segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

POEMETOS DE JOÃO LINS CALDAS



I

E essa carta esperada,
Que dizia somente,
Simplesmente:
- "Consola-te. Afinal não há mais nada"
- "Não há mais nada? E o coração da gente?

II

A lua que me dirão?
Precisa talvez de irmão.

Eu sou tão só sobre a Terra,
Tanta luta, tanta guerra...

A lua que me dirão?
Se ela precisa irmão
Eu já que abandono a Terra.

III

Culpa-te a ti somente, a ti culpa.
A ti somente, ó grande desgraçado!
Culpa-te a ti de ser desventurado
Culpa-te a ti de ser já sem desculpa,
Amaste por amor. Amaste crendo.

IV

Quero-te. Vem. As carnes palpitantes
A forma nua onde a beleza mora...
És tu. Quero-te assim. Meu corpo implora
A graça que desce dos contornos...
Trêmulas as mãos e os lábios mornos.

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