domingo, 10 de maio de 2020
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
De quem é esta saudade
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade,
de quem?
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade,
de quem?
Aquelas mãos só carícias,
Aqueles olhos de apelo,
aqueles lábios-desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade
que sinto quando me vejo?
Gilka Machado
________Em, Velha Poesia, 1965.
Aqueles olhos de apelo,
aqueles lábios-desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade
que sinto quando me vejo?
Gilka Machado
________Em, Velha Poesia, 1965.
sexta-feira, 8 de maio de 2020
1913 – MONUMENTO A NÍSIA FLORESTA E O MONSENHOR ANTÔNIO XAVIER DE PAIVA
Rostand Medeiros – IHGRN
Aqui vemos uma interessante fotografia do
monumento a Nísia Floresta, erguido no Sítio Floresta, na antiga Papary,
atual município de Nísia Floresta, Rio Grande do Norte.
Um dos presentes na foto é o então padre Antônio Xavier de Paiva, vigário de São José de Mipibu, cidade vizinha a Papary.
Nasceu em 26 de maio de 1850, no povoado
de Vera Cruz, hoje município autônomo. Estudou em Roma, onde se ordenou.
Foi colega de estudos do Cardeal Joaquim Arcoverde de Albuquerque
Cavalcanti, mais conhecido como Cardeal Arcoverde, pernambucano da
cidade de Cimbres e o primeiro cardeal da América Latina e do Brasil. O
padre Antônio Xavier conservou até a morte do Cardeal Arcoverde uma
fraterna amizade. Na década de 1920 foi ordenado Monsenhor.
Antônio Xavier foi nomeado pároco de São
José de Mipibu em 1895, onde ficou até a sua morte em 6 de junho de
1930. Sobre sua morte, a edição de 7 de junho do jornal natalense A República
informou que tudo aconteceu de maneira repentina e o religioso foi
enterrado no cemitério local às oito da manhã do dia 7, em meio a muita
consternação da população.
Ainda
segundo o jornal um dos que se fizeram presentes ao sepultamento foi o
governador Juvenal Lamartine de Faria, que veio de Natal de automóvel,
provavelmente seguido por um grande número de amigos e correligionários.
Vale ressaltar que além de religioso Monsenhor Antônio Xavier era
político, tendo sido Chefe da Intendência (cargo atualmente equivalente
ao de prefeito) de São José de Mipibu e membro de destaque da Comissão
Executiva do Partido Republicano Federal – PRF, onde sempre se fizera
ouvir com respeito e atenção.
Sua família possuía muita tradição e força política na cidade e Monsenhor Antônio Xavier era, segundo o jornal A República,
um dos principais líderes de sua comunidade. A nota jornalista deixa
transparecer que, apesar da idade, ele se encontrava exercendo
plenamente suas funções sacerdotais e politicas.
Sua atuação no PRF foi apontada como
discreta e modesta, mas que isso realçava ainda mais sua liderança. Na
época do seu falecimento os seus sobrinhos Áureo e Joaquim de Paiva eram
respectivamente prefeitos de São José de Mipibu e Papary.
Em
1954 o monumento a Nísia Floresta foi ampliado, com o aumento do seu
pináculo e a colocação de uma lápide que recebeu os restos mortais da
ilustre potiguar.
De: https://tokdehistoria.com.br
Edmilson Silva
COMO ERA NATAL NOS ANOS 40?
José Alexandre Garcia
Natal, 05 de maio de 1925
Natal era cidade modorrenta e provinciana, 40 mil habitantes espremidos
entre Ribeira e Cidade Alta, até a avenida Deodoro, se muito.
O resto era a pobreza franciscana das Rocas, os sítios do Tirol, a mata de Petrópolis, o Alecrim ensaiando os primeiros passos.
Sem muitas perspectivas. Mesmo os filhos da terra, faziam feroz autocrítica.
