terça-feira, 1 de março de 2011

Minha vida de carioca

Tive a ventura de ir morar no Rio de Janeiro (ainda Distrito Federal) antes dos 15 anos de idade (faltavam 17 dias para meu aniversário quando ali cheguei). Antes, o Rio era uma imagem colhida nas chanchadas da Atlântida e nas páginas de Manchete e Cruzeiro, as grandes revistas semanais da época, desde meu tempo de menino em Natal-RN.

Comecei pelo Santos Dumont, onde pousou o avião do Lloyd Aéreo naquele 1º de janeiro de 1960. Minha primeira viagem em solo foi até Lins Vasconcelos, onde ficaria morando cerca de dois meses, antes de nos mudarmos para Botafogo (março) e Copacabana (em junho). Sem prejuízo de passear bastante, quase todo dia, para ir conhecendo “tudo”, principalmente a Zona Sul. Se não me trai a memória, minha primeira ida ao Maracanã foi no domingo seguinte à chegada, um São Paulo x Fluminense pelo antigo Torneio Rio-São Paulo.

E, ainda morando em Lins, fui estudar no final de Ipanema, na rua Nascimento e Silva (Colégio Rio de Janeiro), onde fiz todo o colegial (“científico”, de 1960/62). Pertinho do Bar 20, onde o bonde Leme-Ipanema (20) fazia a volta. Em 1978 fui morar ali perto, na rua Barão da Torre.

A Cidade Maravilhosa foi o esperado deslumbramento, mesmo para quem (nas palavras inspiradas de Caetano) vinha de um sonho feliz de cidade. Fazia jus ao epíteto, sem dúvida. Um paraíso não seria melhor. E naquele tempo efervescente da cultura nacional (bossa nova, cinema novo e tudo o mais) aliado a uma realidade em que as pessoas, por mais ilustres ou famosas, circulavam pelas ruas e frequentavam as lojas, os cinemas, as lanchonetes ou a praia. Quantas vezes cruzei com Vinicius, Tom Jobim, Sérgio Porto (morava perto de nós, na Leopoldo Miguez) ou Garrincha, Antônio Carlos (pai da Glória Pires), Edu Lobo e Vanda Sá, Narinha Leão, ... até encontrei artistas estrangeiros pelas ruas (uma noite, perto lá de meu apartamento, levei um papo em francês com Sacha Distel). Sem falar nos programas de auditório da TV Rio (Posto 6) onde vi, ao vivo, Françoise Hardy e Rita Pavone, dentre outros.

Uma tarde, eu passava pela Cinelândia, havia um amontoado de gente onde era o STF; era Eisenhower (à época, presidente dos Estados Unidos). Estive a meio metro dele, sem cordão de isolamento. E, nos comícios, conheci e conversei com todos os políticos que quis. Um Deputado Federal (do RN) era íntimo nosso (eu almoçava na casa dele pelo menos duas vezes por semana) e punha-nos todos na sua Kombi e saía dirigindo para irmos a São Conrado (o Bem).

Belos, bons e saudosos tempos... Deus foi muito bom comigo ao me permitir ter essas experiências e viver para contar. De certa forma, fui testemunha ocular da história de inúmeros fatos.

Escrito por J.Celso

Nota do blog: João Celso Neto é poeta açuense dos bons. Está radicado em Brasília-DF aonde exerce a profissão de advogado. Ele é sobrinho da minha querida amiga Maria Olímpia Neves de Oliveira - Maroquinhas (residente na capita federal) que foi prefeita do Açu-RN. Antes João Celso trabalhara na EMBRATEL). O texto acima está postado em seu blog intitulado "Falando O Que Penso". Vale a pena conferir o seu excelente blog! 

Fernando Caldas

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  UMA VEZ Por Virgínia Victorino (1898/ 1967) Ama-se uma vez só. Mais de um amor de nada serve e nada o justifica. Um só amor absolve, santi...