domingo, 27 de junho de 2010

Localizada a 210km de Natal, o município de Assú desde a sua criação teve diferentes nomes, como “ Arraial de Santa Margarida” , “Arraial Nossa Senhora dos Prazeres” e “Vila Nova da Princesa”, em homenagem a Dona Carlota Joaquina, Princesa de Portugal.


Com 47.857 habitantes e com temperatura média de 30 graus, Assú é notadamente enaltecido pelo amor e entusiasmo dos seus filhos, pela poesia e, graças a inteligência e a inspiração poética existentes no sangue dos assuenses, tornou-se conhecida como a “Atenas Norte-Rio-Grandense”. Melões, uvas, acerolas, mangas, e bananas, saem dali para o mundo inteiro. Assim é o Assú, um município feliz que canta e encanta a todos, com seus versos e o seu presente confirma ser o município dos poetas. No mês de junho, Assú emociona a todos com os festejos dedicados ao Padroeiro São João Batista. A cidade toma ares de festa.

Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.

Oficina:

Dando seqüência a nossa caravana, a oficina na cidade de Assú tinha, entre seus objetivos, a abordagem do segundo ato da peça Ricardo III. Mais uma vez, nos defrontamos com a tarefa de, junto com a turma, entender a trama desse fragmento e descascar as diversas camadas engendradas pelo autor.

Assim como em Angicos, a heterogeneidade era uma característica presente. Mas, logo de início, percebemos que a turma de Assú já trazia uma maior vivencia no teatro. E isso nos permitiu um maior aprofundamento, tanto no pensamento, como na prática.

Outro diferencial foi à experiência adquirida na cidade anterior, o que nos permitiu alguns ajustes. Optamos por focar na técnica da contação, ainda mais do que na etapa anterior, por acreditar que era o caminho menos árduo e por isso mais viável para a compreensão da fábula.

Esse conjunto de fatores nos levou a um perceptível progresso. O trabalho rendeu e a semana passou rápido. Outro aspecto de extrema importância foi a relação estreitada entre o grupo e a classe artística local. Assú, tanto pelo histórico dos seus grupos de teatro, quanto pelo Auto de São João Batista, espetáculo anual sobre a saga do santo, apresenta um número significativo de pessoas que buscam por formação e conhecimento nesta área. Reencontramos companheiros de outras jornadas, dos grupos Teatrália, Não sei de Có e Cactus.

Como grupo que busca sempre pautar suas atividades no princípio da troca e na construção coletiva do conhecimento, sentimo-nos movidos a tentar viabilizar novos encontros com esse conjunto de artistas, como forma de oferecer um subsídio maior para um entendimento mais amplo sobre formação de grupo e de relacionamento de classe.

Oficina ministrada em Assú
Foto: Jean Lopes

Lagoa do Piató:





Lagoa do Piató: Considerada o maior reservatório natural de água do Estado, com capacidade para armazenar 96 bilhões de metros cúbicos de água. Possui uma extensão de 18 km de comprimento por 2,5 de largura. O seu entorno é propício para a realização de trilhas ecológicas e para a prática de espeleologia nas cavernas existentes às margens da lagoa. No anel da Lagoa de Piató, pode-se visitar diversos baobás, árvore rara no Brasil e de extraordinária beleza. Esses atrativos fazem da Lagoa de Piató uma das maiores referências turísticas da Região.



Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.











Lagoa do Piató
foto: César Ferrário (Clowns)







Seu Francisco:



"Não freqüentei banco escolar por não ter tido oportunidade, mas com a ajuda dos amigos cheguei a universidade" (Seu Chico Lopes)



Logo de manhã cedo, o grupo estava na margem da lagoa do Piató, esperando o barqueiro que iria nos levar para um passeio. Fomos previamente alertados que o nosso guia era merecedor de apreciação tanto quanto os lugares que nos levaria. No entanto, mesmo com o prévio aviso, faltou espaço na pequena embarcação para a surpresa e o encantamento com pessoa tão especial.



Seu Francisco Lucas da Silva já foi objeto de várias pesquisas científicas, prova viva que o pensamento fora das fronteiras acadêmicas pode ter o mesmo valor do conhecimento sistematizado na academia. Observador perspicaz do cotidiano, Seu Chico foi capaz de desvendar de forma sistêmica várias questões do universo ao seu redor.



Durante o passeio ficou claro como Seu Chico, que só assina o nome, ja tinha rendido ao seu conhecimento muitos letrados, entre eles alguns engenheiros do INCRA, professores universitários e alunos de pós-graduação.



Segue uma das histórias de Seu Chico:



Certa vez, vários pesquisadores vieram a região para tentar explicar e reverter o processo de diminuição do número de peixes da lagoa. Depois de vários estudos acabaram entendendo que a tese construída por Seu Chico era, entre as outras, a mais digna de crédito.



Pois bem, Chico alertou que, no final da década de 1980, com o fim da cultura do algodão devido a praga do "bicudo", vários agricultores se viram forçados a vender suas terras. Houve uma grande multinacional alemã que veio a adquirir boa parte dessas terras para a extração do calcário.



Seu Chico juntou essa informação à de que, em ciclos regulares, suas redes de pesca começavam a acumular lodo. E que a técnica utilizada para a limpeza era a imersão por um determinado período em tanques com água e cal.



Assim Chico concluiu que, devido a consistência calcária do terreno, e o assoreamento da lagoa devido ao desmatamento em sua margem, a quantidade de lodo na água teria diminuído ou até desaparecido, observando também que o lodo era a base da cadeia alimentar daquele ecossistema.



Seu Chico, então, deu a solução: "ou resolve o problema do desmatamento e repõe a vegetação do lugar ou então faz o controle químico da lagoa!"



BATATA!!! Ponto para o "Dotô Chico". A lagoa hoje voltou a ter peixe.



Seguem também alguns dos seus ditos:



"O único sujeito que dialoga consigo mesmo somos nós, por conta da consciência e do encontro dela com a natureza."



"Tudo que o homem faz, que ele inventa, ele pensa que fez algo diferente. Mas eu não vejo por esse lado. É significante a algo que já existe. O homem fez o computador que armazena tudo. É como você: nasceu e armazenou tudo que aprendeu. A coisas imitam o que já existe no planeta."



"Os próprios cientistas, com todas as máquinas, as vezes prevêem uma coisa e dá errado. A natureza está sempre evoluindo. Então, pode haver algum problema e muda todo o esquema. A natureza é um corpo vivo."





Francisco Lucas
foto: César Ferrário (Clowns)







Baobás:



Navegando nas águas da lagoa do Piató, já de longe se avista a magnitude desses seres. Exuberante é um bom adjetivo. Pelo tamanho e pelo tempo de existência, os baobás que encontramos ressaltam a condição transitória de nossa existência.



Segundo Seu Chico, não são árvores nativas da região. Foram trazidas da África pelos primeiros escravos e colonizadores. Mais uma vez, ele tem a razão. A pequena sementinha, transportada nos porões dos navios negreiros, quando cultivada, cresce em clima brasileiro e transforma-se na Adansônia digitata.



Foi necessário o grupo todo para abraçar a arvore centenária que, pelos cálculos que fizemos, nasceu no tempo em que Shakespeare existiu. Uma criança, se levarmos em conta que esse planta pode chegar a 6.000 anos de idade.





Baobás
foto: Marco França (Clowns)





Chefe de Gabinete:







Nascido em Assú, no ano de 1961, Ivan Pinheiro é o chefe de gabinete do atual prefeito Ronaldo Soares. Esta é uma função exercida no poder executivo que tem como tarefa o assessoramento direto do prefeito, tendo o status de secretário.



Por isso, Ivan tem uma estreita relação com o poder administrativo da cidade, o que nos despertou interesse, devido ao teor político da peça Ricardo III. Generosamente, ele nos recebeu para uma conversa matinal na própria prefeitura.



Ivan é formado em história pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte e especialista em História do Brasil República. Também cultiva admiração por outro tipo de história. Trata-se de um história difícil de ser comprovada e que, menos ainda, permite-se averiguar sob a tutela da ciência. São causos e contos que surgem e se adornam no imaginário do povo. E como resultado do seu interesse por essa prosódia lançou no ano de 2007 o livro "Dez contos Cem causos".



