terça-feira, 13 de setembro de 2011

Escritor dedica novo livro a Natal


Yuno Silva - repórter


Cidade dos Reis, Nova Amsterdã, Santiago, Cidade do Potengi, Natalópolis... foram tantos os nomes da capital potiguar que a cidade se esforça para montar o quebra-cabeça histórico de sua própria identidade. Para contribuir com essa missão, o escritor e advogado Diógenes da Cunha Lima apresenta nesta terça-feira, às 18h, na livraria Siciliano do Midway Mall, sua mais nova criação: o livro "Natal, Uma nova biografia". Espécie de atualização despretensiosa do célebre "História da Cidade do Natal", obra publicada em 1947 por Luís da Câmara Cascudo, o título lançado por Diógenes joga seus holofotes sobre novos aspectos de uma Natal que já teve o ar mais puro das Américas e coleciona apelidos como Cidade Presépio e Noiva do Sol.

"Quando Cascudo me pediu para atualizar seu livro, disse que seria impossível, que sua obra era intocável", disse o poeta ao VIVER. Presidente da Academia Norte-riograndense de Letras, Diógenes contou que o desejo de Cascudo nunca saiu de seus planos: "É o livro da minha vida, dediquei mais de vinte anos nele. Fiz com muito carinho, muita dedicação", afirma o autor, que chegou a publicar um livro semelhante anteriormente  intitulado "Natal, uma biografia". "Este livro está tão diferente, tanto no conteúdo como na forma como é apresentado, que não considero uma continuação nem tão pouco uma segunda edição", garante.

Com orelha assinada pelo escritor Marco Lucchesi, da Academia Brasileira de Letras, e prefácio de João Faustino Ferreira Neto, "Natal, Uma nova biografia" é dividido em oito temas para melhor organização do conteúdo: em Natal Atemporal, o autor tece comentário sobre a Xanana, flor símbolo da cidade, exalta nuances do rio Potengi e da presença da floresta urbana, aborda a relação da cidade com a orla urbana e traz frases contrapostas em Cantigas de Bendizer e Cantigas de Maldizer.

Algumas frases registradas na sessão Cantigas de Maldizer chamam atenção pela atualidade dos comentários. Dois exemplos dessa contextualização são as assertivas creditadas a Cascudo. A primeira diz que "o natalense é inimigo das árvores" e a outra afirma que "Natal recebe os hábitos que vão aparecendo, sem examiná-los, sem refletir, sem raciocinar. Basta que lhe diga que está se usando" - qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.

Em Cantigas de Bendizer, o escritor e filósofo Pablo Capistrano resume a situação: "Natal é uma cidade formada por matutos cosmopolitas e sertanejos que moram na praia".

"Não dá para enxergar as coisas apenas por um lado", afirma o autor, para quem Natal é uma cidade feminina assim como Paris e Rio de Janeiro. "Natal é curvilínea, sensual", disse Diógenes.     

Ricamente ilustrado com fotografias do engenheiro e fotógrafo Hênio Bezerra, o livro desliza no capítulo dedicado à três igrejas mais antigas da Cidade Alta, onde há um equívoco quanto à data de construção da igreja Nossa Senhora do Rosário - em vez de 1774, o correto é 1714; e é,  ainda, a segunda igreja de Natal e não a terceira.

Um detalhe interessante ressaltado pelo autor é a presença de um desenho da Fortaleza dos Reis Magos, autoria do holandês Frans Post (1612-1680), no Museu do Louvre.

A publicação ainda traz à tona outras sete temáticas divididas de acordo com o enfoque e a cronologia histórica: Pré-Natal (1501-1599); Natividade da Cidade (1599); Natal Menina (1599-1817); Natal Menina-Moça (1817-1935); Natal Mulher (1935-2011); O Alfabeto de Natal; e Dez Natalenses Exemplares. Nesta última, destaca personalidades como Alberto Maranhão, Aluízio Alves, Dorian Gray caldas, Dom Eugênio Sales e o cientista Miguel Nicolelis. "O critério de escolha foi a devoção à cidade, independente de ter ou não nascido aqui", justifica. "Escolhi um número enxuto, mas tem muita gente que também deveria ter sido citada. Espero que essas pessoas se sintam representadas", aposta Cunha Lima.

Em determinado momento, o autor relaciona a subserviência ingênua e a prática da exploração sexual à resquícios históricos que remontam à presença dos franceses; em outra passagem afirma que "o natalense ama a vida marinha e está aprendendo, devagar, a manter o controle de qualidade das suas praias e do seu mar" - opiniões que, de alguma maneira podem instigar uma guinada nas atitudes vistas a olho nu nas poluídas e mal cuidadas praias urbanas. "É uma provocação", diz Cunha Lima.

VIDA DE JURISTA

O lançamento do livro faz parte das comemorações de 50 anos de atuação jurídica de Diógenes na cidade, que também incluiu reforma geral do imóvel onde funciona seu escritório na avenida Hermes da Fonseca; e série de palestras "O Direito no Amanhã", que vão de amanhã até sexta-feira no hotel Vila do Mar, na Via Costeira, com presença do presidente nacional da OAB e especialistas no assunto de seis universidades estrangeiras. Os interessados em participar do evento podem procurar a sede da Ordem dos Advogados do Brasil-RN.

Fonte: TN - Caderno Viver

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