domingo, 27 de junho de 2010

AS PALAVRAS DE ROSALBA NA CONVENÇÃO


Este é o primeiro dia, o primeiro ato do futuro que queremos para o nosso Estado. Começa aqui a etapa mais importante, e a mais difícil, da luta para recolocar o nosso estado no rumo do desenvolvimento econômico e humano, do qual ele vem sendo desviado nos últimos anos.
Enquanto nossos vizinhos tiravam e tiram proveito do cenário econômico favorável, enquanto outros estados nordestinos acumulam investimentos em obras estruturantes, o Rio Grande do Norte empacou, andou de lado e está ficando para trás na corrida pelo desenvolvimento.
A expectativa gerada nas urnas, oito anos antes, foi abortada por gestores que traíram a confiança da população e não souberam fazer o nosso estado acontecer. E porque não souberam fazer, estamos perdendo a hora do crescimento.
Estudo da Fundação Getúlio Vargas comprova que o Rio Grande do Norte ocupa, entre as 27 unidades da federação, apenas o décimo-nono lugar no ranking do crescimento social, que mede os investimentos em políticas públicas de saneamento básico, educação, moradia e distribuição de renda. Na comparação com os estados nordestinos, o desempenho é muito pior: estamos em último lugar, investindo menos até do que estados mais pobres e mais atrasados.

O atual Governo nos empurrou para a lanterninha regional em qualidade de vida da população. Não é preciso ser cientista social para ver e compreender esse quadro lamentável. A população sente isso no dia-a-dia, constatando a degradação dos serviços públicos essenciais.
Na saúde, que eu conheço bem porque sou médica, sofre, e sofre muito, quem precisa de atendimento nos hospitais estaduais. Sofre com a falta de estrutura, de equipamentos, de medicamentos, de condições mínimas de trabalho para os profissionais./
Na segurança pública, assistimos ao crescimento epidêmico do consumo de crack e outras drogas, da taxa de homicídios de jovens, entre outros indicadores de falência da gestão.
Na educação, chegamos ao absurdo de ver escolas da rede estadual sendo fechadas, enquanto a taxa de matrícula cai vinte por cento, e o desempenho dos alunos de oitava série equivale ao dos alunos de quinta série no interior do Ceará. Cada uma dessas escolas fechadas agora significa um presídio aberto no futuro, para receber os jovens que o Estado não conseguiu botar e manter na escola.
Na infra-estrutura, o fracasso não é menor. O Aeroporto de São Gonçalo, que poderia fazer do estado um pólo de comércio global, segue como obra de papel: é mais um projeto que não decola. Setores estratégicos da economia – o turismo, a fruticultura, a carcinicultura – deixam de se expandir, pela falta de infra-estrutura e de políticas de incentivo. Não existem programas capazes de levar indústrias de grande porte a todas as regiões do estado.
O resultado é perverso: exportamos empregos e importamos criminalidade. Perdemos a refinaria de petróleo para Pernambuco, e com ela a oportunidade de implantar um pólo petroquímico capaz de dinamizar a economia e abrir milhares de postos de trabalho. Perdemos investimentos e obras estruturantes e ganhamos atraso social e econômico.
Mas, entre tantas perdas e danos, podemos nos orgulhar de algo que nem o pior Governo consegue nos tirar: a esperança. Não perdemos o mais importante: a confiança em nós mesmos. Não perdemos o sentimento de que ainda dá tempo de recuperar o tempo perdido. E por quê? Porque temos muito do que nos orgulharmos.
Temos recursos naturais, vocações e potenciais econômicos que ainda podem ser transformados em prosperidade e oportunidades para as pessoas. Temos uma riqueza maior do que essas que a natureza nos legou: temos capital humano. Um povo corajoso e forte, com talento e vocação para fazer bem-feito. Um povo com maturidade política, com capacidade de luta para melhorar o que está ruim e mudar o que não deu certo.