Segue aqui um deles:



BARRISMO

Histórias diversas são contadas sobre o velho português João Cachina - patriarca de uma enorme e respeitável família em Assú. Certo dia o portuga ia passando nas proximidades da Prefeitura e um curioso indagou:

- Seu João, porque os portugueses são tão burros?

E ele sem pestanejar respondeu:

- São tão burros que descobriram esta merda.



Por esse conjunto de tarefas e interesses, Ivan é pessoa multifacetada, tendo conhecimento prático dos processos políticos, mas também sensibilidade para perceber a escola de bufonaria que circunda esse ambiente. Amigo de políticos e de poetas, soube contar fatos irreverentes e marcantes da história de Assú, sem deixar descoberto seu território, afinal, ele também representa o poder público.



Quando indagado sobre o fato da fama de Assú ser terra de poetas, nos explica que esse termo que tanto propaga o nome da cidade em outras regiões do estado, como também assume um caráter pejorativo em meio aos seus habitantes. Para o assuensse, poeta também é sinônimo de vagabundo, desocupado. E sobre isso Ivan nos da a réplica de Renato Dantas, boêmio inveterado:



"Eu, com essa força que deus me deu, trabalhar para sustentar um vagabundo que nem eu? Jamais!"



...........



Finalizados os trabalhos em Assú, nos preparamos para Santa Cruz, próxima cidade em nosso roteiro. Assú nos mostrou resultados importantes, principalmente pelo conjunto de pessoas que já esboça a formação de uma classe teatral. Esse é um momento que requer atenção especial das instituições financiadora e, principalmente, do poder público. É o ponto exato para a formação, para ações determinantes na consolidação dessa expressão artística junto a população. E isso precisa ser feito com responsabilidade.

























Localizada a 210km de Natal, o município de Assú desde a sua criação teve diferentes nomes, como “ Arraial de Santa Margarida” , “Arraial Nossa Senhora dos Prazeres” e “Vila Nova da Princesa”, em homenagem a Dona Carlota Joaquina, Princesa de Portugal.




Com 47.857 habitantes e com temperatura média de 30 graus, Assú é notadamente enaltecido pelo amor e entusiasmo dos seus filhos, pela poesia e, graças a inteligência e a inspiração poética existentes no sangue dos assuenses, tornou-se conhecida como a “Atenas Norte-Rio-Grandense”. Melões, uvas, acerolas, mangas, e bananas, saem dali para o mundo inteiro. Assim é o Assú, um município feliz que canta e encanta a todos, com seus versos e o seu presente confirma ser o município dos poetas. No mês de junho, Assú emociona a todos com os festejos dedicados ao Padroeiro São João Batista. A cidade toma ares de festa.



Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.













Oficina:





Dando seqüência a nossa caravana, a oficina na cidade de Assú tinha, entre seus objetivos, a abordagem do segundo ato da peça Ricardo III. Mais uma vez, nos defrontamos com a tarefa de, junto com a turma, entender a trama desse fragmento e descascar as diversas camadas engendradas pelo autor.



Assim como em Angicos, a heterogeneidade era uma característica presente. Mas, logo de início, percebemos que a turma de Assú já trazia uma maior vivencia no teatro. E isso nos permitiu um maior aprofundamento, tanto no pensamento, como na prática.



Outro diferencial foi à experiência adquirida na cidade anterior, o que nos permitiu alguns ajustes. Optamos por focar na técnica da contação, ainda mais do que na etapa anterior, por acreditar que era o caminho menos árduo e por isso mais viável para a compreensão da fábula.



Esse conjunto de fatores nos levou a um perceptível progresso. O trabalho rendeu e a semana passou rápido. Outro aspecto de extrema importância foi a relação estreitada entre o grupo e a classe artística local. Assú, tanto pelo histórico dos seus grupos de teatro, quanto pelo Auto de São João Batista, espetáculo anual sobre a saga do santo, apresenta um número significativo de pessoas que buscam por formação e conhecimento nesta área. Reencontramos companheiros de outras jornadas, dos grupos Teatrália, Não sei de Có e Cactus.



Como grupo que busca sempre pautar suas atividades no princípio da troca e na construção coletiva do conhecimento, sentimo-nos movidos a tentar viabilizar novos encontros com esse conjunto de artistas, como forma de oferecer um subsídio maior para um entendimento mais amplo sobre formação de grupo e de relacionamento de classe.





Oficina ministrada em Assú
Foto: Jean Lopes





Lagoa do Piató:





Lagoa do Piató: Considerada o maior reservatório natural de água do Estado, com capacidade para armazenar 96 bilhões de metros cúbicos de água. Possui uma extensão de 18 km de comprimento por 2,5 de largura. O seu entorno é propício para a realização de trilhas ecológicas e para a prática de espeleologia nas cavernas existentes às margens da lagoa. No anel da Lagoa de Piató, pode-se visitar diversos baobás, árvore rara no Brasil e de extraordinária beleza. Esses atrativos fazem da Lagoa de Piató uma das maiores referências turísticas da Região.



Fonte: Site da SETUR (Secretaria de Turismo do RN) http://www.setur.rn.gov.br/atracoes.html#assu.











Lagoa do Piató
foto: César Ferrário (Clowns)







Seu Francisco:



"Não freqüentei banco escolar por não ter tido oportunidade, mas com a ajuda dos amigos cheguei a universidade" (Seu Chico Lopes)



Logo de manhã cedo, o grupo estava na margem da lagoa do Piató, esperando o barqueiro que iria nos levar para um passeio. Fomos previamente alertados que o nosso guia era merecedor de apreciação tanto quanto os lugares que nos levaria. No entanto, mesmo com o prévio aviso, faltou espaço na pequena embarcação para a surpresa e o encantamento com pessoa tão especial.



Seu Francisco Lucas da Silva já foi objeto de várias pesquisas científicas, prova viva que o pensamento fora das fronteiras acadêmicas pode ter o mesmo valor do conhecimento sistematizado na academia. Observador perspicaz do cotidiano, Seu Chico foi capaz de desvendar de forma sistêmica várias questões do universo ao seu redor.



Durante o passeio ficou claro como Seu Chico, que só assina o nome, ja tinha rendido ao seu conhecimento muitos letrados, entre eles alguns engenheiros do INCRA, professores universitários e alunos de pós-graduação.



Segue uma das histórias de Seu Chico:



Certa vez, vários pesquisadores vieram a região para tentar explicar e reverter o processo de diminuição do número de peixes da lagoa. Depois de vários estudos acabaram entendendo que a tese construída por Seu Chico era, entre as outras, a mais digna de crédito.



Pois bem, Chico alertou que, no final da década de 1980, com o fim da cultura do algodão devido a praga do "bicudo", vários agricultores se viram forçados a vender suas terras. Houve uma grande multinacional alemã que veio a adquirir boa parte dessas terras para a extração do calcário.



Seu Chico juntou essa informação à de que, em ciclos regulares, suas redes de pesca começavam a acumular lodo. E que a técnica utilizada para a limpeza era a imersão por um determinado período em tanques com água e cal.



Assim Chico concluiu que, devido a consistência calcária do terreno, e o assoreamento da lagoa devido ao desmatamento em sua margem, a quantidade de lodo na água teria diminuído ou até desaparecido, observando também que o lodo era a base da cadeia alimentar daquele ecossistema.



Seu Chico, então, deu a solução: "ou resolve o problema do desmatamento e repõe a vegetação do lugar ou então faz o controle químico da lagoa!"



BATATA!!! Ponto para o "Dotô Chico". A lagoa hoje voltou a ter peixe.



Seguem também alguns dos seus ditos:



"O único sujeito que dialoga consigo mesmo somos nós, por conta da consciência e do encontro dela com a natureza."



"Tudo que o homem faz, que ele inventa, ele pensa que fez algo diferente. Mas eu não vejo por esse lado. É significante a algo que já existe. O homem fez o computador que armazena tudo. É como você: nasceu e armazenou tudo que aprendeu. A coisas imitam o que já existe no planeta."



