domingo, 17 de outubro de 2010

CÂNDIDO, O VAQUEIRO

Há muito tempo que eu precisava falar um pouco sobre Cândido Jonas Batista ou "Cândio de Vem-Vem" como era chamado por aqueles de sua época. Romeiro devoto de São Francisco de Canindé e padre Cícero Romão Batista, do Juazeiro. Certa vez, ele me trouxera uma fotografia sua tirada do alto da estátua de Padre Cicero. Ai eu perguntei a ele: Cândio, se você pulasse daquela altura não escapava nem a sua alma. Morreria ligeira, não achas? E ele naquela sua fé respondeu na hora:: "Claro que eu não morreria!"

Vaqueiro de profissão, pouco sei da sua origem, de seus ancestrais. Sei, apenas que meus avós maternos Fernando Tavares - Vem-Vem (que era fazendeiro nos sertões do Assu) e dona Celeste, tinha para com ele, muita confiança e simpatia.  

Viveu parte da sua vida de simples vaqueiro na Fazenda Tanques então de propriedade de Vem-Vem, hoje pertencente a Tarcísio de Sá Leitão, no caminho de Paraú, vizinho a Fazenda Cruzeiro que pertencia a outro grande criador daquela região chamado Epifânio Barbosa, também extremando, salvo engano, com outras famosas fazendas Camelo e Limoeiro, de propriedade de João Celso Filho. 

Estatura mediana, andar ligeiro, manso. porém decidido. Sabia como ningém comprar e vender gado. Gostava das festas de vaquejada dos velhos tempos do Assu. A Festa de São João Batista, padroeiro da terra assuense, era a sua praia, a melhor festa para ele. Não perdia uma noite de quermesse, uma noite de missa na na Matriz.

Foi amigo intransigente da família Tavares do Assu (filhos do casal Celeste e Vem-Vem) até morrer no dia em quem saiu de minha casa na cidade de Assu, à tardinha, para salvar um burro (jumento), que se encontrava ilhado no Sítio Baldum de propriedade de meu pai Edmilson Caldas de quem foi vaqueiro obediente, além de amigo durante décadas, quando tomou conhecimento que o rio Piranhas/Açu estava transbordando, de barreira a barreira na expressão popular, no inicio da década de oitenta.

Aquela fato, sua intenção de querer salvar um jumento arriscando a sua própria vida,  a impressa escrita do estado noticiou, levando ao conhecimento de uma organização não governamental que lutava pela preservação daquele espécie em fazer um documentária sobre a sua vida de vaqueiro e amigo daquele "pobre animal". 

Afinal, de Cândido, digo: Foi meu amigo leal como poucos". Um dia, sabe Deus, haveremos de nos reencontrarmos na eternidade!

Fernando Caldas

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