- Cidade do já teve, classificavam, ironizando a apatia reinante, onde a maioria se masturbava sadicamente quando iniciativa das mais audazes entrava em colapso.
- Uma fazenda iluminada, nada mais, definia João Machado.
Mas, assim como as pessoas, as cidades têm o seu instante de afirmação, o seu dia de superação, o empurrão providencial, o chamado passo a frente decisivo e consagrador.
Para Natal, este momento foi a II Grande Guerra, ou, para sermos mais minudentes, justamente na fase em que, triunfantes e arrogantes - ocupadas e vencidas a Polônia, a França, os Países Baixos e Nórdicos, humilhada a Inglaterra no desastre de Dunquerque - os germânicos voltaram cobiçosos olhos para as reservas petrolíferas do Continente Negro.
- Estamos vivendo os primeiros anos do I Milênio do III Reich - perorava Hitler em seus histéricos discursos.
E, de fato, a Germânia parecia a senhora do mundo, com suas moderníssimas armas, as blitzs, o rolo compressor das pan-diviziones, as minas espalhando terror pelos mares do mundo.
Os aliados, então, concluíram que se os nazistas realmente se apoderassem do petróleo africano, tudo estaria perdido.
E resolveram enfrentar o invicto Von Rommel de peito aberto, frente a frente, na base do agora ou nunca.
E onde entra Natal neste imbróglio, perguntarão vocês.
Natal, que dormitava sonolenta
Natal, dos tempos idos de 40
Recordo os belos bailes do Aéro
Num banco da Pracinha, ainda lhe espero
No Rex, sessão das moças, Quarta-feira
Natal, Cidade Alta e Ribeira
O bom você não sabe e eu lhe conto
O footing, à tardinha, no Grande Ponto!
É que Natal, como cidadela mais próxima da costa africana, era ponto estratégico por excelência, de importância vital, reconhecida e proclamada posteriormente como Trampolim da Vitória.
E pela Base de Parnamirim passaram a transitar, às centenas, diuturnamente, fortalezas voadoras transportando tropas, armas e víveres para fronts até então desconhecidos internacionalmente, mas que seriam celebrizados mais tarde como Tobruck e El Alamein, como os primeiros grandes passos da grande arrancada que seria, daí por diante, a caminhada até a parada final em Berlim.
Enfim, a suspirada "virada" que transformaria os até então vencidos em vitoriosos.
Para garantir esta operação-África, foi preciso o suporte e o apoio logístico de milhares de brasileiros e estrangeiros, principalmente americanos que estabeleceram uma praça de guerra chamada Natal.
Uma base naval foi construída em tempo recorde, ampliadas e triplicadas as instalações da base aérea, construídos quartéis à toque de caixa, para alojar não apenas os infantes, mas grupos de artilharia antiaérea, de carros de combate, transferidos do sul do país.
Foi a época das noites de blecaute, do receio de ataques inimigos, dos ricos a construir abrigos sofisticados em suas residências e a Prefeitura a cavar abrigos populares em praças e terrenos baldios.
Eu disse, acima, praça de guerra? Pois era.
Um dia, tudo se modificou
O burgo se internacionalizou
Nas ruas, o alegre do my friend
Moçada, pela mímica, se entende
Natal entrou fardada na História
Para ser o Trampolim da Grande Vitória
Valeu o sacrifício do seu povo
Na guerra, meu Natal nasceu de novo!
E além do soldado e do marinheiro verde-amarelo, tornaram-se figuras corriqueiras a povoar avenidas, ruas e becos da cidade, gorros de marinheiro e fardas cáqui dos my friends.
Digo mais: quando a batalha africana atingia o seu clímax, Natal passou a ser a cidade-descanso, a cidade dos dias de licença dos combatentes.
E o que almejava um jovem de 21, 22 anos, com os bolsos cheios de dólares, doidos para esquecer a loucura dos campos de batalha e as longas vigias a bordo de belonaves? Divertir-se, gozar o hoje em toda plenitude, pois o amanhã era uma incógnita.
