Seu Caldas, o "poeta da solidão e da dor" como define Maria Eugênia, em data de 1909 residia no povoado de Sacramento (fundado pelo meu bisavô paterno Luiz Lucas Lins Caldas) atual município de Ipanguaçu. Naquele ano ao ver um touro passar para o matadouro daquela localidade, levado por certo marchante (negociante de carne) escreveu o soneto intitulado Um Touro, cujos versos fora divulgado no Brasil e no exterior. Vamos conferir o célebre soneto:
Vais morrer, vais morrer... O cepo do marchante
Vais morrer, vais morrer... O cepo do marchante
Breve te pesará sobre a cabeça rude...
E tu, pobre animal, sem crime e sem virtude,
Nunca mais hás de ver o teu curral distante.
Jamais hás de provar, num mourejar constante,
Entre vacas e bois, a revelar saúde
Das águas de cristal do mais sereno açude
Ou do verde capim do campo mais fartante.
A tua pobre carne há de servir de pasto...
E quando fores nada, quando fores gasto,
Te resta esse consolo, o consolo dos mortos:
Morreste por servir, alimentando vidas,
Muito franco pesar, muitas dores compridas,
Muitos cegos que vão pelos caminhos tortos...
E tu, pobre animal, sem crime e sem virtude,
Nunca mais hás de ver o teu curral distante.
Jamais hás de provar, num mourejar constante,
Entre vacas e bois, a revelar saúde
Das águas de cristal do mais sereno açude
Ou do verde capim do campo mais fartante.
A tua pobre carne há de servir de pasto...
E quando fores nada, quando fores gasto,
Te resta esse consolo, o consolo dos mortos:
Morreste por servir, alimentando vidas,
Muito franco pesar, muitas dores compridas,
Muitos cegos que vão pelos caminhos tortos...
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