Pois a hora da mudança chegou. A hora da mudança é agora. É agora o momento certo para dar forma e gesto à esperança, para transformar o momento e o cenário em marco zero de um novo tempo.
Peço ao meu partido e ao Rio Grande do Norte a oportunidade de trabalhar para fazer por todas as regiões o que fiz por Mossoró. O que eu fiz como prefeita de um município, posso fazer como governadora por todos os municípios.
Sei que os desafios são maiores, mas eles não me assustam porque também é maior a minha vontade de fazer. Assim como é maior a experiência que acumulei, trabalhando como senadora por todas as regiões.
Sei que os problemas são maiores, mas também são maiores os recursos e a estrutura de um governo, as parcerias que podemos fazer e o apoio político que vejo explicitado aqui dentro, nesta convenção, e, principalmente, lá fora: o apoio do povo do meu estado.
Por onde passo, por onde caminho, escuto o desejo da grande maioria das lideranças e do povo: o desejo de fazer o Rio Grande do Norte acontecer. É um apoio espontâneo, porque a minha candidatura floresceu naturalmente, nas urnas da nossa grande vitória em dois mil e seis.

Minha candidatura é a expressão de um sentimento popular genuíno, e não da força de uma máquina partidária ou governamental. Minha candidatura tem a força do desejo coletivo, não da vontade imperial de uma só pessoa.
Quem me quer governadora, confia na minha história como mãe e avó, como médica e gestora, como prefeita e senadora. Confia porque conhece a minha autonomia no pensar e no agir, e reconhece a força das minhas mãos para fazer e transformar. Mas confia também na minha sensibilidade para cuidar, para trabalhar com a força do coração.
Devo muito desse senso de responsabilidade social ao povo desta cidade querida, porque me formei médica pediatra em Natal. Aqui eu comecei minha vida profissional, trabalhando no Hospital Infantil Varela Santiago e no projeto comunitário da Rua do Motor. Carrego comigo até hoje as marcas transformadoras da experiência. Carrego também a identificação carinhosa com a cidade, que é a síntese do Rio Grande do Norte, a casa de todos nós. Dos que nasceram aqui e dos que vieram pra cá, de outros estados ou do interior, em busca de oportunidades, como eu mesma fiz na juventude, e foram adotados e adotaram Natal como seu lugar de coração.

Fomos conquistados pela beleza da cidade recortada de dunas; pelo ar límpido; pelo rendilhado das praias; pela beleza mansa do sol se pondo no Potengi. Mas fomos conquistados também pelo encanto da sua gente, pela riqueza da sua humanidade. Pelo povo alegre e hospitaleiro, que recebe, acolhe e adota sem olhar diferenças, irmanando-se com todos na devoção a Natal.
Mas um povo também altivo, consciente da sua força, que não se dobra a quem imagine Natal como capitania hereditária, menosprezando seu espírito libertário. A história de Natal é rica de lições aos prepotentes que ousaram desafiar esta verdade: Natal não é de “A” nem de “B”. Natal é do povo, o único senhor do seu destino. Essa verdade, eu carrego comigo, e carrego também, como uma dívida que vou resgatar com trabalho e amor, a gratidão por tudo que vivi e, acima de tudo, pelo que aprendi com os natalenses.
Vou trabalhar muito por Natal, em parceria com quem ama a cidade, ajudando a resolver os problemas de metrópole em crescimento acelerado. Vou cuidar de Natal como cuidei, no início da minha vida profissional, das suas crianças, aprendendo com elas minha primeira lição de política. Foi cuidando das crianças que eu percebi logo que isso não me bastava como cidadã: era preciso levar mais longe minhas crenças e valores humanistas.
A medicina é importante, mas eu queria fazer mais do que cuidar da saúde das crianças: eu queria melhorar a vida das famílias. Por isso, posso dizer tranquilamente que entrei na política por causa das crianças.
Entrei na política para cuidar das pessoas, porque, diferente do que pregam alguns, não vejo na política um mero jogo de pragmatismo, não acredito no poder como mero exercício de racionalidade. Ao contrário: eu acredito que até mesmo a política precisa do sentimento, porque, tão importante quanto fazer bem-feito, é sentir, é cuidar direito.
É certo que governar exige sensatez e uma boa dose de racionalidade. Mas, eu pergunto: quem disse que não existe razão no coração? Se a racionalidade é necessária para a ação, ela será inteiramente estéril se não for alimentada pela compreensão, pela sensibilidade.//
Não conheço fortaleza mais potente do que os sentimentos – o amor, a alegria, a fraternidade, o carinho. Desconheço força maior do que a emoção, para mover as pessoas e para transformar o mundo.
Quem não puder sentir a dor do outro, não saberá agir em favor do outro. Quem não se comove, não se indigna com as injustiças. E quem não se indigna, não luta. E quem não luta, meus queridos irmãos e irmãs do Rio Grande do Norte, quem não luta não muda nada, não muda nem a própria vida, não transforma, não tem força para fazer acontecer.