Na Cidade, então, floresceu um estranho comércio de bares, restaurantes, casas noturnas, joalheiros, grandes magazines, mercadores de mil e uma especiarias, 99% dirigidos por aventureiros de todas as nacionalidades e pátrias. Os quais, como tão céleres e misteriosamente aqui se instaram, também, num abrir e piscar d`olhos, cerraram portas e fizeram malas.
Quando terminada a Batalha da África, com a vitória aliada, as operações militares retornaram ao continente europeu, começando pela bota italiana da Sicília.
Mas, voltando aos idos 40, era natural, pois, que num clima de febricidade como aquele, houvesse freguesia para todos os gostos, mesmo os paladares mais requintados, a exigir bombons de luxo, doces em conserva, bebidas finas, artigos enlatados e conservas em geral.
"Na Guerra, meu Natal nasceu de novo"...
Foi. Porque, desde então, o progresso instalou-se definitivamente como artigo de fé no burgo, arquivada, bem arquivada, aquela maldição e pecha infamante de terra do já teve.
Como quem queria recuperar o tempo perdido, Natal nunca mais parou de crescer, de expandir-se e ampliar-se em novos horizontes, de abrir novas artérias e, das artérias, multiplicar-se em novos bairros, povoando-os de belas residências.
O comércio, então, tornou-se tentacular, cada dia maior, ganhando a Cidade Alta, atingindo com força total o Alecrim.
Um pequenino detalhe que virou rotina e que até então ninguém dava a mínima importância: quem chegava ao burgo gostava de seu jeitão, do clima, da brisa que sempre sopra, vinda do Atlântico mesmo nas tardes mais quentes. Da beleza paradisíaca de suas praias. Da maneira de ser do seu povo simples, das delícias de sua mesa típica.
O resto era a pobreza franciscana das Rocas, os sítios do Tirol, a mata de Petrópolis, o Alecrim ensaiando os primeiros passos.
Sem muitas perspectivas. Mesmo os filhos da terra, faziam feroz autocrítica.
- Cidade do já teve, classificavam, ironizando a apatia reinante, onde a maioria se masturbava sadicamente quando iniciativa das mais audazes entrava em colapso.
- Uma fazenda iluminada, nada mais, definia João Machado.
Mas, assim como as pessoas, as cidades têm o seu instante de afirmação, o seu dia de superação, o empurrão providencial, o chamado passo a frente decisivo e consagrador.
Para Natal, este momento foi a II Grande Guerra, ou, para sermos mais minudentes, justamente na fase em que, triunfantes e arrogantes - ocupadas e vencidas a Polônia, a França, os Países Baixos e Nórdicos, humilhada a Inglaterra no desastre de Dunquerque - os germânicos voltaram cobiçosos olhos para as reservas petrolíferas do Continente Negro.
- Estamos vivendo os primeiros anos do I Milênio do III Reich - perorava Hitler em seus histéricos discursos.
E, de fato, a Germânia parecia a senhora do mundo, com suas moderníssimas armas, as blitzs, o rolo compressor das pan-diviziones, as minas espalhando terror pelos mares do mundo.
Os aliados, então, concluíram que se os nazistas realmente se apoderassem do petróleo africano, tudo estaria perdido.
E resolveram enfrentar o invicto Von Rommel de peito aberto, frente a frente, na base do agora ou nunca.
E onde entra Natal neste imbróglio, perguntarão vocês.
Natal, que dormitava sonolenta
Natal, dos tempos idos de 40
Recordo os belos bailes do Aéro
Num banco da Pracinha, ainda lhe espero
No Rex, sessão das moças, Quarta-feira
Natal, Cidade Alta e Ribeira
O bom você não sabe e eu lhe conto
O footing, à tardinha, no Grande Ponto!
