domingo, 17 de abril de 2011

Aluízio Alves em revista

Yuno Silva - repórter

A trajetória do jornalista Aluízio Alves (1921-2006) se confunde com a recente história do Rio Grande do Norte. A afirmativa pode até soar exagerada para alguns, mas, como diz o velho ditado, “a César o que é de César”. Advogado e político atuante, foi Aluízio Alves quem ressaltou a presença do até então inexpressivo RN no mapa do Brasil. Responsável pelo desenvolvimento de diversos setores que impulsionaram, e impulsionam até hoje, a economia potiguar, colecionou série de cargos nos poderes legislativo e executivo: foi deputado federal, governador, ministro de Estado e teve seus direitos políticos suspensos pelo famigerado Ato Institucional nº 5 (AI-5), durante a ditadura militar. Visionário, fundou esta TRIBUNA DO NORTE há exatos 61 anos, e ajudou a construir o grupo Cabugi de Comunicação.

adriano abreuAluízio Alves Filho homenageará o pai com edição sobre sua sua históriaAluízio Alves Filho homenageará o pai com edição sobre sua sua história
Mas, por trás da figura pública e da face empreendedora, um homem simples ligado à família. Amigo e conselheiro. “A família sempre foi sua prioridade, e ele transmitiu isso para todos os filhos e amigos à sua volta”, lembra o amigo Luiz Antônio Porpino, 69.

Natural de Angicos, município da região central do Estado, distante 170km da capital, Aluízio Alves ganha merecida homenagem – por sua dedicação e compromisso com o Estado – no próximo dia 11 de agosto, quando será lançada a revista “Revivendo Aluízio Alves, a luta da esperança”, a ser encartada nos principais jornais de Natal. A data escolhida marca o dia de seu nascimento. “Há pelo menos seis meses venho trabalhando nessa ideia, colecionando depoimentos, juntando informações, reportagens e fotografias”, disse Aluízio Alves Filho, empresário e coordenador do projeto. “A intenção é produzir recorte fiel de uma época, norteada pelos fatos políticos que marcaram a vida de papai”, adiantou.

‘Aluizinho’, como é mais conhecido entre os amigos, quer editar um documento definitivo sobre a vida política do pai. “São fatos isolados que vamos costurar com textos e fotos. Escolhemos um formato grande para evidenciarmos o conteúdo da revista”, adianta.

Testemunha ocular de boa parte dos acontecimentos políticos que figurarão na revista, Aluízio Filho já lançou outros dois livros em homenagem ao pai: “Lições que aprendi com ele”, de janeiro de 2009; e “Repensando o tempo, enfrentando a saudade e a vida”, de agosto do ano passado. “Depois da perda, vivo de saudade e sempre em busca de força e motivação para enfrentar a vida”, diz emocionado.

A revista está sendo editada por Márcio Xavier, pelo jornalista Sílvio Santiago e pelo designer Jimmy Free. “Revivendo Aluízio Alves, a luta da esperança” também conta com colabores de peso como o jornalista Vicente Serejo, que assinará um dos artigos, mais trechos de discursos, detalhes de campanhas e depoimentos dos amigos e ex-assessores Ivanaldo Bezerra, Cláudio Emerenciano e Luiz Antônio Porpino, o ‘Marechal Porpa’. Grande parte do conteúdo histórico faz parte do Memorial Aluízio Alves, em funcionamento na rua Raimundo Chaves, 2200, Candelária (em frente a Inter TV Cabugi) – aberto ao público de terça à quinta-feira, das 9h às 12h e das 15h às 18h. Informações pelo telefone 3234-3422.

Entre as passagens citadas por Aluízio Filho que estarão na revista, destaque para a inauguração do hotel Reis Magos, em 1965; a iluminação da avenida Mário Negócio e o início da construção da Cidade da Esperança. “O que era para ser uma simples inauguração, se transformou em um grande acontecimento”, contou Aluizinho sobre a iluminação da Mário Negócio. “Lembro bem: quando chegamos lá tinha um mar de gente nos esperando”, orgulha-se. Ainda sobre a revista, o primogênito de quatro filhos também considera a possibilidade de ser encartado material multimídia. “Esse material multimídia também pode ser organizado em uma próxima oportunidade. Vou estudar isso, pois conteúdo não falta”, garante.

Outra passagem marcante, segundo Aluízio Filho, foi “a reconciliação de papai com (o ex-Governador) Dinarte Mariz (1903-1984), quando este estava no hospital”.

Sobre esse episódio, Porpino    traz alguns detalhes: “Aluízio e Dinarte eram parceiros políticos até 1959, quando Mariz decidiu apoiar Djalma Marinho para o governo estadual. Foi um rompimento traumático, pois a carreira política de Aluízio iniciou-se, inclusive, com apoio de Dinarte, então líder da UDN (União Democrática Nacional)”, contou. Aluízio ganhou as eleições para Governador do RN em 1960, e os ânimos esquentaram de vez quando a ditadura militar entrou em cena: Dinarte Mariz voltaria ao comando da política papa-jerimum, fato que culminaria com a cassação de Alves.

“Aluízio Alves contrariou a tendência natural das coisas e derrotou o candidato (Marinho) que tinha a máquina pública a seu favor. Também foi pioneiro na utilização do marketing eleitoral e de pesquisas de opinião pública para nortear campanha eleitoral. Nunca foi apegado a nenhuma ideologia, tanto que aglutinava políticos e simpatizantes de várias tendências”, completa. Administrador, articulista, pesquisador e graduando em História pela UFRN, ‘Marechal Porpa’ cultivou mais de meio século de amizade com Aluízio.

Vale ressaltar que Aluízio Alves participou ativamente do circuito nacional político e jornalístico, fundou a Tribuna da Imprensa com Carlos Lacerda, no Rio de Janeiro, e foi responsável por significativas melhorias nos setores de Turismo (interiorizou a rede de hotéis e inaugurou o Reis Magos), educação (chegou a construir 1,3 mil salas de aula em um mandato), transporte (ampliou a malha viária) e incrementou os recursos energéticos  (criou a Cosern e construiu açudes). “Foi, sem dúvida, a maior figura política do século 20 no RN”, finaliza Porpino.

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