de inspirações magistrais,
nascidos ao farfalhar
dos verdes carnaubais.
Minha terra floresceu
às margens do rio Assú,
e deu filhos que lutaram
nos campos de Curuzu.
A minha terra provém
de indígenas e portugueses,
e traz, no sangue, também,
o sangue dos holandeses.
Se os seus filhos, quando nascem,
talento não denunciam,
Morrem na infância primeira,
porque asnos lá não se criam.
Muitos deles, quando querem
dar asas à inspiração,
emigram para outras plagas,
como aves de arribação.
E, mesmo sentindo dalí,
vem cantar seus amores
às margens do Potengi.
E olhar de perto a praieira
da canção de Otoniel,
de olhos ternos, cismadores,
lábios doces como mel,
que ama escutar trovadores,
que tenham vindo de lá,
para dizer-lhe ao ouvido
estrofes de Itajubá.
Minha terra tem história,
poesia e tradição!
E em tempos idos, já foi
a Atenas do meu sertão.
Antigamente, a escola
lá era risonha e franca,
e o negro, banqueteado,
nos salões do amplo sobrado
do Barão de Serra Branca.
Teve seu berço no Assu,
Luiz Carlos Lins Wanderley,
que, médicin, malgré tout,
era poeta de lei.
E os Soares e Amorins,
Macêdos, Caldas e Lins,
e outras mais, que ainda há,
- os quais, logo que nasceram,
inspiração receberam
nas águas de poassá.
Na poesia popular,
houve Moisés Sesiom,
que, semelhante a Bocage,
glosava no melhor tom.
E não se deve esquecer
João Celso e Palmério Filho,
que, na tribuna e na imprensa,
pontificaram com brilho.
Deus te salve, terra amada,
berço dos meus ancestrais!
Eu morreria de mágoa
se não te revisse mais.
Se não pudesse beijar-te,
escutando o farfalhar
dos verdes carnaubais.
(Rômulo Wanderley - 1910 - 1972 - poeta potiguar do Assu).
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