É que Natal, como cidadela mais próxima da costa africana, era ponto estratégico por excelência, de importância vital, reconhecida e proclamada posteriormente como Trampolim da Vitória.
E pela Base de Parnamirim passaram a transitar, às centenas, diuturnamente, fortalezas voadoras transportando tropas, armas e víveres para fronts até então desconhecidos internacionalmente, mas que seriam celebrizados mais tarde como Tobruck e El Alamein, como os primeiros grandes passos da grande arrancada que seria, daí por diante, a caminhada até a parada final em Berlim.
Enfim, a suspirada "virada" que transformaria os até então vencidos em vitoriosos.
Para garantir esta operação-África, foi preciso o suporte e o apoio logístico de milhares de brasileiros e estrangeiros, principalmente americanos que estabeleceram uma praça de guerra chamada Natal.
Uma base naval foi construída em tempo recorde, ampliadas e triplicadas as instalações da base aérea, construídos quartéis à toque de caixa, para alojar não apenas os infantes, mas grupos de artilharia antiaérea, de carros de combate, transferidos do sul do país.
Foi a época das noites de blecaute, do receio de ataques inimigos, dos ricos a construir abrigos sofisticados em suas residências e a Prefeitura a cavar abrigos populares em praças e terrenos baldios.
Eu disse, acima, praça de guerra? Pois era.
Um dia, tudo se modificou
O burgo se internacionalizou
Nas ruas, o alegre do my friend
Moçada, pela mímica, se entende
Natal entrou fardada na História
Para ser o Trampolim da Grande Vitória
Valeu o sacrifício do seu povo
Na guerra, meu Natal nasceu de novo!
E além do soldado e do marinheiro verde-amarelo, tornaram-se figuras corriqueiras a povoar avenidas, ruas e becos da cidade, gorros de marinheiro e fardas cáqui dos my friends.
Digo mais: quando a batalha africana atingia o seu clímax, Natal passou a ser a cidade-descanso, a cidade dos dias de licença dos combatentes.
E o que almejava um jovem de 21, 22 anos, com os bolsos cheios de dólares, doidos para esquecer a loucura dos campos de batalha e as longas vigias a bordo de belonaves? Divertir-se, gozar o hoje em toda plenitude, pois o amanhã era uma incógnita.
Na Cidade, então, floresceu um estranho comércio de bares, restaurantes, casas noturnas, joalheiros, grandes magazines, mercadores de mil e uma especiarias, 99% dirigidos por aventureiros de todas as nacionalidades e pátrias. Os quais, como tão céleres e misteriosamente aqui se instaram, também, num abrir e piscar d`olhos, cerraram portas e fizeram malas.
Quando terminada a Batalha da África, com a vitória aliada, as operações militares retornaram ao continente europeu, começando pela bota italiana da Sicília.
Mas, voltando aos idos 40, era natural, pois, que num clima de febricidade como aquele, houvesse freguesia para todos os gostos, mesmo os paladares mais requintados, a exigir bombons de luxo, doces em conserva, bebidas finas, artigos enlatados e conservas em geral.
"Na Guerra, meu Natal nasceu de novo"...
Foi. Porque, desde então, o progresso instalou-se definitivamente como artigo de fé no burgo, arquivada, bem arquivada, aquela maldição e pecha infamante de terra do já teve.
Como quem queria recuperar o tempo perdido, Natal nunca mais parou de crescer, de expandir-se e ampliar-se em novos horizontes, de abrir novas artérias e, das artérias, multiplicar-se em novos bairros, povoando-os de belas residências.
O comércio, então, tornou-se tentacular, cada dia maior, ganhando a Cidade Alta, atingindo com força total o Alecrim.
