terça-feira, 20 de novembro de 2012

Futilidade

Por Virgínia Victorino* 

Não saias hoje, amor. Dize que sim!
Passaremos a noite a conversar.
Se queres vou tocar, dançar, cantar...
O que eu desejo é ter-te ao pé de mim!

Não saias hoje... Iremos ao jardim...
apanho rosas para me enfeitar,
e fico presa à luz do teu olhar,
e perfumo-me toda de jasmim!

Não sais? Dizes que não? Meu bem! Meu bem!
Como a gente é feliz quando ama alguém!
Ouço apenas na terra a tua voz...

Vamos, senta-te aqui. Lê versos, fuma.
Enquanto lês, eu olho a sala... — Bruma...
Vejo-me ao espelho e ponho pó-de-arroz.

*poetisa portuguesa,uma das maiores voses da poesia lusitana do século XX.

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