segunda-feira, 7 de março de 2011

UM ESTRANHO CRUZAMENTO - Artigo de Públio José


Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)

Hoje é sentido por todos que Natal é um grande engarrafamento. De norte a sul, de leste a oeste ninguém escapa mais desse enorme transtorno. Não existe mais horário nem lugar onde não aconteçam filas e mais filas de carros tentando chegar aos seus destinos. Acabou aquele tempo em que você, para qualquer área da cidade que se deslocasse, consumia entre 15 a 20 minutos. Agora, para atingir certos pontos de Natal, além do desgaste e do stress, é necessário o tempo absurdo de até uma hora no trânsito, engatando uma primeira e, no máximo, uma segunda marcha, quase o mesmo tempo que se leva para João Pessoa. Esse fenômeno registra, sem sombra de dúvidas, que a cidade está crescendo, embora também deixe consignado que, na mesma proporção do aumento do número de automóveis, também vai pro beleleu a qualidade de vida do habitante da cidade. Será o preço do crescimento?

De forma simplista, podemos dizer que sim. Porém, serão necessários tantos transtornos diários (os do trânsito principalmente) para Natal adquirir o carimbo de cidade que cresce? Ou poderíamos almejar o patamar de urbe desenvolvida sem termos que carregar os problemas e dissabores das chamadas grandes cidades? O certo, entre outras questões, é que Natal nunca mais foi objeto de obras que adequassem sua estrutura urbana ao movimento dos novos residentes (e seus carros) que para aqui vieram – e continuam a chegar. Aliás, faz um tempão que a cidade não é contemplada com obras viárias que enlargueçam e ampliem suas ruas e avenidas – para dar solução às demandas decorrentes das altas taxas de crescimento alcançadas ultimamente. Aí, na inexistência de tais obras, um preço é cobrado. Que preço? Engarrafamentos, trânsito lento, exasperação... Transtornos, enfim.

E muita confusão e desconforto por toda parte, com as costumeiras demonstrações de incivilidade, agressividade, impaciência coletiva, buzinaços, apupos e xingamentos À falta de semáforos e guardas de trânsito em certos cruzamentos, o motorista e o pedestre respondem com uma verdadeira avalanche de palavrões e a prática de um sem número de irregularidades. Entretanto, nesse caos que, lentamente, vai se estabelecendo na cidade, uma exceção chama a atenção. É o caso do trecho sem semáforos – e ausentes guardas municipais – no “t” formado pelas ruas Dionísio Filgueira com Major Afonso Magalhães, próximo à avenida Getúlio Vargas, no bairro de Petrópolis. É uma área normalmente engarrafada, mas que, ao contrário do que era de se esperar, não registra entre seus atores os naturais e constrangedores espetáculos de agressividade e grosseria normalmente vistas por aí. Estranho, não?

O clima ali é civilizado, sem que alguém ou algum órgão tenha dado as caras para sinalizar formas e regulamentos a serem seguidos para o trânsito fluir melhor. Quando o fluxo fecha na Getúlio Vargas, os motoristas na Dionísio Filgueira param e permitem a passagem de quem vem pela Afonso Magalhães, numa manobra que facilita as coisas pra todo mundo e gera um clima de entendimento dificilmente visto. Não deixa de ser interessante a visualização dos próprios motoristas se monitorando, permitindo, com isso, a prática de um surpreendente cavalheirismo, além de uma demonstração bem vinda de educação e bom senso. De admirar, além do mais, que essa atitude coletiva não tenha um dono, fato que a habilita ainda mais como exemplo para outras áreas da cidade. Até quando essa situação vai perdurar ninguém sabe. Ou o fim virá quando aparecerem os tais poderes constituídos?

Postado por Fernando Caldas





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