Um pequenino detalhe que virou rotina e que até então ninguém dava a mínima importância: quem chegava ao burgo gostava de seu jeitão, do clima, da brisa que sempre sopra, vinda do Atlântico mesmo nas tardes mais quentes. Da beleza paradisíaca de suas praias. Da maneira de ser do seu povo simples, das delícias de sua mesa típica.
quinta-feira, 7 de maio de 2020
domingo, 3 de maio de 2020
Tenente Coronel Vicente Praxedes Benevides Pimenta: Origem da família Praxedes no Rio Grande do Norte
Por Gustavo de Castro Praxedes*
Casa Grande da Fazenda Sabe-Muito, em Caraúbas/RN
Nos primeiros anos do século XIX, nascia na Fazenda Sabe Muito,
Caraúbas, Estado do Rio Grande do Norte, um menino que recebeu o nome de
Praxedes Benevides Pimenta. Seus pais, o Capitão Antonio Fernandes
Pimenta e dona Francisca Romana do Sacramento, convidaram para padrinhos
do filho, o Capitão Manoel Dantas da Cunha e dona Ana de Lemos. Pouco
tempo depois, por ocasião de sua crisma, o pequeno Praxedes recebe um
novo nome, deste dia em diante, passou a chamar-se Vicente Praxedes,
neto
paterno do Alferes José Fernandes Pimenta e de dona Josefa Maria da
Conceição e materno do Capitão Manoel Carneiro de Freitas e dona Delfina
Filgueira de Jesus. Por sua vez era bisneto do português Antonio
Fernandes Pimenta e Joana Franklina do Amor Divino, tronco genealógico
dos Fernandes Pimenta já nascidos e daqueles que ainda estão por nascer.
Vicente Praxedes Benevides Pimenta nasceu aos 20 de julho de 1805 e com o
passar dos anos se tornou um dos homens mais influentes da região oeste
Potiguar. Muito cedo, aprendeu as primeiras letras com seu irmão, Padre
Bento Fernandes Pimenta, que era vigário em Quixeramobim, Ceará. Seu
interesse em aprender era tanto, que se aperfeiçoou no latim, chegando a
traduzir a “selecta”, ou seja, os trechos escolhidos para celebração da
missa.
No ano de 1830, casou em primeiras núpcias na Serra do Martins com sua
prima Herculana Josefa do Amor Divino, baiana, filha de Gonçalo da Silva
Campos e Benta Maria de Jesus. Deste matrimônio nasceram 17 filhos e
todos foram batizados com o sobrenome Praxedes.
Dotado de honestidade inigualável, adotou a carreira do comércio em
Martins. Nesta cidade possuía uma mercearia de molhados, bebidas e
botica. Anos mais tarde, abandonou para se dedicar a profissão de
agricultor. Dedicou-se também a criação de gado nas fazendas São João de
Cima, São João de Baixo, Unha de Gato, Currais, Santo Antônio, Sítio do
Padre, Passagem, Incauto, Cisplatina e Barra, bem como mantinha uma
plantação delavoura no sítio Jacú, nas cercanias da referida cidade.
Em 1837 foi nomeado pelo Presidente da Província, Manoel Ribeiro da
Silva Lisboa, Major do Batalhão de Guardas Nacionais do Município de
Portalegre e em 1843 o Coronel Estevão José Barbosa de Moura,
Vice-presidente da Província o promoveu para o posto de Tenente Coronel
Chefe do Batalhão da Guarda Nacional da Vila da Maioridade.
Dez anos depois, aos 29 de janeiro de 1853, Sua Majestade o Imperador
Dom Pedro II, o nomeou Tenente Coronel do Primeiro Batalhão de Guardas
Nacionais do Comando Superior dos Municípios de Imperatriz, Apodi e
Portalegre e aos 24 de julho de 1867, Pedro II, o reformou no posto de
Coronel.
