sábado, 19 de fevereiro de 2011

ADONIAS, O BOM COMPANHEIRO

Adonias Bezerra de Araújo [1930-2011] era tipo baixo, andar ligeiro, manso, conselheiro, amigo leal, decidido. Conheci aquela figura no começo dos anos setenta (mas eu já tinha notícia de sua existência), quando ele chegou à minha querida cidade de Açu para fixar residência, procedente, salvo engano, do interior do Paraná, para onde regressou nos idos de sessenta. No Açu chegando em companhia de sua mulher Maria, além de seis filhos (com os quais gozo ainda de boa amizade), nomeado Coletor da Fazenda Estadual. Antes, porém teria percorrido o Vale do Assu adentro junto com Dom Eliseu (Bispo da Diocese de Mossoró) de quem era secretário e com quem conviveu grande parte de sua vida. 

Logo que chegou na terra açuense, além dos seus serviços na qualidade de funcionário público estadual, prestou serviços educacionais, dirigindo o importante Ginásio Pedro Amorim [da CNEG]. Ele foi diretor naquele educandário ainda no começo da minha juventude, nos meus tempos de estudante, se não me falha a memória, em 1973.

Não foi difícil para ele e seus familiares se entrosar com as pessoas do Açu, participar ativamente  das reuniões sociais nas calçadas do Largo da Matriz de São João Batista, dos eventos daquela terra  festeira e acolhedora. Ali conviveu com grandes figuras, como o casal Maria Eugênia (escritora imortal da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras) e Nelson Montenegro, dentre outras pessoas. 

Companheiro do Lions Clube daquele lugar, participou também dos movimentos políticos, rurais, cooperativistas, afinal, amou a Açu (como se lá tivesse nascido), terra que lhe acolheu para viver durante mais de vinte anos. Tempos depois com aquela perseverança que lhe era peculiar, já maduro, sexagenário, fez o curso superior no Campus Avançado do Açu, da UERN, e depois já residindo em Natal, formou-se em Direito, pela UFRN.

Adonias nasceu no município de Carapeba, atual Afonso Bezerra, região central potiguar, viveu em Macau-RN, aonde seu pai Venâncio Zacarias com ação marcante na política Norte-rio-grandense, foi prefeito nos velhos tempos da UDN e da ARENA. Pena que ele partiu para o outro lado aos 80 anos de idade com uma lucidez invejável, em plena atividade profissional.

Vai, Adonias, com aquele seu caminhar ligeiro pelas estradas da eternidade, na certeza de que você foi justo, bom filho, bom esposo, bom pai, bom avô, bom amigo, generoso sobretudo. Por isso você não morreu, pois no dizer do poeta,

"morrem os ditadores, morrem os que matam, morrem os que assassinam, morrem os que ferem, morrem os que. maltratam, morrem os que acarretam, morrem os que aguilhoam".

Afinal, dele, Adonias, se tem muito ainda a se contar e dizer. Pena que ele não chegou a publicar o seu  decantado livro do qual me falava tanto, a sua autobiografia.

Descansa em paz, Adonias! Dorme o sono dos justos, dos humanos!

Fernando Caldas

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