"Os próprios cientistas, com todas as máquinas, as vezes prevêem uma coisa e dá errado. A natureza está sempre evoluindo. Então, pode haver algum problema e muda todo o esquema. A natureza é um corpo vivo."





Francisco Lucas
foto: César Ferrário (Clowns)







Baobás:



Navegando nas águas da lagoa do Piató, já de longe se avista a magnitude desses seres. Exuberante é um bom adjetivo. Pelo tamanho e pelo tempo de existência, os baobás que encontramos ressaltam a condição transitória de nossa existência.



Segundo Seu Chico, não são árvores nativas da região. Foram trazidas da África pelos primeiros escravos e colonizadores. Mais uma vez, ele tem a razão. A pequena sementinha, transportada nos porões dos navios negreiros, quando cultivada, cresce em clima brasileiro e transforma-se na Adansônia digitata.



Foi necessário o grupo todo para abraçar a arvore centenária que, pelos cálculos que fizemos, nasceu no tempo em que Shakespeare existiu. Uma criança, se levarmos em conta que esse planta pode chegar a 6.000 anos de idade.





Baobás
foto: Marco França (Clowns)





Chefe de Gabinete:







Nascido em Assú, no ano de 1961, Ivan Pinheiro é o chefe de gabinete do atual prefeito Ronaldo Soares. Esta é uma função exercida no poder executivo que tem como tarefa o assessoramento direto do prefeito, tendo o status de secretário.



Por isso, Ivan tem uma estreita relação com o poder administrativo da cidade, o que nos despertou interesse, devido ao teor político da peça Ricardo III. Generosamente, ele nos recebeu para uma conversa matinal na própria prefeitura.



Ivan é formado em história pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte e especialista em História do Brasil República. Também cultiva admiração por outro tipo de história. Trata-se de um história difícil de ser comprovada e que, menos ainda, permite-se averiguar sob a tutela da ciência. São causos e contos que surgem e se adornam no imaginário do povo. E como resultado do seu interesse por essa prosódia lançou no ano de 2007 o livro "Dez contos Cem causos".



Segue aqui um deles:



BARRISMO

Histórias diversas são contadas sobre o velho português João Cachina - patriarca de uma enorme e respeitável família em Assú. Certo dia o portuga ia passando nas proximidades da Prefeitura e um curioso indagou:

- Seu João, porque os portugueses são tão burros?

E ele sem pestanejar respondeu:

- São tão burros que descobriram esta merda.



Por esse conjunto de tarefas e interesses, Ivan é pessoa multifacetada, tendo conhecimento prático dos processos políticos, mas também sensibilidade para perceber a escola de bufonaria que circunda esse ambiente. Amigo de políticos e de poetas, soube contar fatos irreverentes e marcantes da história de Assú, sem deixar descoberto seu território, afinal, ele também representa o poder público.



Quando indagado sobre o fato da fama de Assú ser terra de poetas, nos explica que esse termo que tanto propaga o nome da cidade em outras regiões do estado, como também assume um caráter pejorativo em meio aos seus habitantes. Para o assuensse, poeta também é sinônimo de vagabundo, desocupado. E sobre isso Ivan nos da a réplica de Renato Dantas, boêmio inveterado:



"Eu, com essa força que deus me deu, trabalhar para sustentar um vagabundo que nem eu? Jamais!"



...........



Finalizados os trabalhos em Assú, nos preparamos para Santa Cruz, próxima cidade em nosso roteiro. Assú nos mostrou resultados importantes, principalmente pelo conjunto de pessoas que já esboça a formação de uma classe teatral. Esse é um momento que requer atenção especial das instituições financiadora e, principalmente, do poder público. É o ponto exato para a formação, para ações determinantes na consolidação dessa expressão artística junto a população. E isso precisa ser feito com responsabilidade.

AS PALAVRAS DE ROSALBA NA CONVENÇÃO


Este é o primeiro dia, o primeiro ato do futuro que queremos para o nosso Estado. Começa aqui a etapa mais importante, e a mais difícil, da luta para recolocar o nosso estado no rumo do desenvolvimento econômico e humano, do qual ele vem sendo desviado nos últimos anos.
Enquanto nossos vizinhos tiravam e tiram proveito do cenário econômico favorável, enquanto outros estados nordestinos acumulam investimentos em obras estruturantes, o Rio Grande do Norte empacou, andou de lado e está ficando para trás na corrida pelo desenvolvimento.
A expectativa gerada nas urnas, oito anos antes, foi abortada por gestores que traíram a confiança da população e não souberam fazer o nosso estado acontecer. E porque não souberam fazer, estamos perdendo a hora do crescimento.
Estudo da Fundação Getúlio Vargas comprova que o Rio Grande do Norte ocupa, entre as 27 unidades da federação, apenas o décimo-nono lugar no ranking do crescimento social, que mede os investimentos em políticas públicas de saneamento básico, educação, moradia e distribuição de renda. Na comparação com os estados nordestinos, o desempenho é muito pior: estamos em último lugar, investindo menos até do que estados mais pobres e mais atrasados.

O atual Governo nos empurrou para a lanterninha regional em qualidade de vida da população. Não é preciso ser cientista social para ver e compreender esse quadro lamentável. A população sente isso no dia-a-dia, constatando a degradação dos serviços públicos essenciais.
Na saúde, que eu conheço bem porque sou médica, sofre, e sofre muito, quem precisa de atendimento nos hospitais estaduais. Sofre com a falta de estrutura, de equipamentos, de medicamentos, de condições mínimas de trabalho para os profissionais./
Na segurança pública, assistimos ao crescimento epidêmico do consumo de crack e outras drogas, da taxa de homicídios de jovens, entre outros indicadores de falência da gestão.
Na educação, chegamos ao absurdo de ver escolas da rede estadual sendo fechadas, enquanto a taxa de matrícula cai vinte por cento, e o desempenho dos alunos de oitava série equivale ao dos alunos de quinta série no interior do Ceará. Cada uma dessas escolas fechadas agora significa um presídio aberto no futuro, para receber os jovens que o Estado não conseguiu botar e manter na escola.
Na infra-estrutura, o fracasso não é menor. O Aeroporto de São Gonçalo, que poderia fazer do estado um pólo de comércio global, segue como obra de papel: é mais um projeto que não decola. Setores estratégicos da economia – o turismo, a fruticultura, a carcinicultura – deixam de se expandir, pela falta de infra-estrutura e de políticas de incentivo. Não existem programas capazes de levar indústrias de grande porte a todas as regiões do estado.
O resultado é perverso: exportamos empregos e importamos criminalidade. Perdemos a refinaria de petróleo para Pernambuco, e com ela a oportunidade de implantar um pólo petroquímico capaz de dinamizar a economia e abrir milhares de postos de trabalho. Perdemos investimentos e obras estruturantes e ganhamos atraso social e econômico.
Mas, entre tantas perdas e danos, podemos nos orgulhar de algo que nem o pior Governo consegue nos tirar: a esperança. Não perdemos o mais importante: a confiança em nós mesmos. Não perdemos o sentimento de que ainda dá tempo de recuperar o tempo perdido. E por quê? Porque temos muito do que nos orgulharmos.
Temos recursos naturais, vocações e potenciais econômicos que ainda podem ser transformados em prosperidade e oportunidades para as pessoas. Temos uma riqueza maior do que essas que a natureza nos legou: temos capital humano. Um povo corajoso e forte, com talento e vocação para fazer bem-feito. Um povo com maturidade política, com capacidade de luta para melhorar o que está ruim e mudar o que não deu certo.