Dentre os muitos cargos que exerceu destacamos os de Juiz Mol da Vila de
Portalegre e termo (1840); Delegado de Polícia dos Tesouros das Vilas
de Maioridade, Apodí e Portalegre (1842); Administrador dos bens
Patrimoniais da Senhora da Conceição, Orago da Freguesia de Serra do
Martins e Procurador dos bens do Patrimônio do Senhor do Bonfim. (1853);
Coletor de Rendas Gerais de Imperatriz (1874); além de Camarista, Juiz
de Paz, Membro da Comissão Beneficente da Cidade de Imperatriz, de
Socorros públicos, bem como Chefe do Partido Conservador e eleitor em
sua cidade.
No primeiro casamento com dona Herculana, o Tenente Vicente Praxedes foi
pai de Ana Praxedes Benevides, casada com o Capitão João da Silva
Lisboa; Antônio Praxedes Benevides Pimenta, primeiro com este nome,
provavelmente tenha falecido na infância; José Praxedes Benevides
Pimenta, Major da Guarda Nacional, casado com sua prima Herculana Josefa
do Amor Divino; Francisco Praxedes Benevides Pimenta, Tenente Coronel
da Guarda Nacional, tronco dos Praxedes no Vale do Ceará Mirim e Taipu,
casou com Raimunda Cândida do Rego Leite; Maria Praxedes Benevides casou
com o Deputado Provincial e Coronel, Joaquim Bernardo de Sá Barreto;
Antonia Rufina Praxedes casou com seu primo legítimo Lucio Manoel
Fernandes; Manoel Praxedes Benevides Pimenta, Deputado Provincial quatro
vezes, casou em primeiras núpcias com sua prima Delfina Emilia
Fernandes e em segundas com outra prima, Joana Elvidia Carneiro;
Vicência Praxedes Benevides casou com o Tenente Domingos Velho Barreto
Júnior; Herculana Gratulina Praxedes casou em primeiras núpcias com o
Capitão Luiz Manoel Filgueira e em segundas com seu primo Coronel Manoel Petronilo Fernandes Pimenta;
Raimundo Praxedes Benevides casou com sua prima Luiza Gonzaga Carneiro;
Francisca das Chagas Praxedes, com o Capitão João da Silva Lisboa, viúvo
de sua irmã Ana Praxedes; Joana Praxedes Benevides casou como seu primo
o Coronel Luis Manoel Fernandes Filho; Benta Praxedes Benevides, casou
com Clemente Gomes de Amorim Filho; João Praxedes Benevides Pimenta
casou com sua prima Alexandrina Fernandes Pimenta; Antônio Praxedes
Benevides Pimenta, o segundo com este nome, casou com sua prima Laura
Cândida Fernandes Carneiro e mais dois com o nome de Luis que faleceram
na infância.
Com a morte de Dona Heculana Josefa no primeiro dia do mês de março de
1851, na Cidade de Aracati, Estado do Ceará, o Coronel Vicente Praxedes
contraiu segundas núpcias dois anos e meio depois, aos 09 de setembro de
1853, com sua sobrinha Antônia Mafalda de Oliveira, filha do Tenente
Coronel Antônio Francisco de Oliveira e de dona Mafalda Gomes de
Freitas. Deste casamento nasceram mais cinco filhos, sendo a primeira,Mafalda Praxedes que casou com seu primo Joaquim Gomes de Amorim,
Intendente da cidade de Martins; Miguel de Oliveira Praxedes Pimenta,
faleceu solteiro; João Mafaldo de Oliveira Praxedes, militar, Alferes da
Guarda Nacional, faleceu em Canudos lutando contra as tropas de Antônio
Conselheiro; Antonio Mafaldo Praxedes Pimenta falecido solteiro no
estado do Acre e o Coronel Bento Praxedes Benevides Pimenta, Coletor de
Rendas Federal, comerciante e Chefe Político em Mossoró, fundador do
jornal “O Comércio de Mossoró, casado com dona Pautila Gurgel de
Oliveira, neta do Barão do Açu.
