sábado, 2 de abril de 2011

SOBRE JOSÉ GONÇALVES DE MEDEIROS

José Gonçalves de Medeiros era potiguar de Acari. Poeta, seminarista, advogado, orador, ensaísta, intelectual. Deu a sua colaboração literária na imprensa de Natal, João Pessoa e Recife, estudou no velho Atheneu, de Natal, e na velha Facudade de Direito do Recife. Político, deputado estadual constituinte [eleito em 1947] junto com Pedro Amorim, Abelardo Calafange, Mário Negócio, Moacir Duarte, Dix-Zuit Rosado, Aristofanes Fernandes, Ezequiel Fonseca Filho, Djalma Marinho, Silvio Pedrosa. No governo de Dix-Sept Rosado exerceu o cargo de Diretor da Imprensa Oficial do Estado. Nasceu em 1919 e morreu no desastre aviatório do rio do Sal, nas proximidades de Aracaju (SE) numa manhã de 12 de julho de 1951 (poucos meses antes teria sofrido um acidente automobilístico que vitimou o mossoroense Mário Negócio, numa viagem com destino a capital pernambucana, nas proximidades de Tacima, na Paraíba) que vitimou também o governador Dix-Sept Rosado, entre outros auxiliares e amigos daquele governante, como Fernando Tavares (Vem-Vem) e Maria Celeste Tavares (meus avós materno), da cidade de Açu. O poeta Gonçalves em 1945 teria produzido o premonitório poema sob o título "Despedida do Pássaro Morto", pois quis o destino pelo qual era perseguido, que ele morresse voando numa aeronave. Sobre ele, o jornalista Ticiano Duarte conta um episódio "espantoso e esquesito" no seu próprio dizer, que certo dia, poucos meses da morte dele, Zé Gonçalves, teria sido convidado por ele para entrar numa certa igreja do Centro do Recife ao que Gonçalves teria lhe mostrado uma inscrição tumular da seguinte forma: "José Gonçalves de Medeiros, 1908. Saudades dos seus familiares".  

Vamos conferir o referenciado poema adiante transcrito:

O vôo também é sensualidade
Estremeço e vibração de pássaro
Que possui e penetra o
espaço.
E era como se possuísse
e penetrasse a alma
do tempo.
Se eu morrer como
um pássaro
Deixo aos que me amaram, aos que
me quiseram e me
gostaram, como eu
era, o meu sempre
displicente adeus.
Estou compreendendo
que se morrer num vôo
antes de tocar a terra
do mundo, serei como
a pena do pássaro
ferido de morte.
Serei um pássaro de
fogo que vem do
céu para repousar
no seu ninho de areia.
Chorem, bebam, dancem,
riam, passeiem, pela
alma do amigo que
não foi pássaro mas
morreu como eles.


Fernando Caldas

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