do rio
Ouvi o ronco do trovão
Tem 'relampo' e tem chuva
O fruto é de sodoro com emoção
Asa branca cantou na catingueira
Tem fartura e viva Gonzagão.
Bebi na fonte da poesia
Na literatura do meu torrão
Para contar tudo que aprendi
Numa casa de taipa ou num casarão
Um dia eu quero voltar
Para o meu tórrido sertão.

500 ANOS DA CACHAÇA NO BRASIL



  


cachaca (1)

Fonte – http://revistasaboresdosul.com.br/quem-descobriu-a-cachaca/

A cachaça é testemunha das transformações sociais e econômicas por que o Brasil passou

Ela praticamente nasceu junto com o Brasil e tornou-se a mais nacional das bebidas. Em cinco séculos de História, serviu como combustível para os bandeirantes suportarem as longas e insalubres viagens aos sertões, foi utilizada como moeda de troca de escravos na África, desencadeou revoltas contra a Coroa portuguesa e tornou-se símbolo de nacionalidade em momentos políticos e culturais importantes, como a Independência do país e a Semana de Arte Moderna de 1922. Sim, estamos falando da cachaça, que completa 500 anos este ano.
Os documentos são esparsos, mas, de acordo com os especialistas, os primeiros goles da branquinha foram dados a partir de 1516 em algum engenho construído na feitoria de Itamaracá, em Pernambuco. A cana-de-açúcar já tinha chegado ao país alguns anos antes, em 1504, pelo fidalgo português Fernando de Noronha, que recebeu a concessão da ilha, batizada posteriormente com o seu nome, para a exploração do pau-brasil.


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Um antigo engenho no Nordeste do Brasil – Fonte – http://www.aguadoce.com.br

“A cachaça foi uma das protagonistas da civilização do açúcar, que marcou um dos mais importantes períodos do desenvolvimento econômico do Brasil Colônia, principalmente no tempo das capitanias hereditárias. Pode-se dizer que, historicamente, a cachaça foi testemunha ocular das transformações econômicas vivenciadas pelo Brasil”, diz o engenheiro Jairo Martins Costa, especialista no assunto e autor do livro Cachaça – O Mais Brasileiro dos Prazeres. Segundo ele, a cultura do açúcar, e por consequência da cachaça, começou bem antes da expedição do colonizador Martim Afonso de Souza no litoral paulista, em 1532.
Além de pesquisas arqueológicas conduzidas por universidades na Bahia e Pernambuco em antigos engenhos de açúcar, um documento da alfândega de Lisboa aponta o pagamento de imposto sobre um carregamento de açúcar, vindo de Pernambuco, datado de 1526. “É a prova de que a produção começou muito antes de São Vicente.


cachaca
Escravos moviam as moendas que produziam o caldo que, fermentado, gerava a cachaça, um dos principais produtos de exportação do Brasil colonial. – Fonte – www2.uol.com.br

O que aconteceu a partir de 1532 foi a forte expansão da civilização do açúcar”, diz Costa, lembrando uma frase do folclorista Câmara Cascudo no seu livro Prelúdio da Cachaça: “onde mói o engenho, destila o alambique”.
CACHAZA
Alguns mitos se esvaem ao estudar a história da branquinha. Um deles é que a bebida teria sido descoberta por acaso por escravos durante o processo de fermentação da canade-açúcar. A evaporação do caldo teria condensado ao bater no teto do engenho e daí teria nascido o nome “pinga”.
Segundo os estudiosos, não foi bem assim. As primeiras produções foram planejadas pelos colonizadores. Uma evidência é que o nome mais aceito para cachaça vem do espanhol “cachaza”, uma bagaceira de baixa qualidade produzida pelos ibéricos a partir das borras de uva. “Os europeus já dominavam as técnicas de destilação havia muito tempo, produzindo bebidas como a bagaceira. Como não tinham uvas aqui, improvisaram uma bebida com o resíduo da cana”, explica Silva.


