sábado, 10 de abril de 2010

ESTÓRIA DA HISTÓRIA

(Artigo de Agnelo Alves transcrito do jornal Tribuna do Norte, de Natal, 4.42010).

JK LEVOU O PSD-RN A APOIAR A CANDIDATURA DE ALUÍZIO ALVES PARA GOVERNADOR

O Presidente Jk tinha uma admiração, à distância, pelo então deputado, Aluizio Alves, Vice-líder da bancada da ONU na Câmara Federal, redator-chefe da TRIBUNA DA IMPRENSA, amigo pessoal de Carlos Lacerda, com poderes, inclusive, de vetar artigos, mudar manchetes, enfim, como o próprio Lacerda costumava chamar aluízio de "DBS" - Departamento do Bom Senso.
JK sabia como ninguém que Aluízio continha os arroubos mais radicais de Carlos Lacerda, vetando os artigos mais violentos, alguns dos quais reescrevia ou mandava para o recém-eleito deputado, José Sarney, reescrever. Lacerda tomava conhecimento quando a TRIBUNA DA IMPRENSA circulava. Uma prática que vinha desde os tempos do governo Vargas.
Quando Aluízio e Lacerda foram a Londres conversar com Jânio Quadros como emissários da UDN, Aluízio notou que a cada igreja nova que visitava, Carlos Lacerda ajoelhava-se e rezava com um fervor que não passava despercebido pelos circunstantes. Um dia, Aluízio perguntou a Carlos Lacerda porque tanto fervor.
"Sabe Aluízio, rezo pela alma de Getúlio Vargas" - respondeu Carlos Lacerda, acrescentando que não lhe movia nenhum remorso pela oposição que comandara contra o Governo de Vargas. Mas, sentia, interiormente, que o ex-presidente brasileiro, que se suicidara quando tomou conhecimento que os generais estavam chegando para depô-lo, precisava de orações e, portanto, ele fizera um propósito de todas as vezes que conhecesse uma Igreja o primeiro ato que lhe cabia cometer era ajoelhar-se e rezar pela alma dele, Getúlio.
Estávamos na calçada do Hotel Serrador, aguardando Aristófenes Fernandes, quando Aluízio foi chamado para atender uma ligação. Era Zé Aparecido, marcando um encontro na sede da UDN, ali perto. Eu ficararia no Serrador, aguardando Aristófenes e Aluízio foi ao encontro de Aparecido. JK queria que o PSD do Rio Grande do Norte apoiasse a candidatura de Aluízio ao governo do Estado.
Já tinhamos conhecimento que Geraldo Carneiro, assesssor mais próximo de JK, esteve conversando com Aparecido, de quem era primo, com aquele objetivo. Na conversa, estabelecida na sede da UDN, Aparecido queria comunicar a Aluízio que o ministro da justiça, Armando Falcão, foram chamado por JK que o incubiu das providências e conversações com o "major" Teodorico e o PSD do Rio Grande do Norte. Aluízio ligou para a portaria do Hotel Serrador pedindo que eu e Aristófanes fossemos ao encontro dele e de Aparecido na sede da UDN.
Aluízio queria assumir pessoalmente, sozinho, uma posição, em face de sua condição de vice-lider da oposição na Câmara Federal. Nada a ver uma coisa com a outra. Aluyízio já, inclusive, renunciara à vice-liderança para fazer a campanha. E para ganhar mais fácil precisava do apoio do PSD, já com a dissidência enorme disposta a apoiar a sua candidatura. Aristófenes e eu demos apoio imediato.
Dali mesmo Aparecido marcou um encontro com Geraldo Carneiro. Fomos Aluízio, Aparecido, Aristófanes e eu. Desse encontro, resultou uma ligação telefônica para o ministro Armando Falcão que deveria chamar Teodorico, comunicando a decisão do Presidente JK. Teodorico ainda resistiu. Mas, o desejo de JK era respaldado pela dissidência pessedista formada por Aluízio Bezerra, Olavo Montenegro, Seráfico Dantas e, de uma maneira discreta, pelo monsenhor Walfredo Gurgel, Lauro e Juanita Arruda, além de tantos e tantos outros pessedistas do Rio Grande do Norte. A reunião do PSD foi na casa de Rui Paiva, também dissidente para apoiar Aluízio, desde quando Aluízio se declarou candidato.
Aluízio deu uma demonstração clara e pública de prestígio ao PSD, escolhendo para seu candidato a vice-governador o monsenhor Walfredo Gurgel e, numa noite de inverno, saiu de Angicos para a fazenda de Teodorico, em Santa Cruz, acompanhado de Aluízio Bezerra e Olavo Montenegro, para selar o apoio do PSD.

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