Pois a hora da mudança chegou. A hora da mudança é agora. É agora o momento certo para dar forma e gesto à esperança, para transformar o momento e o cenário em marco zero de um novo tempo.
Peço ao meu partido e ao Rio Grande do Norte a oportunidade de trabalhar para fazer por todas as regiões o que fiz por Mossoró. O que eu fiz como prefeita de um município, posso fazer como governadora por todos os municípios.
Sei que os desafios são maiores, mas eles não me assustam porque também é maior a minha vontade de fazer. Assim como é maior a experiência que acumulei, trabalhando como senadora por todas as regiões.
Sei que os problemas são maiores, mas também são maiores os recursos e a estrutura de um governo, as parcerias que podemos fazer e o apoio político que vejo explicitado aqui dentro, nesta convenção, e, principalmente, lá fora: o apoio do povo do meu estado.
Por onde passo, por onde caminho, escuto o desejo da grande maioria das lideranças e do povo: o desejo de fazer o Rio Grande do Norte acontecer. É um apoio espontâneo, porque a minha candidatura floresceu naturalmente, nas urnas da nossa grande vitória em dois mil e seis.

Minha candidatura é a expressão de um sentimento popular genuíno, e não da força de uma máquina partidária ou governamental. Minha candidatura tem a força do desejo coletivo, não da vontade imperial de uma só pessoa.
Quem me quer governadora, confia na minha história como mãe e avó, como médica e gestora, como prefeita e senadora. Confia porque conhece a minha autonomia no pensar e no agir, e reconhece a força das minhas mãos para fazer e transformar. Mas confia também na minha sensibilidade para cuidar, para trabalhar com a força do coração.
Devo muito desse senso de responsabilidade social ao povo desta cidade querida, porque me formei médica pediatra em Natal. Aqui eu comecei minha vida profissional, trabalhando no Hospital Infantil Varela Santiago e no projeto comunitário da Rua do Motor. Carrego comigo até hoje as marcas transformadoras da experiência. Carrego também a identificação carinhosa com a cidade, que é a síntese do Rio Grande do Norte, a casa de todos nós. Dos que nasceram aqui e dos que vieram pra cá, de outros estados ou do interior, em busca de oportunidades, como eu mesma fiz na juventude, e foram adotados e adotaram Natal como seu lugar de coração.

Fomos conquistados pela beleza da cidade recortada de dunas; pelo ar límpido; pelo rendilhado das praias; pela beleza mansa do sol se pondo no Potengi. Mas fomos conquistados também pelo encanto da sua gente, pela riqueza da sua humanidade. Pelo povo alegre e hospitaleiro, que recebe, acolhe e adota sem olhar diferenças, irmanando-se com todos na devoção a Natal.
Mas um povo também altivo, consciente da sua força, que não se dobra a quem imagine Natal como capitania hereditária, menosprezando seu espírito libertário. A história de Natal é rica de lições aos prepotentes que ousaram desafiar esta verdade: Natal não é de “A” nem de “B”. Natal é do povo, o único senhor do seu destino. Essa verdade, eu carrego comigo, e carrego também, como uma dívida que vou resgatar com trabalho e amor, a gratidão por tudo que vivi e, acima de tudo, pelo que aprendi com os natalenses.
Vou trabalhar muito por Natal, em parceria com quem ama a cidade, ajudando a resolver os problemas de metrópole em crescimento acelerado. Vou cuidar de Natal como cuidei, no início da minha vida profissional, das suas crianças, aprendendo com elas minha primeira lição de política. Foi cuidando das crianças que eu percebi logo que isso não me bastava como cidadã: era preciso levar mais longe minhas crenças e valores humanistas.
A medicina é importante, mas eu queria fazer mais do que cuidar da saúde das crianças: eu queria melhorar a vida das famílias. Por isso, posso dizer tranquilamente que entrei na política por causa das crianças.
Entrei na política para cuidar das pessoas, porque, diferente do que pregam alguns, não vejo na política um mero jogo de pragmatismo, não acredito no poder como mero exercício de racionalidade. Ao contrário: eu acredito que até mesmo a política precisa do sentimento, porque, tão importante quanto fazer bem-feito, é sentir, é cuidar direito.
É certo que governar exige sensatez e uma boa dose de racionalidade. Mas, eu pergunto: quem disse que não existe razão no coração? Se a racionalidade é necessária para a ação, ela será inteiramente estéril se não for alimentada pela compreensão, pela sensibilidade.//
Não conheço fortaleza mais potente do que os sentimentos – o amor, a alegria, a fraternidade, o carinho. Desconheço força maior do que a emoção, para mover as pessoas e para transformar o mundo.
Quem não puder sentir a dor do outro, não saberá agir em favor do outro. Quem não se comove, não se indigna com as injustiças. E quem não se indigna, não luta. E quem não luta, meus queridos irmãos e irmãs do Rio Grande do Norte, quem não luta não muda nada, não muda nem a própria vida, não transforma, não tem força para fazer acontecer.

Pessoas não são dados estatísticos. Números não têm alma. Números não têm desejos e necessidades, não sonham nem fazem os sonhos acontecerem. Pessoas, sim: elas sonham e lutam para realizar o que sonham. É com a força dessas pessoas, com o sentimento que une e transforma, que quero governar o Rio Grande do Norte.
Nesses quatro anos em que construímos com o povo a nossa candidatura, ouvi de muitas pessoas, em todos os municípios aonde levei minha voz, o desejo de reunir em torno do meu nome os nomes dos companheiros que estão aqui conosco. A nossa chapa, diz essa voz coletiva com a sabedoria de quem conhece suas lideranças, a nossa chapa é a chapa dos sonhos do povo. A nossa aliança não tem o nome de Força da União por acaso. Ela reúne pessoas de bem, lideranças tão fortes quanto as regiões e as pessoas que elas representam, e que vão me ajudar muito a fazer o Rio Grande do Norte acontecer.
A essas lideranças, quero expressar nominalmente minha gratidão pela confiança pessoal e pelo respaldo político decisivo para a vitória da Força do Povo. Obrigada ao querido deputado Robinson Faria, que teve a grandeza de renunciar a um projeto pessoal para fortalecer um projeto coletivo. Obrigada aos senadores José Agripino e Garibaldi Filho, por renovarem a parceria que fez da nossa bancada no Senado um time coeso e forte, sempre unido nas batalhas pelo povo potiguar.
Quero ser governadora para construir, junto com Robinson; junto com José Agripino e com Garibaldi; junto com os deputados federais e estaduais; junto com os prefeitos, vereadores e lideranças de todos os partidos que nos apóiam; para construir junto com o povo potiguar, o Estado da Cidadania, o Rio Grande do Norte muitas vezes mais forte.
Quero ser governadora para reconstruir os serviços públicos, aumentando os recursos e melhorando a gestão da saúde, da segurança, da educação. Para fazer estradas, casas e saneamento. Porque não existe cidadania de verdade sem que as pessoas tenham todos os direitos sociais garantidos.

Quero ser governadora para criar oportunidades de trabalho e renda para as pessoas em todas as regiões, descentralizando o desenvolvimento. Porque o Rio Grande do Norte é um só: do sertão ao litoral, do interior à capital, nascidos aqui ou ali, somos igualmente potiguares.
Quero ser governadora para abrir caminho para o novo e governar para as futuras gerações. Porque ser o novo não é uma questão só de idade: é uma questão de ter coragem para mudar, ter independência para ousar, ter determinação para transformar.
Quero ser governadora para fazer do Rio Grande do Norte um modelo de crescimento econômico e social para o Nordeste e para o Brasil. Porque já chega de projetos eternamente adiados e de sonhos sempre frustrados. Chega de ficar para trás. Chega de pensar e fazer pequeno. Chega de tanto mais ou menos! 
O Rio Grande do Norte é mais. O Rio Grande do Norte pode e precisa crescer. Com a força da união, com a força do povo, vamos fazer o Rio Grande do Norte acontecer! Obrigada pela atenção e vamos à luta! Vamos à vitória!

PARTIDOS OFICIALIZAM CANDIDATURAS E ALIANÇAS

O sábado foi de definições para a política do Rio Grande do Norte. Se antes eram muitos pré-candidatos, agora, oficialmente, o Estado potiguar já tem candidatos lançados ao Governo, Senado, deputado federal e estadual. Algumas das principais legendas realizaram na manhã e tarde as reuniões para homologar as candidaturas.
Muitas bandeiras, charangas, as tradicionais claques e discursos prometendo projetos, planos e também fazendo críticas. O PDT lançou o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo para o Governo. A chapa tem como candidato a vice o deputado estadual Álvaro Dias. Já o DEM terá como candidata ao Governo a senadora Rosalba Ciarlini e a vice o deputado estadual Robinson Faria.