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Fonte – http://www.middascachaca.com.br/news/curiosidades-historia-cachaca.html

A bagaceira, junto com o vinho português, foi um dos motivos para uma rebelião de produtores de cachaça ocorrida no Rio de Janeiro no século 17. Com a Popularização da bebida, em 1635 a Coroa baixou uma lei proibindo o comércio de aguardente, para não concorrer com a bagaceira e o vinho portugueses. A lei não pegou muito e a pinga continuou sendo produzida em larga escala, inclusive para o mercado externo. Em Angola, que também era uma colônia portuguesa, chegou a ser utilizada durante muito tempo como moeda de troca pelos traficantes de escravos. 
Em 1647 foi criada a Companhia Geral de Comércio, uma empresa portuguesa que passou a ter o monopólio da venda de diversos produtos nas colônias, inclusive asbebidas alcoólicas. Por aqui, porém, a cachaça continuava fazendo enorme sucesso, mesmo sendo vendida clandestinamente. Os fazendeiros, longe de agir por debaixo dos panos, não escondiam sua atividade e eram, inclusive, respeitados na sociedade em quer viviam.
REVOLTA E PAZ
A relativa paz durou até 1659, quando o governo português fechou novamente o cerco, dessa vez com repressão e destruição de alambiques. No ano seguinte, vereadores do Rio de Janeiro propuseram liberar a bebida.


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Fonte – http://www.middascachaca.com.br

Diante da recusa, alambiqueiros lideraram uma rebelião – que ficaria conhecida como Revolta da Cachaça – e tomaram o poder da cidade durante cinco meses. A Coroa conseguiu acabar com a rebelião e retomar o poder no Rio de Janeiro, mas os revoltosos conseguiram uma importante vitória: em 1661, a rainha de Portugal, a regente Luísa de Gusmão, autorizou a produção e o comércio da aguardente no Brasil, mediante o pagamento de impostos. Nessa época, o açúcar brasileiro começava a sofrer forte concorrência com o produzido pelos holandeses nas Antilhas, de qualidade superior.
Além do açúcar, a cana levada pelos holandeses após sua expulsão do Brasil, em 1654, deu origem a uma bebida que é considerada “filha” da cachaça: o rum.
Depois da liberação pela rainha, surgiram várias regiões produtoras de aguardente, de norte a sul do Brasil. A cidade de Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro e um dos principais portos do Brasil Colônia, chegou a concentrar mais de cem alambiques a partir de 1700. Parte da produção seguia para Minas Gerais pela Estrada Real, durante o Ciclo do Ouro. Outra parte era escoada para o resto do Brasil e outros países da Europa e África.


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Fonte – http://velhobarreirodiamond.com.br/mobile/historia

“Se você falar da história de Paraty, vai ter de citar a cachaça. E se falar da história da cachaça, vai ter de citar Paraty”, diz Lúcio Gama Freire, 43 anos, presidente da Associação dos Produtores e Amigos da Cachaça de Paraty. A bebida da região era tão famosa que, durante muito tempo, era comum as pessoas pedirem uma “parati” quando queriam um simples copo de aguardente, tanto na Colônia como na Corte.
UFANISMO
“Com o aprimoramento da produção a partir do século 17, aumentou o número de consumidores, e a cachaça passou a ter importância econômica. O ápice do prestígio ocorreu no século 19, quando se transformou em símbolo de brasilidade”, diz o empresário Leandro Dias, CEO da Middas Cachaça, marca que atende o segmento de luxo.
“Deixar de bebê-la era considerado atitude antipatriótica, pois o Brasil vivia o período das lutas da Independência”, completa Leandro. Um brinde com a caninha passou a ser sinônimo de nacionalismo. Diz-se que dom Pedro I teria brindado a Independência do Brasil com um cálice de cachaça artesanal.


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Fonte – http://www.bestday.com.br/Editorial/Cachaca-Patrimonio-Cultural/

Um século depois, em 1922, jovens intelectuais repetiriam o gesto na Semana da Arte Moderna, em São Paulo. Os modernistas consideravam a bebida um símbolo líquido do país. O casal Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral gostava de divulgar a culinária brasileira e a cachaça em Paris. Levavam a bebida em frascos de perfume na mala para não haver problemas ao entrarem na França. Nas reuniões oferecidas a amigos parisienses, costumavam servir caipirinha e feijoada.
BEBIDA FINA
Após vencer o estigma de “bebida barata servida em balcão de botequim”, a cachaça voltou às altas rodas nas últimas décadas, em especial por causa da produção de cachaças artesanais. Além das de Paraty, ganharam fama as bebidas produzidas em estados como Pernambuco, Ceará e, principalmente, Minas Gerais. Nas montanhas de Minas, a cachaça ganhou status principalmente pelas cachaças produzidas em cidades como Januária e Salinas, no norte do Estado.