Destes dois casamentos, nasceram 22 filhos, sendo 17 do primeiro e 5 do
segundo. Cabe ressaltar que todos os filhos de Vicente destacaram-se na
vida pública e privada, e assim como ele, foram merecedores da
reverência de toda sociedade, pois honestidade, respeito e amizade foram
os lemas seguidos por seus descendentes.
Foi no primeiro dia do mês de janeiro de 1882, no Sítio Cangaira, na
mesma vila onde nasceu, com idade de 76 anos, 5 meses e 11 dias, que
faleceu Vicente Praxedes, deixando para posteridade o seu nome e a sua
marca registrados na pedra bruta. A morte do velho coronel teve grande
repercussão na região oeste Potiguar, pois foi através dele que a mais
de 200 anos, NASCEU A FAMÍLIA PRAXEDES e que se transformou em uma das mais tradicionais do sertão norte-rio-grandense.
.
Natal-RN, 12 de junho de 2010.
Blog Fatos de Caraúbas-Portal Fatos do RN
sábado, 2 de maio de 2020
Foto de Adriano Medeiros
Panorama apanhado da rua das Dunas, término da balaustrada da Avenida Atlântica (atual Getúlio Vargas), concluída em 1926.
O relatório municipal de 1926 mostrava que a cidade começava a ser remodelada por meio de diversas obras. Além da Avenida Atlântica, concluída naquele ano, houve o término da obra da estrada de rodagem que ligava o bairro das Rocas à região central da capital.
Fonte: INTENDÊNCIA Municipal. RELATÓRIO 1926, s.d – a.
O relatório municipal de 1926 mostrava que a cidade começava a ser remodelada por meio de diversas obras. Além da Avenida Atlântica, concluída naquele ano, houve o término da obra da estrada de rodagem que ligava o bairro das Rocas à região central da capital.
Fonte: INTENDÊNCIA Municipal. RELATÓRIO 1926, s.d – a.
CASAMENTO NO INTERIOR
No meu tempo de menino, o cabra mexeu com a moça, casava, se não ia
prestar contas lá em cima. Não tinha essa história de ficar ou se
juntar.
Em Pedro Avelino quem celebrava os casamentos religiosos era o Padre Antas, que geralmente aconteciam aos domingos pela manhã. Não existia os cursos que existem hoje, apenas os banhos ou proclamas, que era a divulgação do casamento em três missas dominicais seguidas, para que todos tomassem. Se os noivos tivessem alguma pendência, era suspenso o casamento.
Nas fazendas esses casamentos eram muito esperados e comemorados através de uma festa que não passava de um forró com a matança de alguns animais.
Primeiramente, se contratava um botequim, que era a compra das bebidas, geralmente em consignação.
Em seguida, se contratavam os tocadores, que era um sanfoneiro e um pandeirista (em PA tinha bons sanfoneiros).
Feito isso, era preparar o ambiente.
Se a casa fosse pequena, fazia-se uma latada de palha no terreiro, para abrigar os convidados. Esses casamentos geralmente aconteciam em anos de inverno, entre os meses de setembro e dezembro, quando já tinha colhido o algodão e o pai da noiva estava com o saldo disponível para gastar.
Fui a alguns desses forrós.
Lembro-me bem de um que aconteceu quando Gregório Machado, que foi vaqueiro do meu avó, na fazenda Santa Rita, casou uma filha. Fomos no caminhão Fargo da prefeitura, tendo Apolônio como motorista.
O forró começou e eu fiquei colado no sanfoneiro. Era um olho na sanfona outro no no rebolado das caboclas.
Depois de cada dança ou parte, um senhor saía balançando o chapéu, angariando uns trocados para fazer face às despesas, era uma espécie de empresário do sanfoneiro, recolhendo o que eles chamavam de cota.
Terminada a parte, todos saíam do salão e ficavam encostados em pé na perede, homens de um lado, mulheres do outro.
