Por Joao Celso Neto
“Longe de holofotes ou badalações, neste 18 de dezembro, em Brasília, Maria Olímpia Neves de Oliveira recebeu, em suas palavras, as pessoas mais queridas para um almoço em que celebrou seus 90 anos.
Ali estiveram os parentes, amigos, ex-colegas do Incra e vizinhos ou companheiros de Igreja.
Ela, que exerceu a política do P (maiúsculo) no Rio Grande do Norte por muitos anos e que voluntariamente optou por ser apenas uma servidora pública aposentada, retraída e afastada das lides (por mais que, quem sabe, ainda pudesse influenciar algum antigo “eleitor seu” – ainda os há), é um exemplo de vida.
Lúcida e com uma memória privilegiada, vez por outra é consultada para dar seu testemunho do que se passou e como se passou determinado fato no Açu, de 1940 a 1969 (quando encerrou seu mandato de Prefeita Municipal).
A “Onça”, como era conhecida, gozava de prestígio em todo o Estado. Mesmo residindo longe (Rio ou Brasília), foi convidada algumas vezes para ir participar de campanhas políticas, pois sua presença, seu discurso ou uma simples carta poderia representar mais um punhado de votos. Acedeu aos convites umas poucas vezes, talvez não mais que duas ou três.
Seu maior orgulho é ter sido professora primária de algumas gerações, no velho Grupo Escolar Tenente-Coronel José Correia, do qual foi também diretora.
Era excepcional no mister de ensinar, formada na Escola Normal do Colégio Nossa Senhora das Vitórias em uma turma de outras tantas professoras que fizeram história. Digo-o com conhecimento de causa, pois foi ela quem me ensinou a ler e a escrever, em 1949 ou 1950 (não me lembro mais).
Um outro traço marcante de sua personalidade ímpar é não guardar rancor ou ideia de revanchismo em relação àqueles que, em algum momento ou de alguma forma, lhe hajam criticado ou se posto em polo oposto. Certamente, ela foi para o outro lado também, em relação a muitos.
Aqui, por exemplo, esteve com Dinarte Mariz e Aloisio Alves (que, longe do RN, conviviam como mandam as regras de boa polidez; AA visitou DM em seu leito de morte, acho).
O espírito cristão se manifesta na ajuda a muitos necessitados. Chego a dizer-lhe que ela está sendo explorada. Tem uma vida extremamente regrada, controlando sua aposentadoria modesta e sempre pronta a mandar rezar uma missa pela alma de quem lhe pareça merecedor ou necessitado. Que o digam os artistas, sobretudo os de antigamente: Luiz Lua Gonzaga (seu hóspede tantas vezes e que tive oportunidade de testemunhar um último reencontro dos dois aqui em Brasília uns poucos meses antes da morte dele), Jackson do Pandeiro, Nélson Gonçalves, .... sem prejuízo de mandar rezar pelo judeu Bussunda.
Maroquinhas constitui realmente um exemplo raro: passou mais de 40 anos mandando e desmandando, mas se retirou da vida pública tão pobre quanto nela ingressara.“
Postado por Fernando Caldas
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