domingo, 26 de outubro de 2008

JORGE FERNANDES, O POTIGUAR PRECURSOR DO MODERNISMO

Na década de 20 escandalizou a sociedade natalense. Agora, sua obra é fonte de pesquisa para vestibulandos

O início do século XX caracterizou-se pela tentativa de renovação de valores artísticos e culturais e foi marcado, no continente europeu, por violenta crise que desencadeou duas grandes guerras e profundas transformações na vida política, econômica e social mundial. Essas mudanças afetaram a arte ao ponto de surgirem, vários ismos que significam os movimentos artísticos das vanguardas. Em Natal, sabe-se a respeito da euforia de um grupo de intelectuais que conhecia os novos preceitos poéticos, no entanto há apenas uma única produção literária inovadora, a de Jorge Fernandes", afirma a pesquisadora e escritora, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, das disciplinas Teoria da Literatura e Semiótica, Maria Lúcia de Amorim Garcia que foi a responsável pela introdução e organização da 5. Edição revisada do "Livro de Poemas de Jorge Fernandes" que será lançado hoje, na Praça Cívica do Campus Universitário durante a CIENTEC/2008, no estande da Pró-Reitoria de Extensão . Segundo a professora Maria Lúcia, "o reitor pediu que eu organizasse essa obra, porque as duas anteriores, estava com muito erros. Sem contar, a necessidade e a importância, por ser um tema que nos últimos anos aparece com assiduidade como questão de vestibular. Fiz com muito carinho esse trabalho porque admiro Jorge Fernandes pela sua obra extraordinária". Na época da revolução cultural modernista, nos meados de década de 20, a cidade de Natal ainda se encontrava numa espécie de transição da vida provinciana para a moderna. A vida cotidiana brindada pela regionalidade e seus costumes e começava a ter que se habituar com os elementos modernos que se faziam cada vez mais presentes no dia-dia dos potiguares, como: o avião, o automóvel, a luz elétrica, entre outros. Com todas essas novidades os intelectuais da época, como Câmara Cascudo, mantiveram a sociedade informada sobre as transformações culturais ocorridas no país, e o potiguar Jorge Fernandes, cuja poesia conseguiu sintetizar os aspectos mais significativos de toda uma tradição. Ele é considerado um dos precursores da poesia moderna no Brasil. Proprietário do Café Magestic, naquela época era o ponto de encontro de populares e ilustre de Natal, esse poeta viveu todo o período de deflagração e desenvolvimento do Modernismo no estado. Contribuiu em jornais e revistas da época e produziu obras para o teatro. Em 1927, editou sua primeira obra, o "Livro de Poemas". O autor rompeu com as formas antigas de poetar, iniciando o verso livre, sem rima, cantando as coisas mais prosaicas possíveis, o que causou escândalo na província conservadora. A obra de Jorge Fernandes é considerada referência para o período e fizeram com que a obra tivesse repercussões fora da região Nordeste". Em 1964, Veríssimo de Melo publicava o estudo "Dois poetas do Nordeste", da Coleção "Aspectos", do Ministério da Educação e Cultura, abordando o trabalho de Jorge Fernandes e Ascenço Ferreira. Veríssimo de Melo disse "Jorge Fernandes foi o mais autêntico inovador da poesia norte-rio-grandense. Foi o poeta que sentiu e soube interpretar o cheiro da terra, o sabor das frutas, o perfume das madrugadas no sertão, as cores das árvores, o movimento dos bichos, os sons dos sinos velhos das igrejas, dos chocalhos, o canto dos pássaros, a beleza dos crepúsculos, a quentura do sol gostoso de verão da terra papa jerimum". Manuel Bandeira ficou entusiasmado com a poesia de Jorge Fernandes a ponta de dizer o seguinte: "Jorge Fernandes falou em muitos dos seus poemas com um timbre que é só dele: falou das coisas do Brasil com o sabor que é só dele; aquele seu livro deve estar na biblioteca de todos os brasileiros". Outro admirador do poeta potiguar foi Mário de Andrade que fez o seguinte comentário: "O admirável "livro de Poemas" que publicou no ano passado (1927) é isto: uma memória guardada nos músculos, nos nervos, nos estômagos, nos olhos, das coisas que viveu. O livro pode ser um bocado irregular pelos tiques de poética antiga, ainda mais humanamente brasileiras da poesia contemporânea".


Reporte: Daniel Pacheco


(Artigo transcrito do Jornal de Hoje, 24.10.2008

Um comentário:

Anônimo disse...

voce devia ter as cariteristica do modernismo potiguar

MANOEL CALIXTO CHEIO DE GRAÇA E quem não se lembra de Manoel Calixto Dantas também chamado de "Manoel do Lanche?" Era um dos nosso...