quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Um pouco de Renato Caldas

Renato Caldas, poeta potiguar do Assu, tornou-se consagrado em todo o Brasil, pelos seus versos em linguagem matuta, rude do sertanejo, suas tiradas de espíritos, bem como pelas quadras, trovas, glosas, décimas irreverentes, jocosas que ele sabia tão bem produzir a seu modo. Eu tive o privilégio de com ele [em razão do parentresco e da amizade que nos unia], ter convivido durante quase quarenta anos. Pois bem, logo que foi pulicado, salvo engano, no início da década de setenta, a revista masculina de mulher pelada intitulada Pleyboy, ofereci um exemplar ao poeta que, ao folhear suas páginas, saiu-se com essa: "Já fui bom nisso, primo". Dia seguinte, ao passar pela sua casa como era de costume, da praça Pedro Velho, 74, entregou-me uma glosa, que diz assim, no melhor da sua irreverência:

Lendo Freud eu descobri
A fábrica de fazer gente.
Fiquei meio desconfiado,
Curioso e até contente.
Essa fábrica de fazer gente
É guardada em segredo.
Do umbigo pra baixo,
Um palmo, do c..
Pra cima três dedo.
Quem nunca foi lá, quer ir.
Qem já foi perdeu o medo.

Fernando Caldas

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