Quando o sanfoneiro abria novamente o fole, os cavalheiros iam e m direção a damas e começava tudo de novo. A mulher que desse uma canelada num homem era jurada a não dançar mais, até que aparecesse um amigo para acalmar o canelado. Em determinado momento era esvaziado o salão e Tio Zé Antas, que era um bom dançador de xote marcado, desses que Luiz Gonzaga tocava, pegava uma cabocla dançadeira e dava uma demonstração de como dançar um xote marcado. Ainda tinha um gaiato que gritava: "ou Véio macho". Aí era que a cabocla rebolava.
Lá pras tantas ia pra boleia do caminhão, só acordando com Papai me chamando dizendo: "vamos embora". O sol já vinha nascendo. Como costumava dizer, !eu peguei o sol com a mão".
O sertão daquele tempo era assim e quem é de lá entendeu o que falei.
Autor
Geraldo José Antas
Engenheiro Civil e Pecuarista
Em Pedro Avelino quem celebrava os casamentos religiosos era o Padre Antas, que geralmente aconteciam aos domingos pela manhã. Não existia os cursos que existem hoje, apenas os banhos ou proclamas, que era a divulgação do casamento em três missas dominicais seguidas, para que todos tomassem. Se os noivos tivessem alguma pendência, era suspenso o casamento.
Nas fazendas esses casamentos eram muito esperados e comemorados através de uma festa que não passava de um forró com a matança de alguns animais.
Primeiramente, se contratava um botequim, que era a compra das bebidas, geralmente em consignação.
Em seguida, se contratavam os tocadores, que era um sanfoneiro e um pandeirista (em PA tinha bons sanfoneiros).
Feito isso, era preparar o ambiente.
Se a casa fosse pequena, fazia-se uma latada de palha no terreiro, para abrigar os convidados. Esses casamentos geralmente aconteciam em anos de inverno, entre os meses de setembro e dezembro, quando já tinha colhido o algodão e o pai da noiva estava com o saldo disponível para gastar.
Fui a alguns desses forrós.
Lembro-me bem de um que aconteceu quando Gregório Machado, que foi vaqueiro do meu avó, na fazenda Santa Rita, casou uma filha. Fomos no caminhão Fargo da prefeitura, tendo Apolônio como motorista.
O forró começou e eu fiquei colado no sanfoneiro. Era um olho na sanfona outro no no rebolado das caboclas.
Depois de cada dança ou parte, um senhor saía balançando o chapéu, angariando uns trocados para fazer face às despesas, era uma espécie de empresário do sanfoneiro, recolhendo o que eles chamavam de cota.
Terminada a parte, todos saíam do salão e ficavam encostados em pé na perede, homens de um lado, mulheres do outro.
Quando o sanfoneiro abria novamente o fole, os cavalheiros iam e m direção a damas e começava tudo de novo. A mulher que desse uma canelada num homem era jurada a não dançar mais, até que aparecesse um amigo para acalmar o canelado. Em determinado momento era esvaziado o salão e Tio Zé Antas, que era um bom dançador de xote marcado, desses que Luiz Gonzaga tocava, pegava uma cabocla dançadeira e dava uma demonstração de como dançar um xote marcado. Ainda tinha um gaiato que gritava: "ou Véio macho". Aí era que a cabocla rebolava.
Lá pras tantas ia pra boleia do caminhão, só acordando com Papai me chamando dizendo: "vamos embora". O sol já vinha nascendo. Como costumava dizer, !eu peguei o sol com a mão".
O sertão daquele tempo era assim e quem é de lá entendeu o que falei.
Autor
Geraldo José Antas
Engenheiro Civil e Pecuarista
quinta-feira, 30 de abril de 2020
terça-feira, 28 de abril de 2020
segunda-feira, 27 de abril de 2020
Adriano Medeiros
Ponte de Ferro, bairro de Igapó. Foto de José Guará em 16/06/1939. Neste tempo só oferecia passagem para pedestres e o trem.
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