DE RENATO CALDAS A JOÃO LINS CALDAS
João Lins Caldas não dava muito valor ao estilo de poetar de Renato Caldas. Aqueles versos rude, matuto que Renato produzia com irreverência e graça matuta. Mas, Renato não dava muita importância, não. Certo dia, pediu a Maria Eugênia entregar a Caldas ou "Seu Caldas" como era mais conhecido em Assu, no sentido de chateação, uma quadrinha irreverente escrita num papel de cigarro, conforme adiante:
O 'pueta' João Lins Caldas
Um 'e' no nome não tem
Desconfio que esta letra
Falte em 'pueta' também.
De outra feita, Renato copiou um soneto de autoria de Caldas, assinando como fosse de sua autoria e pediu a Maria Eugênia para mostrar a Caldas e, consequentemente, sua opinião: João Lins reagiu na hora: "Cadê aquele ladrão que eu quero dá uns murros nele!'
E Caldas viveu muitos anos de mal com Renato, levando a queixa ao túmulo! Mas, Renato Caldas não nutria nenhuma divergência com o genial João Lins Caldas. É tanto que após a morte do poeta de "Isabel", o eclético bardo Renato Caldas, 'poeta de Fulô do Mato' escreveu um poema sob o título 'Um imortal'. Senão vejamos para o nosso deleite:
João Lins Caldas, o poeta imortal!
Tirou "a camisa da vida" e não morreu!
O seu corpo é que ficou no chão...
Como ficaram os seus versos e os seus rastros.
O espírito voou
Para alcançar
Um mundo diferente...
Mas estrelas ou nos astros.
É mais um Sol a luzir no Céu iluminado!
Um halo de luz na terra sepultado!
Mais uma cruz marcando uma jornada!
Uma corda da lira partida
E uma pena largada.
João Lins Caldas, o imortal, não morreu!
Nosso destino será igual ao seu.
A luz que desprende
Dos 'dínamos"
É uma força imortal
Que rege os mundos.
João Lins Caldas, o poeta,
O imortal esteta,
Tirou a camisa da vida!
E, não morreu...
E há de viver - como sempre viveu.
(Poema escrito no dia 18 de maio de 1967, quando parou o velho e dorido coração do melancólico vate João Lins Caldas).
(Fernando Caldas)









