terça-feira, 1 de março de 2011

SONETO DE AMOR

Na morada dos astros luminosos
Fui astro. Namorado das estrelas,
Desci, cheguei à terra. Entre as donzelas
Estava o meu amor. Ébrio de gosos,


Olhei-te. Amei-te então. Os teus formosos,
Olhos meigos, lembrando estrelas belas,
Eram graça, eram luz. Pelas procelas
Cantava o nome teu. Os amorosos


Que à terra moram, invejosos, graves,
Me invejavam também. Quantos felizes
Que o mundo guarda nos seus longos lastros...


Mas, ó! Deixando a terra e seus entraves,
Diferente de mim, que já maldizes,
Me deixaste buscando o céu dos astros.

João Lins Caldas (1888-1967) poeta potiguar do Açu

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