Os dois candidatos ao Governo foram responsáveis pelas maiores mobilizações. Eles reuniram nos locais das convenções os demais líderes políticos aliados.  Foram os primeiros discursos como, oficialmente, candidatos. O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), pautou o discurso durante a convenção enfatizando a experiência que disse ter adquirido enquanto administrador da capital. Ele criticou a baixa capacidade de investimento do governo estadual e afirmou que, entre outras prioridades, desenvolverá um trabalho nas áreas de Segurança e Saúde, sem esquecer de um melhorar as condições de trabalho e de remuneração para o funcionalismo público.

Já a candidata do DEM, Rosalba Ciarlini, destacou que deseja “reconstruir o Estado”, já apontando para o tom oposicionista que traz na campanha. Disse que quer “ser governadora para reconstruir os serviços públicos, aumentando os recursos e melhorando a gestão da saúde, da segurança, da educação”.

Nesse domingo dois partidos farão convenções. O PSB reunirá os filiados a partir das 10h no ginásio Machadinho. Já o PT estará com a convenção a partir das 9h na Escola Régulo Tinoco.

Carlos Eduardo propõe ‘novos modelos’

O Partido Democrático Trabalhista (PDT) homologou ontem, as candidaturas ao governo do ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves e do deputado estadual Álvaro Dias (PDT), a vice, além de 19 candidatos a deputado estadual e 4 a federal. O PDT está unido ao PC do B, que oficializou Sávio Hackradt. A militância do do PDT e do PCdoB se fez presente no ginásio de Esportes Antônio Alves Correia, em Cidade da Esperança. No início do evento, foi apresentado um vídeo que mostrou algumas das realizações do então gestor da capital. A senadora Rosalba Ciarlini, candidata do DEM também foi citada. Embalado pela música “É preciso saber viver”, de Roberto Carlos, o vídeo mostrou caricaturas de Rosalba e do senador José Agripino com os dizeres: “É preciso ter cuidado para mais tarde não sofrer. É preciso saber escolher”. Não houve menção ao também candidato, governador Iberê Ferreira (PSB).

Emanuel AmaralCarlos Eduardo discursa no ginásio da Cidade da Esperança ao lado de aliados e lamenta baixa capacidade de investimentos do EstadoCarlos Eduardo discursa no ginásio da Cidade da Esperança ao lado de aliados e lamenta baixa capacidade de investimentos do Estado
Estiveram presentes no evento o ex-prefeito de Parnamirim, Agnelo Alves, candidato a deputado estadual; o ex-prefeito de Caicó, Roberto Germano, que também disputa uma vaga na Assembleia Legislativa; os vereadores de Natal, sargento Regina (PDT) e George Câmara (PC do B), ambos concorrentes ao parlamento estadual. O vereador de Natal, Raniere Barbosa, e o prefeito de Parnamirim, Maurício Marques (PDT) também participaram da convenção do PDT. “Eu já disse e vou repetir aqui: meu apoio é de Agnelo e Carlos Eduardo”, assinalou Maurício.

Em seu discurso, Carlos Eduardo pediu aos correligionários  que fosse dado um “basta” ao que chamou de “velhos modelos políticos, onde tudo importa para eles, menos os destinos do povo”. Para o candidato pedetista, tais modelos “contemplam o falso afago, as visitas inoportunas e gratuitas onde menos se espera, o teatralismo do ‘estou aqui com meu povo’, quando na verdade não estão nem aí. É fácil perceber que tudo isso é um floreio, quando não há nada de concreto a se apresentar”, disparou.

Carlos Eduardo Alves assegurou que uma das prioridades de sua administração será melhorar a capacidade de investimento, segundo ele pífia atualmente, do governo do Estado, e investimentos nas áreas de Educação, Saúde e Segurança. “Vamos encarnar a mudança, a esperança e o otimismo e ousadia”.

Rosalba Ciarlini promete ‘reconstrução’

Com um discurso de oposição à atual administração estadual e propondo um novo modelo de desenvolvimento econômico e social para o Rio Grande do Norte, a senadora Rosalba Ciarlini foi lançada candidata ao Governo do Estado pelo DEM. A convenção ocorreu no Palácio dos Esportes, centro da capital potiguar, e reuniu todos os partidos aliados da coligação: PSL, PRP, PMN, PSDB e PSC, além dos aliados “informais” o PV e o senador Garibaldi Filho.

“Quero ser governadora para reconstruir os serviços públicos, aumentando os recursos e melhorando a gestão da saúde, da segurança, da educação. Para fazer estradas, casas e saneamento, porque não existe cidadania de verdade sem que as pessoas tenham todos os direitos sociais garantidos”, frisou a senadora do DEM.

Júnior SantosRosalba Ciarlini discursa ao lado de aliados no Palácio dos Esportes e destaca necessidade de “reconstrução“ dos serviços públicosRosalba Ciarlini discursa ao lado de aliados no Palácio dos Esportes e destaca necessidade de “reconstrução“ dos serviços públicos
No primeiro discurso como candidata ao Governo, Rosalba Ciarlini também destacou críticas ao governo federal por projetos não concretizados. “Quero ser governadora para fazer do Rio Grande do Norte um modelo de crescimento econômico e social para o Nordeste e para o Brasil, porque já chega de projetos eternamente adiados e de sonhos sempre frustrados. Chega de ficar para trás. Chega de pensar e fazer pequeno. Chega de tanto mais ou menos”, frisou.

O senador José Agripino Maia começou o discurso lembrando que em 1982 estava no mesmo Palácio dos Esportes para homologar a candidatura dele ao Governo. “Tinha 36 anos e estava ao meu lado quem nunca deixou de estar, estava comigo naquela hora e está comigo agora. Mas para ser verdadeiro essa é a maior convenção que já fiz na minha vida inteira. E isso porque estamos lançando a chapa que o povo queria, Rosalba para o Governo e Robinson para vice”, comentou o senador José Agripino. Crítico, ele disse que a ex-governadora Wilma de Faria esqueceu de administrar para fazer campanha. “Quem estava no Governo lembrou de fazer campanha eleitoral e esqueceu de administrar, esqueceu o povo”, comentou.

Ele pediu o voto casado e enfatizou: “Eleição de Rosalba, de José Agripino e de Garibaldi Filho é o Rio Grande do Norte três vezes mais fortes”.

PR, PMDB e PV confirmam aliança 

O Partido da República (PR) oficializou a coligação “Por um Rio Grande do Norte melhor” com o PMDB e PV, na convenção realizada ontem à tarde, no ginásio de esportes do DED, em Candelária, com o apoio à chapa majoritária encabeçada pela candidatura de releição do senador Garibaldi Filho (PMDB). A coligação proporcional terá apenas um candidato a deputado federal — o presidente estadual do PR, João Maia, que tenta a reeleição. Para a Assembleia Legislativa, o PR lançou dez candidatos: o  vereador Adão Eridan, o ex-vereador Carlos Santos, o suplente de deputado Vivaldo Costa, o ex-prefeito de Currais Novos, José Lins e ainda Washington Luiz Lucas, Kelps Lima, Genival Vale, George Soares, Marcelo Vargas, Vera Lúcia da Silva.

À convenção do PR compareceu o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB), o qual  afirmou que até poderia ter cometido erros na política, mas que a sua vida pública era pautada “na lealdade e na transparência”. Por isso, disse Henrique disse ao governador Iberê Ferreira, que também esteve na convenção, que podia contar com o deputado, “caso achasse necessário, para estar ao seu lado pedindo voto para governador”.

Já Iberê Ferreira falou da importância em ter o PR como um partido aliado à campanha de sua reeleição: “Nós temos as mesmas idéias para a construção de um futuro melhor para o RN”.

