Existem várias versões acerca da origem da modinha mais difundida no Nordeste e mais cantada nas serenatas potiguares. Trata-se da composição intitulada "A serenata do pescador", nome original, mas que o povo, com o seu poder mágico de transformar as coisas, denomina apenas de "Praieira", de Otoniel...
De todas as versões que correm, registramos a mais atualizada, ou seja, a própria palavra do autor do poema, quando de uma enquete promovida pelo folclorista Veríssimo de Melo, nas colunas de " A República", em 1958.
Dizia Otoniel Meneses:
- Em 1923, eu era remador e orador do "Sport Clube de Natal". Ao se aproximar o regresso dos pescadores que fizeram o "raid" de Natal ao Rio de Janeiro, em jangadas, pediram-me para escrever um discurso de saudação e uns versos alusivos ao acontecimento. Escrevi logo o discurso. Mas os versos deram-me maior trabalho. Passei uma semana toda acordado, escrevendo-os. Imaginei um pescador que voltava de viagem, cantando uma serenata à porta da namorada. No dia seguinte - era o dia da solenidade - reli os versos e achei-os "frios". Não gostei. É tanto que fiz o discurso e não tive coragem de declamar os versos. Dei o título de "A serenata do pescador", mas o povo preferiu mudá-lo para "Praieira", aproveitando a primeira palavra da estrofe inicial.
Como viram, o autor contou a história verdadeira, tantas vezes escutadas nas tertúlias, na casa do pai do autor de Trovadores Potiguares, musicata e sebenteiro Gabriel Saraiva, um dos maiores amigos (e até compadre), do poeta Otoniel Meneses.
Composto o poema, Otoniel Meneses andou mostrando-o a seus colegas, que achavam uma jóia da poesia. Todos eram unânimes em que o poema fosse musicado. Foi quando surgiu o poeta Bezerra Júnior, que lhe apresentou o violonista Eduardo Medeiros, clarinetista de primeira grandeza e um dos tocadores de violão, por música, na época em que surgiu " Praieira". Posta a música por Eduardo Medeiros, a célebre canção natalense foi cantada, oficialmente, pela primeira vez, em dezembro de 1923, no teatro "Carlos Gomes", pela voz deliciosa de Deolindo Lima, uma das figuras de maior projeção nos meios artísticos de Natal antiga.
Recordaremos aqui que, tanto o poeta Otoniel Meneses, quanto o compositor Eduardo Medeiros, foram dois perfeitos seresteiros do passado. Com eles, tomamos parte em várias serenatas e reuniões sociais, nas residências daqueles que apreciam uma bonita voz, ao som do violão e violino dos irmãos Carolino, de Israel Botelho e de tantos outros amantes da " causa" do pinho...
Nas serestas dos nossos dias, ou seja, nos dias atuais, mesmo com toda a transformação do mundo, " Praieira" continua a ser cantada, aplaudida e exaltada pela musicalidade de sua extensão artística, notadamente por um "trio" que está ficando célebre nas atuais noitadas artísticas da cidade. É o trio composto por José Maux Júnior, Jaime dos Guimarães Wanderley e Evaristo de Sousa, as três vozes mais agudas da cidade.
Há pouco, o "Coral Municipal de Natal" estilizou a simpática canção de Otoniel Meneses e por gosto se pode ouvir a " Praieira" no ritmo de coral, em quatro vozes. É um espetáculo que emociona e que enche de grandeza aquele de quem já se dissera que, apesar do ostracismo em que vive, não deve nada a terra potiguar, mas o Rio Grande do Norte lhe deve tudo...
Gumercindo Saraiva
(Do Alma do Beco)
Postado por Fernando Caldas
De todas as versões que correm, registramos a mais atualizada, ou seja, a própria palavra do autor do poema, quando de uma enquete promovida pelo folclorista Veríssimo de Melo, nas colunas de " A República", em 1958.
Dizia Otoniel Meneses:
- Em 1923, eu era remador e orador do "Sport Clube de Natal". Ao se aproximar o regresso dos pescadores que fizeram o "raid" de Natal ao Rio de Janeiro, em jangadas, pediram-me para escrever um discurso de saudação e uns versos alusivos ao acontecimento. Escrevi logo o discurso. Mas os versos deram-me maior trabalho. Passei uma semana toda acordado, escrevendo-os. Imaginei um pescador que voltava de viagem, cantando uma serenata à porta da namorada. No dia seguinte - era o dia da solenidade - reli os versos e achei-os "frios". Não gostei. É tanto que fiz o discurso e não tive coragem de declamar os versos. Dei o título de "A serenata do pescador", mas o povo preferiu mudá-lo para "Praieira", aproveitando a primeira palavra da estrofe inicial.
Como viram, o autor contou a história verdadeira, tantas vezes escutadas nas tertúlias, na casa do pai do autor de Trovadores Potiguares, musicata e sebenteiro Gabriel Saraiva, um dos maiores amigos (e até compadre), do poeta Otoniel Meneses.
Composto o poema, Otoniel Meneses andou mostrando-o a seus colegas, que achavam uma jóia da poesia. Todos eram unânimes em que o poema fosse musicado. Foi quando surgiu o poeta Bezerra Júnior, que lhe apresentou o violonista Eduardo Medeiros, clarinetista de primeira grandeza e um dos tocadores de violão, por música, na época em que surgiu " Praieira". Posta a música por Eduardo Medeiros, a célebre canção natalense foi cantada, oficialmente, pela primeira vez, em dezembro de 1923, no teatro "Carlos Gomes", pela voz deliciosa de Deolindo Lima, uma das figuras de maior projeção nos meios artísticos de Natal antiga.
Recordaremos aqui que, tanto o poeta Otoniel Meneses, quanto o compositor Eduardo Medeiros, foram dois perfeitos seresteiros do passado. Com eles, tomamos parte em várias serenatas e reuniões sociais, nas residências daqueles que apreciam uma bonita voz, ao som do violão e violino dos irmãos Carolino, de Israel Botelho e de tantos outros amantes da " causa" do pinho...
Nas serestas dos nossos dias, ou seja, nos dias atuais, mesmo com toda a transformação do mundo, " Praieira" continua a ser cantada, aplaudida e exaltada pela musicalidade de sua extensão artística, notadamente por um "trio" que está ficando célebre nas atuais noitadas artísticas da cidade. É o trio composto por José Maux Júnior, Jaime dos Guimarães Wanderley e Evaristo de Sousa, as três vozes mais agudas da cidade.
Há pouco, o "Coral Municipal de Natal" estilizou a simpática canção de Otoniel Meneses e por gosto se pode ouvir a " Praieira" no ritmo de coral, em quatro vozes. É um espetáculo que emociona e que enche de grandeza aquele de quem já se dissera que, apesar do ostracismo em que vive, não deve nada a terra potiguar, mas o Rio Grande do Norte lhe deve tudo...
Gumercindo Saraiva
(Do Alma do Beco)
Postado por Fernando Caldas
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