No meu tempo de menino, o cabra mexeu com a moça, casava, se não ia
prestar contas lá em cima. Não tinha essa história de ficar ou se
juntar.
Em Pedro Avelino quem celebrava os casamentos religiosos era o Padre Antas, que geralmente aconteciam aos domingos pela manhã. Não existia os cursos que existem hoje, apenas os banhos ou proclamas, que era a divulgação do casamento em três missas dominicais seguidas, para que todos tomassem. Se os noivos tivessem alguma pendência, era suspenso o casamento.
Nas fazendas esses casamentos eram muito esperados e comemorados através de uma festa que não passava de um forró com a matança de alguns animais.
Primeiramente, se contratava um botequim, que era a compra das bebidas, geralmente em consignação.
Em seguida, se contratavam os tocadores, que era um sanfoneiro e um pandeirista (em PA tinha bons sanfoneiros).
Feito isso, era preparar o ambiente.
Se a casa fosse pequena, fazia-se uma latada de palha no terreiro, para abrigar os convidados. Esses casamentos geralmente aconteciam em anos de inverno, entre os meses de setembro e dezembro, quando já tinha colhido o algodão e o pai da noiva estava com o saldo disponível para gastar.
Fui a alguns desses forrós.
Lembro-me bem de um que aconteceu quando Gregório Machado, que foi vaqueiro do meu avó, na fazenda Santa Rita, casou uma filha. Fomos no caminhão Fargo da prefeitura, tendo Apolônio como motorista.
O forró começou e eu fiquei colado no sanfoneiro. Era um olho na sanfona outro no no rebolado das caboclas.
Depois de cada dança ou parte, um senhor saía balançando o chapéu, angariando uns trocados para fazer face às despesas, era uma espécie de empresário do sanfoneiro, recolhendo o que eles chamavam de cota.
Terminada a parte, todos saíam do salão e ficavam encostados em pé na perede, homens de um lado, mulheres do outro.
Quando o sanfoneiro abria novamente o fole, os cavalheiros iam e m direção a damas e começava tudo de novo. A mulher que desse uma canelada num homem era jurada a não dançar mais, até que aparecesse um amigo para acalmar o canelado. Em determinado momento era esvaziado o salão e Tio Zé Antas, que era um bom dançador de xote marcado, desses que Luiz Gonzaga tocava, pegava uma cabocla dançadeira e dava uma demonstração de como dançar um xote marcado. Ainda tinha um gaiato que gritava: "ou Véio macho". Aí era que a cabocla rebolava.
Lá pras tantas ia pra boleia do caminhão, só acordando com Papai me chamando dizendo: "vamos embora". O sol já vinha nascendo. Como costumava dizer, !eu peguei o sol com a mão".
O sertão daquele tempo era assim e quem é de lá entendeu o que falei.
Autor
Geraldo José Antas
Engenheiro Civil e Pecuarista
Em Pedro Avelino quem celebrava os casamentos religiosos era o Padre Antas, que geralmente aconteciam aos domingos pela manhã. Não existia os cursos que existem hoje, apenas os banhos ou proclamas, que era a divulgação do casamento em três missas dominicais seguidas, para que todos tomassem. Se os noivos tivessem alguma pendência, era suspenso o casamento.
Nas fazendas esses casamentos eram muito esperados e comemorados através de uma festa que não passava de um forró com a matança de alguns animais.
Primeiramente, se contratava um botequim, que era a compra das bebidas, geralmente em consignação.
Em seguida, se contratavam os tocadores, que era um sanfoneiro e um pandeirista (em PA tinha bons sanfoneiros).
Feito isso, era preparar o ambiente.
Se a casa fosse pequena, fazia-se uma latada de palha no terreiro, para abrigar os convidados. Esses casamentos geralmente aconteciam em anos de inverno, entre os meses de setembro e dezembro, quando já tinha colhido o algodão e o pai da noiva estava com o saldo disponível para gastar.
Fui a alguns desses forrós.
Lembro-me bem de um que aconteceu quando Gregório Machado, que foi vaqueiro do meu avó, na fazenda Santa Rita, casou uma filha. Fomos no caminhão Fargo da prefeitura, tendo Apolônio como motorista.
O forró começou e eu fiquei colado no sanfoneiro. Era um olho na sanfona outro no no rebolado das caboclas.
Depois de cada dança ou parte, um senhor saía balançando o chapéu, angariando uns trocados para fazer face às despesas, era uma espécie de empresário do sanfoneiro, recolhendo o que eles chamavam de cota.
Terminada a parte, todos saíam do salão e ficavam encostados em pé na perede, homens de um lado, mulheres do outro.
Quando o sanfoneiro abria novamente o fole, os cavalheiros iam e m direção a damas e começava tudo de novo. A mulher que desse uma canelada num homem era jurada a não dançar mais, até que aparecesse um amigo para acalmar o canelado. Em determinado momento era esvaziado o salão e Tio Zé Antas, que era um bom dançador de xote marcado, desses que Luiz Gonzaga tocava, pegava uma cabocla dançadeira e dava uma demonstração de como dançar um xote marcado. Ainda tinha um gaiato que gritava: "ou Véio macho". Aí era que a cabocla rebolava.
Lá pras tantas ia pra boleia do caminhão, só acordando com Papai me chamando dizendo: "vamos embora". O sol já vinha nascendo. Como costumava dizer, !eu peguei o sol com a mão".
O sertão daquele tempo era assim e quem é de lá entendeu o que falei.
Autor
Geraldo José Antas
Engenheiro Civil e Pecuarista
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