O senador Garibadi Filho esteve no ginásio do DED, agradecendo a João Maia, “com quem nunca tinha falado sobre compromisso político nenhum”, a declaração do presidente do PR de que o seu primeiro voto de senador era para ele. “O seridoense não é homem de duas palavras, não é de voltar atrás”, elogiou o senador, que completou dizendo que João Maia “veio para ficar na política do Rio Grande do Norte”.

No discurso de encerramento da convenção do PR, o  deputado João Maia falou sobre a sua postura como homem público: “A política tem que ser feita assim, com seriedade. Precisamos avançar no resgate dos compromissos assumidos e deixar de fazer promessas que não podemos cumprir. Não podemos achar que vamos fazer coisas que não temos condições de fazer”.

Maia também fez uma referência ao empresário Marcelo Alecrim, que se encontrava na convenção republicana. “Não aprendi a fazer negócios com ele”, ressalvava o deputado, mas lembrou de uma frase do empresário, que procurou levar à risca na construção do PR pelo Estado: “O combinado não é caro e nem é barato, é só combinado”.

PMN formaliza coligação com  DEM e PSDB

A convenção do PMN foi cartorial, já que a grande mobilização foi feita mesmo no Palácio dos Esportes, com a indicação do Rosalba Ciarlini para o Governo e Robinson Faria, presidente estadual do PMN, para vice. Na chegada ao evento o candidato a vice destacou que a proposta é fazer um governo de coalizão. “Estaremos todos unidos. A aliança não é do DEM, mas de todos os partidos que estão unidos nesse projeto. Precisamos da união de todos”, ressaltou.

Ele chamou atenção para a problemática da segurança e disse que a próxima administração precisará de um “projeto ousado”. “A segurança é algo que muito nos preocupa. Precisamos de um projeto ousado. A saúde também é uma incógnita. Precisamos descentralizá-la”, comentou. Observando a candidata ao Governo, Robinson Faria chamou atenção que Rosalba Ciarlini, caso eleita, não fará uma administração “de gabinete”.

Como o resultado da consulta ao Tribunal Superior Eleitoral sobre as regra para  as coligações proporcionais não foi julgado, o PSDB optou por fazer ir “na certeza”. Ou seja, o partido presidido pelo deputado federal Rogério Marinho fez a mesma aliança para deputado federal e estadual.

A coligação do PSDB para proporcional é integrada pelo PMN, DEM, PSC, PSL, PRP. Os tucanos lançarão 12 candidatos a deputado estadual e 4 candidatos a deputado federal.

PSB e PT farão convenção neste domingo

O domingo também será dia de convenções. O PSB, partido presidido pela ex-governadora Wilma de Faria, reunirá os filiados, a partir das 10h, no Machadinho. O partido chega para o pleito 2010 com candidatos em todos os espaços: o governador Iberê Ferreira disputará a reeleição, Wilma de Faria tentará uma vaga ao Senado, além disso, há candidatos à reeleição para deputado federal e estadual. No caso do governador Iberê Ferreira ele parte para disputa em uma posição adversa, já que a última pesquisa registrada do Ibope o apontou em terceiro lugar.

Já a ex-governadora Wilma de Faria, depois de 14 anos ininterruptos no Executivo, primeiro como prefeita de Natal e depois como governadora, tenta chegar ao Legislativo. Na verdade, ela já esteve no Congresso Nacional como deputada constituinte. Dessa vez a líder do PSB tenta ser senadora numa disputa acirradíssima com os senadores e candidato à reeleição José Agripino Maia (DEM), Garibaldi Filho (PMDB) e a própria Wilma de Faria.

A ex-governadora optou por uma chapa “puro sangue” para o Senado. Colocou como primeiro suplente o empresário Terceiro Melo e como segundo o ex-secretário de Planejamento, Vagner Araújo.

O PSB traz na chapa proporcional nomes com grande soma de voto, o que dificultou até mesmo a composição com o PPS e com o PTB.

‘Prioridade é reeleição do senador’

A convenção do PMDB lotou a sede do diretório estadual do partido, no bairro de Candelária, para homologar as candidaturas de senador, 11 deputados estaduais e de 5 federais, entre eles o senador Garibaldi Alves (PMDB), que concorre à reeleição, assim como os deputados Henrique Alves, Walter Alves, José Dias, Poti Júnior e Nélter Queiroz. Os peemedebistas foram acompanhados pelos presidentes estaduais do PR, deputado João Maia, e do PV, Micarla de Sousa, partidos homologaram a coligação na esfera proporcional e que terão ainda em comum o apoio ao senador Garibaldi Alves.

Emanuel AmaralPresidentes estaduais do PR e do PMDB, deputados João Maia e Henrique Eduardo, confirmam aliançaPresidentes estaduais do PR e do PMDB, deputados João Maia e Henrique Eduardo, confirmam aliança
O deputado Henrique Alves ressaltou que é “prioridade das prioridades” do PMDB, tanto no âmbito estadual como nacional, a eleição do senador peemedebista. “O presidente (nacional do PMDB), Michel Temer, pediu para eu dizer falar isso aqui com vocês (sobre a eleição de Garibaldi)”. O senador Garibaldi Alves, no entanto, assinalou que o PMDB local deve ter, então, dois compromissos: o de reelegê-lo e também o de tornar Henrique Alves o deputado federal mais votado do Rio Grande do Norte. “Queremos ver Henrique Alves presidente da Câmara Federal”, arrematou.

Henrique Alves mencionou também o cumprimento da palavra do deputado federal João Maia (PR), que mesmo cortejado pelo PSB para coligar-se na esfera majoritária, indicado o vice do governador Iberê Ferreira, segundo ele, “não arredou o pé um minuto” do que havia sido acordado com o PV e o PMDB. “A imprensa noticiava a todo momento que poderia haver mudança de posicionamento do PR, mas o deputado João Maia em nenhum momento quebrou o compromisso acordado”, assinalou. “Palavra é dada para ser cumprida. Tudo que combinamos está mantido”, reforçou o presidente do PR.

A prefeita de Natal, Micarla de Sousa, declarou que a composição formalizada com o PMDB tem um sentimento simbólico para sua família. Segundo ela, se concretizou um desejo anteriormente ensaiado por seu pai, o ex-senador Carlos Alberto de Sousa, e o ex-ministro Aluízio Alves. “Essa é a primeira de uma serie que estaremos juntos. Verde com verde”, observou. Micarla de Sousa observou também que o PV entrega o que “há de melhor nos seus quadros ao senador Garibaldi Alves”, referindo-se ao primeiro suplente indicado pelo partido ao senador, o médico Paulo Davim.

Com a aliança formalizada e homologada, o PR e o PMDB do deputado Henrique Alves aguardam agora somente a resposta a consulta sobre coligações partidárias, sob análise no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para saber se a legenda sob o comando do deputado João Maia poderá indicar ou não o vice de Iberê. Ambos disseram que ainda nutrem de tal perspectiva. João Maia não descartou a indicação da majoritária do PSB, caso o TSE autorize.

Partido Progressista continua sem definição sobre majoritária

Embora a convenção do Partido Progressista esteja marcada para a quarta-feira e o destino de aliança ainda permanece indefinido, o presidente estadual da legenda confirmou ontem sua preferência. O prefeito de Assu, Ivan Júnior, que preside o PP, participa da convenção do DEM, o que é uma indicação de que a legenda pode apoiar a candidatura da senadora Rosalba Ciarlini (DEM).

O deputado estadual Robinson Faria (PMN), que tenta atrair o PP para a coligação com Rosalba Ciarlini, afirmou que o “correto” é na convenção os diretórios regionais e integrantes da comissão provisória votarem para escolher o destino do partido na eleição.

“Não há outra alternativa, para ser legal tem que votar os presidentes dos diretórios regionais e nós respeitaremos o resultado”, destacou ontem Robinson Faria, deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa.