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Os rótulos das garrafas de cachaça são um caso à parte no design brasileiro e, principalmente, para a história do país, que contavam a personalidade da bebida e o cotidiano da época – Fonte –http://kiwipropaganda.com/blog/2013/01/21/rotulos-de-cachaca-e-a-historia-do-brasil/

Salinas, que até hoje abriga várias destilarias de qualidade, é terra natal de um dos grandes personagens da história da cachaça brasileira, Anísio Santiago. Produtor da cachaça mais famosa do país, a Havana, Anísio era um tipo excêntrico que raramente saía de sua fazenda. Até morrer, em 2002, costumava pagar seus empregados e outras despesas com garrafas de sua preciosidade, disputadas por apreciadores e colecionadores da bebida. Os descendentes de Anísio, morto em 2002, assim como outros produtores em todo o Brasil, continuam a produzir e escrever a história da bebida brasileira que, como registrou o historiador Gilberto Freyre, “vem dos mais velhos dias do Brasil”.
LIVROS
Cachaça – O Mais Brasileiro dos Prazeres, Jairo Martins da Silva, Editora Anhembi-Morumbi, R$ 59
Prelúdio da Cachaça, Luis da Câmara Cascudo, Global Editora, R$ 42
AUTOR – Marcus Lopes


Cristina Costa 

Os rostos são esculturas vivas.
As mais reais e precisas
talhadas pelas almas que os animam
avaliadas pelos corações que os examinam.
Os rostos falam.E como falam.
Basta olhar para o rosto dos enamorados!
(Carmen Vervloet)

domingo, 19 de junho de 2016

(...)

E há, desguarnecido, um Brasil doloroso, angustiado,
Olho por todos os lados,
Olhos lado a lado,
A espera do milagre.

João Lins Caldas


ASSU – TERRA DOS POETAS


Por *Ivan Pinheiro Bezerra

“Em tempos que já vão distantes, o Assu primou pelo amor às letras e pela sua dedicação às artes. Seu povo tinha em alta conta o desenvolvimento da inteligência e o apogeu da cultura. A sensibilidade era a sua constância.


         Dotados de um acentuado senso artístico, os seus filhos alinhavam os seus propósitos e as suas tendências no sentido do aperfeiçoamento e do evoluir cultural. Enamorados do belo tinham a percepção do seu encantamento, do seu êxtase e do seu predomínio na estrutura espiritual.


Tamanha era essa desenvoltura, esse apego, esse apaixonamento, que, em última análise, se poderia pensar serem esses atributos um sentimentalismo congênito ou então seria uma predestinação atávica ou uma determinação biológica. A espontaneidade das revelações no domínio das belas artes surpreendia.


A disputa na conquista de uma escalada maior no aprimoramento do espírito, como que despertavam as energias telúricas, os entendimentos nativos, convergindo as idéias para o ponto centralizador que outro não era senão a ganância do saber.


Havia, nessas épocas que já descambam para o esquecimento, uma sintonização mental criando uma mentalidade propiciatória aos elevados empreendimentos sociais e recreativos: velhos e moços se aglutinavam, se harmonizavam e se entendiam na promoção de tertúlias literárias destinadas a acelerar, a desenvolver e a intelectualizar o meio ambiente.


Daí em nossa terra, ter tido a Imprensa, o teatro e a Poesia o seu habitat e a sua soberania. O povo assuense, na exuberância dos seus ardores poéticos e jornalísticos, nos seus arrebatamentos imaginários, elevou e engrandeceu a gleba que lhe serviu de berço.


Há na geração nova um fenômeno assustador. É o alheamento ao passado. É tão acentuado, que difícil se torna ao pesquisador concatenar acontecimentos, às vezes não muito remotos, se tiver que confiar na veracidade dos depoimentos. Acreditamos que não por mistificações. Porém, por desapego, desinteresse às cousas do passado”.


Este relato, em fragmentos, foi retirado da apresentação do livro História do Teatro no Assu, de autoria do historiador assuense Francisco Amorim, publicado no ano de 1972

É bom que se diga que o município do Assu, desde o ano de 1922, que blasona e tenta sustentar dois epítetos culturais difíceis de serem mantidos, que são: “Assu - Terra dos Poetas” e “Assu – A Atenas Norte Rio Grandense”.

