ALMA FERIDA
Foge de mim, não quero ver-te. A vida
Que pesada fizeste, hoje despreza.
Do teu amor a dura natureza
Mas não se volva à página volvida...
Esquece-te de mim... A alma ferida,
Que fizeste infeliz, te olha torpeza...
Vai para longe de mim, vai... E’ dura a lida
Que aos ombros me puseste n’esta impereza...
Para longe de mim... Vai para longe...
Que eu aqui fique, solitário monge,
Olhando a triste solidão da vida...
Desterra-te de mim, que eu me desterro...
Não me faças sofrer dores de ferro...
Não me toques assim n’esta ferida...
Assu, 1909
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