quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A CARNAUBEIRA É NOSSA

                                                                      Ilistração do blog.


Por Vicente Serejo
(Artigo publicado em 22.11.05, Jornal Hoje)

Tem razão o poeta Diógenes da unha Lima no seu desassossego diante da investida dos cearenses dispostos a adotar a carnaubeira como símbolo, quando é quase centenária sua presença no nosso Brasão de Armas. E  é bom saber que a sua permanência nos é garantida por decreto de julho de 1909, portanto, há quase cem anos, quando Alberto Maranhão governava o Rio Grande do Norte, e tinha como vice0governador o ilustre poeta Henrique Castriciano, apenas vinte e um anos depois da então novíssima República nesta terra de Poti

É esta e discrição: O Brasão de Armas do Estado do Rio Grande do Norte é um escudo de campo aberto, dividido  dois terços de altura, tendo no plano inferior o mar, onde navega uma jangada de pescadores, que representa a indústria do sal e da pesca. No terço superior, em campo de prata, duas flores aos lados e dois capulhos de algodoeiro. Ladeiam o escudo, em toda a sua altura, um coqueiro à direita e uma carnaubeira à esquerda, tendo os troncos ligados por duas canas de açúcar presas com o laço com as cores naturais.

Acrescenta, ainda, o decreto: "Tanto os móveis do escudo, como os emblemas, em cores naturais, representam a flora principal do Estado. Cobre o escudo uma estrela branca, simbolizando o Rio Grande do Norte na União Brasileira".  finaliza com uma informação preciosa, fechando o decreto de apenas dois artigos: "O desenho original deste brasão de armas, executado pelo sr. Corbiniano Villaça, será arquivado na Secretaria do Governo e dele se tirará uma cópia autêntica para o arquivo do Instituto Histórico e Geográfico do Estado".

Tem razão, portanto, o poeta Diógenes da Cunha Lima, presidente da Academia  Norte-Rio-Grandense de Letras, quando defende a carnaubeira eleita há quase cem anos como um dos nossos símbolos. , como se não bastasse, a carnaubeira foi tema de um ensaio de quase sessenta páginas do maior Historiados do estado, Câmara CaScudo, pouco conhecido, mas publicado no número 2, ano, 26, edição de abril/junho de 1964 da Revista Brasileira de Geografia, só relançada em 1991 pela Coleção Mossoroense  numa edição fac-similada.

Neste ensaio, Cascudo considera improvável que Humboldt tenha pelo menos visto uma carnaubeira para descrevê-la como a Árvore da Vida. A carnaubeira foi descrita pela primeira vez por Jorge Marcgrav, informa Cascudo. O que Humboldt deve ter visto foi a palmeira carandá, muito semelhante, até na riqueza da cera natural, e não a nossa carnaubeira.  por isso desautoriza a afirmação antiga. Humboldt nunca viu a carnaubeira e sim a palmeira carandá, descrita por Klare S. Markley, um estudioso paraguaio, apesar do nome.

Interessante é o detalhe que Cascudo registra ao estudar o Brasão Holandês do Rio Grande do Norte. Para ele, não se justifica, como símbolo de presença abundante, a ema que passeia no campo do brasão: A não ser como homenagem ao chefe Janduí.  explica: é palavra de origem tupi, corruptela de Nhandu-I e quer dizer ema-pequena. É dedução lógica que Cascudo vai lastrear com o lema 'Velociter', "corredor, o que corre muito".  afirma, definitivo, fechando a discussão: "Janduí é a ema do brasão holandês do Rio Grande do Norte".

Postado por Fernando Caldas

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