A eleição americana não é uma eleição nacional, mas um conjunto de eleições estaduais. Por isso, os americanos acompanham a apuração estado por estado, numa verdadeira corrida para ver qual dos dois candidatos soma primeiro os 270 votos necessários para vencer no Colégio Eleitoral.
Como os estados têm prazos diferentes para proclamar, após a contagem de todos os votos, quem venceu localmente — e portanto como seus delegados votarão no Colégio Eleitoral —, são os principais veículos de comunicação americanos que tentam antecipar os resultados de cada uma das 50 unidades da federação ainda na noite da eleição. A partir dos números da apuração, eles fazem projeções e podem declarar um vencedor em determinado estado quando avaliam que tendência verificada na contagem dos votos é irreversível.
Ou seja, o que aparece na tela da TV ou do computador para quem acompanha a apuração na noite da eleição não são os resultados oficiais, mas essas projeções. O Colégio Eleitoral em si só vai se reunir neste ano em 14 de dezembro, quando se espera que as autoridades de cada estado já tenham proclamado um vencedor localmente.
Nos estados em que a eleição é muito apertada — e especialmente neste ano em que já há mais de 61 milhões de votos enviados pelo correio, parte dos quais pode chegar depois desta terça — esse método informal de apuração pode dar margem a erros e mal-entendidos.
Neste ano, o Twitter, por exemplo, informou que vai se basear nas projeções feitas por sete meios de comunicação: ABC News, Associated Press, CNN, CBS News, Decision Desk HQ, Fox News e NBC News. Caso algum outro veículo anuncie o resultado antes destes, o tuíte virá com um alerta.
Comentaristas e âncoras da Fox News, rede de TV conservadora e incluída na lista, vêm dizendo nos últimos dias que o resultado será muito mais apertado do que mostram as pesquisas, o que pode criar uma sensação de insegurança ainda maior. Além disso, o presidente Donald Trump lançou suspeitas sobre a lisura do voto postal e já afirmou que vai pôr advogados em campo para contestar a contagem de cédulas que chegarem após o encerramento da votação.
Nos estados que começaram a contagem dos votos antecipados antes desta terça-feira, como a Flórida e o Arizona, há maior probabilidade de haver a previsão de um vencedor ainda na noite de hoje e madrugada de amanhã. Em outros estados-chave, como Pensilvânia e Wisconsin, a apuração pode demorar bem mais, já que a contagem de todos os votos só começa hoje à noite.
Muitos especialistas alertam que seria arriscado tirar conclusões de resultados iniciais nos estados em que a disputa entre Trump e seu rival democrata Joe Biden estiver muito apertada, porque a tendência pode mudar no meio da apuração. Eleitores de Trump, por exemplo, se dizem mais propensos a votar presencialmente, e estes votos são contados mais rapidamente do que os enviados pelo correio.
As urnas começam a fechar às 20h desta terça (horário no Brasil) quando Geórgia, Indiana, Kentucky, Carolina do Sul, Vermont e Virgínia iniciam oficialmente a contagem. Depois, às 20h30, vêm Carolina do Norte, Ohio e Virgínia Ocidental. Todos esses estados devem apresentar os resultados rapidamente.
A apuração começa a esquentar às 21h, quando fecham as urnas em Alabama, Connecticut, Delaware, Washington DC, Flórida, Illinois, Maine, Maryland, Massachusetts, Mississippi, Missouri, New Hampshire, Nova Jersey, Oklahoma, Pensilvânia, Rhode Island, Dakota do Sul e Tennessee.
Nesse grupo estão dois estados decisivos: Flórida e Pensilvânia. Se Biden não vencer na Flórida nem surpreender em algum estado de tradição republicana, como a Geórgia ou o Texas, o pleito deverá ser decidido na Pensilvânia, onde se espera uma apuração lenta.
De: O Globo