(Um belo poema do lírico modernista João Lins Caldas, poeta potiguar de Assu, autor de uma obra poética magistral, de qualidade invejável. Caldas, amou ardentemente, viveu apaixonadamente porém solitário, atormentado, decepcionado pelos amores que não lhe foram correspondidos. Nasceu em 1888 e morreu em 1967). Vejamos para o nosso deleite, os versos adiante):
O teu mundo é novo. A tua carne é nova. Eu sou a velhice, o mundo abalado.
O teu mundo eu me convida. O permanente mundo em flor da tua carne.
Beijar-te os olhos, acariciar-te os dedos, ter nas mãos a doçura do teu cabelo, tua nuca o pescoço roliço para acariciados...
Dirás que a vida pe bela. A vida é bela!
Mas, eu amor, já agora tão triste e tão cansado.
Ontem que não chegou. Ontem que foi mesmo um dia amarelo...
Mas agora, que o dia é chegado...
Perdão, perdão, eu de mim mesmo é que já não sou belo.
Vai, e não leves de ti a tua desilusão...
O que me dói, o que ainda me dói...
(... E não ver essas roupas desmanchadas,
O azul desses olhos, a graça e a festa dessas mãos...)
Deixa que eu feche os olhos e não te veja, e não veja mais nada
Obrigado e perdão.
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