(Transcrito da Tribuna do Norte, 27.6.2010)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

FÁTIMA DIZ QUE LULA E DILMA VÃO IMPULSIONAR IBERÊ E CARLOS EDUARDO

Entrevistada hoje a noite na 98 FM a deputada federal Fátima Bezerra/PT disse acreditar que o vice governador de Iberê deverá sair da legenda petista ou do PSB, mas não descartou que o PR possa compor.
Para o senado Fátima disse que viu pesquisas onde a ex-governadora Wilma de Faria está crescendo muito e que o outro candidato ao senado Hugo Manso já começou a pontuar bem.
Fátima foi categórica ao afirmar que haverá segundo turno na eleição de governador, pois Iberê e Carlos Eduardo crescerão beneficiados pelo bafo do plano nacional. “Aí no segundo turno o favoritismo será do nosso candidato”.
“Iberê irá para a disputa com Rosalba com Carlos Eduardo e todos seus seguidores acompanhando”, sentenciou Fátima Bezerra.


 Escrito por juscelinofranca às 16h13

quinta-feira, 24 de junho de 2010

DOCE DE PELO

Clotilde Tavares | 8 de junho de 2009
casc100Em um livro de Câmara Cascudo, Viajando o Sertão, ele faz referência a um certo “doce de palmatória” que havia comido em Assu, cidade do Rio Grande do Norte pela qual o grande folclorista passou, na viagem à qual se refere o título do livro, realizada entre 16 e 28 de maio de 1934.
Curiosa que sou, e metida também a aventureira, refiz esse trajeto de Cascudo 65 anos depois de realizado, no ano de 1999, como você pode ver clicando aqui. A viagem foi gloriosa, cheia de experiências, visões, sabores e poesia, e se nunca publiquei esse relato é porque ninguém se interessou por editá-lo e eu não tinha – e nem tenho – dinheiro suficiente para tanto. Dorme sossegado numa das minhas gavetas, na companhia de textos e mais textos que tiveram o destino do ineditismo. Já escrevei esses mesmo parágrafo em outro post deste blog, aqui.
Ao fundo, a Serra Braca. A foto é de Gustavo Moura, que foi comigo em um trecho da viagem.
Ao fundo, a Serra Braca. A foto é de Gustavo Moura, que foi comigo em um trecho da viagem.
Uma das coisas que não consegui fazer na viagem foi conhecer o tal doce, queCascudo teria degustado em Assu, em jantar oferecido pelo Dr. Ezequiel Fonseca. Gosto de comer coisas esquisitas, de sabores exóticos, e quando me deparei com essa referência, principalmente quando Cascudo diz que o doce era “superior às geléias de morango”, fiquei curiosíssima.
Ao chegar em Assu, fui informada de que o tal doce de palmatória era chamado de “doce de pelo” e que não era típico de Assu, mas de Angicos, cidade próxima. Embora me mimassem com uma sobremesa deliciosa de mel de engenho com farinha de rosca, não foi possível degustar o tal doce de pelo, que eu não conseguia imaginar como seria.
Carmen Vasconcelos
Carmen Vasconcelos
Finalmente, depois de mais de um ano assuntando aqui e ali em busca do tal doce, consegui ter acesso a esse prodígio da culinária angicana pelas mãos da poeta Carmen Vasconcelos, que me trouxe uma porção, preparada pelas mãos de Dona Terezinha, sua mãe, ambas angicanas de quatro costados. Lá se vão dez anos, mas a experiência sensorial e gustativa foi marcante, e para mim parece que foi ontem.
O doce é estranho. Imagine você que com tanta coisa no mundo para transformar em doce, o cristão inventa de tirar a polpa de uma palmatória cheia de pelos (daí o nome “doce de pelo”). A primeira coisa que se faz, depois de colhido o fruto da palmatória, é tirar-lhe os pelos, ou espinhos; a rigor, o doce de pelo não tem pelo. Bem, uma vez eliminado o pelo, retira-se a polpa do fruto, que se parece assim com um algodão acinzentado e um pouco úmido, polpa essa que também pode ser comida tal e qual, acrescentando-se apenas um pouco de açúcar, parecida com a polpa do ingá. Dessa polpa é que se faz o doce.
Glóbulos
Pérolas douradas de sol.
E o sabor? Bem, o sabor logicamente é de doce, mas feche os olhos e imagine-se colocando na boca um glóbulo do tamanho de uma uva grande e sentir esse glóbulo se desmanchar como minúsculas pérolas douradas dentro da sua boca. Sim, porque o gosto desse doce é dourado, cor de ouro.
As pérolas de ouro ficam rolando deliciosamente dentro da sua boca, numa experiência sensorial única, onde o sabor e a textura se misturam com a sensação de cor-de-ouro, do sol escaldante do sertão acumulado e concentrado no fruto áspero da palmatória e revelado pelas mãos sábias das doceiras angicanas.
Existem coisas, caro leitor, que a gente não deve morrer sem fazer. Provar o doce de pelo é uma delas. Iguaria dos deuses, sabor estranho, frutos dourados do sol: tudo isso é o doce de pelo, glória da nossa culinária popular.

(Artigo transcrito da coluna Umas &  Outras, Diginet).
Nota do autor deste blog: Eu tive o prazer de degustar doce de palmatória também chado de doce de pelo, na Fazenda Picada/Itu, Ipanguaçu-RN, feito por dona Cândida Borges Montenegro, esposa do Major Montenegro. Feito por ela mesmo. Que delícia de doce. Recorda a minha infância. Eu tinha uns sete anos de idade (1962) quando eu ia lá, na Picada, com frequencia, acompanhado meu pai.

Fenando Caldas

A SAIDEIRA DE "LOURINHO"

Por sergiovilar.rn@dabr.com.br

A boemia natalense amanheceu de ressaca. Dessas de deixar o corpo encurvado feito berimbau. A salvação no caldo de mocotó do Bar do Lourival tem gosto amargo hoje, véspera de mais um jogo do escrete canarinho. Amanhã, tudo vira futebol e o livro da história de Natal recebe mais um capítulo dedicado às tradições boêmias e costumes do chamado Plano Palumbo. O dono do bar mais antigo de Natal tomou sua última dose de vida na madrugada de ontem e deixou amigos e adeptos do verdadeiro boteco órfãos da última saideira com "Lourinho".




Antes de administrar o boteco, o comerciante trabalhou durante 35 anos como contínuo em um banco Foto: Arquivo DN/D.A Press
Lúcio Lourival da Silva morreu aos 86 anos decorrente de problemas cardíacos, no hospital da Hapvida (Antônio Prudente). Há uma semana foi levado à UTI quando sofreu pequenos infartes. O currículo de internações hospitalares de Lourival é recheado. Só de cirurgias foram seis safenas e duas mamárias. Era também diabético. A luta contra a morte foi uma constante nos últimos anos. O corpo foi velado durante a manhã e sepultado às 17h de ontem, no Cemitério Morada da Paz. Amigos e assíduos do velho bar estiveram presentes. 
O bar já vinha administrado por Lourival Filho há alguns anos, quando o pai piorou a saúde e se afastou do boteco criado há 45 anos. À época, Lourival era contínuo do Banco do Povo. Trabalhou lá 35 anos até alugar o ponto onde hoje está situada a sede da Rádio 96, situada próxima à casa onde morava. Comprou depois a casa ao lado do ponto alugado - do famoso construtor Joaquim Vitor de Holanda, responsável pelos projetos do Atheneu, Colégio das Neves e outros -, encerrou o aluguel e montou o bar nos jardins da residência.
À frente, a sede do Diário de Natal, na Deodoro da Fonseca. E a avenida, então dos principais corredores de tráfego da cidade - recebia ali a sua universidade popular, o ponto de encontro da boemia natalense. Jornalistas como João Batista Machado, Jurandir Nóbrega, Ubirajara Macedo e outros tomaram o bar como segunda casa. "À época, o Diário promovia shows no auditório e de calouros na Rádio Poty. Tinha também o Cinema e o bar ficava em frente. Quando tínhamos dinheiro, pagávamos, quando não, pendurávamos a conta", fala o jornalista Paulo Tarcísio Cavalcanti. 