Pessoas não são dados estatísticos. Números não têm alma. Números não têm desejos e necessidades, não sonham nem fazem os sonhos acontecerem. Pessoas, sim: elas sonham e lutam para realizar o que sonham. É com a força dessas pessoas, com o sentimento que une e transforma, que quero governar o Rio Grande do Norte.
Nesses quatro anos em que construímos com o povo a nossa candidatura, ouvi de muitas pessoas, em todos os municípios aonde levei minha voz, o desejo de reunir em torno do meu nome os nomes dos companheiros que estão aqui conosco. A nossa chapa, diz essa voz coletiva com a sabedoria de quem conhece suas lideranças, a nossa chapa é a chapa dos sonhos do povo. A nossa aliança não tem o nome de Força da União por acaso. Ela reúne pessoas de bem, lideranças tão fortes quanto as regiões e as pessoas que elas representam, e que vão me ajudar muito a fazer o Rio Grande do Norte acontecer.
A essas lideranças, quero expressar nominalmente minha gratidão pela confiança pessoal e pelo respaldo político decisivo para a vitória da Força do Povo. Obrigada ao querido deputado Robinson Faria, que teve a grandeza de renunciar a um projeto pessoal para fortalecer um projeto coletivo. Obrigada aos senadores José Agripino e Garibaldi Filho, por renovarem a parceria que fez da nossa bancada no Senado um time coeso e forte, sempre unido nas batalhas pelo povo potiguar.
Quero ser governadora para construir, junto com Robinson; junto com José Agripino e com Garibaldi; junto com os deputados federais e estaduais; junto com os prefeitos, vereadores e lideranças de todos os partidos que nos apóiam; para construir junto com o povo potiguar, o Estado da Cidadania, o Rio Grande do Norte muitas vezes mais forte.
Quero ser governadora para reconstruir os serviços públicos, aumentando os recursos e melhorando a gestão da saúde, da segurança, da educação. Para fazer estradas, casas e saneamento. Porque não existe cidadania de verdade sem que as pessoas tenham todos os direitos sociais garantidos.

Quero ser governadora para criar oportunidades de trabalho e renda para as pessoas em todas as regiões, descentralizando o desenvolvimento. Porque o Rio Grande do Norte é um só: do sertão ao litoral, do interior à capital, nascidos aqui ou ali, somos igualmente potiguares.
Quero ser governadora para abrir caminho para o novo e governar para as futuras gerações. Porque ser o novo não é uma questão só de idade: é uma questão de ter coragem para mudar, ter independência para ousar, ter determinação para transformar.
Quero ser governadora para fazer do Rio Grande do Norte um modelo de crescimento econômico e social para o Nordeste e para o Brasil. Porque já chega de projetos eternamente adiados e de sonhos sempre frustrados. Chega de ficar para trás. Chega de pensar e fazer pequeno. Chega de tanto mais ou menos! 
O Rio Grande do Norte é mais. O Rio Grande do Norte pode e precisa crescer. Com a força da união, com a força do povo, vamos fazer o Rio Grande do Norte acontecer! Obrigada pela atenção e vamos à luta! Vamos à vitória!

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