Alta a noite, no espaço, a chuva se desata.
Em ondas, pela tera, as águas invernadas,
Molhando docentemente as plácidas estradas,
Tem sob todo olhar um cintilar de prata.
Sobre o chão a bater num rumor de cascata
Pelas grotas desliza em dobras elevadas
Nas ruas orvalhando as portas e as calçadas
E nos campos molhando as árvores da mata.
Carregada de frio, avolumada e austera,
Com o viço da umidade enriquecendo as terras
Segue firme a orvalhar as ramadas inteiras.
E por ser quem no globo este aguaceiro gera
É quem sabe molhar as colinas das serras
E viver imortal no corpo das mangueiras.
João Lins Caldas
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