Paulo era dos jornalistas do Diário de Natal frequentadores do bar ainda embrião. Recorda ainda do "botequinho vizinho onde hoje é a 96" e só depois ampliado com a compra da casa ao lado. "Ele sempre foi muito atencioso e amigo com quem chegava. Mas sabia deixar os frequentadores à vontade". "Seo"Lourival nunca soube responder quando o bar começou. Arriscava um "maio de 66" incerto, desconfiado. Certeza mesmo, a lembrança da avenida Deodoro ainda de barro e à espera do progresso.
A arte do encontro
Se diariamente o carneiro na nata e o guizado encontram bocas anônimas a saborear papos de buteco (buteco com "u", o verdadeiro, e sem pedir licença poética), o bar também foi memória. Por lá passaram Pelé, Luiz Gonzaga, Sílvio Caldas e Altemar Dutra. Afora as estrelas locais e nacionais que se apresentavam na Rádio Poty e iam depois ao Bar de Lourival. "Eles vinham seapresentar, ficavam conversando e acabavam se aproximando dos clientes", contou "seo" Lourival ao Diário, em 1996, quando comemorou 30 anos do bar.
Já naquela época, Lourival disse estar "sem forças para tocar o bar". A morte da mulher Liege Silva há poucos anos agravou o estado de saúde de um dos patriarcas da vida boêmia da cidade, que ensinou a muitos onde mora a verdadeira vida. Como disse o poetinha Vinícius, "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida". E Lourival convidou, sem formalidades, anônimos e sinônimos ao roteiro lírico e sentimental do bar. 



(Do jornal Diário de Natal, 24.6.2010)
*A letra "P"-Apenas a língua portuguesa nos permite escrever isso!

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.
Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los.Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos,preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações,pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas.
Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. – Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.
Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para papai Procópio para prosseguir praticando pinturas.
Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai – proferiu Pedro Paulo – pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo pereceu pintando...
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar.
Pensei. Portanto, pronto pararei.

Enviado por Clênio Caldas

quarta-feira, 23 de junho de 2010

JORGE E MATEUS ENCERRAM O SÃO JOÃO DE ASSÚ

024QUINTA


Categorias: 

Tags: 
Créditos:


O São João de Assu encerra suas festividades com a dupla sertaneja Jorge e Mateus nesta quinta (24). Os cantores se apresentam no palco principal da praça São João Batista às 22h.
Fonte: Diginet

RETROSPECTIVA PROSA & VERSO

Na onda de comemorações de fim de Ano, a coluna embarca no Novo repescando um muito do que foi publicado por aqui nos boxes PROSA e VERSO – assim, meio ao acaso, mas cuidando de repetir apenas alguns dos ditos chamados “autores locais”, essa espécie fadada às intempéries do isolamento eterno entre o rio, o mar, e as dunas.

Que 2009 seja bem mais que um show de Marina Elali e os Cavaleiros do Forró – que, hoje, primeiro dia (in)útil do ano é o que nos sobra.
PROSA“o potiguar vive como quem espera que os melhoramentos de qualquer espécie, os benefícios, o progresso lhe caiam prontos e sem trabalho seu, do alto do céu ou do alto do governo.” Polycarpo Feitosa Vida potyguar
“Demais, não faltarão jornalistas de oposição para afirmar, por dever de ofício, que vamos em regresso e que, daqui a 50 anos, Natal será um monte de ruínas.” Manoel Dantas Natal daqui a 50 anos
“Aqui por qualquer motivo ou sem motivo justificado vão trocando de lugar as estátuas, num verdadeiro turismo de bronzes.” Lauro Pinto Natal que eu vi
“Não se pretende estabelecer um dogma definitivo em assunto urbanístico.” Câmara CascudoCrônicas de origem
“Gosto das janelas nunca fechadas, mesmo no pior dos temporais.” Rodrigo Levino Dias estranhos
“Algumas regiões desse mundão velho têm a usança de chocalhos desmedidamente graúdos.”Oswaldo Lamartine Encouramento e arreios…
“A verdadeira buchada, do tempo antigo, exige ciência de tempero e quase intuições misteriosas de cálculo.” Câmara Cascudo Dicionário do folclore brasileiro
“Se quereis amar de um amor melhor a nossa terra, minhas senhoras e meus senhores, ide ao sertão.” Eloy de Souza Costumes locais
“Pulando de um mourão da cerca que ia da lavoura até o açude da infância, o mundo parecia meu.”Rodrigo Levino Dias estranhos
“E eu já havia esquecido como é ruim correr atrás de algo que paga o amor com a fuga.” Ada LimaAs letras são ingratas…
“As três meninas que me visitam ficaram todo o tempo puxando as reduzidas mini-saias, atraindo, pelo gesto insistente, meu olhar distraído para a palpitante topografia exibida.” Câmara CascudoNa ronda do tempo
“Afinal eu era um corpo estranho naquele arraial secular de meninos xarias. Era um canguleiro.”Homero Homem Cabra das Rocas
“Recusando-me colaborar com o Satanás blandicioso, sorrio e digo, mentalmente: Vai Baixar Noutro Terreiro, Exu!” Câmara Cascudo Ontem
“Provocar o anjo no homem, significa uma insatisfação contra a ordem do Ser.” Walflan de Queiroz O testamento de Jó
“A puerilidade para uns é ciência para outros.” Câmara Cascudo História da cidade do Natal
“Doze milênios de arte poética foram compendiados num singular aroma, semelhante a jasmim, mel e vinagre.” Alex de Souza Planetas obliterados
VERSO
“Vi um luar de brotos que choravam/ na pele alvo/lustrosa da resina,” Homero Homem “Lua nova”
“Toco-te as formas, no teu corpo hábito/ De onde o meu corpo, terra minha, veio.” Palmyra Wanderley “Deus te salve, Natal!”
“Teu sexo/ haste em que sou flor” Diva Cunha “Teu sexo…”
“e eu ávido cavalo te cavalgo montaria do meu amor” Luís Carlos Guimarães “Noturno”
“o amor não faz pendão” Carlos Gurgel “O amor”
“Gero todas as coisas que giram/ Gero todas as coisas que passam” Iracema Macedo “Ciclo”
“Eu serei um poeta novo/ chegado a um mundo caduco” Dorian Gray Caldas “Canto”
“Quando a seca verde/ assolava o sertão/ meu avô plantava sonhos” Bosco Lopes “Seca verde”
“Eu fiz do Céu azul minha esperança/ E dos astros dourados meu tesouro…” Auta de Souza“Celeste”
“a nós, sonhadores, permitiu-se a fuga/ o devaneio, o itinerário Napoleão de Paiva “a flor do pesar”
“gosto do ponto que parte.” Carlos Gurgel “Mobiliário”
“quero partir levando nos meus braços/ a paisagem que bebo no momento.” Zila Mamede “Partida”
“Se bebes ao mar,/ tens o rio esperando/ só pra te afogar.” Lívio Oliveira “Poucos haikais…”
“Como podes querer que eu me contente/ se o reino todo padece?” Iracema Macedo “Ardil”
“naquele tempo/ eu não conhecia a palavra/ epifania” Adriano de Sousa “Nudez”
“Toda miséria que eu tinha,/ Vivi/ Não sobramos nada.” Alex Nascimento “Miss Otis”
“o artista que se preza/ não prega seu manifesto/ para os chefes mão de rato.” Lucinha Morena“Aos órgãos culturais”
“Será minha palavra a pedra impura/ e a primeira a partir, por atirada.” Jarbas Martins “Soneto da palavra impura”
“Razão, Razão, martelo do Diabo,/ Que fizeste dos meus ídolos?” Esmeraldo Siqueira“Iconoclasta”
“Como é que eu vou alegar inocência/ Diante de um júri de penitenciários?” Alex Nascimento“Perdas e danos”
“Vamos, irmãos, eu que estou reparando, de retrato, esse quadro que se alonga ao longo da parede.” João Lins Caldas “A casa nos conta…”
“Meu Deus, estendei sobre mim tua mão/ E então poderei entender o silêncio” Walflan de Queiroz“Oração”
“A partir de hoje/ meu nome é silêncio.” Ada Lima “Epitáfio”
WWWMARIOIVO.COM.BR

  Luizinho Cavalcante IV Cultura Viva, acontecerá no 1º de junho no bar de Ninha - Pacheco O blog Carnaubais Para Todos segue promovendo a n...