O Assu recebeu estes dois apelidos em pleno ano de efervescência na cultural brasileira (1922), momento em que surgia o movimento modernista culminando com a I Bienal de São Paulo.

A juventude da época foi tocada, como por encanto por uma onda de ânimo artístico cultural, proporcionando um refino na cultura até hoje inquestionável, no que concerne a sua contribuição para o alento cultural brasileiro.


Pois bem, neste ano, o poeta, cronista e dramaturgo Ezequiel Wanderley pesquisou, planejou e publicou uma obra que mereceu integral apoio de intelectuais e governo. Publicou o livroPOETAS DO RIO GRANDE DO NORTE com 108 poetas nascidos em território Potiguar. Reuniu poetas líricos, simbolistas, clássicos, naturalistas, parnasianos, decadistas, satíricos e humoristas.

Destes 108 poetas, 29 eram assuenses sendo que, 12 destes assuenses, faziam parte da Academia Norteriograndense de Letras.


A partir desta realidade e levando em consideração o tradicional destaque do povo assuense na literatura, poesia, música, teatro e, sobretudo na imprensa escrita, contribuindo de forma decisiva na vida cultural do Estado, o Assu foi comparado, em nível de Rio Grande do Norte, com a capital Atenas - berço de intelectuais da antiga Grécia.


Depois deste, vieram outros livros: Panorama da Poesia Norte-Rio-Grandense, de Rômulo Chaves Wanderley, publicado em 1965; A Poesia e o Poema do Rio grande do Norte, de Moacyr Cirne, publicado em 1979; Novos Poetas no Rio Grande do Norte, organizado pelo Núcleo de Literatura da Fundação José Augusto, entre outros.

Em todas estas coletâneas os poetas assuenses detiveram significativos percentuais, mostrando que o tempo não tinha apagado a verve literária da Terra dos Poetas.


Em 1984 o assuense Ezequiel Fonseca Filho publicou o livro “Poetas e Boêmios do Assu” onde selecionou 36 poetas assuenses, considerados por ele, os melhores de todos os tempos.

Diversas outras obras, reunindo poetas do Assu, foram publicadas. Entre estas destacamos: Vertente Poética – publicado em 1985; Antologia Poética – 500 Anos – publicado no ano de 2000, em homenagem aos 500 anos do Brasil onde o poeta assuense, Fernando de Sá Leitão, representou o Assu em nível nacional e o livro Vertentes – Reunião com 25 poetas assuenses contemporâneos – publicado no ano de 2002 pela Coleção Assuense - criada pela Prefeitura Municipal do Assu e que até o ano de 2008, tinha lançado 14 livros.


Muitas outras obras individuais foram publicadas, algumas bancadas pelos próprios poetas. Podemos citar um deles como exemplo: o poeta Francisco Diassis (Diá da Cerâmica) que sempre publicou seus trabalhos sem parcerias.


O importante de tudo isso é que Assu conta com muitos adeptos da arte de escrever em versos. Poderemos até arriscar que dificilmente perderá o epíteto de “Terra dos Poetas”.

No entanto, haveremos de reconhecer que a produção nos últimos anos tem sido ínfima. Há de se admitir que o Assu possua muitos produtores culturais, inclusive no anonimato e, no que se refere à poesia, poderia contar com um número de poetas e poetisas bem maior, se, efetivamente, existisse incentivo.          


Resta a esperança de que cada artista possa valorizar o que faz. Ser poeta, por exemplo, não é para qualquer um. Rimar São João com balão não significa que essa pessoa seja necessariamente um poeta ou um exímio conhecedor de rima e métrica. Para ser poeta é preciso inspiração, saber transmitir em versos este dom divino ofertado por Deus. Diga-se de passagem, de singular raridade. Ser poeta é fazer com que as pessoas viagem e vejam, através dos versos, o infinito do seu pensamento. Para a inspiração de um poeta o céu é o limite.

É tempo de revermos nossos valores. As expressões artísticas dos assuenses como estão? É chegado o momento de valorizarmos os epítetos culturais. O Assu precisa continuar sendo a Terra dos Verdes Carnaubais; A Terra dos Poetas e a Atenas Norte-rio-grandense. Vamos à luta!


*Presidente da Academia Assuense de Letras

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